domingo, 24 de agosto de 2008

LOLINHA PRODÍGIO

Euzinha quando criança.

Comecei a escrever um pouco tarde, com sete anos (acho que as crianças de hoje são alfabetizadas antes). Mas, desde que comecei, não parei mais. Aos sete já tinha um livro em branco que eu preenchia com desenhos e poesias. Como, por exemplo, esta:

Eu imagino coisas,

lindas, más, e feias.

A minha imaginação é diferente.

No amor, na guerra, e na paz.

Sou poeta,

eu sou, sim.

Ser poeta é imaginar coisas.

É gostar de amar o outro.

Mas ser tão bonita quanto eu

ninguém mais é.”

Eu já me achava a última bolacha do pacote aos oito anos. Sou precoce.

Genial que eu era, não me contentava apenas em escrever poemas. Tinha também que redigir tratados de como poemas deveriam ser feitos. Todos os erros no texto que segue são sic, do original - que eu podia ser uma artista plena aos oito anos, mas ainda não dominava totalmente a língua portuguesa:

Dicas e erros para os poetas.

Bem, isso não é uma poesia, mas eu resolvi escrever o que eu acho e o que eu não acho de algumas poesias. Mas antes, eu vou esplicar as palavras e frases que eu escrevo nas minhas poesias. Poesia é imaginação, é beleza e libertade de fazer o que quer e o que acha. Ser poeta é muito simples, aliais, simples demais. Ser poeta é se arriscar em tudo que deve, e imaginar coisas belas. Poeta, profissão bastante facil para quem quer. Sendo poeta, você consegue muitas coisas que os outros não conseguem, e consegue tambem muitas coisas que não quer. Garcia Lorca era um poeta maravilhoso, que não queria morrer, foi morto. Eu conheco muitos poetas, gosto muito deles, mas o que eu mas gosto é o Garcia Lorca. Cecilia Meireles, Vinicius de Morais, Manuel Bandeira e outros poetas, tambem eram muito legais. Você pode, um dia, tornarse poeta. Mas para isso, presisa fazer isso que esta escrito aqui.”Mandona, eu? E isso vindo de uma menininha que escrevia “explicar” com s e que já na infância achava que tinha uma profissão. Só que minha autoridade como poeta-mirim era grande demais pra ficar guardada num livro. Portanto, eu também narrava experiências como esta:

Meu pai, um dia, quando estava tomando banho, falou com migo de uma forma que não suporto. Briguei com ele. Me fes uma ameaça mentirosa: - Lola, se você não se comportar, eu te pinduro pelos cabelos para o sol te quemar. Sabia que era uma mentira, mas para acalmalo sem falar palavroes ou coisas feias, e como sou poeta, falei: O sol não obedece a violencia.

Nada como uma poesia para acalmar alguem, pelo menos meu pai.”

Que bom que eu era poeta, certo? Porque senão, a julgar pelo relato, eu responderia ao meu pai com palavrões! É, eu não devia ser uma menina muito fácil.

41 comentários:

Anônimo disse...

LOLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Que fofuuuuuuuuuuuuura!
MEUSDEUSES! Mais linda do que
esta criança só a minha filhota!
Eheheheheh mãe coruja tá aqui!
Abraço da Fatima.
P.S.: Creeedo a gente nem le o post
fica vidrada na criança!!!
Depois eu volto pra ler eheheheh

Anônimo disse...

As suas fotos de criança foram tiradas pelo seu pai? São óptimas. E me parece que você sofreu mais influência por parte dele do que da tua mãe. Era ele quem mais te incentivava?

Aliás as suas crônicas que vc disse ter reunido a respeito do maridão e enviado para uma editora, acho que deveria tentar mais, pelo menos umas doze. É normal receber negativas da maior parte delas. Ou tente alguma editora daqui lola, é muito mais fácil para se ser publicado.

Verônica disse...

que linda! que olhos lindos, aliás eu os acho lindos até hoje, bem expressivos, bem mandões.
sou sua fã e até hoje permaneci de voyeur.
parabéns pelos textos, pelas cri-críticas.
abraço

Ju Ribeiro disse...

que coisa mais linda, fofa, cuti-cuti!!!! e a poesia em resposta ao teu pai me fez rir.

Anônimo disse...

Sem dúvida vc se revelou com sentimentos e intelecto um tanto
precoces. Pôxa achei fantástico.
Lola nada no mundo é tão maravilhoso quanto a criança.
É por isto que projetos sérios de educação poderão nos levar para uma sociedade evoluída e feliz.
Parabéns! Abraço da Fatima.

Liris Tribuzzi disse...

Meus deuses!
Eu, no auge dos meus 19 aninhos, nunca escrevi uma poesia que prestasse. E também nunca fui fotogênica.

Ah! Essa semana a copilação dos piores do google vai ser publicada, né?

Juliana disse...

Que coisa mais linda do mundo!!! Nem precisa esplicar, hauhauuahau!!
E as fotos também estão fantásticas.

Anônimo disse...

Que fofa que você devia ser Lola XD

lola aronovich disse...

Fátima, pois é, eu sei, eu fui uma criança bonita. Eu e meu irmão éramos sempre parados na rua. Não sei de que forma isso influencia uma criança, mas, sinceramente, acho que não afetou muito a gente. Nunca fui exibida, nunca dei muita bola à beleza, nunca me enfeitei. E acho que posso falar pelo meu irmão nisso - ele também nunca foi disso. Minha irmã caçula, que não era paparicada por estranhos porque, apesar de também ser bonita, não era de uma beleza “exótica” (olhões claros) num país racista, era a mais vaidosa e a que gostava de posar pra fotos. Mas acho que isso é comum entre irmãs mais novas (eu tô me lembrando de Bem-Vinda à Casa de Bonecas, em que a irmãzinha tá sempre vestida de bailarina, dançando e pulando).
Obrigada pelo email, Fá. Vc vem levantando muito a minha bola!

lola aronovich disse...

Belas fotos mesmo, né, Cavaca? Não, elas foram tiradas pela minha mãe, não pelo meu pai. Era ela a fotógrafa da família, e ela realmente era muito boa. Imagino que ela deve ter influenciado o meu irmão, que virou fotógrafo profissional.
Acho também que quem mais me incentivava nisso de escrever era a minha mãe. Não lembro tão bem, mas em algumas páginas dos meus “livros” (tenho quatro que eu escrevi – pode chamar de cadernos, se bem que eram livros) tinha a letra dela. Por exemplo, algo que eu tinha escrito em algum outro lugar, e ela transcrevia pro livro. E também, quando eu tinha 8 anos, ela selecionou alguns poemas meus, datilografou-os, e me pôs pra ilustrá-los. Ficou um livro muito bonito (hoje caindo aos pedaços – ainda escrevo um post sobre isso e ponho alguns desenhos). Ela até tentou publicá-lo, sem sucesso.
É difícil dizer quem influenciou no quê. Só que meu pai era uma pessoa muito mais fácil de se lidar, e o agregador da família. Politicamente, no meu comportamento com as pessoas, sofri influência direta do meu pai (minha mãe, nesse sentido, era uma influência negativa, do tipo “como não fazer”).
Sobre o livro de crônicas sobre o maridão, reuni várias e as mandei pra umas três editoras. Isso acho que há três ou quatro anos. Uma editora era grande, as outras, pequenas. As três responderam cordialmente, dizendo que não havia mercado pra crônicas. Ou algo assim. Se vc souber de alguma editora portuguesa pra quem eu possa enviar o livro...

lola aronovich disse...

Verônica, obrigada! Vc acha meus olhos mandões? Eu não acho! Aliás, eu não me acho mandona. Acho que eu era mandona quando criança, depois amadureci. Hoje só sou mandona com o maridão, mas aí é necessário, porque senão ele não sai do lugar. De resto, todo mundo manda em mim. Meus gatos mandam em mim. Meus alunos adolescentes faziam de mim gato e sapato. Eu não tinha/tenho autoridade nenhuma, apesar de me dar bem com eles. O maior elogio que recebi foi de uma aluna adolescente que disse: “É, teacher, vc não consegue se impor MESMO, mas a gente mais ou menos acaba fazendo o que vc quer”. Vc também é professora, né? Vi num dos seus quatro blogs! Passei rapidinho por eles. Abração, e apareça mais!


Juliana, uma gracinha de cuti-cuti mesmo! Agora, imagina só: uma criança de 8 anos tá aprontando, o pai fala pra ela parar, e aí ela responde com um pensamento abstrato, do alto da sua autoridade... Pena que não registrei por escrito a reação do meu pai. Será que ele riu? Se afogou de tanto gargalhar no banho? Ficou quieto? Ou respondeu? E é legal porque eu não me lembro de nenhuma ameaça dessas físicas do meu papi (“vou te pendurar pelos cabelos”?!). Mas óbvio que elas não me assustavam. Meu papi nunca deu meia palmada em mim.

lola aronovich disse...

Li, escrever poesias foi coisa minha de criança e adolescente. Depois dos 19 anos, acho que nunca mais escrevi nenhuma. Cansei. (e também porque, não sei, poesia tem mais a ver com “almas torturadas” - é difícil alguém se sentar pra escrever um poema quando está muito feliz – que com uma boba-alegre como eu). Ah, sentiu falta dos piores do Google?! Vc foi a única! Tô com uma lista enorme, mas com preguiça de comentá-los. Espera mais um pouquinho...


Ju, pelo jeito eu tinha um problema com os X. Esplicar, fes... Ainda bem que foi corrigido.


Obrigada, Princesa. Só não entendi o passado da sua colocação...

DH disse...

"O sol não obedece a violencia."

Ri muito dessa parte. Precoce, mas de uma ingenuidade bonita.

Juliana disse...

pelo jeito ainda tem, né? pq fez não é com x, hauhauhauhauha

eu cometeria o mesmo equívoco (porque lolinha poeta não comete erros, somente equívocos) tenho péssima memória visual...

Nita disse...

que olhos lindos lola! Vê-se que o talento veio do berço né?

lola aronovich disse...

Delio, acho que mais ingênuo era meu pai, achando que eu ia ter medo de uma ameaça dele...


Ish, Ju, eu sei escrever FEZ, mas pelo jeito soletrar não é comigo. Imagina o vexame (com x!) que eu faria num spelling bee! Que bom que eu não coloquei minha inteligente observação sobre o meu problema com o X no texto...Podia pegar mal.


Obrigada, Nita. Pois é, eu já nasci assim, genial e modesta.

Bruno Bachy disse...

Mas que coisa maisimunitinhacuticutidopapahhhh!

Quero ter uma filha igual você!

XD

Anônimo disse...

Que máximo!

Anônimo disse...

Linda!
Eu escrevia diários (dos 8 aos 16 anos) e até hoje gosto de lê-los e observar como eu pensava na época.
"O sol não obedece a violência" foi genial!!!
Estou grávida de 3 meses e pretendo anotar todas as tiradas do meu filho. Crianças têm uma perspicácia não?
Beijos e parabéns pelas belas fotos e pelo texto.

Anônimo disse...

Nossa, que poesias lindas. E gostar de Garcia Lorca! Que vc era superlindinha eu já sabia, mas só te conhecia de cabelos vermelhos :))

Babi disse...

oi lola!
Lindinha d+ vc! E além de tudo escreve bem desde pequena! Bem que eu queria escrever bem assim... Entrei em um concurso de poesia da prefeitura quando estava na quinta série e até ganhei mencao honrosa. A poesia foi publicada num livrinho e tudo mais, mas nunca mais escrevi. Por que será? Acho que poesia dá muito trabalho, essa coisa de pensar na vida... Por enquanto nao consegui nem a parte de viver ela direito!
bjo

Mica disse...

Meu problema com a poesia é que eu não consigo ler na entonação correta, aí fica tudo tão sem brilho :-(
Mas como vc era linda Lola!!!! E como escrevia (e ainda escreve) bem! Não tenho nem palavras para dizer o quanto o teu texto me emocionou e impressionou.

Giovanni Gouveia disse...

Vize Maria, se eu fosse teu pai viveria chorando de emoção...

"poesia tem mais a ver com “almas torturadas” - é difícil alguém se sentar pra escrever um poema quando está muito feliz – que com uma boba-alegre como eu"


Lembra Vinícius, "(...)o poeta Só é grande se sofrer(...)"

lola aronovich disse...

Bobby, é uma inversão interessante: vc, que tem idade pra ser meu bisneto, querer ter uma filha como eu.


Obrigada, Luciano.

lola aronovich disse...

Dulce, é uma maravilha anotar tudo, ter um diário, um caderno, um blog... Porque senão a gente esquece. Eu me lembro de muito pouca coisa. É ótimo poder reler o que a gente pensava numa determinada época da nossa vida. Gostaria de ter escrito mais! E tá tudo bem com a gravidez? Boa sorte!


Maria Adriana, ainda tenho que publicar um post falando indiretamente do Garcia Lorca. E sabe, encontrei uma foto muito parecida com aquela que tá no Lost Art. Vou colocá-la aqui em breve.

lola aronovich disse...

Bárbara, pra falar a verdade, nem sei por que parei de escrever poemas. Não foi algo pensado. Acho que foi uma fase da minha vida mesmo, e quando cansou, parei. Não acho que meus poemas eram grande coisa. Talvez pra idade, fossem até bonitinhos. Hoje gosto muito mais de escrever crônicas e coisas à toa. Vai que é mais uma fase também? Já tive fase de tentar escrever peça de teatro. Quando vai chegar a fase de escrever romance? Aliás, melhor que antes chegue a fase de escrever a tese de doutorado... Ah, te adicionei lá no orkut, obrigada!


Bom, Miquinha, vc não precisa escrever poesia pra ser lida em voz alta. Mas não posso nem falar, me sinto tão analfabeta em poesia hoje em dia... Que bom que o texto mexeu contigo, Mica! Não era essa a intenção. Era só pra fazer rir, mesmo. E pra que os leitores(as) conhecessem mais das minhas origens literárias.

lola aronovich disse...

Pois é, Gio. Acho que é até preconceito, porque é uma generalização, dizer que o poeta é um sofredor. Mas que é necessário ter uma certa dose de melancolia pra sentar e escrever um poema (que raramente tem humor – os meus, por exemplo, não tinham), isso é. Se vc tá alegrinho e saltitante não vai estar no clima pra poesia. Gostaria de ouvir outras opiniões. Só sei que, pra mim, pra escrever crônicas, convém estar de bom humor. E pra poesia eu precisava de um outro estado de espírito.

Giovanni Gouveia disse...

"Se vc tá alegrinho e saltitante não vai estar no clima pra poesia. Gostaria de ouvir outras opiniões. Só sei que, pra mim, pra escrever crônicas, convém estar de bom humor. E pra poesia eu precisava de um outro estado de espírito."

Comigo também é assim... Talvez por isso, depois de casado nunca mais tenha conseguido escrever versos...

Anônimo disse...

Aqui vai uma opinião-sugestão:
Lola acho que esse lance de escrever para teatro é algo que
combina contigo.Há em ti vários ingredientes importantes para escrever para teatro, ou TV:
a)Escreves bem
b)Tens boa CULTURA GERAL
c)És muito bem humorada
d)És uma mulher bem resolvida
e)Gostas de teatro, já viste muita coisa boa e
f) tens noção das mazelas
que envolvem temas como,relações de família, feminismo, corpo,
etc.
Boa semana! Fatima.

Santiago disse...

Lola:

Como já te disse em outro post.Uma pessoa bonita é sempre bonita. Deixa esse negocio de gordura pra lá!

Falar nisso - excesso de peso - só aumenta o assunto para gente ressentida.

DIARIOS IONAH disse...

lembro de como ele, seu pai, se orgulhava de ter uma filha poeta aos oito anos!

lola aronovich disse...

Gio, vc tem que falar isso pra sua esposa JÁ! Que romântico! Quem sabe com mais uns cinco anos de casamento já dê vontade de escrever poesia de novo?...


Obrigada pela força, Fátima. Na verdade só tentei escrever uma peça de teatro uma vez. Chamava-se algo como “Vitória de Todos Nós” e era o maior dramalhão, pelo que me lembro. Fiquei chateada que, anos depois, o Miguel Falabella lançou “A Partilha”, que tinha muito a ver com a minha peça. Ou era outra? Não lembro! Mas quem sabe? Um dia eu tento de novo!

lola aronovich disse...

Santiago, ignorar um assunto (que não afeta apenas a mim) não faz com que o preconceito desapareça. Enquanto houver preconceito contra gordas, negros, gays, etc etc, vou continuar falando disso aqui, sempre que achar relevante.


Oi, Fátima do Diários! Desculpe, não te reconheci! Meu pai era um fofo, não era?

Anônimo disse...

Lola,
Nossa!!! escandalosamente inteligente e linda! que olhos maravilhosos!!!

Ana Rute disse...

genial!
nunca consegui ter um diário de verdade... escrevia entusiasmada uns 3 dias depois já deixava de lado... mas queria muito ter tido um pra saber o que eu pensava quando era mais nova
adorei as fotos e seus pensamentos! parabéns!

Letícia disse...

Lolinha, essa segunda foto do post (a que não está no banner) está lindissima!
Precisa comentar isso.

Phoenix disse...

Eu amei O sol não obedece a violencia.
kkkkkkkkkkk
POsso tatuar!?
Beijocas!!!

Anônimo disse...

Me entristece ver que você já era um prodígio assim aos 8 anos... Tira minhas expectativas de sucesso. Tenho 17 anos, quero fazer letras e minha maior obra é uma autobiografia emocional chamada "Onde eu sou o Sol" de umas 14 páginas...
Ah, Lola, que inveja boa que seu dom me faz sentir! Que inveja..

Sempre Que Penso... disse...

"O sol não obedece a violencia"
Tô chocadamente feliz!
aushuashua

Isa disse...

Lola, vou lendo um post e vou pra outro e outro e outro.. ainda não consegui ler o blog tooodo, mas sempre venho ver as novidades.. estou aprendendo muito e lendo coisas que eu concordo plenamente.
Lindo post, adorei! "Ser poeta é gostar de amar o outro". Não precisa dizer mais nada, né?

Jules disse...

Lola que criança linda vc era! Que olhos!
Um beijo da sua fã que não perde nenhum post!