quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

AINDA ESTOU AQUI, BOLÃO DO OSCAR

Olá, pessoas queridas! Aqui estou de volta, depois de tanto tempo! Muita coisa (boa) está acontecendo na minha vida, e juro que gostaria de compartilhar com vocês, mas prefiro que os trolls não saibam das novidades.

Bom, eu nem ia fazer o bolão do Oscar este ano. Porém, como deve ser uma das poucas tradições que mantenho, como bastante gente tem me cobrado, e como Ainda Estou Aqui tem atraído uma atenção praticamente inédita pro Oscar no Brasil, vamos de bolão! Estou muito atrasada, já devia ter escrito este post desde que as indicações saíram, então não espero que tanta gente participe. Mas fica o convite pra você entrar no meu tradicional bolão na sua edição número perdi-a-conta (37a? Acho que fiz o primeiro bolão em 1988). 

Ainda vi poucos dos filmes indicados. Espero ver mais antes da cerimônia, que será no dia 2 de março. Só consegui ver Ainda Estou Aqui recentemente, no domingo, e adorei o filme de Walter Salles. Tem uma reconstrução de época estonteante que me lembrou do Rio no início dos anos 70 (quando eu e minha família nos mudamos de Buenos Aires pra lá). 

A atuação de Fernanda Torres (e de todo o elenco) realmente é espetacular. É um privilégio muito grande poder contar com a mãe dela, a ícone Montenegro, fazendo uma pontinha no final (foi aí que não resisti e desandei a chorar). E é um filme importante num momento em que a extrema-direita avança no mundo, na figura do Trump. Com sorte, o sucesso do filme (já é quinta maior bilheteria brasileira na história) fará com que as novas gerações conheçam um pouco mais sobre o horror da nossa ditadura militar -- uma ditadura que Bolsonaro sempre defendeu e que a tentativa de golpe de Estado que ele liderou em 2023 quis repetir.

Aliás, acho que tem se falado pouco da ligação de Bolso com o ex-deputado federal Rubens Paiva, que foi sequestrado pelos milicos em sua casa, torturado e assassinado por agentes do Estado que não só nunca foram punidos, como recebem pensão até hoje. Em 2014, quando um busto em homenagem a Rubens Paiva foi inaugurado no Congresso, Bolso estava lá pra cuspir na estátua e gritar, na frente da família de Paiva, "comunista desgraçado, vagabundo, teve o que mereceu". Ele já havia mostrado como era repulsivo em relação aos desaparecidos pela ditadura antes. Em 2004 posou ao lado de um desenho dizendo "quem procura osso é cachorro", deixando claro o que pensa sobre o sofrimento dos familiares das vítimas. Em 2016, no show de horrores que foi a aprovação do impeachment de Dilma, Bolso conseguiu se destacar ao louvar o torturador Brilhante Ustra. Quer dizer... não existe filme que o pior presidente de todos os tempos e seus apoiadores odeiem mais que Ainda Estou Aqui

E é óbvio que esses "patriotas" torcerão contra o filme com todas as suas forças. A verdade é que o Brasil nunca teve tantas chances de ganhar um Oscar como agora. Nunca um filme nacional havia sido indicado ao prêmio principal (de melhor filme). Creio que seja o favorito para melhor filme internacional. Pra melhor atriz, na minha opinião é difícil ganhar da Demi Moore. Imagina todos os votantes da Academia que conhecem a superestrela desde os anos 80 querendo premiá-la pelo trabalho corajoso e ousado que ela fez no ótimo A Substância. Mas Fernanda Torres tem chances, já que ela e seu filme estão fazendo uma campanha excepcional (e por ter levado o Globo de Ouro). Não acho que a vitória da Demi esteja garantida ainda, e torço demais pela nossa Fernanda.

