sexta-feira, 8 de março de 2013

É DIA INTERNACIONAL DA MULHER, E QUEM GANHA PRESENTE É VOCÊ

Feliz Dia Internacional da Mulher! Vamos ver como a mídia se comporta desta vez, porque ano passado foi um vexame.
Bom, eu nem estou aqui. Estou em Santa Maria, hoje e amanhã, onde darei duas palestras, uma delas em praça pública. Ontem estive em Franca, e na terça, em Ribeirão Preto. E tudo isso é por causa do 8 de março. Fico feliz por estar fazendo a minha parte.
Antes de te dar um presentinho, queria incluir, pra comemorar a data, um trechinho de um livro. Por mais que algumas leitoras estejam torcendo o nariz pra Caitlin Moran, ela é feminista, escreveu um livro que tá vendendo muito bem, e está trazendo meninas novas pro feminismo. Além do mais, ela escreve bem e é divertida. Portanto, deixo aqui um trecho de Como Ser Mulher:

"O que vou pedir que vocês façam é dizer: 'Sou feminista'. De preferência, gostaria que vocês ficassem em pé em cima de uma cadeira e berrassem: 'SOU FEMINISTA' – porque eu acho que tudo fica muito mais emocionante se você sobe em cima de uma cadeira.
É realmente muito importante que você diga essas palavras em voz alta. 'SOU FEMINISTA'.
Se você acha que não consegue -– nem mesmo com os pés no chão -–, eu ficaria preocupada. Essa é provavelmente uma das coisas mais importantes que uma mulher tem a dizer na vida, além de 'Eu te amo', 'É menino ou menina?', e 'Não! Eu mudei de ideia! Não corte a minha franja!'
Diga. DIGA! DIGA AGORA! Porque, se você não for capaz, é como se estivesse se inclinando e dizendo: 'Chute a minha bunda e leve o meu voto, por favor, patriarcado'. [...]
Precisamos retomar a palavra 'feminismo'. Precisamos muito, mas muito mesmo pegar de volta a palavra 'feminismo'. Quando aparecem estatísticas dizendo que apenas 29% das mulheres norte-americanas se descrevem como feministas -– e apenas 42% das inglesas -– [notinha minha: 31% das brasileiras], eu penso: o que vocês acham que feminismo é, moças? Que parte da 'liberação das mulheres' não é para vocês? Será que é o direito de votar? De não ser uma posse do marido? A campanha por equivalência salarial? A música 'Vogue', da Madonna? As calças jeans? Será que todas essas coisas IRRITAM VOCÊ? Ou será que você só ESTAVA BÊBADA NA HORA DA PESQUISA?" (Como Ser Mulher 62-8).

