domingo, 12 de setembro de 1999

CRÍTICA: DE OLHOS BEM FECHADOS / Um filme que pisca

Último trabalho de Kubrick é inquietante, mas está longe de ser uma obra-prima

É difícil analisar De Olhos Bem Fechados, último filme de um gênio, sem se lembrar a toda hora de seu diretor, Stanley Kubrick. Isso, de não separar autor da obra, é frequente, ainda mais quando o realizador morre logo em seguida. Mas a pergunta que não quer calar, e que deve ser considerada, é: o que acharíamos do filme se ele não fosse de Kubrick?
De Olhos Bem Fechados é interessante, sem dúvida alguma, mas inconsistente. É frouxo, e faz que pensemos o tempo todo que Kubrick faleceu antes de realmente terminá-lo. Tem toda a pinta de obra inacabada e imperfeita. Agora, não deixem que digam que é chata, pois não é, em nenhum momento. É um filme estranho, não sujeito a classificações, adulto, inquietante, insatisfatório.
Começa bem, com um Tom Cruise meio que marido típico, desses que não olham mais para a mulher. Nicole Kidman, sua esposa, radiante em um vestido de festa, implora tanto por um elogio que afinal o recebe, sem que Tom, no entanto, tenha lhe dirigido o olhar. Não é isso, claro, que nos informa que o casamento não vai bem, e sim o comportamento de Nicole, que flerta com um cavalheiro, que discute com o marido, até revelar-lhe algo surpreendente: de que teria abandonado a família por um caso de uma só noite com alguém que só vira de relance.
O atordoado Tom sai por aí, talvez tentando entender a alma feminina. Acaba entrando em uma orgia ultra-secreta e as coisas se complicam. E, assim como fica incompleto, inútil até, resumir o filme, entender seus múltiplos temas é missão impossível. É sobre quê? Sobre sexo? Talvez seja, mas seria um filme de sexo sem sexo. Sobre desejo (que também inexiste), sobre a morte, sobre sonho versus realidade? Você decide.
Por falar em sexo, você deve ter ouvido falar das cenas da orgia, dos 65 segundos que foram “censurados” naquele país puritano que é os Estados Unidos. Para que De Olhos Bem Fechados não recebesse uma classificação que proibisse o drama para menores de 17 anos (matando-o financeiramente, no contexto atual de bilheteria), foram sobrepostas imagens de computador cobrindo os atos. Fique sabendo que a versão passada no resto do mundo, inclusive no Brasil, é a integral. Americano se choca à toa, não? Esses 65 segundos frustrantes mostram uma orgia ritualística, paradona, com poucos participantes e muitas máscaras. Os dois segundos de O Iluminado, quando o passado do hotel vem à tona, descobrindo dois homens fantasiados fazendo sexo oral, têm mais suspense e sabor.
Algumas cenas em De Olhos Bem Fechados estão desconexas, não parecem ter nada a ver com nada. Por exemplo, por que Tom liga para a filha do paciente que morreu, aquela que havia dado em cima dele? Tampouco fica claro por que ele procura a prostituta. Porém, nada é tão sem nexo como as bobagens que foram e são ditas a respeito. Os jornais continuam contando a história como “casal de médicos...”? Que casal de médicos, cara-pálida? Só o personagem do Tom é médico, o de Nicole é ex-curadora de arte, desempregada. Já li também que ambos seriam psicólogos, sexólogos... Correu o boato que Harvey Keitel foi despedido (e para seu lugar chamado Sydney Pollack) por ter sido pouco profissional e ter tido uma ereção com Nicole - sendo que não há uma única cena em que esses dois personagens tenham qualquer coisa ligada a sexo. E basta Tom ir a um necrotério para a internet inteira gritar, em coro: necrofilia no último do Kubrick! Tsc tsc tsc.
Entretanto, há algumas verdades a serem ditas: o roteiro é ruim, os diálogos sofríveis. Todos os personagens repetem as perguntas, na base do “O que você acha?” - “O que eu acho? Vejamos...” Se isso fosse cacoete de um só personagem, faria sentido, especialmente se fosse o do Tom, já que o cara é confuso e abobalhado (sacanagem chamarem-o de Forrest Gump), mas todos têm esse vício. E o pessoal fala devagar.
De Olhos Bem Fechados merece ser apreciado e deve ser visto. Mas não é, absolutamente, uma obra-prima. Por mais que gostaríamos que fosse, por tudo que Kubrick representa para o cinema.

17 comentários:

Gisela Lacerda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gisela Lacerda disse...

Lola, eu sou uma fã do Kubrick (difícil não ser, né?) e não morro de amores pelo último filme da carreira dele. Na época da estréia, o Jabor fez uma crítica interessante, dizendo que, por ser casadinho tanto tempo, Kubrick não conhecia "o mundo das trepadas". O jornalista e cineasta estava certo.

Da primeira vez que assisti ao filme, não gostei tanto. Da segunda, fui entendendo mais, e na terceira (faz uma semana) enxerguei outros detalhes. É o tipo de película que dá para ver várias vezes. Adoro isso!

Concordo com alguma spartes de seu texto, mas convém ressaltar alguns pontos. Respondendo às suas perguntas as quais julgo um pouco ingênuas:

"Por exemplo, por que Tom liga para a filha do paciente que morreu, aquela que havia dado em cima dele?"

Lola, a personagem de Tom Cruise simplesmente quer transar naquela noite. Não importa com quem, onde e nem como e em qual situação. Você já assistiu ao filme brasileiro "Tolerância" do pessoal da Casa de Cinema de Porto Alegre? É com Maitê Proença. A personagem interpretada pela atriz manda o marido "ir trepar" (desculpe, mas é assim mesmo que ela diz; estou transcrevendo) com a outra (amiga da filha deles) para não voltar para a "cama dela" e cometer o deslize de confundir os nomes ou pensar no "não-ocorrido". E a vida deles é bem saudável, mas pintou essa garotinha e o cara fica todo ouriçado. Jorge Furtado é o diretor junto de Carlos Gerbase. O primeiro faz os roteiros de "Os Normais" e mais outros seriados da Globo. Eles fizeram "Ilha das Flores", aquele ótimo curta premiadíssimo na década de 80, lembra?

Quando um homem decide sair à caça, ninguém o segura, Lola. A mulher se contém porque tem mais perigos por aí e exercer a sexualidade de maneira mais liberal e "na prática" é muito mais complicado para a gente. Ainda mais em NY, no Rio, Paris, Londres, concorda? A não ser que se meta num bordel ou swing muito bem acompanhada ou para ela mesma se vender. Et bien voilà. É biológico sim, é a força sim. Infelizmente. As feministas que me perdoem.Bem, menos Paglia. hihi

A personagem de Nicole manteve isso na fantasia apenas e, no entanto, com suas gracinhas e risinhos pérfidos instiga o marido até não poder mais, e é como se o tivesse apunhalado pelas costas. Ele fica nadele mas "vai à luta", afinal de contas aquilo o perturba demais. E homens são práticos, convenhamos. Homens ficam chocados facilmente com palavras. Especialmente uma descrição de sexo selvagem.;-)) É pior do que a antiga seção do "fórum Ele e Ela". E mais: o Bill faz o caminho todo que ele percorreu na noite para ver porque no que tinha errado; não sei se você percebeu isso. Mas é gritante. Ele faz passo a passo. e ainda teve o episódio da loja de costumes/fantasia para atiçar ainda mais a moral dentro de Bill, afinal de contas ele viu um caso de pedofilia e cafetinagem do paie confirma o mesmo depois, no dia seguinte, na sua grande retrospectiva da trepada mal-sucedida. hehe. É de mijar de rir. Aquilo ao mesmo tempo que surpreende e choca o ser humano, atiça a libido.

É um homem pê da vida porque não trepou. Simples. Tem grana a rodo e é um completo incompetente. Gasta uma grana e sai sem comer ninguém. É triste. E ainda é punido na frente daquele povo para, no fim o próprio amigo (Sidney Polack brilhante e charmoso) _ mais insensível _ zombar dele insinuando que aquela palhaçada toda foi um mise-en-scène de doer. Bill tem pena da prostituta. Bill tem pena de si mesmo e da mulher. Bill tem pena de galinha. ;-)) Evidentemente, é bonito vê-lo preocupado com a alma humana e vida das meretrizes do jogo perverso, do tráfico de drogas, da vida dupla de uma jovem novayorkina.

"Tampouco fica claro por que ele procura a prostituta."

Já respondi aí em cima. Ele quer transar. Não adianta. E quer carinho também. Aquela prostituta é linda, uma graça e gentil. Além de linda.

"E basta Tom ir a um necrotério para a internet inteira gritar, em coro: necrofilia no último do Kubrick! Tsc tsc tsc."

Lola, aquilo é sim necrofolia da mais pura. Aquilo é o "homi" arrependido por não ter "dado umazinha". Ele não vai até lá porque tem apenas compaixão. Ele vai até lá porque tem curiosidade em ver e admirar o que não curtiu quando ela estava viva. Ou seria a gata da suruba, não sei. o fato é que ele tem tesão na morta, o casamento continua e fim de papo.
C´est la vie, pas le paradis.

;-0

lola aronovich disse...

Muito interessante sua análise, Gi. Realmente preciso ver o filme de novo, porque já faz quase dez anos que o vi e não lembro de quase nada. Mas tenho a impressão que o filme é mais complexo do que isso de "o cara quer quer transar a qualquer custo". Tem a parte onírica, a parte que fantasia e realidade se juntam, pode ser tudo um sonho... Não lembro mais. Agora, convenhamos: como que um cara com a aparência do Tom Cruise não consegue logo umas dez mulheres pra passar a noite?

lola aronovich disse...

Ah, esqueci: eu não só vi aquele filme brasileiro, Tolerância, como escrevi sobre ele. Tá na letra T. Odiei o filme, por sinal. Achei muito fraco.

Angelo Rosário disse...

O filme é estranho, mas sem dúvidas ótimo. Casamento perfeito de cortes, roteiro e direção.

Anônimo disse...

Ele liga para a filha do paciente e sai com prostituta para se afirmar como homem, pois sua mulher havia feito uma confissão que quase destruiu sua masculinidade. Eu não vi o filme ainda, mas já li resenhas e essas cenas se encaixam perfeitamente no enredo.

Denison Souza do Rosario disse...

Outra coisa interessante, apesar de que só cheguei agora no ano de 2013, Lola...o filme trata tambem de uma questão de diferença de classes...a classe média vive numa redoma moralista impenetrável, enquanto entre os pobres e ricos a imoralidade rola solta...enquanto, na vida da classe média o sexo é tabu, fica na coisa da fantasia, entre os pobres e ricos, a copisa rola de verdade...

Anônimo disse...

Hahahaha!
"eu não vi o filme ainda, mas já li resenhas... "
hahaha, sensacional!

Anônimo disse...

Olha, assisti o filme ontem... eu jurava que ele ia pedir por favor para entrar neste seita e satisfazer os supostos desejos proibidos de sua mulher... mas no fim, a "vontade" de ter uma família perfeita falou mais alto que a fantasia. Isso, analisando a postura que ela teve no final do filme(a esposa de tom), ou seja, ela tinha esta vontade, mas não concordava com isso! Se ele talvez tivesse essa atitude de convidar ela para participar de tudo isso, acho que ela não aceitaria! demais o filme!

Unknown disse...

O título do filme explica muito bem o que é o ser humano, um ser de olhos bem fechados.
Este filme é semelhante a Blow up.
É o mesmo filme com as alterações excelentes. Kubrick fez análise de Blow up e daí pode-se compreender mais o Eyes wide shut.

Julia G. disse...

Eu gostei bastante do filme, e ao contrário do que disse Lola, achei que o Kubrick seguiu a mesma linha de seus outros filme, sempre colocando aquela pitada de suspense que prende a atenção de qualquer um.
Achei engraçado como Tom se pune a todo momento por querer trair a mulher, mas paradoxalmente, é uma necessidade fazê-lo para afirmar a sua própria masculinidade e não "sair por baixo", já que para ele, mesmo que fora só em pensamento, sua mulher o traiu. É como uma Lei de Talião que precisa ser executada.
Acho que a questão da realidade versus sonho é bem presente no filme, já que a traição imaginária da mulher já é vista em cenas concretas por Tom e o sonho desta tem consequências reais em sua vida.
Discordo com a Gi em um ponto, acho que Kubrick mostrou que o homem e a mulher são identicos no quesito de "ir a caça" e querer o sexo a qualquer custo, pois ambos no filme buscavam o prazer por obrigação ou por fetiche. Nicole deixa isso bem claro em sua conversa com Tom, na qual revela que seu desejo sexual é tão intenso quanto o desejo masculino.

Letras Voadoras disse...

Sempre gostei das obras de Kubrick, e gostei de suas observações, vou ver este filme de novo. Pena que ele morreu antes de completar a obra, dá até um aperto no peito.

Adriana disse...

Nossa, resenha muito bacana e comentários ainda melhores!

Se fosse exatamente como a Gi falou, o Tom teria falhado como ator. Mas conforme foram comentando, entendi bem o que ele quis passar (embora ainda acho que dava pra ele ter atuado de tal forma que eu não precisasse vir atrás de resenhas para entender). Principalmente nessa questão que a Julia expôs, de ele ter em conflito sua fidelidade e compromisso x sua moral atingida e orgulho.

Se for pra medir desejo sexual, a mulher teria mais, no entanto o homem teria mais atitude. O que não é regra. Bullshit esse sexismo.

Enfim, o filme é bem confuso, fiquei com essa impressão da resenha, talvez por parecer mais profundo do que foi, mas agora estou um pouco mais confortável com ele.

Anônimo disse...

Esse filme é mais profundo do que voces imaginam, percebi pelos comentarios que a maioria viu apenas o óbvio e por isso não entendeu a história. Voce precisa ler nas entrelinhas, tem muita simbologia nesse filme, e para entender isso voce tem de estudar o que esta oculto, mas isso voce tem de fazer sozinho, não darei de bandeja a ninguem, entendedores entenderão.

Anônimo disse...

Olá sou a Cris. Assisti hoje 2018 já, e estou confusa. Não odiei, mas está longe de ser um filme que eu recomendaria. O anônimo disse que tem que estudar o que está oculto, mas desculpe a minha ignorância, se está oculto, eu realmente não sei por onde começar a estudar, não sei o que ver, e seria de grande ajuda algumas dicas, o "conhecimento compartilhado nunca se perde" e ajuda a sociedade certo?... Gostaria de ver mais do que o Obvio, mas no meu ponto de vista, Eu que sou mulher, casada e tenho filhos, vi apenas muitas coisas improváveis acontecendo ali, e eu claramente não me encaixo no tipo de mulher que foi idealizado neste filme, e antes que pensem ou digam, não é hipocrisia, eu realmente não tenho os mesmos desejos sexuais que dizem que as mulheres tem igual aos homens,por isso achei o filme machista, mas lendo os comentários talvez eu seja uma exceção.

Unknown disse...

Eu assisti esse filme pela terceira vez, hoje 8/4/2018. Na primeira vez nao prestei muita atencao aos detalhes, na segunda dormi e na terceira assisti atenta a cada cena. Algumas questoes que foram colocadas onde acham que o diretor deixou sem sentido, eu discordo. Por exemplo, quando ele liga para a filha do paciente que havia morrido, e que tinha confessado seu amor platonico por ele, faz todo sentido, afinal ele estava a procura da mulher que se sacrificaria por ele qdo foi descoberto intruso na seita. Que mulher sacrificaria a vida por um desconhecido qualquer? A filha do paciente, disse que se contentaria em ficar proximo a ele, onde quer que ele estivesse. Sim, poderia ser ela quem lhe salvou a pele. Ele foi nas conexoes das mulheres que ele havia tido maior contato. Por isso ele tbem procura a prostituta que ele nao transou, pelo mesmo motivo. Acho que o diretor nao deixa claro se foi mesmo a prostituta da festa que o salvou, afinal ela ja era viciada em drogas quando o conheceu, podia ter tido outra overdose e batido as botas. Ai entra a tal da coincidencia. Poderia ser o amigo que tbem fazia parte da seita e lhe salvou a pele, por gratidao por ele ter sido discreto e atendido a prostituda qdo ela passou mal na festa. A mascara na cama ao lado da mulher(Nicole Kidman), esse foi o ponto que me intrigou, juntamente com o sonho muito proximo do que o marido havia vivido na seita, quem garante que ela nao fazia parte da seita e nao satisfazia la suas fantasias mais obscuras? ;)

cbcb disse...

Como o Iluminado, esse filme o Kubrick fez para gerar diversas interpretações.
Pensei em primeiro plano em uma análise mais simples, baseada na sensação que muitas pessoas tiveram logo após ver o filme.
Elas falaram que era um Kubrick ruim, ou seja, o filme era inferior.
Notei que o filme causava incomodo por ser "meio baixaria" para uma pessoa mais tradicional.
Pois bem, esse é o ponto de um primeiro nível esperado pelo Kubrick.
O filme trata de um casal moderno, bonito, bem posicionado, com uma filha.
Ou seja, o modo tradicional burgues não basta, tem que ter o sexo moderno corrompendo a relação familiar.
Note-se que o filme se passa no Natal - a festa da família - justamente o que menos importa nesse primeiro nível de Kubrick - a filha pouco aparece, o que aparece são os desejos dos pais, e o mundo da sombra desses desejos, através de uma atmosfera de sonho e corrupção.
Digo corrupção, pois a família, os pais, além do sexo na cabeça deles, estão rodeados também, de um mundo de elite, onde a sombra sexual, o poder e o dinheiro estão presentes. E para esconder tudo isso, estão as máscaras, o dinheiro comprando silêncios, para que o crime e a corrupção não venha à tona.
A viagem sexual do personagem Bill é feita pelo desafio a sua masculinidade imposto pelo sonho/desejo de sua esposa. E não se realiza, a não ser todo o jogo de compra, sedução, acobertamento dele e dos personagens que o rodeiam (note a menina da loja flertando com o proibido) - ou seja, um real mergulho nas sombras - culminando em um ponto onde ele é despido pelos pecadores vestidos com máscaras!
A cena da máscara em sua cama, ao lado de sua esposa, nos mostra, num olhar raso, que ela estava lá e participou, ou participava daquela situação, ou seja, ela ainda estava no controle.
A frase final "Let's fuck" só confirma esse controle.
Nessa visão geral representa para mim, a sociedade moderna, onde o poder masculino foi desafiado pelo poder do dinheiro, do feminismo, e não tem ainda uma saída! Essa saída não se realiza!...
A resposta não é encontrada no final do arco-íris pelo Bill.
Parece que o sexo não é a sua resposta, é o seu controle.

O sofrimento coadjuvante disso, é o da família, pois a frustração final das pessoas que assistem, é não ver o amor entre os pais, ou dos pais pela filha vencendo tudo.
A "familia" perdeu essa guerra!.

Sobra o "Let's fuck", ou seja, "Vamos nos f*der" - é chocante, mas o objetivo era esse mesmo...