terça-feira, 27 de abril de 2010

LOLINHA PUXADORA

Como o marceneiro está instalando nosso primeiro armário embutido (no quarto), fomos a uma loja comprar puxadores (até porque as portas são altas, e sem puxador eu sofro, tenho quase que me pendurar na porta pra conseguir abri-la. Algum dia tiro fotos pra vocês verem). O dono da loja e uma representante comercial que estava lá entregando os produtos de uma linha específica nos convenceram, mostrando fotos e tal, que era melhor colocar os mesmos puxadores maiores tanto pras portas grandes quanto pras pequenas (o que chamam de maleiro, é isso? Não entendo absolutamente nada do assunto. Aliás, certeza absoluta que nunca comprei puxador nos meus 42 anos de vida!). A gente estava pensando em comprar puxadores maiores pras portas grandes e pequenos pras portas pequenas, sabe? Mas o pessoal realmente se empenhou pra que comprássemos os maiores pra todas as portas. Imagino que é porque sejam mais caros, lógico. Mas, pelas fotos que vimos, ficou bonito ter todos os puxadores do mesmo tamanho. (Falar tão extensamente neste tópico me lembra o Eliot Ness em Intocáveis achando incrível que sua mulher se preocupe com a cor da parede: “É surpreendente que neste mundo ainda exista gente preocupada com a cor da parede”, ou algo assim). Mas os argumentos que os vendedores usaram não foram dos melhores. Um era que, quando a gente for trocar de puxador, é muito mais fácil pedir todos de um só tamanho. Opa, como assim? Trocar de puxador?! Eu: “Trocar por quê? Eles estragam?”. Mulher: “Não, claro que não! É só que quando a gente quer dar uma repaginada no visual, aí, ao invés de trocar o armário todo, troca só os puxadores”. Putz, eu tenho cara de quem vai querer dar repaginada no armário? Expliquei pra ela que definitivamente não havia esse risco.
Mas o pior veio depois, quando o dono da loja foi buscar os puxadores que escolhemos (todos do mesmo tamanho, maiorzinhos) no depósito. A vendedora, falante e simpática, decidiu completar o raciocínio: “É como eu sempre digo pra todos os meus clientes. Colocar um puxador mixuruca num armário lindo é como uma mulher se maquiar toda e esquecer de colocar o batom! Não dá pra desprezar os detalhes, não é mesmo?”. E eu e o maridão: “Hm”.
Um homem sorridente, que estava no balcão ouvindo a conversa, já falou logo: “Gostei da comparação!” (claro que gostou, honey). Mas a vendedora deve ter percebido a nossa cara de velório e perguntou: “Vocês não acham que armário sem puxador decente é como mulher sem maquiagem?”. Aí, pô, como ela me perguntou diretamente, eu tive que falar: “É que eu não acho muito legal comparar um troço passivo, um puxador, um objeto, com uma mulher. Eu sou feminista. Não dava pra comparar armário sem puxador bom com alguma coisa, não com mulher?”. A vendendora, confusa, se pôs a explicar o seu exemplo... repetindo o mesmo exemplo.
E eu fico na dúvida: será que apontar a besteira da frase dela nessas horas ajuda? Adianta alguma coisa? Será que ela vai parar de usar o tal exemplo? Ou será que ela continuará usando o troço, agora acrescentado de “A última vez que eu disse isso uma mulher ficou brava! Mas também, era uma feminista!”?
Às vezes até dá vontade de ser uma porta.

30 comentários:

Unknown disse...

O principal do puxador é que todo mundo passa a mão. Ótima comparação, realmente.

caso.me.esqueçam disse...

as vezes as pessoas estao tao acostumadas com pensamentos desse tipo que eh preciso que apareça alguem pra dar um toque. as vezes nem eh pura ignorância ou maldade, sabe, lola. se ela for um pouco mais sensivel, vai procurar uma comparacao melhorzinha da proxima vez. mas se ela tiver a cabeça como a da pessoa desse comentario aih acima, cabeça de brisa, eu tendo a apostar na segunda opçao: "a ultima mulher nao gostou. mas tambem, ela era uma feminista! pff".

Ana Flavia disse...