Ha ha, ela é muito fofa! Convenhamos que esse trecho é irrepreensível, vai. Então é isso, gente. O mínimo que você que ainda não se assumiu feminista pode fazer hoje é dizer SOU FEMINISTA. Eu nem ligo se você não subir numa cadeira. Porque hoje não é dia de receber parabéns e rosas. É um dia de luta. De celebrar conquistas. De discutir tudo que ainda precisa ser feito. 
Eu finalmente, até que enfim, aleluia, darei um presente a você. Uma coisa que talvez um entre dez emails que eu recebo pede: sugestões de leitura feminista. 
Antes de mais nada, muitas de vocês provavelmente já conhecem todos esses livros, e talvez já tenham lido a maior parte. Mas este post de hoje é principalmente pras centenas de leitorxs jovens que vem a este bloguinho. E que não se sentem feministas o bastante por não terem lido alguma teoria. 
Pra começar, alguns clássicos absolutos do feminismo, em português, em PDF. O que mais você pode querer? É só clicar e começar a ler ou reler (peguei boa parte deles do Livros Feministas):
Um Teto Todo Seu, de Virginia Woolf  (1929). Escritoras mulheres combatem o patriarcado.
O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir  (1949). "Não se nasce mulher, torna-se mulher". Dividido em duas partes. O segundo volume está aqui.
A Mística Feminina, de Betty Friedan (1963). O livro que revolucionou os EUA está comemorando meio século este ano. Mesmo datado em alguns momentos (o que é inevitável), continua sendo importantíssimo pra história.
Política Sexual, de Kate Millett (1969). Considerado por muitxs o primeiro livro de crítica literária feminista. É bem acadêmico.
A Mulher Eunuco, de Germaine Greer (1971). Clássico da segunda onda feminista, importante para entender a misoginia. 
Against Our Will: Men, Women and Rape, de Susan Brownmiller (1975). Um livro poderoso (em inglês) sobre a cultura de estupro. Pelo menos o atendimento às sobreviventes tá melhor hoje que naquela época.
Gordura é uma Questão Feminista, de Susie Orbach (1978). Uma proposta libertadora para aceitar seu próprio corpo.
Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity, de Judith Butler (1990). Apesar de difícil de ler, Butler é fundamental (existe uma tradução brasileira publicada em 2008 chamada Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade, mas não sei se tem link).
Backlash: O Contra-Ataque na Guerra Não Declarada contras as Mulheres, de Susan Faludi (1991). Um livro incrível e muito bem escrito sobre a reação conservadora ao feminismo nos anos 1980, contra-ataque que continua até hoje.
O Mito da Beleza: Como as Imagens de Beleza são Usadas contra as Mulheres, de Naomi Wolf (1992). Faça as pazes com seu corpo. É uma das primeiras coisas que você tem que fazer. Este é o tipo de livro que muda sua vida.
Memórias da Transgressão: Momentos da História da Mulher do Século XX, de Gloria Steinem (1995). A lendária fundadora da primeira revista feminista, a Ms., fala de tudo um pouco.
Feminism is for Everybody: Passionate Politics, de bell hooks (2000). Não encontrei este livrinho em português. Uma narrativa inspiradora da mais inclusiva das feministas.

Esses livros talvez não sejam tão clássicos quanto os de antes, mas são muito relevantes mesmo assim. É só clicar.
Our Blood: Prophecies and Discourses on Sexual Politics, da feminista radical Andrea Dworkin (1976) 
Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno, de Elisabeth Badinter (1980)
Eu Nem Imaginava que Era Estupro, de Robin Warshaw (1988)
Gênero, Corpo, Conhecimento, de Alison M. Jaggar e Susan R. Bordo (1988)
Teoria Feminista e as Filosofias do Homem, de Andrea Nye (1988) 
Os Monólogos da Vagina, de Eve Ensler (1996). Um espetáculo teatral sobre muitas vaginas. Tem um vídeo legendado. 
Gênero e Ciências Humanas: Desafio às Ciências desde a Perspectiva das Mulheres, de Neuma Aguiar (org) (1997)
O Feminismo Mudou a Ciência?, de Londa Schiebinger (1999)
Manifiesto contra-sexual, de Beatriz Preciado (2002). Escrevi sobre ela.
Feminismo e Luta das Mulheres, da Sempreviva Organização Feminista (Miriam Nobre, Nalu Faria, Maria Lúcia Silveira, 2005)
Feminist Thought: A More Comprehensive Introduction, de Rosemarie Tong (2009)
The Industrial Vagina: The Political Economy of the Global Sex Trade, de Sheila Jeffreys (2009)
Vamos Aprender a Votar? Guia Feminista para as Eleições (2012)

Muitos outros links
Neste ótimo tumblr, Feminismo Muda o Mundo, tem muito mais livros pra baixar. Inclusive mais dois da bell hooks, We Real Cool: Black Men and Masculinity, e Where We Stand: Class Matters.
Outro tumblr fantástico é o Biblioteca Comunitária: são dezenas de títulos, não apenas feministas, mas necessários, como vários de Foucault e de Edward Said. Aqui, por exemplo, tem Are Prisons Obsolete?, da Angela Davis. E um monte da Butler.
Você também pode baixar vários títulos na Biblioteca Feminista. Além disso, a Universidade Livre Feminista oferece cursos grátis pra fazer online.
Acabei de conhecer este blog, Ensaios de Gênero, tocado por três rapazes feministas. Além de ter excelentes discussões acadêmicas, traz também links para vários periódicos.
O Feminismo na Rede traz uma lista intensa de títulos divididos por área. Não tem links, mas as sugestões já valem a pena. 
Olhando algumas dissertações e teses expostas no Instituto de Estudos de Gênero, é possível ter uma ideia do que vem sendo produzido no Brasil. O IEG também disponibiliza alguns livros eletrônicos prontinhos pra ler.
Ah, e seus problemas acabaram. A Oxford recomenda bibliografias para várias áreas, inclusive Gênero e Infância, Gênero e Antropologia, Gênero e Sexo, Gênero e Crime, Relações Internacionais, Gênero e Mídia, e por aí vai.
A seguir ofereço uma lista de vários outros livros que devem ser lidos, mas não os encontrei disponíveis online. Por favor, se você encontrar, deixe o link nos comentários.

