Eu e umas leitoras muito mais entendidas no assunto de quadrinhos debatemos sobre qual seria o uniforme mais feio da Espectral, o de Watchmen o filme ou de Watchmen a graphic novel. Não é uma decisão simples, como você pode conferir acima. A heroína dos quadrinhos usa o que parece ser uma saída de banho transparente em cima de um maiô preto cavado. E a do filme, uma malha cor da pele por baixo de um collant preto, além de botas que chegam até metade da coxa e cinta-liga, um acessório imprescindível para uma super-heroína. Fala sério, né? Imagino que todas essas ilustrações venham de homens mais preocupados com o potencial erótico de suas criações que de conforto. Como a Srta T disse nos comentários, “uniforme de super-heroína tende a ser piada mesmo. Não imagino as coitadas lutando sem o peito pular pelo decote, o maiô atochar no fiofó...”.
Tá, ninguém nega que fantasia de super-herói macho não seja igualmente ridícula. Até hoje lembro que, no último Superman (O Retorno), tiveram que disfarçar um pouco o volume no collant do Super, que estaria chamando demais a atenção. Homem de collant com capinha e máscara e às vezes cueca por fora da calça é indiscutivelmente tolo. Mas pelo menos eles não têm que se equilibrar num salto alto de 20 cm (o que me faz lembrar a declaração da Ginger Rogers sobre a diferença entre a sua dança e a do seu maior parceiro, Fred Astaire: “Fazemos tudo que eles fazem, só que de salto alto”).
Pesquei mais alguns uniformes usados em filmes por super-heroínas e quero saber se é unânime: o da Espectral em Watchmen é a fantasia mais horrenda de todos os tempos ou há piores? Tá, essa foi fácil. Então responda: qual o uniforme que parece ser o mais desconfortável pra enfrentar super-vilões? E o mais confortável? Tem um mais bonito? Algum que você usaria na rua sem morrer de vergonha? Alguns modelitos pra você escolher:A Mulher-Maravilha da Lynda Carter e a Wonder-Girl (Garota Maravilha). Reconheço que só escolhi essa foto porque descobri algo formidável. Sabem quem é a Wonder-Girl aí na foto? A Debra Winger! Eu nem sabia que ela tinha sido super um dia!Repito a Mulher-Maravilha, com a comparação dos quadrinhos.A Barbarella da Jane Fonda em 1968, e a personagem dos quadrinhos franceses.A Mulher-Gato da Michelle Pfeiffer (1992) e a da Halle Berry (2004). No detalhe, a dos quadrinhos.A Lara Croft da Angelina Jolie (2001) e, no detalhe, a do videogame. Opa, eu tava falando de quadrinhos? Enfim. Super-heroínas.A Elektra da Jennifer Garner (2005) e a dos quadrinhos.A Mulher-Invisível da super-expressiva Jessica Alba em Quarteto Fantástico (2005) e a dos quadrinhos.Algumas das heroínas de X-Men (2006). As fantasias da Vampira e da Tempestade não parecem ruins. Já a da Mística tá mais pra fantasia de carnaval. Com purpurina e tudo.
Você vai ver pelas buscas estranhas que chegam aqui como o Google quer o meu cadáver. Estou começando a levar pelo lado pessoal. Avalio o nível de satisfação da pessoa que cai aqui, guiada pelo Google. Nota 1 é pra quem sai sem encontrar o que queria, e Nota 5 é tudo de bom. Toda mulher gordinha come - Ahn, sim. Taí uma verdade absoluta. Aliás, não só as gordinhas comem. Todas as mulheres (e homens) comem. Tem gente que jura viver da luz, mas essas almas não estão mais entre nós pra nos contar sua trágica história. Nota 3.Carta de amor para manda para alguem que eu não conheço pessoalmente, só por interenete, mas que ainda vou conhecer - Já ouvi falar dessa interenete, dizem que o futuro reside lá e tal. Acho mais interessante mandar carta de amor pra alguém que a gente já conhece. Mandar pra quem a gente não conhece pode passar a imagem de algo muito impessoal. Nota 1. As palavras que era com trema agora ta sem trema - Vai por mim, você tem coisas mais importantes pra se preocupar que com a ausência do trema. Por exemplo, a concordância entre sujeito e verbo. Nota 2.Varias fotos de mulheres feias ridiculas horrorosas - Se o Google fosse um cara, eu perguntaria pra ele: por que buscas de mulheres feias, ridículas e horrorosas desaguam no meu blog? Ainda bem que o leitor que chega aqui, depois de ver minhas fotos, sai deveras decepcionado por não encontrar o que queria. Nota 1. Sou uma fantasminha bonitinha, nada assustadora, que faria o coração do Penadinho - Ah, que gracinha. Tantos diminutivinhos na mesma frase. Achei uma cantada muito fofa a sua, só não sei o que tem a ver com meu bloguinho. Mas espero que você conquiste seu Gasparzinho. Opa, era outro o fantasma que te apetece, né? Pra mim, lençol branco flutuante é tudo igual. E meu fantasminha favorito continua sendo o Pluft. Alguém além de mim conhece a boa alma penada? Nota 2. Claro que isso não quer dizer que devemos nos punir ou martirizar para nos sentirmos felizes - Não, realmente não quer dizer. Nota 1. Joguei minha camisinha na rua os esperma vive - Você é bem nojento, não? É errado jogar qualquer coisa na rua, porque a rua é minha também, e não aturo sujeira no meu planeta. Jogue sua camisinha usada na cesta de lixo da sua casa (não no vaso sanitário). Os espermas não vivem mais de alguns segundos, independente de onde estejam. Mesmo que forem espermatozóides viris como os seus. Sei não, acho que você tá vendo muito filme de terror, desses “Eles Vivem!”. Se existir terror pornô, você tá com um futuro feito, leitor. Nota 1. Odeio o Ned Bigby e odeio aqueles computadores que ficam fazendo aquela letra que eu tento fazer - Não vou nem entrar no mérito de quem diabos é Ned Bigby, mas a inveja é uma m****, querido. Nota 1.
Ah, sei que não deveria dar destaque pra gente que fala muito e não diz nada, mas essa eu tenho que compartilhar com vocês. A Olga deixou um comentário loooongo, repetitivo e raivoso no meu post respondendo a outra leitora. Se quiserem, podem ler o comentário inteiro ali, que não vou reproduzi-lo. Ela se indignou porque eu não vi homofobia no comercial do Doritos. E ela parte daí pra dizer que leu vários posts meus e chegou à conclusão que sim, sem dúvida, eu sou um desserviço ao feminismo. Até aí tudo bem, já ouvi isso antes. Lógico que ela não oferece um só argumento em todos os posts meus que leu pra mostrar porque me achou machista. Assim é fácil, né? Por exemplo, observem esse trecho: “Dizer que é feminista, mas fazer uso de pensamentos e idéias machistas para justificar seus preconceitos (e olha que percebi vários) é difícil de aturar vindo de uma mulher que conhece apenas o senso-comum, mas quando isso vem de uma mulher que se diz feminista, isso realmente presta um desserviço ao feminismo e às mulheres verdadeiramente feministas”. Substitua a palavra feminista por, sei lá, astronauta. Ou comunista. Ou jujubas amarelas. Ou Hare Krishna. O pensamento da Olga é tão genérico, tão sem fundamentação, que dá pra colocar qualquer palavra lá, sem precisar explicar qualquer coisa. Tipo: “Dizer que é físico quântico, mas fazer uso de pensamentos e idéias anti-física quântica para justificar seus preconceitos (e olha que percebi vários) é difícil de aturar vindo de uma pessoa que conhece apenas o senso-comum, mas quando isso vem de uma pessoa que se diz físico quântico, isso realmente presta um desserviço à física quântica e às pessoas verdadeiramente físicas quânticas”. Mas a parte realmente divertida do comentário é essa: “A dona do blog [moi] [...] me passou a idéia de uma mulher heterossexual, branca e machista. Desculpe-me, mas suas escritas e comentários em vários posts que li por aqui parecem mais vindo [sic] daquelas velhas senhoras (no mau sentido claro) que nunca souberam o que é o movimento feminista e vivem para ensinar e perpetuar o machismo para seus filhos, sobrinhos, afilhados etc. Pelas suas escritas você me parece mais uma daquelas mulheres que compram 'brinquedinhos de cozinha' ou bonecas Barbies para suas filhas, sobrinhas, afilhadas etc e que compra bonecos musculosos e armados até os dentes para os garotos para que eles afirmem desde cedo a sua macheza”. Ok, agora é oficial: esta é a pior percepção sobre a minha pessoinha desde que, muitos anos atrás, um jornalista, enfurecido com minha crítica a Shrek, escreveu que eu provavelmente nem via os filmes que critico, e que eu devia ser uma velhinha de 80 anos que fica passeando e fazendo compras no shopping durante as sessões. Não sei se vocês conseguem visualizar uma pessoa que faça menos compras em shopping do que eu. Quer dizer, às vezes eu compro um calzone. Naquela época eu não tinha o blog, apenas uns dois anos de críticas publicadas num jornal, e seria querer demais que o carinha lesse meus outros textos pra deduzir que, ahn, eu não sou exatamente uma perua geriátrica. Hoje, no entanto, não é nem preciso fazer considerações filosóficas a meu respeito. Eu tô toda aqui no blog. Coloco à disposição meu nome real, fotos, diálogos com o maridão, todas as minhas críticas de cinema, alguns relatos do meu dia a dia, e um ou outro textinho que presta desserviço à física quântica, perdão, ao movimento feminista. Mas o comentário da Olga me levou a uma reflexão: quantos presentes eu já dei pra crianças na minha vida? É que não tenho filhos, sobrinhos ou afilhados. Eu lembro vagamente de ter dado um alfabeto com aquelas letras coloridas grandonas (quase fiquei pra mim!) pra alguém, mas não lembro nem quem nem quando. A criança com quem mais tive contato na vida, uma enorme paixão, foi (é) o filho de uma amada amiga minha. Eu ensinei pôquer pra ele quando ele tinha seis anos. Mais tarde, dei um estojinho com cartas e fichas pra ele. E encomendei com a minha mãe uma placa de cerâmica com o nome dele e algum motivo do jogo pra que ele pudesse colocar no seu quarto. Ficou divina (minha mãe ainda tá me devendo uma placa com os números de casa pra pendurar aqui na frente. Eu queria algo com números e gatinhos). Hoje em dia eu só mando (ele mora em outro estado) dinheiro no aniversário pra que ele possa torrar tudo em chocolate branco da Hershey's. Algumas crianças têm péssimo gosto, fazer o quê? Agora vou pegar minha bengala e me retirar pro quarto pra descansar, porque escrever isso cansou muito esta velha senhora.
Eu e maridão há 15 anos na Rua das Palmeiras, em Joinville
Acho que escrevi a maior parte dos tópicos abaixo no comentário de um post da Denise. Eles são incrivelmente repetitivos pra quem aparece aqui constantemente, mas pras recém-chegadas(os) podem ser um tiquinho útil. Parece até um índice do que já falei de mim aqui no bloguinho.
1-Estou sem tempo nenhum. Preciso escrever e defender a minha tese de doutorado em literatura em língua inglesa até junho, julho no máximo.
2-Nasci em Buenos Aires. Vim pro Brasil com menos de 4 anos. Morei no Rio 6 anos, em SP 16, e há 15 vivo em Joinville (e também Floripa). Ano passado voltei de um ano em Detroit – EUA, onde cursava doutorado-sanduíche. Somando tudo, deve dar a minha idade, 41 anos.
3-Não sei pra onde irei ou o que farei quando terminar o doutorado. Eu quero muito morar numa capital nordestina. Sendo professora de inglês, o único meio de ganhar um ótimo salário é virar professora universitária. Mas não sei se consigo. Nunca prestei concurso.
4-Na realidade, se eu pudesse não fazer mais nada além de escrever meu bloguinho, eu faria isso mesmo, nada. Estou adorando fazer o blog.
5-Sou colaboradora de um grande jornal catarinense, A Notícia, há onze anos. De 2000 até 2007, escrevi prum site também. Mas não havia comentários dos leitores. Com o blog, isso mudou.
6-Adoro escrever, escrevo desde que fui alfabetizada. Quando morava em SP, fui redatora publicitária durante uns sete anos. Gosto mais de escrever em português que em inglês. Minha tese está sendo escrita em inglês.
7-Estou junto com meu marido há 18 anos e meio. Ele é professor de xadrez, e nos conhecemos jogando xadrez, num torneio em SP. Estamos casados no papel há um ano e meio, mas essa data é insignificante pra gente. Comemoramos o dia em que nos conhecemos.
8-Adoro xadrez, e gostaria de jogar melhor. Já ganhei um pouquinho de dinheiro jogando e competi bastante. Pena que comecei tarde.
9-Meu gosto musical é mais ou menos restrito a Chico Buarque e Beatles.
10-Eu e o maridão não temos nem vamos ter filhos. Nunca fez parte dos nossos planos, e ainda bem que ambos concordamos.
11-Sou atéia. Já fui muito católica. Aos 13 anos queria ser freira. Minha fase religiosa durou um ano. Nos outros 41 anos da minha vida, não tive religião.
12-Sou feminista desde os 8 anos de idade. Assim, declaradamente feminista. Quando fui católica o feminismo interferiu. Eu pensava: por que Deus é Pai, Ele, Senhor, tudo no masculino? Esse negócio de Adão e Eva é pra ser entendido literalmente? Quer dizer que Adão foi criado à semelhança de Deus, e Eva veio depois, da sua costela, pra lhe fazer companhia? Hmmm.... E por que só os padres podem rezar missa? Afinal, só porque eu queria ser freira não queria dizer que eu não ia ter ambição. Se era pra ser freira, eu queria ser logo Papa. E mulher não pode ser papa, né?
13-Sou de esquerda, sempre fui. Com orgulho. Participei das Diretas Já quando era adolescente. Fiz campanha pro Lula (de graça) em 89. Vesti preto quando o Collor ganhou. Participei das passeatas pró-impeachment (foto).
14-Amo votar. Só comecei a votar em 98, quando finalmente me naturalizei brasileira.
15-A única vez que fiz campanha pra alguém não do PT foi em 1985 - pro FHC, pra prefeito de SP. É que naquela época não havia segundo turno, então era ele ou o Jânio Quadros. De qualquer modo, me arrependo. Foi também a única vez, coincidentemente, que recebi alguma coisa pra fazer campanha (lanche, camiseta).
16-Amo animais de paixão. Tenho dois gatos, Calvin e Blanche. Meu cãozinho Hamlet morreu em dezembro de 2007, de velhinho. Agora quero outro. Tem muita mulher que se derrete ao ver bebês. Comigo não funciona. Eu me derreto ao ver bichinhos.
17-Minha maior alegria nos EUA foi o relacionamento com os esquilos.
18-Sou pão-dura, digo,” economicamente responsável”, e anti-consumista. Difícil eu gastar. Sempre gastei menos que ganhei.
19-Roupa pra mim tem que ser confortável. Não uso salto. Não uso maquiagem. Mas uso alguns creminhos à noite, antes de dormir. Duvido da eficácia desses creminhos. Usá-los é a única concessão que faço a minha femininidade. Nunca na vida pintei as unhas. Não tenho orelha furada. Nunca usei jóia nenhuma, só relógio (bem simples). Tenho orgulho disso.
20-Na juventude fui muito namoradeira. Nunca tinha ficado com nenhum rapaz por mais de um mês, antes de conhecer o maridão.
21-Nunca tive o menor interesse físico por mulheres.
22-Sou totalmente a favor de direitos iguais pra gays, lésbicas, bissexuais, travestis, etc. Odeio todos os preconceitos.
23-E já me contradizendo: infelizmente, tenho um pouquinho de preconceito contra crentes e pessoas muito religiosas de modo geral. Tento lutar contra esse preconceito.
24-Meu lema é “viva e deixe viver”.
25-Detesto barulho. Meus vizinhos barulhentos que ouviam música alta, apesar de todos os protestos da rua inteira, foram o maior problema da minha vida durante vários anos. Fizemos abaixo-assinado, levamos à justiça, pedimos educadamente, brigamos. Não funcionou. Eles me ameaçaram de morte. Agora sossegaram.
26-Adoro Olimpíadas e Copa do Mundo. Só por isso, os anos pares costumam ser ainda melhores que os ímpares.
27-No resto do tempo não vejo futebol. Mas, em época de Copa, vejo tudo. Até Irã x Argélia.
28- Amo cinema e tento ir toda semana. