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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

MAIS UMAS BESTEIRINHAS SOBRE LUA NOVA

Nem numa cama Edward se anima.

Mas, antes, sobre Crepúsculo, que acabei de rever (minha mãe pegou o dvd porque nunca tinha visto).
- Qualquer filme que termina com a protagonista (uma mocinha, excepcionalmente) dizendo "Eu sei o que quero" não pode ser considerado machista no meu livro. Inclusive, depois dessa fala, a última imagem de Crepúsculo é puro kick ass grrrl power. Fecha com a figura de Victoria, a vampira do mal. Não faz muito sentido que a última imagem seja dela, pois ela aparece pouquíssimo tanto aqui quanto em Lua Nova. Mas o que um personagem sábio fala sobre ela antes é "Não a subestime". Será que isso vale pra Bella também? (E reparem na decepção de Bella ao conhecer o quarto de Edward. Sua primeira linha é: "Não tem cama?").
- Tem um comp
onente importante faltando na equação "Bella como vítima de violência doméstica": o medo. A protagonista repete umas cinco vezes pro Edward que não tem medo dele. Em geral, mulheres que apanham ou são ameaçadas pelo companheiro têm muito medo. Tanto que, mesmo após anos separadas do marido, é comum que elas reajam exageradamente a qualquer detalhe do dia a dia, como um tapinha nas costas. Isso definitivamente não acontece com Bella.
E agora algumas observações que não couberam na minha crônica sobre Lua Nova:

- Seguem a pleno vapor as referências à gostosura de Bella. Um vampiro mal intencionado lhe diz que ela é muito apetitosa e o faz salivar. Mais tarde, um lobi fala: “Pode entrar, não vamos te morder”. Ao que um outro emenda: “Fale por você”. Quer dizer, todo mundo quer comer Bella, menos o Edward. (Ainda prefiro a fala de Crepúsculo do vampiro caçador pra Edward, sobre Bella: "Ah, você trouxe um lanchinho?").
- Por que todo mundo, inclusive Bella, fica tratando o pai como Charlie? Por que o pessoal não diz “Faça pelo seu pai”, ao invés de “Faça pelo Charlie”? Eu ficava pensando nos malditos vietcongues, que eram chamados de charlie pelos americanos.
- Sei que é absurdo mencionar isso num filme com vampiros, lobisomens, e adolescentes de 109 anos virgens, mas o mais inverossímil da trama inteira é um carinha vomitar no meio de um filme de ação. Nem em filme do Stalla alguém leva a ânsia às últimas consequências.
- Uma das falas românticas de Edward pra Bella é: “Largar você foi o pior erro que cometi em 109 anos”. O maridão nervosinho tinha brigado comigo antes do filme. Portanto, quando passou aquela cena, eu pus minhas garras no seu braço. E, na saída do cinema, mandei que ele dissesse: “Brigar com você foi a coisa mais ridícula que fiz nos meus 52 anos”. Ele: “Brigar com você foi a coisa mais ridícula que fiz nos meus 52 anos. Isso e assistir um certo filminho aí”.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

MAIS SOBRE OS FILMES DA SÉRIE CREPÚSCULO

Pouca roupa pra muita castidade: a sexy abstinência sexual da série.