Margaret Mead, Sex and Temperament in Three Primitive Societies (1963). Outro clássico que completa meio século. Texto clássico da antropologia que mostra que papéis de gênero são socialmente construídos. Só encontrei isso online.
Maya Angelou, I Know Why the Caged Bird Sings (1969)
Hélène Cixous, "O Riso da Medusa" (manifesto de 1975 sobre escrita feminina; aqui, vários artigos dedicados ao texto)
Laura Mulvey, "Prazer Visual e Cinema Narrativo" (artigo de 1975 que segue sendo referência em teoria do cinema; só encontro uma entrevista dela)
Shulamith Firestone, A Diáletica do Sexo, um Estudo da Revolução Feminista (1976)
Monique Wittig, "O Pensamento Hétero" (artigo que na realidade é um discurso de 1978)
Judith Fetterley, The Resisting Reader: A Feminist Approach to American Fiction (1978)
Sandra Gilbert e Susan Gubar, The Madwoman in the Attic: The Woman Writer and the Nineteenth-century Literary Imagination (1979)
Carol Gilligan, "In a Different Voice: Women`s Conceptions of Self and of Morality" (1982), artigo clássico sobre diferenças psicológicas entre meninos e meninas.
Donna Haraway, Manifesto Ciborgue: Ciência, Tecnologia e Feminismo Socialista no Final do Século XX (1985). Em outras palavras, como seria viver num mundo pós-gênero?
Joan Scott, "Gênero: Uma Categoria Útil de Análise Histórica" (artigo de 1986 que discute a dualidade entre sexo e gênero) e Gender and the Politics of History (1999)
Gloria Anzaldúa, Borderlands/La Frontera: The New Mestiza (1987)
Raewyn Connell, Gender and Power (1987)
Teresa de Lauretis, Technologies of Gender: Essays on Theory, Film, and Fiction (1987) e The Practice of Love: Lesbian Sexuality and Perverse Desire (1994)
Emily Martin, "The Egg and the Sperm: How Science Has Constructed a Romance Based on Stereotypical Male-Female Roles" (1991) (artigo clássico de biologia)
Gloria Hull e Patricia Bell (org), But Some of Us are Brave: All the Women are White, All the Blacks are Men (1993)
Maria Amélia de Almeida Teles, Breve História do Feminismo no Brasil (1993)
Susan Okin, "Gênero, o Público e o Privado" (artigo de 1998 sobre a esfera pública e privada para cada gênero)
Pierre Bourdieu, A Dominação Masculina (1999)
Cecília Toledo, Mulheres: O Gênero nos Une, a Classe nos Divide (2001). Tem uma resenha sobre o livro aqui.
Elaine Showalter, Inventing Herself: Claiming a Feminist Intellectual Heritage (2001)
Tania Navarro Swain, “Feminismo e Representações Sociais: A Invenção das Mulheres nas Revistas 'Femininas'” (artigo de 40 páginas de 2001) e Feminismo: Teorias e Perspectivas (2000)
Heleieth Saffioti, Gênero, Patriarcado, Violência (2004)
Elisabeh Badinter, Rumo Equivocado: O Feminismo e Alguns Destinos (2005)
Michelle Perrot, As Mulheres ou Silêncio da História (2005)
Susana Funck e Nara Widholzer (org), Gênero em Discursos da Mídia (2005)
Ana Maria Gonçalves, Um Defeito de Cor (2006), livro de 950 páginas sobre a escravidão no Brasil.
Marina Castañeda, O Machismo Invisível (2006). Estou lendo e amando! Prometo escrever sobre ele. Aqui tem alguns fichamentos.
Jacklyn Friedman e Jessica Valenti (org), Yes Means Yes: Visions of Female Sexual Power and a World without Rape (2008)
Carolina dos Santos de Oliveira, Adolescentes Negras: Relações Raciais, Discurso e Mídia Impressa Feminina na Contemporaneidade Brasileira (2010) (guest post aqui)
Laurie Penny, Meat Market: Female Flesh under Capitalism (2011)
Mary Del Priori, Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil (2011)
Tina Chanter, Gênero: Conceitos-Chave em Filosofia (2011)
Amana Mattos, Liberdade, um Problema do nosso Tempo: os Sentidos da Liberdade para os Jovens no Contemporâneo (2012) (guest post aqui)
Cordelia Fine, Homens Não São de Marte, Mulheres Não São de Vênus (2012), mostra que não há diferença entre o cérebro de homens e de mulheres (resenha).
Regina Navarro Lins, A Cama na Varanda (1997) e O Livro do Amor (2012) 
Saiu uma lista da revista feminista Ms. sobre os cem melhores livros de não-ficção de todos os tempos. Claro, ela é totalmente centrada nos EUA, e celebra (merecidamente) a bell hooks -- três de seus livros ficaram entre os dez melhores. Decidi botar a mão no bolso (o que vai contra meus princípios pão-durísticos!) e adquirir algumas dessas obras. Os que eu comprei:

