Chacina no cinema? Horror no shopping? Carnaval da mídia? Tudo isso e mais um pouco neste acontecimen

Na mesma semana, na mesma cidade, só que um pouco mais longe do ar-condicionado, duas crianças foram baleadas na cabeça em frente à uma padaria da periferia. Depois,

Porém, no caso do atentado no shopping, entrevistam até amigo de vítima. Sinceramente, há algo mais inútil do que perguntar pra alguém "o que você achava do falecido"? Sendo amigo, então, é saliva à toa. O adjetivo mais modesto usado para descrever a fotógrafa assass

Outras tantas páginas estão sendo gastas para descrever o sentimento dos freqüentadores de shopping. Uma senhora diz que assim não dá, que, francamente, ela ficará preocupada em deixar as filhas adolescentes no cinema enquanto vai fazer compras, que estão querendo estragar suas poucas opções de lazer. Ao balbuciar essas sábias palavras, nem ela nem o jornalista têm a mínima idéia sobre o apartheid social em que

A mídia dá todo esse destaque à matança do shopping não só porque público que folheia jornal é de classe média, mas também porque jornalista - quem cria e redige - também pertence a esse estrato. Esse negócio que repórter corre atrás da notícia, esteja ela onde for, é pura balela. Deve ser incômodo empoeirar a roupa de griffe em uma visita às ruas esburacadas da favela. Cobrir notícia em centro de compras está mais dentro de seu habitat natural.
Por um lado, é bastante normal que nos interessemos mais pelos nossos semelhantes. Se ocorre algo no n

Mas não precisamos exagerar. Lembro, de memória, de outros desastres envolvendo a classe média e da cobertura exacerbada da imprensa: as viúvas da TAM, a explosão do shopping de Osasco (shopping é shopping, nem que seja em cidade-satélite), a falência da Enco

No fundo, falamos do atentado no shopping com uma pontinha de orgulho, como se tivéssemos enfim importado o modelo americano. E o que é bom para os EUA é bom para o Brasil, certo? A classe média continua fazendo o que sempre fez: olhando para o próprio umbigo. O que eu realmente queria saber é quem decretou que a vida de um economista vale mais do que a de um faxineiro. A mídia e quem mais?
Um comentário:
Na época desses desastres eu era criança/adolescente ainda e me sensibilizava demais com esses acontecimentos. Lembro de ter chorado muito pelas vítimas de Osasco e da TAm, quando eu tinha porvolta de 10 anos. Em compensação, não tinha o mesmosentimento quando minha mãe assistia jornais sensacionalistas da minha cidade, que mostrava pessoasmorrendo em bairros próximos ao meu. E acho que nem mesmo ela. Hoje em dia a gente percebe o quanto somos manipulados a sermos indiferentes aos nossos.
Postar um comentário