quinta-feira, 21 de agosto de 2008

RELATO DE UMA MULHER QUE SOBREVIVEU À ANOREXIA

Este é um guest post da minha leitora Cris, que tem 31 anos e mora em SC. Eu pedi pra ela escrever um texto sobre sua experiência com a anorexia e ela aceitou. O relato não é novidade para quem conhece blogs sobre distúrbios alimentares. Esses blogs existem, e são muitos. Neles, que são chamados carinhosamente pelas autoras de pró-ana e mia (anorexia e bulimia), meninas relatam seus objetivos (emagrecer sempre), dão dicas de como induzir o vômito e de como enganar os pais sobre não estar passando fome. Mas esses blogs variam muito. Há desde os que incentivam a magreza absoluta aos que já se conscientizaram que a anorexia não é um bom negócio e tentam sair. Mais de 10% das pacientes de anorexia morrem. Cris é uma sobrevivente.

Quando eu era pequena meus pais achavam bonitinho eu ser “fofinha”. Só que o que era tão fofinho quando eu era criança começou a incomodá-los conforme eu ia crescendo. Eles achavam que se apontassem meu “defeito com o peso” 24 horas por dia, eu perceberia meu erro e mudaria.
Constantemente escutava meu pai elogiando as meninas que
faziam balé e tinham um corpo lindo, como um pequeno lembrete de que eu deveria ser como elas. Ser uma das melhores alunas na escola não importava. O importante era ser magra, e não ser inteligente. Ser bonita era fundamental.
Minh
a mãe tinha um método especial de apontar como eu estava gorda: quando uma roupa não servia em mim porque eu havia engordado, ela experimentava a roupa e dizia: “Vê como está larga em mim? É impossível que não caiba em você”.
Com 12 anos eu pesava 47 kg. É óbvio que eu não era gorda, mas eles achavam que sim e eu acreditava em tudo que me diziam. Convivia com comentários ácidos a respeito de tudo que comia. Quanto mais falavam, mais eu tinha necessidade de comer. Comecei a comer escondido. A partir dos 12 anos comecei a fazer dietas, ficava dias sem comer e quando desistia da dieta comia tudo e mais um pouco. Acabava engordando com a compulsão de voltar a comer.
Com 15 an
os cheguei aos 60 kg. Estava gorda, infeliz e tinha a ilusão de que todos os meus problemas se resolveriam e eu seria totalmente feliz quando fosse magra. Meu sonho de peso ideal era 5 quilos a menos que minha mãe, que era magérrima.
Fui ao endocrinologista, parei de comer doces, fiz reeducação alimentar, fazia caminhada
s. Em oito meses havia atingido meu peso ideal. Todos elogiavam a minha aparência; eu estava nas nuvens.
Comecei a fica
r paranóica com tudo o que eu comia. Eu devia fazer uma manutenção do peso, mas comecei a diminuir as quantidades dessa dieta de manutenção, já não saía mais de casa, porque não podia comer nada que fosse calórico demais. Aos poucos fui começando a viver em torno da dieta.
Tinha medo, aliás, pânico de engordar; me pesava três vezes por dia. Se aumentasse o peso da manhã em relação ao da tarde, eu cortava a refeição da noite. Não conseguia dormir à noite de tanta fome que sentia. Levantava, tomava água e sonhava com comida, mas por mais que eu sofresse de fome, o medo de comer me dominava. Não podia permitir que o peso voltasse, custasse o que custasse.
