domingo, 21 de dezembro de 2014

PELA CONTINUIDADE DA SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA MULHERES DO RS

O governador eleito do RS, José Ivo Sartori (PMDB), que assume em janeiro, já anunciou que acabará com a Secretaria de Políticas para Mulheres do RS. Essa extinção seria um grande retrocesso para todas as gaúchas. 
As feministas vem se mobilizando contra isso. Algumas estiveram na Assembleia Legislativa para conversar com deputados estaduais do RS, mas vários lhes disseram que votarão pelo fim da SPM-RS, não importa quanto todas lutarem. Uma petição online foi criada (assine!) e, amanhã, haverá uma manifestação. Nesta carta aberta assinada por diversos grupos, elas se posicionam contra o retrocesso. 

Carta aberta pela continuidade da Secretaria de Políticas para Mulheres do RS
Ao futuro governador José Ivo Sartori
À Assembleia legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
À Secretaria de Políticas para as Mulheres

As mulheres do Estado do Rio Grande do Sul, tanto organizadas autonomamente, quanto representadas por grupos, coletivos, organizações e movimentos feministas, vêm a público manifestar o descontentamento com a intenção do futuro governador José Ivo Sartori (PMDB-RS) de extinguir a Secretaria de Políticas para as Mulheres do RS.
A SPM-RS é hoje um órgão de grande relevância para as causas das Mulheres, representando uma conquista na luta por valorização e equidade. Defendemos a permanência das estruturas existentes – Secretaria / Conselho / Transversalidade com outros órgãos – por acreditarmos que o caráter das políticas que vêm sendo por elas desenvolvidas não são meramente assistencialistas. Tais políticas podem ser garantias de direitos e exercício da cidadania, além de instrumentos de protagonismo para as mulheres, e requerem estruturas de Estado específicas com orçamento, autonomia e estrutura adequada para a manutenção de programas e projetos que materializem nossos interesses.
A conduta adotada pelo novo governo ameaça a continuidade e o necessário aprofundamento de tais políticas públicas voltadas às mulheres, revelando claramente o desrespeito e a falta de comprometimento com as nossas lutas e os nossos direitos. Ao externar publicamente o plano de redução das Secretarias, o governo Sartori não traduz os interesses das mulheres gaúchas! 
Encerrar uma Secretaria que tem como foco a inclusão das mulheres nos processos de desenvolvimento social, econômico, político e cultural transferindo suas prerrogativas à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos é um ataque às mulheres do Rio Grande do Sul. Essa forma de governar trará um nítido retrocesso político e social para o estado do RS.
Tanto a justificativa pela necessidade de corte de gastos públicos quanto pela redução de Secretarias para desburocratizar a administração do estado são incoerentes, já que o próximo governo está ressuscitando, por exemplo, a extinta Secretaria de Minas e Energia. Tal incoerência torna-se ainda mais evidente quando lembramos que o momento de fechamento da SPM-RS coincide com a recente aprovação do projeto que concedeu aposentadoria especial para os deputados estaduais do RS. 
Enquanto tal aposentadoria resultará em aproximadamente R$ 3,5 milhões de gastos anuais aos cofres públicos gaúchos -– gastos que jamais serão revertidos em benefícios à população -– nossas lutas são transformadas em uma mínima parte de outra Secretaria, descaracterizando o foco da SPMRS e diluindo o avanço político que sua existência representa nos marcos das lutas históricas das mulheres.
As conquistas obtidas através da SPM-RS não podem ser contabilizadas como meros “gastos”. A Secretaria fortalece nossos direitos atuando fortemente no enfrentamento à violência contra as mulheres, proporciona projetos de combate à opressão imposta pela cultura do patriarcado, além de investir em programas de qualificação da mão de obra feminina e promover várias ações de luta por equidade. Iniciativas como a Rede Lilás tiveram excelentes resultados – como a redução em 32% do índice de feminicídio. Nesses números estão representadas, em sua grande maioria, mulheres pobres e negras que quando atingidas pela violência doméstica encontram a primeira oportunidade de um recomeço através dos programas e projetos articulados pela Rede Lilás.
Nosso posicionamento é claro ao afirmar que não aceitaremos retrocessos. Ao contrário, estamos cientes de que há muito para evoluir e aprimorar. Exigimos a SPM-RS atuando integralmente, apta não apenas para dar continuidade ao trabalho que vem sendo construído, mas para fazê-lo avançar. Pelas muitas conquistas e pelos imensos desafios é que reivindicamos a manutenção da Secretaria de Políticas para as Mulheres como órgão central de articulação e execução de políticas públicas de Estado para e com todas as mulheres do Rio Grande do Sul.
Não aceitaremos que nossas lutas sejam diminuídas. Nos uniremos, todas as irmãs deste estado, para lutar pela continuidade da Secretaria de Políticas para as Mulheres!