Robin Morgan (org), Sisterhood is Powerful: An Anthology of Writings from the Women's Liberation Movement (1970)
Gerda Lerner, The Creation of Patriarchy (1987)
Gloria Steinem, Outrageous Acts and Everyday Rebellion (1995)
Barbara Ehreinreich, Nickel and Dimed: On (Not) Getting by in America (2001). Já li e é muito bom, só que um pouco repetitivo. Mostra que na terra das oportunidades não é possível sobreviver tendo só um emprego que paga salário mínimo.
Ariel Levy, Female Chauvinist Pigs: Women and the Rise of Raunch Culture (2006)
Julia Serano, Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity (2007), livro referência sobre transfeminismo.
Gail Collins, When Everything Changed: The Amazing Journey of American Women from 1960 to the Present (2010)
Jennifer L. Polzner, Reality Bites Back: The Troubling Truth about Guilty Pleasure TV (2010)
Peggy Orenstein, Cinderella Ate My Daughter: Dispatches from the Front Lines of the New Girlie-Girl Culture (2011), tô lendo e adorando; é delicioso.

Eu compro bastante livro usado da Estante Virtual. Vem em ótimo estado e chega rápido. Mas pra livro que não tem no Brasil, recomendo que você, antes de comprar, sempre compare os preços com o Book Depository. A vantagem é que o site britânico não cobra taxa de entrega.

Ah, pouco a ver com o resto do post, mas talvez alguns de vocês se interessem: uma lista com os dez melhores romances LGBT em língua inglesa.
Enfim, é isso, gente. Como você pode ver, eu praticamente não incluí nada de ficção, apenas não-ficção. Ficção vai ter que ficar pruma outra lista.
Obviamente, esta lista está loooonge de esgotar qualquer assunto. Apenas incluí alguns livros que já li ou que, assim que eu tiver tempo pra respirar, espero poder ler. Por favor, contribua com mais sugestões (e links) na caixa de comentários. Trolls, não encham, que a conversa ainda não chegou no estábulo.
Fecho com uma frase da História do Rei Transparente, da espanhola Rosa Monteiro: “Sou mulher e escrevo. Sou plebeia e sei ler. Nasci serva e sou livre”.

Update em setembro 2014: Aqui tem mais um ótimo lugar pra encontrar livros feministas. Centenas de títulos, a maior parte em inglês e espanhol.
Update em outubro 2015: 18 textos essenciais para estudos e pesquisas sobre gênero e sexualidade. Para ler e baixar!

217 comentários:

«Mais antigas   ‹Antigas   201 – 217 de 217
shoemate disse...

O fato de nem todo oprimido ser "bacana", não o faz menos oprimido.

Não há ingenuidade.

O que vi aqui não foi uma mulher trans* gritando "transfobia" para poder agredir mulheres cis.

Foi o exato contrário, vi mulheres cis "fulanizando" o debate para poderem colocar toda sua transfobia pra fora, com a desculpa de que o veneno estava sendo destilado contra uma pessoa e não um grupo.

Ora, por favor!