Comecei a contar calorias, só que eu sempre aumentava umas 200 em cada alimento, só por segurança, isso reduzia muito o que comia por dia. Tomava laxantes, inventava mil desculpas para pular as refeições, vomitava. Tudo o que eu ingeria vinha acompanhado de medo, culpa e
paranóia.
Quando atingi os 40 kg, meus pais começaram a perceber que
tinha alguma coisa errada comigo. E foram procurar a endocrinologista que me acompanhava na dieta.
Ela passou uma dieta para que eu engordasse e tentou me explicar que se eu engordasse uns 6 kg seria mais saudável. Eu achava que eles estavam loucos com esse papo de que engordar era bom. É óbvio que eu não ia fazer nada disso, mas percebi que se eu me revoltasse, eles poderiam tentar me obrigar a comer. Portanto, fiz de conta que aceitei e continuei fazendo do meu jeito. A médica tinha receitado remédios para abrir o apetite, eu fingia que tomava e jogava tudo fora. Todos pensavam
que eu não comia por não ter fome, mas eu tinha fome, só não comia.
Comecei a desmaiar, tinha tonturas, fraqueza. Havia dias que não conseguia mais me levantar da cama, meus cabelos começaram a cair, meu coração começou a bater com um ritmo mais lento, e tive de ser internada para fazer exames do coração. Quando fui internada o médico quis colocar uma sonda
de alimentação em mim, mas minha mãe não permitiu. Meus pais se sentiam muito culpados por tudo que estava acontecendo comigo. Apesar de não admitirem, acho que se sentiram culpados por tudo que me disseram a vida toda. Faziam o possível para tentar me convencer a parar, mas eu não conseguia mais voltar atrás.
Tinha um medo enorme de morrer, mas meu me
do maior era de ficar gorda novamente.
A anorexia distorce a percepção da imagem que a pessoa tem de si. Mesmo que to
dos digam que você está horrível, que parece uma caveira, você se olha no espelho e vê a tão adorada e almejada magreza.
Fui encaminhada para psiquiatras e psicólogos, mas não funcionav
a: eu simplesmente não aceitava engordar de novo.
Qua
ndo ficava muito pior, ia pro hospital, ficava internada para fazer exames, tomar soro, mas logo me mandavam para casa; não conseguiam resolver o problema.
No final eu estava com 35 kg, meu sonho de que eu seria feliz com a magreza havia acabado, só conseguia ser infeliz. Tinha saudade da época que eu era só uma adolescente que gostava de comer, mas era feliz, saudável, que tinha uma vida, porque apesar de ser gorda eu saía, me divertia, sorria, tinha sonhos.
Não me lembro de em nenhum momento da anorexia eu ter tido felicidade, ter gargalha
do com alguma coisa. Meu mundo era totalmente sem cor, como se eu tivesse vivido em preto e branco todo aquele tempo.
Com ajuda de um médico muito especial, consegui sair do fundo do poço e recuperar a sa
úde. Se não fosse pela sua ajuda, tenho certeza que hoje estaria morta. Levei dez anos para conseguir me livrar totalmente da anorexia. Hoje, 16 anos depois, posso dizer que estou curada.
Tenho experiência para afirmar que magreza não é sinônimo de saúde, nem de felicidade.