Assinam essa carta: 
Coletivo Yoni – Guaíba, Coletivo Juntas!, Grupo Sororidade RS, Coletivo Ana Montenegro/RS, Coletivo de Mulheres da UFRGS, Federação da Alimentação do RS, Federação das Mulheres Gaúchas, Coletivo Feminista Atena – Bagé/RS, Coletivo Feminista LIVRAelas – Livramento/RS, Coletivo Identidades - ESPM-Sul, União das Associações de Moradores de Porto Alegre, União de Negros(as) pela Igualdade, Marcha das Vadias – Porto Alegre/RS, Movimento de Mulheres Olga Benário, Grupo Putinhas Aborteiras, Coletivo Margaridas – Jaguarão/RS, 
Levante Popular da Juventude, Marcha das Vadias - Passo Fundo/RS, Marcha Mundial das Mulheres – RS, Coletivo Maria, vem com as outras! – Passo Fundo/RS, União da Juventude Socialista - UJS RS, União Brasileira de Mulheres - UBM / Porto Alegre, União Brasileira de Mulheres - UBM / RS, Ação da Mulher Trabalhista - AMT POA e RS, Associação de Mulheres Multiplicar, FECOSUL - RS, FETRAFI – RS, Secretaria de Mulheres do PCdoB, Secretaria de Mulheres do PT, Setor de Mulheres do MTD, Sindicato dos (as) Bancários (as) de Porto Alegre, SINDIFARS - Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul, CUT RS, Associação de Promotoras Legais Populares, Movimentos de Mulheres Socialistas do PSB, Comissão de Mulheres da FETAG RS, Coletivo Elo Delas – Caxias do Sul/RS, ENESSO Feminista, 
Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, Secretaria de Direitos Humanos - PT/RS, Liga Brasileira de Lésbicas, Coletivo Caleidoscópio, Núcleo Jana Barroso - Marcha Mundial das Mulheres – CE, Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo/RS, Fórum de Mulheres de Santa Maria (FMSM), Núcleo de Estudos sobre Mulheres, Gênero e Políticas Públicas (NEMGEP/UFSM), Católicas pelo Direito de Decidir, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS - SINDJORS, Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Santa Cruz do Sul/RS

12 comentários:

Anônimo disse...

!!!! Importante, NÃO PODE ser fechada!!!

Gabriela disse...

Lola,

Agradeço de todo o coração o apoio que tu dedicaste a nossa causa!! Estamos lutando com muita garra pela continuidade da Secretaria de Políticas para as Mulheres do RS. Foi muito importante p/ nós o teu apoio. Obrigada! Obrigada! Obrigada! <3

Gabriela Pasuch - MulheresUnidasRS

Patty Kirsche disse...

Ou seja, José Ivo Sartori não considera importante gastar dinheiro com necessidades específicas das mulheres. Não vamos nos esquecer disso.

Anônimo disse...

Lola, muito obrigada! Fechar a secretaria é um retrocesso inaceitável e vamos lutar até o fim. Teu apoio é muito importante pra nós, agradecemos de coração!

Anônimo disse...

Grande apoio às causas das mulheres do RS! Agradeço o teu apoio de coração!

Anônimo disse...

Como se essas Secretarias para as Mulheres fossem de fato para todas as mulheres e não para um movimento político ideológico que atende meia dúzia de mulheres...

Anônimo disse...

"A deputada Marisa Formolo lembrou que o atual governador Sartori, repete a decisão tomada quando assumiu a prefeitura de Caxias do Sul. Segundo a petista, Sartori transferiu a Coordenadoria da Mulher para a Secretaria da Segurança, criada pelo então prefeito Pepe Vargas."

É, gente... A secretaria foi extinta. Um retrocesso para o Estado pois ela trouxe muitos avancos na luta contra o machismo! Votacao com direito a discurso debochado por parte de um certo deputado. Foi vergonhoso

Anônimo disse...

Lola, só para te atualizar: infelizmente a secretaria foi extinta...

Triste.

Anônimo disse...

Por que não ter também uma secretaria de políticas para atenção dos homens? A gente vê muita coisa na área de saúde, por exemplo, voltada para mulheres. Enquanto isso, câncer mata homem a rodo e muitas vezes por falta de informação e estímulo para buscar a prevenção de mazelas, como é tão forte no caso das doenças femininas. Acidentes de trabalho, alcoolismo, violência, uma série de problemas que estatisticamente são encabeçados pela população masculina também não merecem essa atenção toda das políticas públicas e me parece mais interessante que exista uma abordagem "masculina" das questões pertinentes, de homem pra homem, comunicando na linguagem dos homens. Certas reivindicações que os homens fazem para feministas na verdade a eles caberia lutar e seria interessante que o estado desse espaço para isso, tal como as questões do alistamento militar, da licença-paternidade e outras. Assim como muitas questões são individualizadas em função do alvo, como questões femininas, as masculinas também merecem espaço e a sociedade como um todo se beneficiaria disso.

Anônimo disse...

Estamos falando do cara que em plena campanha eleitoral falou pros professores procurarem piso (salarial) em loja de material de construção?
Com um sujeito desses, já será lucro se ele não acabar criando a "secretaria de apoio ao macho gaúcho", além de fechar a Secretaria de Políticas para as Mulheres.

Julia disse...

Mulheres gaúchas, façam esse governador passar a maior vergonha no dia da posse. Quero ver a notícia no jornal nacional.

Anônimo disse...

Se vocês fossem membros do partido do governador Sartori, saberiam a atual situação financeira do estado e os inúmeros desvios que aconteceu nos 4 anos do governo passado e que não foram divulgados. Essa secretaria foi fechada para cortar gastos que no MOMENTO estão sendo desnecessários, e não porque o governador é machista ou coisa parecida. É evidente que as mulheres não deixarão de serem apoiadas!!!! Estão tentando resolver o caos que está o nosso estado!!! Então antes de atirarem pedras, procurem se informar !! Todo mundo reclama das coisas, mas nunca fazem nada, quando alguém faz reclamam do mesmo jeito. Não dá para entender! Eu como feminista, assim como vocês, entendi perfeitamente que para o bem comum de todos alguns sacrifícios são necessários!!