Sejamos menos imaturas e muito, muito, muito mais honestas.

Trans disse...

Está resumido aqui tudo o que eu penso, a Aline Freitas fala toda a verdade sobre o grupinho atacante http://www.transexualidade.com.br/2013/03/15/dividir-dominar-e-se-matar/

Unknown disse...

Ai ai... O que eu posso dizer além de que após ler essa "discussão" estou sentindo um forte misto de vergonha alheia, repulsa e graça sádica(se eu não estivesse de regime, teria feito uma pipoquinha temperada com levedura...)?
É por isso que deixei pra lá o ativismo feminista, bem como minha namorada fez o mesmo a anos.

Irei por alguma lenha na fogueira só pelo lulz, e é claro, sem citar nomes, mas só para por em perspectiva o absurdo que pode chegar a irracionalidade humana:

Para começar, toda a discussão girou em volta da Lola ter recomendado um livro(entre milhares) cujo a autora é transfóbica. Começaram a acusá-la de ser no mínimo o próprio anticristo ou a Reencarnação do Puro Mal. Mas convenhamos, não ler um livro de um autor porque o mesmo é transfóbico/racista/evangélico/alienígena, é tão absurdo quanto não comprar lentilha no supermercado porque alguém da cooperativa agrária é homofóbico(se tu compras grãos de latifúndios, tu és o câncer que mata o Brasil), ou repudiar quem compra pão na padaria da esquina porque o padeiro é machista.
Quando buscamos um produto, buscamos um serviço, que pode ser relativo a alimentação, educação, lazer, arte, etc. É irrelevante o que a pessoa pensa em sua vida íntima, contanto que o produto sirva ao propósito de quem consome e seu método de produção não seja danoso à sociedade.

Uma das pessoas que participou desse barraco, apenas é ativista da própria baixa estima, e de vez em quando tem ataques e fica pregando pseudoideologias que beiram à esquizofrenia ao invés de lidar com seus problemas estéticos(que podem ser resolvidos em meia hora procurando dicas de moda e estética no google). Quando tal pessoa tem crises, apenas pode-se dar risada. Ainda assim, suas obras são muito boas e muitos de seus textos uso como referência principal quando quero apresentar transfeminismo aos interessados.

Outras pessoas aqui são adeptas do "ativismo de botique" e ficam tentando forçar "opressão" porque está na moda se dizer que faz parte de um grupo "oprimido". Sendo que ser oprimido não é bonito e até onde eu sei, ativismo político se consiste em buscar empoderamento e igualdade social dentro de uma sociedade, e não um concurso de quem é mais "oprimido".
Sejamos francos: TODOS somos oprimidos. Homens, Mulheres, Cis, Trans, Negros, Brancos, Ricos, Pobres. Nossa cultura em geral é estúpida e superficial, e todo ser humano é mais ou menos oprimido pela própria estupidez coletiva, que vai desde transfobia, homofobia e misoginia até heterofobia, cristofobia e misandria(seus índices baixos não fazem tais desgraças deixarem de existir ;-) ". Acho que se as pessoas se respeitassem, maioria dos problemas sociais seriam resolvidos sem grandes teorias. É a velha Lei de Ouro: Trate ao próximo como gostaria de ser tratado.
Talvez quem menos seria oprimido seria um Homem Branco Cis Rico Bonito e "da Moda", menos seria se não fosse pelo fato de que tal pessoa vive em uma guerra contra cobras invejosas que querem usurpá-lo ou destruí-lo, bem como sua estupidez o faz ser apenas mais uma cobra contra pessoas ao seu lado e acima.

Unknown disse...

De resto, até compreendo algumas feministas mais moderadas/leves que se antipatizam com a cena Transfeminista, afinal, muitas "TF de Facebook" parecem estar em um concurso para ver quem será a Nova Valerie Solanas(Para que os cismasculinistas do futuro possam usá-la de bode expiatório) e parece que uma das provas de tal concurso bizarro é quem melhor consegue simular Raiva(Hidrofobia) perante quem questiona o "Inquestionável". Enfim, é lamentável, e tudo isso parece mais ser falta do que fazer e arrumar alguma coisa de útil e construtiva(hobby, emprego, curso...) provavelmente resolveria tudo.


Encerrando, exponho aqui a ironia que me dói o coração: A ÚNICA pessoa que manifestou sobriedade e inteligencia à respeito desse "debate", é uma anarquistazinha de quarto e ladra lo-tier que está louca para algum xiita do RoR demostrar o quão PHP é deplorável, falho, inseguro fazendo-a perder o emprego e ainda passar vergonha. (Infelizmente, não serei eu, pois sou a versão travesti de Julius Rock: Tenho dois empregos! D= (E larguei o defacing em 2007 =~))


PS: Só assino minha identidade aqui porque sou contra usar anonimato em espaços não anônimos para objetivos que não a trollagem.

PPS: Ultimamente as "TF de Facebook" andam piores que os Sanctos. Os últimos pelo menos em boa parte são humorados e apenas levaram o Humor Negro à Romana longe demais.

Unknown disse...

Ah, e deixo mais um adendo.

As organizações radfem-transfóbicas conseguem ser menores e mais patéticas que os mascus brasileiros. A últimas das organizações feministas antitrans sérias morreram na década de 1980, os casos institucionais isolados não representam um "movimento", e as últimas radfems transfóbicas ou são dinossauros senis que se durarem mais dez anos será muito, ou são aborrescentes underage de alma que absolutamente ninguém leva a sério, nem elas mesmas. Eu mesma sou mulher trans, mas de vez em nunca vou em bloguezinhos de radfems transfóbicas só para dar risada, pois eu acho a burrice bem engraçada.

SeekingWisdom disse...

Nossa Lola, estava tão ocupado que não vi nada do que rolou por aqui!
Que festival de horrores!!!

Realmente tem muita gente precisando rever seus privilégios. Entendo que vc tenha se sentido mal com as discussões sobre você que rolaram fora desse espaço, mas acho que as mulheres que vieram aqui colocar seu ponto o fizeram com o devido respeito.
No início estava inclinado a concordar com quem comparou a Monteiro Lobato ou Graciliano Ramos, mas acho que mesmo essas obras precisam ter essa informação dos autores indicadas em algum ponto. Trata de contextualizar a obra.

Vc deve ter visto que eu usei há algum tempo algum material audiovisual do Paulo Ghiraldelli nas discussões aqui. Ainda não sabia nada sobre ele e os materiais em si eram muito bons. Contudo, uma amiga me chamou atenção sobre a postura dele e também outro amigo depois me disse que ele é uma pessoa mal quista no meio acadêmico justamente por suas posturas altamente polêmicas - alguns altamente machistas, inclusive. A partir daí comecei a prestar mais atenção e sempre que quero referenciar algum material dele (minha vontade de fazer isso reduziu bastante, devo admitir) coloco uma nota - embora n concorde com tudo que o autor fala.

O autor da obra importa. Não devemos cair na besteira de achar que isso é irrelevante. Se estou analisando um paper científico ou uma palestra de um pesquisador conhecido por algum evento antiético vou prestar muito mais atenção e ter cuidado antes de acreditar no que ele disse (muito embora essa seja uma prática corrente). Gostei muito do comentário da Cel, assino embaixo. Também sou #teamtais, muito boa articulação.

Então, concluindo, eu entendo sua chateação com o modo como o debate transcorreu, mas acho a reinvidicação justa e penso que uma nota não doa ninguém.

Agora, esse excesso de transfobia nos comentários de feministas... triste. O pessoal está precisando muito rever seus privilégios e preconceitos. Realmente um post sobre transfobia se faz mais que necessário.
Entendo o que vc fala de precisarmos mais de união e tals, mas assim como falamos que um feminismo de direita adiciona pouco ao movimento acredito que um feminismo beirando transfobia também não ajuda. Ativismo também é sobre uma constante vigília do discurso.
Bjs!
Phillipe

Anônimo disse...

Olha tem Heleieth Saffiot que são otmas as obras dela e li uma de Irede Cardos que é "Mulher & Traballho" ^^

Candice Machado. disse...

FANTÁSTICO.

AngieB disse...

Lola,

A Feminish disponibilizou, nesta pagina, livros feministas para download:

http://www.feminish.com/resources/free-downloadable-texts-2/

bjo

AngieB disse...

