quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

CADA UM COM SUA FANTASIA

Isso tem que ser fotomontagem, não tem?

Infelizmente não deu pra acompanhar o Halloween in loco, porque eu tava voltando de Washington DC pra Detroit bem no dia 31 de outubro. Mas aqui as pessoas levam a celebração muito a sério. Tanto que os americanos gastam 5 bilhões de dólares com ela. Verdade! Em média, cada cidadão torra 27 verdinhas pra comprar balas, abóboras e fantasias. Pessoalmente, eu não dava a mínima pro Halloween até saber que a direita cristã quer abolir a data, por achar que é coisa do demo (esses fanáticos querem a caveira do Harry Potter também). Aí passei a gostar mais. Há desfiles de fantasias nas ruas – os gays andam reclamando que os heteros se apropriaram das suas paradas – e vários tipos de festas para adolescentes e adultos. Lá em Washigton, em plena praça de alimentação, vi um grupinho de sete jovens fantasiados de super-heróis diversos. Não bastava se vestir de Batman, tinha que ter os peitorais dele, numa fantasia super elaborada (e provavelmente caríssima). Mas o mais comum é as criancinhas nos subúrbios irem de casa em casa pedir “Gostosuras ou travessuras”. Elas nem se vestem de Drácula ou serial killers. Estão mais pra princesinhas e ninjas. Só os teens adotam fantasias cheias de sangue. Ou você atende a porta e dá balinhas e chocolate pras crianças, ou você deixa uma cestinha do lado de fora e o pessoal se serve sozinho. Ou você ignora a data e corre o risco de algum adolescente revoltado jogar papel higiênico molhado na sua parede. Uma brasileira bem de vida, recém-instalada em Washington, vizinha de meus amigos brasileiros, não estava nada feliz com as alternativas. Muito estressada, ela decidia o que iria fazer: “Acho que vou passar a noite num hotel”. Besteira, né? O Halloween é uma tradição inofensiva deles. Como o nosso carnaval.

Mais Crueldade Contra os Animais
Outro dia eu folheava um catálogo de uma loja com várias fantasias de Halloween pra toda a família, incluindo o cachorro. E dá-lhe cãozinho vestindo collant com desenhos de vassoura de bruxa, cão com gorrinho em forma de abóbora... Tava achando tudo isso divertido, até ver uma foto em que os publicitários se lembraram que muitas casas têm gato. Então havia uma foto de toda a família unida e feliz com um gato no canto, e o felino vestia uma gola de palhaço. Mas o detalhe relevante era o olhar de ódio do bichano, um olhar do tipo "Hoje vou matar algum humano". Ser retalhado vivo pelo seu animal de estimação? Não tem preço.

Biblioteca que Impressiona, e os Loucos Lá Dentro
Fui pra Washington principalmente pra pesquisar na Folger Shakespeare Library (a maior biblioteca especializada em Shake no mundo) e na Biblioteca do Congresso, que é linda, linda, linda. Como não pode tirar foto de dentro, preciso descrevê-la: a salaprincipal de leitura tem um teto oval altíssimo, e nas paredes, do chão ao teto, milhares de detalhes em gesso. Antes disso, várias estátuas de homens ilustres como Homero, Platão e Shakespeare. Vitrais e mais estátuas de deusas da sabedoria, além de águias e bandeirinhas americanas. Pesquisando aqui, eu me pergunto o quê exatamente estava fazendo antes, em todos os outros lugares. Sei lá, aqui nessa biblioteca passa a impressão que a pesquisa é de verdade. Um homem estranho, cheio de tiques, entrou rindo, olhou em volta, e saiu aplaudindo. Tudo bem que ele provavelmente não bate bem, mas me deu vontade de fazer algo parecido.E não bate bem mesmo. Mais um americano louco anônimo. A polícia o deteve duas horas depois. Deve ter mexido com alguma bibliotecária.

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