Gente boa, é como eu disse: não li os livros, então não posso falar deles, só dos filmes. E não achei os filmes machistas. Tampouco os chamaria de feministas (machista não é o contrário de feminista, dá pra não ser nem um nem outro, certo?). Mas os filmes, principalmente o primeiro, têm uma carga erótica muito grande. E essa carga erótica é da parte de Bella, não do Edward ― que, pra não se descontrolar, simplesmente se abstem de transar. É raro mulheres serem retratadas no cinema como gente que deseja, que quer sexo. Quando há personagens assim, elas geralmente são femme fatales, ninfomaníacas que fazem do sexo sua arma, viúvas negras que causam a destruição do herói (a Sharon Stone em Instinto Selvagem, pra ficar num exemplo mais recente). E Bella não quer o mal do seu amor. Ela só quer transar com ele, sem interesses escusos por trás. E quer tanto que, pra isso, está disposta a virar vampira. “Virar vampira” também parece equivaler a apoderar-se, não? Os vampiros são muito mais fortes que os humanos, têm poderes especiais, leem pensamentos, e vivem pra sempre. Alguns, como Edward, veem isso como uma maldição, mas parece que aquele vampiro médico até gosta da ideia de ajudar os outros eternamente (e ele é o único vampiro que tem uma profissão!). Também há a sugestão de que os vampiros são monogâmicos e que, quando se juntam, se juntam pra sempre. Aqueles vampirinhos do grupo do Edward parecem ter uma vida sexual ativa. Sendo adolescentes e sem precisar casar pra transar! Mas com o chato do Edward, só casando!
Sei que a Bella é uma personagem insossa, bem chatinha, sem ambições. Mas ela não era assim antes de conhecer o Edward? Ela é uma adolescente, não uma mulher feita, cheia de projetos e planos definidos. Ela parece ser desinteressada a respeito de tudo. Só se interessa pelo Edward, depois que o conhece. Mas, e ele? Quais são seus projetos, suas ambições, seus interesses? Sua vida é um tédio, pô. Ele não transa e repete o segundo grau por toda a eternidade. Quando conhece Bella, ele também passa a viver pra ela. Seu passatempo passa a ser vê-la dormir. Em Lua Nova fica claro que ele praticamente nem existe sem ela. Ele some do filme, vira um fantasminha. Não quer viver sem ela, algo bem Romeu e Julieta mesmo.
Pelas pouquíssimas análises feministas que li a respeito de Crepúsculo (mais dos livros que dos filmes), as principais críticas à série são que Edward é um stalker e que Bella é uma vítima recorrente da violência doméstica. Sobre a primeira crítica, Edward ser um stalker, não concordo. Um stalker é aquele que persegue sua obsessão sem que ela queira ou saiba (quase sempre é um homem que se torna obcecado por uma mulher que não lhe dá bola e a segue, muitas vezes com resultados terríveis. O Colecionador é um ótimo filme sobre stalking). Admito que é bizarro que Edward fique olhando pra amada dormir, mas Bella sente que ele está sempre com ela e gosta disso. Então não é bem stalking, é? Sem falar que podemos dizer que ela também persegue o Edward. Quando ela virar vampira, pobre Edward se quiser algum momento de privacidade!
A outra crítica, sobre a violência doméstica, eu considero bem mais aceitável. Bella vive sendo ameaçada de violência, estupro e morte por parte de vários personagens (homens e algumas mulheres). Mas, se ela se tornar vampira, essas ameaças acabariam. Bella diz pro Edward que, com ela vampira, ela também poderia protegê-lo. E o patriarcal Edward dispensa esse comentário com um “Eu que tenho que proteger você”, como se fosse sua condição primordial de macho alfa (mas, digamos, ele vive pra isso. Sem Bella, ele não tem mais o que fazer da vida. A gente fica pensando como ele ocupou o tempo nos últimos 109 anos). Edward trata Bella mal. Ele é temperamental, muda de humor, fica de cara feia sem motivo, e a isola dos amigos. Em Lua Nova, ele até bate nela. É um acidente para protegê-la, mas vários maridos abusivos usam esse argumento do “é pro seu próprio bem” pra espancar suas mulheres. Definitivamente dá pra interpretar Edward como o típico marido abusivo, aquele que morde e assopra. E Bella sem dúvida sente-se atraída por tipos assim. Quando não está com Edward, está com Jacob, o lobisomem, que também representa um perigo pra ela. Em Lua Nova há uma personagem que aparece numa só cena, uma namorada ou mulher de um dos outros lobis, e ela tem parte do rosto desfigurado, porque o carinha zangou-se e perdeu o controle por um segundo. E ainda assim, lá está a mulher, sorridente e fazendo bolinhos. Essa sim é uma péssima lição pras meninas fãs da série, sem dúvida.
Mas a ideia toda é que, assim que Bella vire vampira (o que não depende só dela, e sim da decisão de um grupo em que mulheres também votam), todas as ameaças fiquem pra trás. Bella não liga pras ameaças, não têm medo de nada. Ela tem ideia fixa: virar vampira pra transar com Edward. Porque pra ficar com Edward como está ela não precisa virar vampira. Os dois podem viver de mãos dadas até que ela fique velhinha e morra. E Edward acha esse cenário totalmente okay. É Bella que tem outros planos, que incluem muito sexo. E não pra efeitos procriativos, porque vampiros se reproduzem por buraquinhos no pescoço e troca de líquidos vermelhos, ao invés de buraquinhos em outras regiões do corpo e outras trocas de líquidos.
Ao que me parece, os três personagens principais de Lua Nova ― Bella, Edward e Jacob ― são virgens (o que é super pouco realista, a gente sabe), e só Bella se incomoda com essa situação. Isso deve querer dizer alguma coisa.

CRÍTICA: LUA NOVA / Bella voa Virgin America

Bella e o lobi na praia: close, but no banana.

Vocês devem lembrar que eu adorei Crepúsculo. O filme, porque nunca cheguei perto de um livro da Stephenie Meyer, a mórmon por trás dessa super bem-sucedida franquia (eu leria sem preconceitos, se um dos romances caísse perto de mim). A saga sobre abstinência como algo muito sexy trouxe seu segundo capítulo ao cinema, Lua Nova. Crepe é infinitamente melhor, na minha opinião, mas nem por isso Lua é ruim. É só que não tem a carga erótica do primeiro. E o que é Crepúsculo sem a tensão sexual?
A protagonista, Bella (Kristen Stewart, a menininha de O Quarto do Pânico e a sobrevivente de estupro do importante O Silêncio de Melinda), é uma humana que continua muito a fim de transar com seu vampiro de estimação, Edward (Robert Pattinson, que li em algum lugar que está sendo considerado o novo Leonardo Di Caprio. Gente, o Leo é excelente ator! Enquanto o Robert... Ahn, eu demorei pra me acostumar com seus tiques nervosos em Crepe. Agora que a franquia tá sob nova direção ― nas mãos do diretor do fraquinho A Bússola de Ouro e do ótimo Um Grande Garoto ―, digo apenas que o Robert me pareceu esquisitérrimo do começo ao fim). Mas Edward é um sugador de sangue que tenta se controlar para não comer humanos, e se ele se descontrolar com Bella, já viu, né? Quer dizer, essa era a premissa de Crepe, mas em Lua Edward não chega nem perto de perder a cabeça. Pelo contrário, parece que o casal já tá junto faz tanto tempo quanto eu e o maridão. E vamos admitir: Edward é um mala. Sei que da última vez eu apontei qualidades. Afinal, ele é um sujeito grudento, mas que vigia o sono de Bella (imagino que qualquer barata que apareça ele mata com raios gama ou algo do gênero), e faz tudo por ela, inclusive a lição de casa da escola, se bem que isso não configura um grande sacrifício, pois ele já cursou essa série umas vinte vezes. E se ele só conseguisse deixar de lado esse negócio de não poder transar, seria o rapaz perfeito (meio albino, um pouco chatinho, mas a história se passa numa cidadezinha no meio do nada, considerem a concorrência).
Não que Bella seja um modelo de simpatia ou inteligência emocional, mas perto de Edward, ela é uma gigante intelectual. Edward pode ter 109 anos nas suas pálidas costas, mas tem a maturidade de um menino de 9. Bu, bu, bu, eu é que tenho que te proteger. Se não consegui te proteger, buá, melhor ir embora. Me esqueça. Oops, você morreu? Então vou me matar também! (acho que não tô spoiling muito porque isso tudo tá no trailer). Depois da terceira mudança de humor de Edward em cinco minutos, a gente passa a refletir sobre nenhum vampiro ser capaz de ler os pensamentos de Bella. Talvez porque não haja muita coisa dentro daquela cachola?.. Ô Bellinha, tem certeza que quer virar vampira e passar toda a eternidade ao lado do caretão? Eu sugeriria dar uma provadinha antes.
Num minuto o Edward tá fazendo altas declarações de amor, como (anotem, rapazes) “Apenas respirando você já me dá tudo que eu desejo” e “Não quero viver num mundo sem você”, e no outro minuto dispensa Bella, afirmando que ela não é suficiente pra ele (“você não me completa”, parafraseando o Tom Cruise em Jerry Maguire). Ele vai embora, e Bella fica toda jururu. Ela percebe que pode ver o fantasminha de Edward quando se coloca em situações de perigo, e decide se jogar de precipícios e andar em motos envenenadas sem capacete. Daí Edward aparece com a mesma voz robótica do Hal de 2001: “Stop, Bella. I'm afraid”. Pra consertar a moto que pegou no ferro velho e se distrair, Bella passa longas horas com um índio americano (Taylor Lautner, vi na capa da Capricho) que é também um lobisomem. (Li que Stephenie inclui alusões à homossexualidade do rapaz lobi e da confraria dos sem-camisa. Bella lhe diz “Isso é errado”, e o lobi responde: “Eu nasci assim”. Mas, tirando o fato que os garotos são todos musculosos e depilados e que não existe lobimulher, nao vi nada de gay no grupo).
A cena mais divertida num filme que não peca pelo humor é quando Bella se fere, o lobi tira a camisa de um modo melodramático (provavelmente por ser a última vez que usa camisa em Lua), e Bella fita o corpo sarado dele e diz, “Opa, até que você é meio bonito”. Um pouco mais tarde, quando ela toca a barriga-tanquinho dele, dá pra ver seu amor pela monogamia não-consumida fraquejar. Mas Bella continua virgem, tanto que, quando precisa voar, opta pela empresa aérea Virgin America (não tô inventando!). Infelizmente, a moça não dá sorte com homens. Enquanto Edward corre o risco de se descontrolar na excitação e comer Bella (no mau sentido), o lobi pode se descontrolar e cometer violência doméstica. Bella, vira logo vampira pra nenhum macho ficar te ameaçando!
Bastante vem sendo dito sobre a passividade da protagonista. Mas, na real, acho que todos os personagens são um tanto passivos. Os vampiros e os lobis não têm escolha em serem o que são. Mas Bella pode apitar no seu destino, e opta por ser vampira. Numa fala-chave, ela diz ao lobi, “Não cabe a você decidir”. Em outras palavras, quem manda na minha vida sou eu. Além do mais, ela salva Edward. Não prestei muita atenção nessa parte porque estava concentrada demais tentando decifrar quem faz o chefão dos vampiros. Vou quebrar esse galho pra vocês: o ator que tem a melhor interpretação do filme, que tá todo torto e estranho, mas de um jeito sedutor, é o Michael Sheen. Aquele que entrevista o ex-presidente em Frost/Nixon, e que faz o Tony Blair em A Rainha! Tomara que ele apareça mais na terceira parte, Eclipse, marcada pra estrear em junho.
Bella é bem inócua e sem ambições, mas convenhamos: qual personagem da série Crepúsculo não é? Pelamordedeus, os vampiros se arrastam há séculos repetindo o segundo grau, e os lobis só existem pra dividir território com os caras-pálidas. Pode ser que a intenção da Stephenie tenha sido promover valores como vigindade e abstinência, mas algo deu errado. O quadradão da história é Edward, não a mocinha. Se dependesse de Bella, ela não seria mais virgem desde o primeiro hello do vampiro. Sei não, chamar de machista uma história que leva o desejo sexual feminino tão a sério é forçar um pouco a barra.
Mais aqui e aqui.