31 comentários:

Giovanni Gouveia disse...

Doenças sociais da modernidade. Relato chocante...

Anônimo disse...

Acho que seus pais deveriam assumir verbalmente essa culpa e pedir desculpas. E deveriam também mostrar a outros pais que devem aceitar os seus filhos como eles são, e não como eles querem que sejam.
Eu sinto que vc e muitas pessoas percam tempo das suas vidas passando por isso, ainda bem que conseguiu ultrapassar esse problema. Seja feliz como você é.

Santiago disse...

Lola: sobre o preconceito (atrasado).

Concordo que o preconceito é danoso: afinal ele parte de suposições que podem não se confirmar verdadeiras e causar situações realmente trágicas ou, no mínimo, constrangedoras; porem, tenho uma curiosidade.

Porque ninguém reclama de preconceito positivo?

Ex:
Todo gordo é simpático.
Todo negro dança bem.
Todo negro canta bem.
Todo japonês é inteligente.
E mais alguns...

Esses pré-conceitos existem e eu nunca vi nenhum movimento contra; você viu? De alguma forma isso também é danoso, afinal induz a se relacionar, contratar, etc.

PS. Esse é novo: todo homossexual é bom profissional.

Anônimo disse...

parabéns à cris por sua coragem e força de vontade!

Vitor Ferreira disse...

e isso é um problema mais comum do que a gente imagina. A mídia impôs um padrão de beleza que é inalcançável até para as próprias modelos. Só as que são naturalmente assim, uma minoria absoluta, vão se enquadrar. Outra coisa interessante (ou não) é como o padrão de beleza mudou em tão pouco tempo. Marilyn Monroe hoje em dia seria gorda, por exemplo.

Mica disse...

Mas é difícil para os pais saberem como lidar com filhos gordinhos também. Os pais em regra querem o melhor para os filhos e, infelizmente, sabem que na sociedade atual se você é gordinho (ou gordão) você tem vários problemas, seja discriminação por parte dos (supostos) amigos, sexo oposto, seja trabalho ou outros. Assim, eles querem salvar os filhos dessas futuras discriminações e é muito difícil encontrar o ponto exato que vai ajudar a criança/adolescente ou que vai destruir.

Mica disse...

Falando sobre outra coisa, hoje estava na frente da tv e descobri que na olimpíadas também tem ginástica ritmica (ok, eu sei que tem a modalidade na lista para votação, mas eu nem cheguei a ler a lista direito e fui direto para o nao assisto olimpíadas). Se eu soubesse que tinha competições de ginástica ritmica eu teria assistido! Adoro! Que sacanagem :-(

***
Lola, lembrando: amanhã à tarde chego em Joinville e ligo para você para marcarmos a entrega dos DVDs.

Anônimo disse...

Oi Lola acabei de ver o post, as fotos ilustraram muito bem o problema, ficou muito bom.
Vou tomar a liberdade de responder a alguns comentários.

cavaca: meus pais não pediram desculpas, o comportamento do meu pai mudou muito, mas minha mãe ainda faz alguns comentários desagradáveis a respeito do meu peso.
Hoje em dia eu me aceito como sou e não me importo com isso.

batatatransgenica: Obrigado.

Mica: Acho que para lidar com os filhos gordos ou não, os pais só precisam de amor, não aceitar o filho como ele é tambem é uma forma de discriminação.
Isso que você disse que os pais em regra querem o melhor para os filhos, não se aplica em todos os casos, pois pais neuróticos vêem seus filhos de maneira distorcida, a maioria das pessoas anoréxicas não era gorda.
Se os pais que querem "salvar os filhos" fossem equilibrados, muitos problemas não aconteceriam.

lola aronovich disse...

Chocante mesmo, Gio...


É, eu também sinto isso, Cavaca. Imagina uma menina passar por isso que a Cris passou. Já tem todos os problemas característicos da idade (pré-adolescência e adolescência), e os pais ainda vem com mais essa... Acho um gesto de grandeza a Cris ter conseguido perdoar os pais.

lola aronovich disse...

Santiago, acho que as pessoas reclamam de preconceito positivo também, só que, claro, menos que do preconceito negativo. Nos EUA, nisso de achar que todo negro é ótimo na corrida (atletismo etc), tem até um “slogan”: “run ni**er run”. Eu não sei a origem dessas palavras, mas entendo que os negros que criaram pra protestar contra o que se espera deles. É muito comum nas universidades americanas (todas pagas) um negro ter bolsa de estudos por ser bom em algum esporte. Mas pra ser competitivo num esporte é preciso se dedicar muito, e os estudos podem ficar de lado. Eu tô chutando. Ouvi essas palavras num filme muito interessante do John Singleton, Higher Learning. Um personagem negro, mais intelectualizado, de esquerda, diz pra outro aluno negro, um atleta: “Run ni**er run”, em tom de crítica. Enfim, os preconceitos elogiosos atrapalham porque participam na montagem de um estereótipo. Generaliza.


Eu também só posso parabenizar a Cris, Batata Naomi...

lola aronovich disse...

É interessante sim, Vitor, como o padrão de beleza muda. E também, não vai ficar na magreza absoluta por muito tempo, imagino. Só não acho que hoje a Marilyn seria considerada gorda, gorda mesmo. Gordinha, cheinha, fofa, talvez. Mas ela nunca foi gorda! Sorry, EU sou gorda e não tenho o corpo da Marilyn... Mas certamente se ela estivesse viva exigiriam pra que ela perdesse uns 5 quilos (chutando). A última vez que o padrão de beleza “relaxou” e permitiu mulheres mais cheinhas foi na década de 50. Isso porque as mulheres estavam bem comportadas em casa. Elas aceitaram voltar pros afazeres domésticos depois de trabalhar fora durante a 2a Guerra. Assim que as mulheres buscaram independência, em meados dos anos 60, o padrão de beleza ficou mais rígido. Surgiu a Twiggy, que era uma vara de tão magra, como ideal. Coincidência?...


Mica, sem dúvida não é fácil. Mas eu ouço bastante de mães (geralmente gordas) que têm filhos gordinhos que elas estão sempre controlando a alimentação dos filhos. Hoje em dia, não dá pra imaginar uma criança ser gordinha “impunemente” - ou seja, sem ouvir dos médicos, professores, pais etc que precisa emagrecer. Mas, em muitos casos, se a genética te fez gordinho, querer não é poder. Há muitos casos de famílias em que um irmão é gordo e o outro é magro. Adivinhe quem terá que controlar cada migalha que colocar na boca e praticar esporte? Pode apostar que não será o magro! Esse teve a sorte de nascer magro. Sinceramente, não sei como, com toda a pressão que existe da sociedade contra a gordura, TODA menina não se torne anoréxica. Mas o fato é que os casos de anorexia estão aparecendo cada vez mais cedo. Até com 8, 9 anos...

lola aronovich disse...

Mica, seu outro recado: eu adoraria assistir ginástica ritmica (que deve ser a modalidade em que as atletas mais usam maquiagem!), acho lindo. Pena que a TV não mostra... Se vc puder me enviar um email ou ligar antes das 3 ou 4 da tarde, seria melhor. Porque acho que pouco depois irei ao centro, não tenho certeza. E como não tenho telefone celular, é impossível me encontrar. Me avisa quando posso passar no salão pra pegar os dvds! Aliás, a quem interessar possa: estou downloading (esses são rápidos) e vendo In Treatment, e adorando! Já vi sete episódios. Muito bom!
Eu quero o Gabriel Byrne como psicólogo... (ou como qualquer outra coisa. Serve também).


Opa, desculpa, Cris. Respondi os comentários e aí apareceu a sua mensagem. Agora estou respondendo no Word, e depois colando no blog, porque fica mais rápido. E assim evito perder a mensagem (que já aconteceu várias vezes). Obrigada por responder os comentários! Vc tem muito mais autoridade pra isso do que eu!

lola aronovich disse...

Pois é, Cris, e isso dos pais quererem o melhor para os filhos pode causar muitos problemas, e não só no caso da anorexia. E quando os pais são hiper competitivos e querem que o filho seja um prodígio em alguma coisa? Às vezes a intenção dos pais até é boa (e às vezes não!), mas o resultado é péssimo...
Outro dia eu vi no Shoe Me umas fotos de meninas que participam de concursos de beleza pra crianças (só meninas), bem ao estilo Pequena Miss Sunshine. Acho que os pais até podem ter boas intenções em querer que a filha ganhe esse tipo de concurso, mas não sei como isso pode NÃO virar um trauma marcante na vida de uma menina... Dá pra ser "normal" depois de uma experiência dessas?

Anônimo disse...

Lola acho que algumas experiências traumatizam muito uma criança, não acho que a pessoa consiga ser "normal", sempre acabam tendo um problema psicológico ou outro.

Paola disse...

Cris e Lola,
Este é um relato chocante, entendo muito bem essa história, eu com 15 anos pesei quase 70 quilos e minha vida era um inferno, minha mãe gostava de lembrar da minha situação em cada uma das refeições, só não fiquei anoréxica por ter encontrado um médico, com a maior paci~encia do mundo, que fazia eu ir ao consultório toda as semanas, e no fim, ele me mostrou a cura estva em mim, na relação com minha mãe, foi minha salvação...

Estou num comptador público e o tempo está acabando, volto depois para terminar)

Suzana Elvas disse...

Lola, eu vejo na escola das meninas dois tipos de comportamento.

Um é dos pais liberarem geral a comida dos filhos - e quando digo "comida" não é "alimento"; é hamburger, batata frita, refrigerante, biscoitos industrializados/recheados/caramelizados/achocolatados, chiclete e bala à vontade. Quando eu digo que minhas filhas não comem isso os narizes de torcem com um "Hum, é pra elas não engordarem, é?" Não, é porque isso NÃO ALIMENTA! E não estão nem aí para o que os filhos comem. Se estão de barriga cheia, ótimo.

O outro tipo de comportamento tem a etapa acima, mas é seguido por um segundo momento. A criança não toma café da manhã em casa, então a mãe libera geral pro lanche com as coisas aí de cima. A criança, obviamente, não sente fome para o almoço balanceado oferecido pela escola (o lanche também pode ser feito no refeitório do colégio, mas como é quase sempre uma fruta, um pedaço de bolo branco acompanhado de vitamina, ninguém come. Só as crianças cujas mães não dão dinheiro pra cantina, dizendo que o cardápio da escola é "sem gosto".) De tarde, lá ela ruma para a cantina dar um repeteco do lanche da manhã. E aí não janta.

A segunda parte da história é triste: a criança, aos sete, oito anos, está obesa, alvo de chacota de todo mundo. Então a mãe toma a saída mais rápida: enfia a criança no endocrinologista, e ela vai passar o resto da infância e início da adolescência com a mãe vigiando quantos brigadeiros ela pode comer numa festa, abdicando das porcarias ocasionais de fim de semana, infeliz porque a mãe não soube ser mãe, não soube ensinar, não forneceu a alimentação equilibrada. Não é supimpa?

Na turma das minhas filhas tem "n" casos desses. Meninos e meninas infelizes com seus corpos, com o que comem - e bebedores de refrigerante desde a mamadeira.

Mica: as competições de ginástica rítmica começam hoje, e vão até domingo. Estou acompanhando porque as meninas praticam.
Bjs

:-P disse...

Putz, estou toda enrolada, passo uns dias sem vir aqui e tá cheio de coisa bacana...

Finde eu venho ler, comentar como se deve, aproveitar a sua companhia.

Beijo!

Paola disse...

O Dr Lineu dizia que eu comia para agredir minha mãe, nnao precisou de mais nenhuma conversa.
Conseegui voltar ao normal.
Eu sou o tipo que nnao pode bobear, sou compulsiva, nnao basta um bife, tem que ser o boi inteiro.
Sabendo disso montei um esquema, um cardápio próprio para minhascrises e uma brincadeira, afinal, as pessoas adoram instigar o apetite do guloso, então agradeço e para a insistência digo que minha religião não permite, é ótimo, os mais chatos ficam com medo que eu resolva fazer alguma pregação.
Não é fácil, a questão da alimentação requer um pouco mais de atenção, já que o ideal é o equilíbrio.

DH disse...

Comentário atrasado e sem relação com o post:

Bom saber que Six Feet Under ainda ficou em 3º lugar nas séries dramáticas, na votação por aqui. Adoro House, Lost, Sopranos(que estou na primeira temporada ainda), mas Six Feet é insuperável. Melhores diálogos e roteiros que já vi num seriado. E ponto. :)

Liris Tribuzzi disse...

A adolescencia é a fase mais complicada da vida. Você quer ser aceita, quer se destacar, quer que todos gostem de você não importa o motivo. Suas amigas são magras, você não, suas amigas encantam os meninos, você não, suas amigas usam roupas da moda, você não. E nem tô contando com a mídia.
Eu passei por algo muito parecido com o relato, só não precisei ser internada, mas tomei uma porrada de vitaminas, injeções, antidepressivo por uns 2 anos e terapia psicológica. Chega uma hora que você percebe, com a ajuda de inúmeras pessoas e não sem relutar ao máximo antes, que pode perder tudo o que você tem se não tomar uma atitude, tão drástica como a que levou ao problema em questão.

Suzana Elvas disse...

"Há muitos casos de famílias em que um irmão é gordo e o outro é magro. Adivinhe quem terá que controlar cada migalha que colocar na boca e praticar esporte?"