Esses dias eu vi Emília Perez, que teve sua campanha implodida depois que tuítes antigos da espanhola Karla Sofía Gascón vieram à tona e o mundo pôde ver que, apesar de Karla ser a primeira atriz trans a ser indicada ao Oscar, sua visão de mundo preconceituosa a coloca ao lado de gente horrível como os apoiadores de Trump e Bolso (que odeiam pessoas trans). Uma pena, pois ela está muito bem no filme -- que não é ruim. Sei que muitos mexicanos e trans odeiam Emília, mas acho que o maior problema do filme é que ele foi indicado a treze Oscars. Certamente não merecia tudo isso. E agora corre o risco de sair com as mãos abanando. Talvez Zoe Saldaña ainda leve melhor atriz coadjuvante (ela é a verdadeira protagonista do filme) e talvez Emília ainda ganhe melhor canção. Mesmo isso tá complicado.

O que mais eu vi? Ontem vi O Aprendiz, que destrói Trump no início de sua carreira. Gostei. Sou fã do Sebastian Stan. Gostei mais de Conclave, um filme muito bacana, de suspense, com excelente trilha sonora e interpretação do Ralph Fiennes.

Agora, sabem qual filme eu detestei? Anora. Sei que estou sozinha nessa, mas não gostei, achei repetitivo, sem graça, e nada autêntico (suponho que na vida real a máfia russa mataria e sumiria com o corpo de uma prostituta que se põe no seu caminho num piscar de olhos, meio como Senhores do Crime mostra). Não entendo como tanta gente adora Anora, que está começando a despontar como favorito pra melhor filme. Isso me lembra de um outro filme de dois ou três anos atrás que todo mundo elogiou menos eu, Os Banshees de Inisherin. Imagino que ninguém mais se recorda desse filme que foi indicado a nove estatuetas e não levou nenhuma. 

Por enquanto são só esses filmes que vi. Mas, como vocês sabem, não precisa ver todos os filmes pra participar do bolão do Oscar. É só ter disposição pra adivinhar quem vai ganhar as 19 principais categorias (documentário e curtas ficam de fora). Quem quiser entrar no bolão grátis, é só fazer suas apostas aqui.

Pra entrar no bolão pago (pode participar dos dois), basta fazer seus chutes aqui, pagar um pix de R$ 25 na chave lolaescreva@gmail.com, e mandar o comprovante pra mim e pro meu querido Júlio César (email jcaoalves@gmail.com), que organiza o bolão há anos. No sábado, véspera do Oscar, a gente envia as tabelas prontinhas pra todo mundo acompanhar e torcer. E olha que vai ter muita torcida, até porque o Oscar vai acontecer durante o Carnaval! Quem acertar mais categorias, leva o bolão. Mais simples, impossível. Mas tem que apostar até sexta, dia 28 de fevereiro. 

Vamulá, pessoal! Conto com vocês. 

4 comentários:

Anônimo disse...

que saudade ler um
blog! e ler a lola!

Ana Cecília disse...

Oi, Lola! Desejo muito sucesso para você e estou feliz que esteja tudo bem contigo!!! Confesso que fazia tempo que não vinha por aqui... mas hoje me veio a lembrança deste bolão tão querido e vim atrás dele!!! Obrigada!!!

G. Blissett disse...

Achei lúcida tua análise. E o ponto aqui não é o que GOSTARÍAMOS que ganhasse, ou questão de mérito, mas o que achamos mais provável, né? Como vc, acho difícil que Demi Moore não leve, pelo desempenho mas tb por todos os outros fatores envolvidos. E acho que Filme deve ir pra The Brutalist. AEA pode levar filme internacional, talvez. E devia ter sido indicado pra melhor Fotografia. E das 13 indicações de Emília Perez tem umas 4 ou 5 TOTALMENTE incompreensíveis. E mesmo na contramão, tentando gostar do filme, achei dureza. Quase nada funciona ali, com o agravante de se pretender um musical...

Shirley disse...

Vamos ganhar as três estatuetas!