quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

GUEST POST: TROTE NA UFOP COM AMEAÇA DE ESTUPRO

Varal feminista em praça de Ouro Preto, em agosto 

A C. me enviou este email sobre abusos nas festes das repúblicas da Universidade Federal de Ouro Preto, MG (atenção: desconheço o nome dessas repúblicas; as fotos usadas no post são apenas para ilustrar, sem ligação com as denúncias):

Bom, sou sua leitora há bastante tempo, mas essa é a primeira vez que te escrevo, porque fiquei sabendo de uma história -- daquelas de arrepiar, sabe?
A filha da chefe da minha mãe passou na UFOP, mas não conseguiu ficar nem uma semana na faculdade, por conta das ameaças que recebeu dos veteranos. Acho que esse é o tipo de história que precisa ser compartilhada, pois não chega na mídia, e precisamos fazer alguma coisa para que as universidades coibam esse tipo de atitude.
Essa menina tem 17 anos, e passou de primeira na UFOP. Ela já estava ciente das palhaçadas a que os bichos são submetidos, e não ligou para isso, coisas como fazer a faxina da república, limpar o banheiro, ser obrigada a atender a campainha, etc. 
O problema começou com as festas. Na primeira que ela foi, ela se negou a beber, mas viu uma colega ser obrigada a engolir dois copos de caipirinha. Parece que os caras seguraram a menina, abriram a boca dela à força e jogaram a bebida garganta abaixo...
Depois disso, ela se negou a participar de outra festa, se fosse obrigada a beber. Os veteranos falaram que não tinha como ela não beber, era ordem deles. Então ela disse que não iria à festa. E foi aí que a coisa ficou feia.
Os veteranos disseram que, se ela não fosse à festa, alguns deles iriam até a república onde ela estava morando, para ensiná-la como se comportar.
Bom, não precisamos ser muito espertas para entender o que isso significa, não é mesmo? 
Eles ainda disseram que nem adiantava ela se negar a atender a porta quando eles chegassem, porque eles tinham a chave da casa e entrariam de qualquer forma.

Ela chegou a reclamar na faculdade, mas como disseram que isso aconteceu fora da moradia oficial da universidade, não podiam fazer nada.
Como assim? Uma aluna, menor de idade, é coagida a beber e ameaçada de ser estuprada, e a faculdade não pode fazer nada? Que mundo é esse?
No fim, ela acabou voltando para a cidade dela e adiou por alguns meses o sonho de ir pra faculdade. E aí fica a minha indignação: quer dizer que não podemos ter vontade própria? Ou cedemos ao sistema (no caso o absurdo de se embebedar sem querer numa festa ou se negar a participar da tal) ou somos estupradas? Até o direito à educação é cerceado pelo machismo?

Meus comentários: A referência é vaga, eu sei (a C. está falando da filha da chefe da mãe dela), mas são tantas barbaridades que já li e ouvi sobre a UFOP, que não tenho motivo para não acreditar.
Em julho do ano passado, vários coletivos feministas assinaram uma nota de repúdio contra a cultura de estupro e a misoginia nas repúblicas da UFOP. Nesta nota havia um relato assustador sobre uma moça que só escapou de estupro coletivo numa festa porque outras pessoas escutaram a conversa de alguns caras ("Essa noite a gente se dá bem") e decidiram proteger a estudante. (Vale lembrar que, em 2012, um estudante da UFOP morreu numa festa de uma das repúblicas). 
Fica a pergunta
Em agosto, o jornal mineiro O Tempo publicou uma matéria em que seis vítimas de estupro contavam o que acontecia nas festas nas repúblicas estudantis. Os veteranos serviam um "batidão bolado", uma mistura de suco, vodca e remédio, para que as calouras "apagassem" durante as festas. "Foi assim que perdi a virgindade," contou uma delas ao jornal. Outra relatou: "Percebi que serviam uma garrafa para as mulheres e outra para os homens. A partir daí, só lembro de flashes". 
Os abusos parecem ser uma verdadeira instituição nas repúblicas, pois ocorrem desde 2006, segundo a matéria. Como disse a psicóloga e coordenadora do Programa Caleidoscópio da UFOP, Margareth Diniz, a situação de algumas repúblicas em Ouro Preto e Mariana é preocupante: "Em nome da tradição, que é uma coisa complicada, tem a violação dos direitos humanos. E um dos direitos é que as mulheres não são obrigadas a transar quando não querem". 
No final de agosto, o Núcleo de Investigações Feministas (Ninfeias) fez um protesto no centro de Ouro Preto, lendo relatos de vítimas para os pedestres e organizando um varal na praça. Depois, seguiram em marcha até a UFOP, onde entregaram uma carta à vice-reitora, exigindo providências. A vice-reitora disse: "Precisamos receber essas denúncias para atuar diretamente". 
O Ministério Público afirmou que iria acompanhar as denúncias, mas que era necessário que as vítimas fizessem denúncias formais
Pelo jeito, a história dos abusos não acabou em 2014. Creio que se uma aluna (menor de idade, inclusive) é ameaçada a ponto de ter que largar a faculdade, e nada é feito, é porque a impunidade para os estupradores reina na UFOP.  

Leia também a "resposta" de uma aluna que viveu numa das repúblicas.

73 comentários:

Anônimo disse...

Primeiro, essa imbecilidade de trote tem que acabar, e segundo as instituições são omissas sim, não conte com elas para proteger as alunas, se sou pai dessa moça cuidaria desses rapazes de uma forma toda especial, e por universidades em geral são onde mais se encontram imbecis por metro quadradro.

Anônimo disse...

ah ta bom os caras vão ser incriminados por ameaça de estupro pq disseram que dariam um jeito nela,o que poderia ser qualquer coisa.
é a prova incontestável do achismo,como tem várias entre as feministas paranoicas,"achei que fulano queria me estuprar,sou uma sobrivente de tentativa de estupro".

Anônimo disse...

Que horror! Esse tipo de situação deve ser totalmente combatida. Parabéns a autora por relatar o que aconteceu e espero que outras estudantes também não fiquem caladas.

Anônimo disse...

Se um homem diz para uma mulher que vai dar um jeito nela e que possui a chave da casa dela voce vai pensar o que? Ou a mulher é paranoica quando quer evitar situações ou ela é boba,ignorante, burra por não ter evitado. Parabéns a autora e que outras alunas não fiquem caladas.

Jasmine

Anônimo disse...