Minha infância foi assim. "Mas olha o corpo lindo da sua irmã! Você não quer ser assim?" "Ah, você tem a beleza da sua mãe, mas, puxa... Olha como sua irmã é magrinha!"

Lá em casa, minhas duas filhas são assim: uma vai vestir jeans 34 o resto da vida; a outra é pura bunda/peito/coxa/cintura. E já começou a ouvir, aos seus 7 anos: "Nossa, mas a sua irmã é, assim, magrinha, né?"

lola aronovich disse...

Paola, que bom que vc escapou da anorexia! Espero a continuação da sua história! Ah, tá aqui. É, às vezes eu me sinto compulsiva também. Dá vontade de comer tudo que aparece pela frente. Isso é super comum entre pessoas que fizeram/fazem dieta (ou seja, toda mulher).


Su, sei que essas situações são muito comuns. Mas há crianças que não precisam comer doces ou beber refrigerantes para engordar. Muitas engordam porque é genético! E, claro, engordar não quer dizer que merecem virar alvo de chacota. Por que as crianças que gozam das outras que são “diferentes” não aprendem, na escola, a respeitar todo mundo? (e por que as crianças não aprendem também a comer corretamente na escola?).

lola aronovich disse...

Malena, eu tb estou super enrolada... Apareça quando puder!


Delio, concordo, não tem série melhor que Six Feet Under. É a melhor que conheço, e quero muito comprar tudo em dvd.

lola aronovich disse...

É verdade, Li, a adolescência não é nada fácil. Mas sabe, não é fácil pra ninguém! Nem pra menina magra que atrai os meninos, nem pros meninos... Que bom que vc conseguiu sair dessa.


Su, é uma droga quando o pessoal comprar irmãs/irmãos... É como se um tivesse que ser a cópia exata do outro. E não é. Todo mundo é diferente! Parece óbvio...

Anônimo disse...

Acho que a maior parte dos pais não percebe o peso das próprias palavras em relação aos filhos. Eu mesma vivi isso com a minha mãe, em outras circunstâncias. Se fosse qualquer pessoa dizendo à garota do relato que ela estava gorda, talvez não fizesse diferença. Provavelmente não faria. Mas eram os pais, que são a referência da criança. Acho que é um erro muito grave.

Beijo.

Renata disse...

Acho que já comentei isso uma vez num post da Denise sobre o assunto, mas não consigo pensar em outra coisa quando leio a respeito ou ouço algum relato de experiências de meninas com disturbios alimentares: elas precisam de ACOLHIMENTO. Precisam ser acolhidas por seus pais, pela sociedade, por si próprias.
E nós todos, a sociedade mesmo, precisamos nos responsabilizar por esse distúrbio que está se tornando cada vez mais frequente.
beijo
Renata

lola aronovich disse...

Tem razão, Juliana. Os pais são a maior referência de uma criança, e suas palavras têm mais peso. Pelo que leio, a maior parte dos casos de anorexia é engatilhada por comentários das mães. Mas o que outras pessoas dizem também é importante. Se não fosse, como que tanta gente se lembra das ofensas que ouvia dos coleguinhas quando era criança? Deve ser meio traumático...


Concordo contigo, Renata. Acolhimento é muito importante. Faz tempo que não entro em blogs ana/mia, mas, quando entrava, sempre ficava chocada com a quantidade de trolls que escreviam pra elas morrerem logo, ou diziam que elas eram fúteis, ou várias outras coisas ofensivas. Não consigo entender. Será que eles acham que isso AJUDA?

Nita disse...

Essas coisas me chocam profundamente. Principalmente porque quem não me conhece as vezes pensa que eu tenho anorexia. Pensava, agora não pensam mais. Eu sempre fui muito magra, mas como diz a minha mãe "magra de ruim" porque sempre comi de tudo e muito de tudo.
Enfim, parabéns para você que conseguiu superar um problema tão sério. Sabe, é chocante pensar que tantas garotas passam pela mesma coisa. Muitas delas.

Anônimo disse...

eu já passei por esse tipo de coisa e sei como é ruim, foi bom ler sobre alguém que se curou disso.