E aqui tem mais dois posts com livros feministas:

http://feminismoaqui.tumblr.com/post/6417746681/livros-feministas

http://statusquoetc.tumblr.com/post/34153602341/khaleesi-a-great-big-giant-ass-list-of-feminist

bjo!

Unknown disse...

Esse assunto já é antigo, mas fiquei sabendo de um caso ainda mais antigo que acho que vale a pena mencionar. Segue abaixo algo dito por Germaine Greer, e publicado em 22 de julho de 1989 no "The Independent - UK News", relacionado à uma mulher trans* e à esse livro, "A mulher Eunuco":

"On the day that The Female Eunuch was issued in
America, a person in flapping draperies rushed up to
me and grabbed my hand. Thank you so much for all
youve done for us girls! I smirked and nodded and
stepped backwards, trying to extricate my hand from
the enormous, knuckly, hairy be-ringed paw that
clutched it. The face staring into mine was
thickly-coated with pancake makeup through which the
stubble was already burgeoning, in futile competition
with a Dynel wig of immense luxuriance and two pairs
of false eyelashes. Against the bony ribs that could
be counted through its flimsy scarf dress swung a
polished steel womens liberation emblem.

I should have said You're a man. The Female Eunuch has
done less than nothing for you. Piss off. The
transvestite (sic) held me in a rapists grip....
Knee-jerk etiquette demanded that I humour this gross
parody of my sex by accepting him as female, even to
the point of allowing him to come to the lavatory with
me. Bureaucratic moves were afoot to give him and his
kind the right to female identity, a female passport
even ... It is strange though that a vocal and
combative body of feminists did not throw the whole
idea out on its ear before it was quietly and sneakily
implemented."

TRADUÇÃO:

No dia em que o livro "A mulher Eunuco" foi lançado nos Estados Unidos, uma pessoa em um vestido tremulante correu para mim e agarrou a minha mão. "Muito obrigada por tudo que você tem feito por nós garotas!" Eu sorri e acenei com a cabeça e recuei, tentando desprender minha mão daquelas patas enormes, ossudas, rodeadas de pelos que a agarravam. O rosto que me contemplava estava densamente coberto com maquiagem pancake
densamente cobertas com maquiagem panqueca sob a qual os pelos da barba já começavam a se anunciar, competindo futilmente com uma peruca Dynel de grande exuberância e dois pares de cílios postiços. Contra as costelas ossudas que podiam ser contadas através dos frívolos vestido e cachecol balançava um emblema da Liberação Feminina, de aço polido.

Eu deveria ter dito "Você é um homem". "A mulher Eunuco" tem feito menos do que nada para você. Desapareça da minha frente. O travesti me segurou com o aperto dos estupradores.... Etiqueta instintiva exigiu que eu cedesse a essa paródia grosseira do meu sexo, aceitando-o como fêmea, até mesmo a ponto de permitir que ele me acompanhasse até o banheiro. Movimentos burocráticos estavam em andamento para dar a ele e sua raça o direito à identidade feminina, até mesmo passaporte feminino... É estranho, no entanto, que um grupo vocal e combativo de feministas não tenha dado um fim em toda essa idéia antes que fosse calma e sorrateiramente implementada.

Era só isso que queria acrescentar, Lola. Essa é a feminista que você tanto admira, escancarando toda sua transfobia e dizendo com todas as letras que esse livro, que você também admira tanto, não contempla as mulheres trans*, seguindo pela oposição à luta pelos direitos civis das pessoas transgêneras. Depois disso, alguém pode realmente acreditar que seja de algum benefício para as futuras gerações feministas continuar usando gente como Greer como referência?

Taís Albina disse...

Isso que a Greer disse chega dar um certo incômodo no estômago ao ler. Muito, muito triste....

Anônimo disse...

Lola,vc foi incluída numa lista de feministas transfóbicas q anda circulando por causa disso.. Essa menina está cismada com você

http://ask.fm/HaileyKaas/answer/63120759107

Adriana Scarpin disse...

Postagem sensacional, muito obrigada.

Anônimo disse...

Lola, obrigada pela sua generosidade. Sem palavras para agradecer o mundo de oportunidades que este poste me ofereceu. Abraço, Valéria

Vinícius disse...

Seu blog é um verdadeiro tesouro! Muito obrigado!

Camila disse...

Lola, querida! MUITO OBRIGADA!!!

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