Cana dura pra todos esses bandidos. Absurdo, os sujeitos premeditam os estupros, a tal ponto que preparam garrafas diferentes pra homens e mulheres, e ninguém na "torre de comando" acha que é grave? Esses projetos frustrados de serial killers não podem viver em sociedade.

Meu apoio total às moças pra que denunciem. Vamos lutar.

Anônimo disse...

Qnd eu li esse "dar um jeito" não pensei em estupro.

Bizzys disse...

"Os veteranos disseram que, se ela não fosse à festa, alguns deles iriam até a república onde ela estava morando, para ensiná-la como se comportar.

Eles ainda disseram que nem adiantava ela se negar a atender a porta quando eles chegassem, porque eles tinham a chave da casa e entrariam de qualquer forma."

Pessoas nos comentários falando que não pensaram em estupro quando leram isso. Ok, não está explícito que era ameaça de estupro. Mas se vários homens dizem que vão até a sua casa sem a sua permissão e te ensinarão a "se comportar" (leia-se: comportar do jeito que ELES querem), você pensa o quê? Que eles vão lá sentar na sala, tomar um chá e conversar razoavelmente sobre as vantagens de se ir a uma festa de república? Acho que não, né?

Se fosse comigo, eu teria medo de, no mínimo, ser agredida. E mesmo que não encostassem em mim, entrar na minha casa sem permissão já é passar dos limites. Aposto que vocês anons do "mimimi paranoicas com estupro" não iam gostar.

Bizzys disse...

Outra coisa: trotes e festas de república em Ouro Preto (e outras cidades universitárias) são conhecidos pelos vários relatos de estupro. A moça do post provavelmente sabia dessa fama da cidade. Dito isto, vocês juram que é infundado ter medo de ser estuprada quando vários homens ameaçam "te dar um jeito"?


@vbfri disse...

"mimimi, não existe cultura de estupro".

"mimimi, a menina foi porque quis".

"mimimi, machismo não existe".

(esse daquela menina no TCC) "mimimi,eu não devo nada ao feminismo".

Hm.

Sei.

Cara... Que horror.

Respondendo a Bizzys:

"se vários homens dizem que vão até a sua casa sem a sua permissão e te ensinarão a "se comportar" (leia-se: comportar do jeito que ELES querem), você pensa o quê? Que eles vão lá sentar na sala, tomar um chá e conversar razoavelmente sobre as vantagens de se ir a uma festa de república? Acho que não, né?"

Exato!

De certo eles vão pintar as paredes para ela. Aham.

É tudo invenção da nossa cabeça.

Só que não.

O pior é que o restante do texto só ficaria mais claro se a Lola desenhasse.

Kittsu disse...

Sabe quando isso muda? Quando essas moças aguardarem estes rapazes entarem sem autorização... e ensinarem os moços a se comportarem. Mas se comportarem de forma exemplar, sem se moverem nem para respirar, de dentro de um caixão. Vamos começar a exercer nosso direito de defesa sem medo das repesálias, não precisa nem de arma de fogo: um facão bem afiado dá conta do recado, já viu como corta fácil a carne?
Afinal exercer o direito de defesa não vale só para os "pais de família" defenderem "suas" filhas, esposa e filhos. Serve para o resto da família se proteger também.

Sendo agredida, mate o agressor. Especialmente se invadirem seu carro, sua casa, seu ambiente para isto. Se tiver testemunhas, ótimo! Se não tiver, melhor ainda! Sério. Se eles não temem a punição, porquê deveríamos temer? Se estas bestas não aprendem a respeitar simplesmente porquê a outra parte merece ser respeitada, então que sejam lançados para fora deste mundo durante seu próprio ato de selvageria.

ESTES ANIMAIS é que devem ter medo.

Anônimo disse...

Eu concordo com a Kittsu! Chega de agir como donzela indefesa, vítima resignada da sociedade, a legítima defesa vale para todo mundo. O dia que um desses caras levar uma ruim, os outros vão pensar duas vezes antes de agir.

Julia disse...

"Se eles não temem a punição, porquê deveríamos temer?"

Essa é a minha filosofia de vida.

Raven Deschain disse...

Sorte a de quem não viu ameaça de estupro nas palavras dos caras. Vcs provavelmente nunca foram estupradxs. Tão cagando privilégio.

E Kittsu: pense, hj tava vendo jornal e passou o caso da moça que meteu umas facadas no ex que aparecia todos os dias na casa dela SÓ PRA BATER NA MOÇA! Um babaca, chessus. E ela deu lá o pontaço no cafa, ele tá no hospital em estado grave e aposto que nunca mais enche o saco dela. =) Êêê.

Até o reaça do apresentador teve que concordar que foi legítima defesa.

Anônimo disse...

"Se eles não temem a punição, porquê deveríamos temer?"

Não existe punição no Brasil mesmo. Vivemos numa terra de ninguém. Esses caras fazem isso com a certeza de q não vai dar em nada, qsairão impunes. Se nem assassinato, nem estupro dão em nada, ameaça então é q não vai dar punição mesmo!!!

Anônimo disse...

O que eles disseram dá margem para qualquer suposição,estupro,agressão,morte...
Mas vocês querem que ela denuncie eles por estupro sendo que não há prova nenhuma disso.No máximo,ela pode dizer que foi ameaçada.
Parece que vcs n veem essa simples diferença,então,fica parecendo mesmo,que se vcs acharam que fulano queria fazer isso ou aquilo,ele deve ser condenado ou acusado por algo que não fez,baseado no achismo.

Anônimo disse...

Ela é menor de idade, LOGO, aplica-se o ECA e o Ministério Público é obrigado a intervir.

Anônimo disse...

Anon18:11, ele deveria intervir de qualquer jeito, mas infelizmente aqui no Brasil o MP só age quando é acionado, como a Lola ressaltou.

Anônimo disse...

E se pessoas furtadas/roubadas fossem tratadas pela polícia da mesma forma que as vítimas de estupro são?

http://www.huffingtonpost.com/2015/02/25/rape-report-robbery-victim-blaming_n_6751560.html?ncid=fcbklnkushpmg00000046

Anônimo disse...

"Anon18:11, ele deveria intervir de qualquer jeito, mas infelizmente aqui no Brasil o MP só age quando é acionado, como a Lola ressaltou."

Até porque não se trata de uma entidade onisciente.

Como agir, alguém perguntará?

1. Vá pessoalmente a um(a) promotor(a) da vara de infância e juventude.
2. Peça para falar com ele(a)
3. Fale com ele(a)

É só isso gente, não tem formalidade.

Anônimo disse...

E não precisa de advogado tá? E a vítima, menor de idade, pode ir desacompanhada também.

Anônimo disse...

Tenho que concordar com a Kittsu. Peloamordedeus, se a gente for esperar "os homens não nos estuprarem" vamos esperar umas dez encarnações e olhe lá. Tem que tomar um balaço um cara desse, pra aprender, quero ver outro se meter a besta!

Anônimo disse...

"Tenho que concordar com a Kittsu. Peloamordedeus, se a gente for esperar "os homens não nos estuprarem" vamos esperar umas dez encarnações e olhe lá. Tem que tomar um balaço um cara desse, pra aprender, quero ver outro se meter a besta! "

Esse papo de "vamos educar homens a não estuprarem" é lindo e maravilhoso, mas vamos fazer o que? Zerar a contagem do tempo de todos os homens do planeta, regredí-los ao estado de bebês e começar o recondicionamento? Não dá. O papo é lindo, mas uma bala da testa é mais.

Anônimo disse...

Eu entrei em odonto na unesp em 97. Houve um trote legal: um veterano se fingiu de professor durante o período de uma aula, dizendo coisas difíceis e assustando a gente. Ao final, ele se apresentou e nos desejou boas vindas.
Por outro lado.... tive que chamar o tatu no buraco (não tem outro jeito de fazer isso além de ficar de quatro no chão).
Algumas meninas tiveram a alça do sutiã cortados e nunca deu em nada. Não houve reclamações nem nada.
Acho que hoje tá melhor. As pessoas denunciam, algo que a gente nem pensava na época.

Anônimo disse...


Caro mascu, quer dizer que um homem, ou um bicho no sentido mais repugnante da palavra, porque na minha ótica estupradores não são seres humanos, me comunicam que vão dar um jeito em mim, devo ficar quieta e esperar o pior, me desculpe mas eu chamo a polícia, o rádio faço um escarcéu, infelizmente está moça foi obrigada a adiar seus planos

Anônimo disse...

An... eu tive que chamar as tartarugas ninjas no bueiro... agora me toquei por que só as meninas passavam por esse trote...

@dddrocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SugaR disse...

Apesar de haver a "batalha" para os membros de todas as repúblicas (particulares e federais, femininas e masculinas), a UFOP é uma das universidades que proíbe os trotes dentro do campus e dentro das repúblicas e alojamentos federais. Então, esses casos de estupro/tentativa de estupro em festas (os "rock" de Ouro Preto) costumam ocorrer em repúblicas particulares, não associadas ao campus, o que dificulta qualquer ação da universidade. Há também o problema das "represálias", em que mulheres que são estupradas, drogadas, etc, são coagidas a não denunciarem o crime e, quando denunciam, podem vir a sofrer consequências (físicas, morais, na sua vida social, etc). Com isso, o número de denúncias é bem inferior ao número real, e, quando há denúncia, os outros rapazes da república em que ocorreu o crime, defendem o acusado. Esse é o motivo pelo qual os coletivos feministas de Ouro Preto e Mariana tem tentado aumentar o número de denúncias, empoderar as vítimas e dar visibilidade a situação.

Contudo, há relatos de tentativa de estupro também dentro do campus, relatos que são passados de alunx para alunx, mas que costumam não chegar a serem oficialmente denunciados e que os órgãos competentes da universidade não se envolvem ou não sabem. Uma razão desses crimes dentro do campus é a falta de iluminação durante o período noturno e o baixo policiamento (são dois ou três guardas/seguranças que fazem as rondas noturnas).

Eu não faço parte de nenhum coletivo ou sororidade aqui de Ouro Preto, mas admiro o trabalho delxs e divulgo quando vejo algo, porque Ouro Preto é sim uma cidade muito machista.

PS.: nem todas as repúblicas particulares masculinas tem essas atitudes e, quando há festas nas repúblicas mais conhecidas por esses tipos de abusos e crimes, as veteranas costumam avisar as calouras para não irem.

Anônimo disse...

Temos que criar cursos separados, entre homens que demostrem padrão de masculinidade ultrapassado, e mulheres.

Anônimo disse...

Temos que criar cursos separados, entre homens que demostrem padrão de masculinidade ultrapassado, e mulheres.
E antes que venham com discurso de 'mimimi, segregação" eu pergunto, vocês não segregariam mascus?

Anônimo disse...

Frequento muito a cidade de Ouro Preto e a UFOP, conheço pessoas que trabalham e estudam lá e conheço bem essa cultura de repúblicas/veteranos/calouros. A única coisa que posso afirmar com certeza é que aquilo é um horror.
O sistema das repúblicas federais é humilhante, vexatório e viola sim os direitos humanos.
Os estudantes que moram nas federais usam as casas para fazer festas, ganhar dinheiro, receber hóspedes no carnaval, etc, sendo que a faculdade já tentou proibir essas ações, mas nada foi feito de forma efetiva.
Eles têm um sistema de silêncio entre os estudantes, onde não se comenta o que acontece de ruim, e quando alguém comenta, essa pessoa é ameaçada e desiste da denúncia.
Já fui em uma festa nessas repúblicas onde um amigo era homenageado (estudantes antigos são homenageados dentro das repúblicas federais, existe uma cultuação estranha, esses ex-alunos tem direitos sobre os moradores atuais, como por exemplo, usar o quarto, a casa, quando bem entender), nessa festa, confesso que fiquei assustada, rolava muita droga e o pessoal chapa pra valer, você nem consegue falar com as pessoas direito, é muito triste.
Ano passado o Profissão Repórter fez um programa sobre os alunos da UFOP, acho que todo mundo deveria assistir, mostra um pouco disso que tô falando.

Anônimo disse...

A situação do país está terrível mesmo, gente.
Eu estudei durante um ano em Coimbra, Portugal, cidade universitária. Tudo gira em torno dos estudantes. Bebem muito, bebem até cair. E nunca ouvi falar em um caso de estupro. As moças não vivem com medo igual as meninas daqui. No Brasil a cultura do estupro é extremamente forte.

Julia disse...

Acho que vi esse programa. É uma coisa bem bizarra. Que ambiente horrível. E eu morro de vontade de conhecer Ouro Preto..

Anônimo disse...

cara feminista de 21:01,que n tem outro argumento além de mascu, para qualquer um que discorde de vc,onde foi que eu disse que a mulher não deve denunciar?
está bem óbvio que não houve estupro e não há provas de que era isso que eles iam fazer e para a lei é necessário provas ou qualquer indicio dos fatos e ela não tem nenhum,achar que ia ser estuprada não prova nada.
mas claro que ela pode denunciar porque foi ameaçada e queriam força-la a encher a cara.

Anônimo disse...

Leio o blog há bastante tempo e nunca comentei antes. Morei em Ouro Preto. Fiquei lá apenas cinco meses, e posso afirmar pra vocês que foi uma experiência marcante, e não no bom sentido. Pra começar, as repúblicas federais são imóveis que pertencem à união, públicos, nos quais alunos residem sem pagar aluguel. Não existe critério socioeconômico. A grande maioria é classe média, classe média alta. A forma de seleção é através de trote psicológico, violência verbal e física por meses. A universidade é totalmente omissa. Só pressionam um pouco quando há algo como uma ação judicial, fato que ocorreu na republica ao lado da que morei, meses antes. Pressionam pra que não chamem atenção com a violência perpretada, não com o intuito de acabar de vez com essa cultura estúpida da "tradição" republicana ouropretana. Você é obrigado a beber, a servir, a ir a.festas contra sua vontade. Vi várias meninas de 17, 18 anos, vindas de todos os lugares do Brasil, desistirem da oportunidade de cursar a faculdade. O motivo? Não, não é por terem sido aprovadas em outro vestibular, o motivo era a realidade que se depararam em ouro preto! Poucas pessoas falam a realidade, os bastidores da suposta alegria juvenil vivida lá. Te xingam, te torturam psicologicamente, e tudo isso pra vc poder ser "escolhido" para fazer parte da República. As despesas mensais são gastos com cerveja, luz, salário de moças que trabalham na casa, e só. As casas são agradáveis e o primeiro contato é muito receptivo. Quando vc conhece de perto, vê que existe um jogo de poder, com a chamada "hierarquia", em que a decana da casa manda e desmanda e as outras obedecem. Essas repúblicas são antro de drogas. Nada contra, não é um julgamento moral que faço aqui do uso de que droga que seja, mas a universidade fecha os olhos pra isso! Os pais que mandam seus filhos pra lá desconhecem a realidade vivida lá. Por sorte não fui com 17 anos, já tinha maturidade suficiente pra conseguir enfrentar a barra. Vi pessoas que tomavam antidepressivos serem obrigadas a beber, vi garota ser chamada de vadia e puta pelas moradoras da República dentro da própria casa, para após meses de tortura ser expulsa, convidada a se retirar, pois "você não tem o nosso perfil". Vi a violência que ocorre nas repúblicas masculinas, que não é só psicológica, é física! Quando estava na republica de um cara que eu ficava vi os veteranos jogarem um garoto de uma.altura de 3 metros, dormindo! Pois aparentemente não era hora de dormir ainda pro "bixo", era hora de beber! Foi dolorido ver o desespero no rosto dele. Hoje em dia ele voltou pra própria cidade, entrou pra uma igreja e não tem contato nenhum com aquelas pessoas. Isso porque ele era um dos caras, um.dos repetidores desse comportamento escrotossauro! Ele que teve a honra de ser escolhido!! Mesmo ele não aguentou a pressão. Primeiro vc sofre com a tortura. Depois você é sumariamente obrigado a se tornar torturador. É doentio o que vi lá ni pouco tempo que fiquei! As cenas que presenciei! A objetificação da mulher! a grande maioria das pessoas vai embora! Só ficam os "fortes". Me marcou de uma forma dolorida, mesmo que eu pessoalmente não tenha sofrido violência tão grave quanto outras pessoas ao meu lado. É ruim de se ver. Cria-se uma fantasia de que tudo aquilo é legal e bacana. Não é. Ouro preto é onde os fracos não tem vez.

Anônimo disse...

E sobre algo citado no post, quanto ao aluno que faleceu, no ano que isso ocorreu foram dois! Por intoxicação por álcool e o outro se afogou no próprio vômito, enquanto um morador dessas repúblicas federais tinha sido designado para cuidar dele. Há pouco tempo atrás o amigo de uma amiga, alguém muito querido, se matou. Morava em ouro preto há dois anos, aparentemente feliz. Não julgo aqui os motivos que o levaram a fazer isso...mas afirmo a vocês que o ambiente que ele estava teve peso nessa decisão. Até quando a universidade fechará os olhos? Qual apoio que vítimas de violência psicológica, física e sexual podem esperar? As pessoas acabam optando por ir embora. E assim, chega uma nica leva de pessoas no lugar. Até quando?

Anônimo disse...

"Houve um trote legal: um veterano se fingiu de professor durante o período de uma aula, dizendo coisas difíceis e assustando a gente. Ao final, ele se apresentou e nos desejou boas vindas."

Pois é, meu trote foi assim. Aliás, trote era isso: brincadeira, no máximo você voltava pra casa com a roupa, cabelos e o rosto sujos de guache. Agora isso que relatam hj em dia não é trote, é tortura, coação, constrangimento ilegal, ameaça, tentativa de estupro, estupro consumado, embriaguês forçada, dá pra desfilar uma miríade de artigos do Código Penal aqui e não será suficiente. Agora, o porquê dessa conivência geral (inclusive das autoridades) com uma coisa facilmente tipificável na esfera legal é algo que escapa completamente o meu entendimento.

Sobre a aluna do post, quem falou da aplicação do ECA e que para falar com o MP é só literalmente ir até um promotor e pedir pra conversar com ele ou ela, sem maiores formalidades, está absolutamente certo. Reforçando que no caso tem que ser a promotoria da Infância e Juventude, o Google pode ajudar a encontrar na cidade da pessoa em questão. Até uma criança pode pedir essa audiência, desacompanhada, que nada mais é do que pedir para falar com a pessoa, sentar e esperar ser atendido.

Anônimo disse...

E apenas complementando, ainda que a vítima tenha hoje 18 anos, ainda assim é da esfera do MP - Infância e Juventude tratar do caso por ser menor ao tempo dos fatos. Lembrando que a vítima não pode aguardar indefinidamente para agir na esfera judicial, ainda que nessa condição especial. Em outras palavras, ande logo com isso.

Anônimo disse...

Que tal as pessoas PARAREM de prestar vestibular em universidades e instituições claramente inseguras até que a situação se resolva, com a organização de coletivos de defesa dos direitos? Alistem um batalhão de advogados e comecem a mudar isso gente, a universidade está CAGANDO para as queixas.

Anônimo disse...

Eu honestamente não sei como a universidade poderia intervir em casos como esses. A afirmação de que eles não podem fazer nada com relação a isso fora dos muros da instituição procede. De fato, não podem.
O fato de a gente achar um absurdo não dá esse poder a eles. A universidade não é mais responsável por coibir esse tipo de coisa do que o resto todo da sociedade. É uma questão prática. Com esse tipo de violência acho que é preciso uma atitude pragmática e racional.

Anônimo disse...

Anon de 05:25, meio foda esperar que alguém simplesmente pare seus planos, ainda mais aqui, com a nossa cultura de "entre numa faculdade ou veja seu futuro arruinado". Fora que quem pratica essa violência, esses filhinhos de papai, não vão deixar de entrar nessas instituições.

Anônimo disse...

Vamos matar uzomi, gente!

Dá um facão pra essa coitada dessa menina e deixa ela lidar com 6 ou 7 caras entrando com tudo na casa dela.

Depois que ela matar todo mundo como se estivesse em Resident Evil, vamos voltar à realidade, por favor.

Angélica disse...

Lola de deos, eu vou escrever um texto pra você sobre o que é uma república de Ouro Preto com propriedade. Estudei na UFOP e morei em república federal. Há vários lados dessa discussão.

Obviamente compreendo todo o relato e me revolto, critico esse sistema em diversos aspectos.

Mas, tendo vivido 5 anos imersa nele, posso te garantir que alguns desses pontos são falsos.

Obrigada!

Cheio de Luz disse...

Lendo a postagem dá uma indignação primeiramente pela forma com que esse segmento machista e desumano que planejam esses trotes ridículos(na UFOP de Ouro Preto), acolhem seus novatos, no caso, jovens que se sentem coagidas a se submeter às " brincadeiras sádicas" e até mesmo correndo risco de serem violadas no corpo e na alma;fico a me perguntar onde que fica a posição da instituição em preservar pela FORMAÇÃO DE CIDADÃOS, pois, manter essa prática é atestar os péssimos profissionais que serão diplomados pela Universidade.Muito cômodo dizer que não é da ossada deles...onde está o compromisso com a Educação? Conheço instituições que incentivam a prática de doar sangue, recolher donativos entre muitos outros atos que só vem a contribuir para um mundo melhor.

Anônimo disse...

A situação das republicas de Ouro Preto é extremamente grave. Em 2003, quando prestei vestibular, não fiz o de lá por medo!E nunca me arrependi de não ter prestado pq alguns anos depois, quando eu já estava quase concluindo a faculdade em outra federal, uma colega contou que estou um semestre lá e que foram os piores meses da vida dela (e olha que não teve abuso sexual, nem ameaça de abuso). Já fazia anos que ela tinha saído de lá e mesmo assim quando ela contou ela chorou!Disse que nunca vai esquecer o que passou, as humilhações sofridas e o medo que os calouros tem do que pode acontecer....

Cheio de Luz disse...

Fiquei um tempo sem postar, e, achei bem bacana a criatividade utilizada para provar que não sou um robô! Confesso que tive dificuldade em reconhecer as sopas hehehe que tal colocar bolos x biscoitos! Legal que aguça o apetite para postarsrsrsrs!!!!!!!!!!

Kittsu disse...

"Dá um facão pra essa coitada dessa menina e deixa ela lidar com 6 ou 7 caras entrando com tudo na casa dela.

Depois que ela matar todo mundo como se estivesse em Resident Evil, vamos voltar à realidade, por favor."

Não, só basta 01. Esses covardes só vão em frente por acreditarem que a vítima é passiva e aceitará os abusos quietinha, e que por isto eles estão seguros. Quando eles vêem que estão MAIS vulneráveis do que a vítima em potencial e que seu alvo VAI revidar, vão entrar em debandada, chamar a policia e correr pro colo do papai e da mamãe, choramingando da selvageria e tortura psicológica ao qual foram submetidos.
Pois isso que eu digo: Contra abusos verbais? seja respondão e mal-educado.
Contra abusos físicos? reaja e subjugue o agressor de forma que ele nunca mais irá revidar: que precise acontecer só uma vez, para nunca mais.
Busque os meios legais de resolver a questão sem o uso da força, JUNTE PROVA dos seus esforços para fazer com que a universidade/estado aja de acordo com que deveriam agir para zelar por você... Para quando chegar às vias de fato ninguém poder te acusar de insano ou tentar inverter os papéis.
Ser pacífico e boa pessoa não equivale a aceitar passivamente ser vítima de gente que caga e anda para a sua índole de não maltratar os demais.

Anônimo disse...

Qualquer um pode revidar abusos (e o correto é isso mesmo), mas ela está em posição de desvantagem. No caso dessa moça e de tantas outras (e outros) por aí, um conselho desse é o mesmo que mandar "ignorar". Não adianta, não funciona. Ela não tem como sair na mão (ou na arma) com tantos caras, na hipótese de invasão. Ela não tem como ficar de vigília dia e noite, se for estudar. Ela não tem como ficar atenta o tempo todo, porque esses caras podem pegá-la na rua ou em algum canto da faculdade, por exemplo. E se ela revidar, anda garante que não sofrerá retaliações piores.

Isso só pra contar os problemas práticos, tem ainda a própria faculdade, uma instituição que deveria prezar pelo bem dos seus alunos e da sociedade, e que a abandonou. Não é só um problema de aprender a revidar, é estrutural.

Unknown disse...

Olha, sendo os prédios públicos, existe uma possível intervenção da Universidade sim: desalojar todo mundo e criar um sistema de moradia estudantil por critério socio-econômico com manual de conduta ética. Ameaçou, coagiu, humilhou, torturou tá fora da moradia.

Universidades podem exigir conduta ética de seus alunos (o que valeria para alunos que não moram em prédios públicos também), e acho que no caso de ouro preto, já passou da hora disso acontecer.

Anônimo disse...

Sempre tem algum(a) ex aluno(a) de república Federal que fala que não é bem assim, que tem dois lados. Tem nada! Aquilo é lavagem cerebral. Não precisa mandar um relato fantasiado do sistema não, ok?

Anônimo disse...

Em mariana, praticamente à 20 minutos, a ufop adota o critério socioeconômico e não há os mesmos problemas. A situação é muito pior nas repúblicas federais, quem comentou que é pior em particular acho que nunca morou em ouro preto. Só as chei ridículo o comentário que fala pra não se fazer vestibular pra lá, como se todo mundo tivesse noção dessa realidade! Eu morava na capital e não fazia idéia, fui felizinha estudar lá!

Anônimo disse...

Quem vai imaginar que essas coisas acontecem numa faculdade/cidade universitária?

Anônimo disse...

Quando eu estava no meu quinto período na faculdade, testemunhei o trote da turma de design. Os calouros que quiseram participar (os que não quiseram não foram e pronto, ninguém ameaçou nem obrigou) foram pintados como vários personagens: Mística, Volverine, Megaman, Katrina (a caveira do dia de los muertos mexicana), Darth Mau... teve um que ficou com vários traços coloridos e disseram que ele foi o Globeleza. Os calouros pintados posaram pra fotos, simularam umas lutinhas, o Globeleza sambou, o Darth Mau fez... cara de mau rsrsrsrs. Todo mundo se divertiu pacas, os veteranos, os calouros e o pessoal que assistiu o trote. Tenho um monte de fotos. Isso é que é trote, não essa barbaridade absurda que nem os neandertais faziam. Esses caras são uns lixos.

@vbfri disse...

Toda a história tem dois lados, sim:
- um é o da vítima (que foi ameaçada)
- um é o do agressor (o que ameaçou).

Me faz pensar na menina de 11 anos que engravidou do padrasto, de gêmeos.

Tinha gente dizendo que ela provocava ele (como, eu não sei).

Duas pessoas foram excomungadas pela igreja católica quando ocorreu o aborto:
- A menina
- O médico que realizou o aborto.

O padrasto não foi excomungado porque sexo com uma criança não é pecado.

Anônimo disse...

Claro que o arcebispo não ia excomungar o pedófilo... ele tem um monte desses debaixo da asa pra proteger. Vivo na cidade vizinha à cidade onde isso ocorreu e o arcebispo foi apedrejado mesmo pelos próprios católicos, logo teve que ser substituído. Bem feito, quem manda acoitar monstro.

Anônimo disse...

Já que polícia e MP não resolve porque não tem denúncia, universidade não resolve porque é fora dela, tá na hora dos coletivos feministas da UFOP dar curso gratuito de defesa com facão e caco de vidro pras calouras. Juntem um dinheiro, contratem um instrutor (instrutora), vejam um local que disponibilize espaço e pronto. Quero ver quem vai proibir as calouras de ir pro curso, como ameaça vai ter mesmo, chama a polícia e coloca ela na frente do local pra espantar os vagabundos.

Unknown disse...

Eu fiz um super-hiper-mpega barraco-discurso feminista na minha casa por causa dos trotes.
Minha irmã é caloura de arquitetura, e fico sabendo de que pegariam telhas e as meninas ( somente ELAS), teriam que bater uma foto em uma pose sensual com uma telha (?) na cabeça, e com um papel colado escrito, "eu sou uma caloura burra". As fotos seriam postadas na página do curso, no facebook.
Ela não tem que se humilhar desse jeito, mas pensava que é assim, eles fazem isso mesmo. é para "se enturmar". Qual era o trote em que os caras seriam humilhados por elas? Nenhum, acho que nem teriam coragem de fazer aquilo.
Convenci ela a não ir pra aula naquele dia.

Unknown disse...

Eu fiz um super-hiper-mpega barraco-discurso feminista na minha casa por causa dos trotes.
Minha irmã é caloura de arquitetura, e fico sabendo de que pegariam telhas e as meninas ( somente ELAS), teriam que bater uma foto em uma pose sensual com uma telha (?) na cabeça, e com um papel colado escrito, "eu sou uma caloura burra". As fotos seriam postadas na página do curso, no facebook.
Ela não tem que se humilhar desse jeito, mas pensava que é assim, eles fazem isso mesmo. é para "se enturmar". Qual era o trote em que os caras seriam humilhados por elas? Nenhum, acho que nem teriam coragem de fazer aquilo.
Convenci ela a não ir pra aula naquele dia.

@dddrocha disse...

Tanta gente postando relatos medonhos de Ouro Preto e uma única pessoa falando que morou lá e o post tá mentindo.
Uma experiência bacana não anula as ruins.

Claudia Feijó disse...

Eu sou a autora do post, agradeço à Lola por tê-lo publicado.

Tudo isso aconteceu semana passada, é muito recente. Logo depois que minha mãe me ligou para contar o que tinha acontecido com a menina, escrevi um post no facebook e mandei o e-mail para
a Lola. Eu precisava desabafar.

Para quem não enxergou ameaça de estupro nas palavras desse veterano, deve viver numa ilha do faz de conta. Essas ameaças são reais, não só lá na UFOP, como em muitas outras universidades. Vide o caso da medicina da USP.

Obrigada a quem sugeriu a denúncia no MP, vou encaminhar para a mãe. Ela só completará 18 meses daqui dois ou três meses, se não me engano.

Precisamos denunciar esses abusos. Se não conseguimos (ainda!!!) a punição desses marginais, que eles sejam ao menos expostos perante toda a população.

Não sou contra trotes na faculdade, acho que fazem parte mesmo de um ritual de passagem, mas desde que feitos com bom senso, coisas que fazem rir e descontrair.

Anônimo disse...

Se não pensou é pq é homem. Sou mulher, não sou feminista e ouço esse tipo de agressão, intimidação, ameaça desde os nove anos. De homens de todas as idades que pensam que podem dominar o mundo.

Cris disse...

tenho uma teoria sobre as barbaridades ocorridas nas repúblicas de Ouro Preto.

O córtex pré-frontal é uma parte do cérebro fortemente envolvida com a tomada de decisões racionais, com o comportamento moral e com a empatia.
essa parte só se desenvolve completamente lá pelos 20 anos de idade, e é uma das razões pelas quais adolescentes são tão impulsivos.

mas sabe que outro tipo de pessoas também não tem o córtex pré-fronal corretamente desenvolvido? psicopatas - melhor dizendo, pessoas com transtorno de personalidade antissocial. a psicopatia tem um componente social, claro, mas também tem o componente neurobiológico.

minha conclusão: adolescentes têm o potencial para se comportar, em determinados contextos, como psicopatas.

e o contexto de uma UFOP da vida, um lugar onde há uma multidão de adolescentes, todos bem distantes de seus pais e amigos de infância, é perfeito para instigar esse comportamento antissocial nos jovens universitários.
Chegam lá, passam um período e já podem se sentir reizinhos da cocada aos 18 anos. têm uma certa dose de poder nas mãos e nada de muito bom na cabeça.
junte a isso o patriarcado e a cultura do estupro e pronto, está formada a Ditadura das Repúblicas.

isso tem que mudar, de alguma forma. esse bando de moleque machista não pode ficar sem supervisão num ambiente de "libera geral".

Anônimo disse...

Cheque melhor suas fontes e exponha fatos mais fiéis à realidade!
Estudo na UFOP e moro em Ouro Preto há 5 anos. Em primeiro lugar, não existem trotes dos veteranos de curso nos calouros. Os trotes na UFOP, quando acontecem, são dentro das repúblicas sobre aqueles que querem tentar uma vaga nas mesmas.
Em segundo lugar, desde quando "coisas como fazer a faxina da república, limpar o banheiro, ser obrigada a atender a campainha, etc." são palhaçadas com os calouros? Morei em duas repúblicas antes de alugar uma casa junto com amigas, e em qualquer uma dessas moradias, TODAS, moradoras e calouras, tinham essas obrigações. A casa não se mantém sozinha!
Agora, quanto ao assunto polêmico, têm várias coisas que não concordo com o sistema republicano, assim como há muito o que aprender com ele. Já fui coagida a beber, sair, etc. , mas nunca obrigada. Ninguém nunca colocou nada em minha boca, nunca invadiram o meu espaço sem autorização e, principalmente, quando quis sair do "sistema republicano" e ir morar em um lugar mais tranquilo, ninguém me impediu.
Há os casos de alunos carentes que necessitam das moradias gratuitas oferecidas pela UFOP: alojamentos e apartamentos por critérios socioeconômicos e as repúblicas federais, com autogestão, que é assunto pra outra longa discussão, mas não acredito que esse seja o caso da "filha da chefe da sua amiga" (ufa!!)
Também passei no vestibular aos 17 anos, tive dificuldades pra me adaptar à cidade (em partes pela pouca idade e pela distância dos meus pais), mas encontrei um lugar que atendia às minhas expectativas pra morar e hoje estou a um passo da formatura.
Tenho muito a agradecer à UFOP, pelo ensino e pelos auxílios para a minha permanência na cidade e aos excelentes mestres que tive o prazer de conhecer, tanto pelo lado profissional quanto pessoal.
A vida infelizmente não é um mar de rosas cara-pálida. Sempre teremos que enfrentar dificuldades, adaptações, e aprender a conviver com o que não concordamos, desde que não infrinja nenhuma lei(como a dos direitos humanos).
Ainda existe preconceito, machismo, estupro, cultura da bebedeira e outros tipos de abuso em todo o país, de forma particular na faixa etária média dos universitários (18~25 anos). Não me venha jogar esse rótulo somente nas costas da UFOP.

Anônimo disse...

Lola,
Sou moradora de Ouro Preto, nascida e criada aqui. Estudei na UFOP durante anos, fiz duas graduações. Bem, não sou fã dos universotários republicanos da UFOP, mas reconheço que há muito, mas muito mito em torno das repúblicas. E o depoimento dado está bem exagerado.
Primeiro, não são todas as repúblicas que tem este tipo de comportamento: ser obrigada ir a festas e beber. Essa menina simplesmente poderia ter saído da casa onde estava e ter ido para um lugar mais tranquilo (pelo depoimento dá para deduzir que era república particular, que geralmente não tem tanta palhaçada).

Quanto a questão do estupro, bem, infelizmente há casos, mas isso não é algo recorrente como desenham. Não é uma prática aceita nas repúblicas, é coisa de gente sem caráter que aproveita a situação e faria isso em qualquer ambiente que desse oportunidade. è algo que deve ser combatido por ser errado, mas vincular a república como fomentador de tal ato é errado. Sobre o batidão bolado não é toda festa que tem e, geralmente, quando rola, está todo mundo sabendo. Pessoal toma pq está afim de se entorpecer mesmo.

Acho muito válida as denúncias de abuso, realmente o pessoal república na UFOP passa do limite em relação ao trote, mas também devemos ter noção que há muito exagero.

Ah, estava esquecendo. Lavar louça e fazer faxina mata ng não. Muita gente sai da barra da saia da mamãe sem saber fazer arroz. Se os bixos fazem faxina, os veteranos tem outras responsabilidades, que são mais leve do ponto de vista físico, mas pesadas em relação a necessidades da casa. Exemplo disso, é a prestação de contas dos bens das repúblicas federais para o Ministério Público.

Anônimo disse...

Honestamente, sou estudante da UFOP e estou completamente ciente dos casos de estupro, mas nunca ouvi nada parecido com o que essa garota relatou.
As repúbicas existem, as "batalhas" são pesadas, mas nunca vi ninguém segurando ninguém e forçando bebida. As pessoas são sim obrigadas a beber, mas existe uma pressão psicológica por trás disso. Se você não beber, suas tarefas vão aumentar e etc..
E honestamente, Ouro Preto é um lugar lindo, e temos infinitas possibilidades de lugares para morar: repúblicas sem trotes, moradias da universidade, dividir casa com amigxs, e outras opções.
Não quero parecer ser uma defensora da vida republicana, até porque não sou, mas o relato dessa garota apenas não faz sentido.
Os casos de estupro existem, mas nunca vi ninguém falar que foi ameaçada antes, até porque quando acontece, é uma coisa que fica enterrada a sete palmos, juntamente com a alegria d vítima.

PEP disse...

por favor, retire a foto da república Anonimato.

Carol disse...

Sou estudante da UFOP e moro em uma republica, e devo dizer que nunca vi o que o texto descreve acontecer aqui. Quem em sã consciência passa por essa situação e não faz nada? Existem muitas republicas em ouro preto, cada uma e de um jeito diferente e se você não se deu bem em uma você vai pra outra, simples assim. Moro aqui a 1 ano e meio e nunca vi ninguém sendo segurado pra beber, muito menos caipirinha. Já em relação a ameaça de estrupo, a cultura de estrupo é no Brasil inteiro não só aqui. Todo mundo sabe que essas coisa acontecem, graças a homens ignorantes, mas parece que todo texto que eu leio deixa a entender que todo mundo em ouro preto e principalmente quem mora em republica é um maníaco do parque. Ouro preto tem seus problemas e o sistema republicano não esta nem perto de ser perfeito, mas criticar algo que você não conhece é muito fácil. So quem mora aqui ou que passou um bom tempo aqui sabe como é. As amizades e a confiança que depositamos uns nos outros é inexplicável. Por isso acho tão incompreensível essas acusações. Claro que existem exceções, e eu também não coloco minha mão no fogo por ninguém mas generalizar os estudantes que moram em republicas desse modo é um absurdo.

Anônimo disse...

"Os casos de estupro existem, mas nunca vi ninguém falar que foi ameaçada antes, até porque quando acontece, é uma coisa que fica enterrada a sete palmos, juntamente com a alegria d vítima."

POIS É QUERIDINHA, FINALMENTE ALGUÉM TEVE CORAGEM DE SAIR DO ANONIMATO E RELATAR A PODRIDÃO DESTE ESPAÇO QUE, INFELIZMENTE, TORNOU-SE O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO.

Anônimo disse...

Vixi, Vou ter que concordar com os dois últimos comentários, postados pelas senhoritas Anonimas. Detesto desperdiçar tempo defendendo republica, bem como republicano, pois as falhas do sistema são tantas que qualquer proposição positiva parece falaciosa. Todavia, não dá para para ouvir tal relato sem se sentir incomodado;
Como estudante da Ufop afirmo categoricamente que:

1) República não é obrigação, é escolha de estilo de vida; uma escolha muito idiota por sinal. Ao escolher ser morador da republica você automaticamente se dispõe ao trote psicológico e físico. E vc é alertado sobre isto por todas as pessoas que vivem e mouro preto... Não tem mimimi de que eu não sabia, pois todo mundo sabe. Não gosta do sistema, mora com PESSOAS...

2) Republica federal não é ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL e a universidade falou isto alto e claro no G1:
"A gente não enxerga [a república] como política para pessoas de baixa renda. A gente vê a república como parte da formação socioafetiva, cidadã do aluno. Isso, talvez, quem precise mais sejam os filhos únicos de pais abastados, que precisam ter esta noção."

3)Sim, estupros existem; a universidade não reconhece; as repúblicas não reconhecem; porem isto está para mudar, pois, ao que parece, foi proposta a criação de uma comissão especial para apurar tais ocorrências...

Anônimo disse...

Sugar, morei em republica em OP, particular e sem trote nem batalha, de verdade. Acho q a minha rep eh uma das pouquissimas que não tem essas coisas de verdade. O que vc disse tá certo, a UFOP proibe batalhas e trotes nas federais, mas nao fiscaliza, logo, os trotes ainda são praticados. A UFOP lavou as mãos e deu autonomia total as reps.
Foi só um adendo, pqseu comentario que essas coisas SÓ acontecem em rocks de particulares eh uma inverdade. No mais, seguiremos lutando. AAbraços!

Anônimo disse...

Então... Sou homem e morador de republica federal aqui em Ouro Preto. Não vou falar sobre como cresci como pessoa vivendo em uma republica em Ouro Preto, porque mesmo que eu afirme quem foi de grande importância pra mim, alguém vai retrucar contra (sendo que estou falando da MINHA experiência de vida). Mas agora falar que são servidas bebidas diferentes para as mulheres.... Moradores (no plural) tenha ameaçado alguma caloura, enfiado bebida pela goela dela, e as meninas da republica dela não tenha feito nada! Eu não acredito nisso de jeito nenhum! Se fosse o caso de um homem ter feito isso e tal, talvez acreditaria. E ele com certeza deveria ser punido pelo seus atos. Repudio qualquer tipo de violência com mulher! E que republica feminina deixa homens ter a chave da casa?!?! Isso não existe em Ouro Preto! Ja aconteceu muitas vezes de republicas femininas ligarem aqui na minha republica pedindo para irmos na casa delas para conferir algum barulho estranho que ouviram (republicas femininas são mais visadas para roubos). Um dos maiores critérios de se morar em republica é que continuemos com as amizades de outras republicas, e que traga mais amizades.

Anônimo disse...

Ola!

Estudei na UFOP e vivi de perto a realidade das Republicas. Tambem fui obrigada a beber e gracas a minha personalidade contestatoria nao aceitei os trotes, atitudes e pressoes. Como eu cheguei na Universidade participando ativamente da politica estudantil e com atitudes bem firmes fui respeitada. Mas,percebi que muitas pessoas e dai incluo todo mundo viviam e vivem em Ouro Preto essa pressao machista, violenta e hipocrita vestida de tradicao. Ha muita pervesidade no ambiente de Republicas e pouco foco em desenvolvimento, direitos humanos, estudos e etica. Somente a Universidade Federal de Ouro Preto pode intervir de forma eficaz nesse ambiente, mas como ha muito ex-aluno poderoso e ma vontade politica em intervir avida estudantil de Ouro Preto e uma das mais arcaicas e ridiculas do Brasil. ( desculpa meu teclado e sem acento)

Sonia Frei disse...

Acompanho estes casos pela imprensa e, um deles foi o daquela moça de 17 anos, de Ribeirão Preto-SP, estuprada numa destas festas. A organizadora da festa encontrou-a do lado de fora da república e, a polícia daqui não "consegue" tomar nenhuma providência. Li todos os comentários com atenção e notei uma baita falta de senso. Porque a única atitude possível e legal é as moças irem à policia! Simples assim. Se a policia de OP é incapaz, elas têm que ir a outro lugar, BH, por exemplo. E mostrar a cara. Não podem ter medo, não podem se esconder. Eu sei muito bem como nossa polícia é ruim, sei muito bem. Mas, a moça estuprada tem que caçar seus direitos, custe o que custar. Essa menina de Ribeirão Preto foi levada embora pra lá e, não se encontra mais notícias sobre ela. Ora, é horrível, sim. Mas, a família dela tem que ir atrás, procurar o ministério público, se não tem dinheiro pra pagar advogado que, num caso destes, vai cobrar caríssimo. Mas, nunca deixar passar, nunca! De que adianta pendurar cartazez na rua? Tem que procurar ating
ir os possíveis rsponsáveis, isso, sim!

Anônimo disse...

Quando eu li que eles "iriam dar um jeito nela", eu imaginei que eles iriam agir como os veteranos da UFOP agem contra calouros ditos "rebeldes", eles dão uma seção de trotes insuportável, mas não imaginei que fosse estupro.