Anyelle Amaro disse...

Oi gente,

Eu sou estudante de medicina e tenho que fazer um trabalho sobre transtorno de alimentação (anorexia ou bulimia).
Gostaria muito de poder conversar com alguém que já passou ou passa por isso.
Seria super importante ter uma visão de "paciente" e não de "médico" no meu trabalho.
Alguém pode me ajudar?
(Vai ser totalmente anônimo, é claro, sem identificação nenhuma).

Obrigada! :)

Virgínia Sousa disse...

TESTEMUNHO DE UMA MENINA DE 11 ANOS.


Minha filha Mariana começou a perder peso em fevereiro de 2016, pesava 66 kilos e fez isso de forma saudável, demorou em édia de 7 meses para chegar ao peso que ela achava ideal, ficou com 49 kilos, até aí tudo bem, levei em uma nutricionista deu a ela parabéns, disse que conseguiu mudar sua genética de forma muito saudável, todos os exames estavam ok, e a médica deixou bem claro que ela não poderia perder mais nada, a massa magra já estava no limite.
Mas de lá para cá a situação fugiu do controle, ela cada vez comia menos, e perdia peso, e começou a deixar todos nós transtornados, quado eu levava comida para ela, ela me agredia e chorava, ficava irritadíssima, meu Deus, dias dificílimos, aí entendi que ela precisava de tratamento, então encontrei uma hebiatrica de distúrbio alimentar, ficamos 2 horas com ela, ela colocou a mão na cabeça e me disse que de tudo que ela trata a anorexia nervosa é a pior e a mais lenta, para se obter resultados, meu Deus o meu mundo caiu, choramos muito, a médica falou pra ela de todos os riscos de ficar sem se alimentar, ela foi agressiva com a médica. A médica disse que fazia parte do quadro e me disse: "não dou conta disso sozinha", disse que precisa de mais quatro médicos diários, psiquiatra, psicólogo, terapeuta familiar, para ensinar a família lhe dá com a paciente e também uma nutricionista. Inclusive a nutricionista que ela me indicou tem prioridade no assunto anorexia, a pegou com 11 anos e a deixou com 21, então ela pediu todos os exames, e de cara á passou ferro para ela tomar. Nesse período ela já estava com 41,8k, medindo 1,62m, meu Deus estava irreconhecível.
Já fui atrás de toda essa equipe médica. quando a levei na psiquiatra ela colocou a mão na cabeça e me disse é um trabalho em equipe que exige muita paciência, daí fui me informar dessa doença na internet e por minha surpresa me fez chorar muito, quantos relatos, e todos em média de 8 a 10 anos. O paciente sendo arrastado, e descobri que já existia um índice de óbitos muito alto, chorei muito.
O que eu fiz diante de um quadro que não se tinha melhora, foi tudo rápido da hebiatra até o fechamento. Eu recorri a Deus, orei, jejuei, reuni vários homens de Deus por sinal 12, cada um jejuava um dia por ela, e consegui levar ela no encontro. O que é o encontro? É onde pessoa se reúnem para ficarem 3 dias sendo ministrada pela palavra de Deus. Uns 3 dias antecedentes ao encontro, ela já estava bastante agressiva, já me agredia, gritava e até pegou faca para se matar. Com muito amor e paciência consegui levá-la ao encontro, e no último dia ela foi ministrada com imposição de mãos recebendo oração, se saiu de lá com vergonha da aparência que ela se viu, e começou a comer, hoje ela já engordou e é totalmente liberta. Escrevo esse relato, porque sei que o Deus do qual eu creio e busco, curou minha filha, e evitou que o meu sofrimento se estendesse por longo período. Qual o tempo da peleja foi de 6 meses para honra e glória de Deus. Entendi que anorexia é uma doença espiritual, do qual se instala nas emoções talvez, por complexo, palavras de constrangimento e que se arrasta, dilacerando uma adolescência e até mesmo uma viola adulta. Com isso me tornei muito mais cristã acreditando ainda mais no Deus da bíblia. Obrigada Jesus por dar este livramento a minha família.