Mas olha, Lola, puxadores, estragam sim! Essa é a rezão maior deles mencionarem uma prossivel troca no futuro.

aiaiai disse...

Não sei quanto a ser porta, mas lembrei-me de quando minha mãe brigava comigo porque eu não prestava atenção em alguma coisa. Ela dizia: "parece que eu estou falando com uma porta".

Tinha razão minha mãe.

Hoje, tento não ser porta para entender e analisar tudo o que me falam. Mas que a gente tá o tempo todo lidando com pessoas que são verdadeiras "portas" isso eu tenho certeza.

Qt aos comentários, só tem três e já são meio loucos (o meu também deve ser kkkk).

A Brisa fez uma ironia (mas esqueceu de avisar). Daí a Caso me esqueçam, já partiu pra porrada (chamou a irônica de cabeça de brisa).
A Ana Flavia deu razão para a questão de trocar puxadores (e ela tem razão, eles estragam mesmo) mas esqueceu que quando vc for trocar vai trocar o que estragar (então pode trocar pelo tamanho do que estragou, e pronto). Ou, se trocar para "repaginar" (KKKK) vai trocar todos, então tanto faz se hoje uns são grandes e outros pequenos. kkkkkk

Agora, eu que sou curiosa, quero saber: comprou os tais puxadores? Grandes e pequenos? ou só grandes?
kkkkkkkkkkkk

B. @bruneuc disse...

É, Lola. Exemplos como esse não faltam, e eu sempre me pergunto se adianta alguma coisa falar... Se com meus amigos íntimos, às vezes, já é difícil. Sem contar que muitas vezes, sinto dó. Porque essa mulher, com certeza, nem se dá conta do que fala, apenas reproduz o senso comum, que é a prova de como o machismo ainda é fortemente presente.
Acho que pior ainda é quando acontece com pessoas muito próximas e você pensa "onde foi que eu falhei?!" E é super difícil se rebelar contra o status quo em lugares que eles tão super enraizados, sem brigar.
Minha mãe, por exemplo: ela teve dois filhos recentemente, 20 anos depois de eu nascer. Já não moro e casa, então não tenho tanta influência na educação deles, apesar que tento. É uma menina e um menino, e a gente sente perfeitamente a diferença que são educados. Primeiro porque a minha irmã tem uma cozinha inteira de brinquedo; geladeira, fogão, mesa, louça. Tem tres aninhos e já ajuda a limpar a casa. O menino ainda é mais novo, vai fazer um aninho dia 30, mas os brinquedos que ele ganha, obviamente, já são totalmente diferentes. Só quero ver quando ele ficar maior; eu vou fazer um escândalo naquela casa se ele não ajudar em nada. Até mesmo porque meu padrasto ajuda (ainda não em medidas iguais, mas quase - e minha mãe que entra com o dinheiro em casa, então é o mínimo que ele pode fazer). Sem contar os comentários do tipo: "O Henrique vai pegar todas, a Ana Clara se me aparecer com namorado, vai ver só". E é complicado porque minha mãe também pensa assim.
Lembro quando eu entrei na adolescênca, minha mãe me chamou pruma conversa e basicamente disse que era pra eu cuidar com a minha reputação, pq ela demora anos pra ser construida e se acaba em um segundo. Mas mais se referindo a reputação como mulher mesmo, sabe. Incrível como a mulher é comparada a um objeto até mesmo em termos econômicos, do tipo "quanto mais difícil, quantas menos pessoas têm, mais valem". Hoje sinto raiva disso, mas me pergunto quanto tempo (durante a adolescência) eu julguei meninas que saíam com mais caras e coisas do tipo, culpa da minha educação. Demorei muito pra me livrar disso, é complicado.

Unknown disse...

hahahah!
Fiz uma ironia sim, realmente "esqueci de avisar". ("aiaiai", obrigada por esclarecer!)
A ironia perde um pouco a sua graça e se enfraquece na função quando a pessoa passa a explicá-la, mas ok. :)

Flavia disse...

Ahaha meu, eu consegui visualizar perfeitanete sua cara, Lola...com ctz eh bem parecida com a cara q eu faço qdo alguém vem me falar coisas do tipo q objetificam a mulher e eu tento explicar...o pior eh q quase sempre a gente num consegue abrir a cabeça da pessoa nem um tiquinho(tanto q vc disse q a vendedora foi explicar REPETINDO o q já havia dito..."1+1=2, entendeu?" "não" "ué...1+1! é = a 2!! entendeu agora??" "não..." ahaha é foda...) as vezes eu to com paciencia ou revoltada o suficiente pra desconstruir um pouco as coisas...as vezes não =/
Te admiro mto, Lola, pq seu blog me fez pensar, e mudou minha vida pra melhor! =D

Fabiana disse...

Eu sempre penso que eu poderia ser uma porta, mas dá trabalho, eu sou mais tridimencional, teria que jogar muito material fora.

Leila Silva disse...

Excelente post e já que você pergunta dou minha opinião. Acho que adianta sim, ela pode começar a refletir a partir desta sua observação, além disso você respondeu a uma pergunta dele. Acho que eu teria feito a mesma coisa.
Abraço

Giovanni Gouveia disse...

Lola é muito zen.

"se eu fosse você" eu diria:

Então tá, me dá o que você ganha a comissão menor, porque eu não uso maquiagem mesmo...

Well Bernard disse...

Além de machista, a vendedorazinha também é fútil, reduzindo o ser ao consumo e ao enquadramento em padrões estéticos.

Anônimo disse...

AHAHAHA, aí lola, vc foi ótima! Queria tá lá pra ver a sua cara e a cara da vendedora tbm, que achou que tava arrasando e vc solta essa!

Mas sério: o problema de agirmos assim é que sempre nos passamos por chata. Vc tem sorte que pelo menos o maridão te entende! :)

Caio Ricardo disse...

Dia desses uma mulher, colega de classe, disse que não gostava das feministas porque graças a elas ela tem que trabalhar o dia todo, e quando chega em casa ainda tem que cuidar das crianças e fazer o almoço para o marido. Me deu uma vontade de falar que se o marido dela não a ajuda nos afazeres da casa não era por conta do feminismo, mas sim por conta do machismo dele. Outro aluno, dessa vez um homem, disse que as feministas não deveriam ter queimado os sutiens, mas sim dado para os homens lavá-los.

Patrick disse...

Lola, saiu um texto no Political Irony, sobre o privilégio de ser homem e branco, que se encaixa perfeitamente com os relatos aqui no blogue: "It’s Official: The Tea Party is Racist"

Anônimo disse...

Lola,
faz sentido os puxadores serem todos de um mesmo tamanho. A princípio a gente pensa neles em relação ao tamanho das portas (menores para as do maleiro, maiores para as outras), mas o que a gente realmente tem que ver é o armário por inteiro, então eles devem ser iguais.

Quanto ao problema de troca, não se preocupe. Se você tiver que trocar algum, provavelmente vai ter que trocar todos, por um motivo muito simples: as fábricas tiram seus artigos de linha com uma rapidez impressionante e depois a gente não encontra igual pra comprar.

Abraço,
Mônica

caso.me.esqueçam disse...

aiaiai e brisa:

hahahaha foi mal! achei que fosse mais uma daquelas figuras inuteis que passam por aqui e nao adicionam nada de construtivo ao debate (ainda mais depois que cliquei no perfil e nao vi nada). hihi foi mal, brisa. obrigada pelo toque, aiaiai

ps. e quanto aos puxadores, compra dois ou tres a mais pra substituir aqueles que vao quebrar logo logo. eh como comprar ceramica, tem que comprar uns a mais pra substituir aqueles que possam quebrar.

Inês Barreto disse...

Bom, ontem meu professor de sociologia (vejam bem - professor de sociologia de uma gradução em História) disse que as mulheres precisam ganhar mais do que os homens porque gastam mais em cabeleireiro, maquiagem e depilação.

Mulher sem maquiagem não é nada, né? A gente que não usa é que é desleixada...

Somnia Carvalho disse...

Lolinha definitivamente ela vai dar o exemplo e ainda vai dizer que so nao gosta dele os clientes estranhos, como as femnistas... rs...

Bruno S disse...

Eu acho mais provável que a Lola tenha passado por doida e a vendedora não ter entendido a reclamação mesmo.

L. Archilla disse...

Inês, veja o lado bom... pelo menos ele reconheceu que as mulheres devem ganhar mais!

Tá, tá longe de ser o que a gente deseja, mas não faz sentido que a mesma sociedade que exige que a mulher gaste os tubos no salão pague um salário inferior a ela!

Si disse...

Lola, acho que sao grandes as chances de ela nao usar mais o exemplo!

Anônimo disse...

Esse negócio de decidir apontar ou não é complicado pra mim. Eu sempre tenho vontade de apontar quando vejo alguma pessoa (desconhecida ou amiga) falar uma coisa obviamente machista/racista/homofóbica/etc, mas geralmente não tenho coragem. Porque acho que raramente adianta e porque tenho medo mesmo de ser rejeitado/ridicularizado/sei lá pela pessoa por causa da minha opinião.
Por outro lado, as pessoas sempre podem mudar, eu também já falei e pensei muitas asneiras machistas/racistas/homofóbicas/etc,mas mudei e continuo mudando. Então às vezes eu penso: e se o que eu disser for a gota d'água? E se dessa vez a pessoa estiver mais aberta à mudança e acabar pesquisando depois e entendendo melhor o assunto? Não valeria o risco de apontar a besteira? Acho que sim, embora continue me faltando coragem para agir mais dessa forma.

=Maíra= disse...

Talvez a porta seja a vendedora. Ou a vendedora seja uma porta, melhor dizendo.

Márcia V Silva disse...

Vendedor é treinado pra agradar cliente, só que ele vai pelo comportamento geral do nicho que atinge.

Se esse nicho for de pessoas com alta renda, de direita, superpreconceituosas, imagina as pérolas que não saem...

Sim, eles meio que vendem a alma...

Não acredito que a vendedora vá mudar o exemplo. Mas a gente não deve se render. Ela talvez tenha a chance de perceber que sim, "vende a alma ao diabo"...

Anônimo disse...

Essa vendedora é uma porta mesmo... ainda repete a pérola olhando pra sua cara ou vc estava de batom nesse dia?
rsrsrsrs

Gisela Lacerda disse...

Lola, que exagero seu.

Por isso que eu amo batom, até porque adoro minha boca. Então, sempre achei que este item fosse importante na "trousse" feminina, e olha que só comecei a me maquiar depois dos 30. Até essa idade era só o "objeto fálico" (mais um na lista) mesmo. Eu e meus duplos sentidos. ;-0 Conclusão: um puxador, seja em qual área for (pode ser até em escola de samba!) nessa vida faz uma grande diferença. E estou na fase de pesquisar armários.. ;-))) Bjs

Gisela Lacerda disse...

Aliás, vou te dizer: essa Monica Bellucci é a mulher mais linda do planeta. Acho isso desde garota. Essa edição francesa foi bem legal "stars sans fards". Quem quer saber se ela sabe atuar num filme?!

E tive um namorado que dizia: "a gente vê logo quando acorda de manhã". Homens e seus julgamentos... Eu ficava baratinada. Sendo que beleza muuuuitas vezes é relativa. E até o pobre do Vinícius de Moraes, sempre injustiçado, foi mal-compreendido naquela frase. A Belluci está na categoria "deusas" e não vale competir com as mortais. ;-0

Moral da história: puxador de qualidade ou seu dinheiro de volta! hehehe

olhodopombo disse...

Lola e quem disse que viver é fácil?

Barbara O. disse...

Tem dias em que tenho dinheiro, tenho necessidades, e não entro na loja/salão porque sei que será mau humor na certa. Odeio ter de pagar por um banho de futilidade e imbecilidade. Eu preferiria buscar minhas roupas na prateleira e dobrar depois de novo. Deve ser por isso que, malgrado o preço, eu gosto da Zara. Lá eu mesma me atendo e aí o tratamento é outro.

Unknown disse...

Adoro os puxadores da Zen Design, são realmente lindos e com uma qualidade impecável! Compro no site www.cmarceneiro.com.br eles tem todos os produtos com estoque imediato e entregam super rápido! Abçs...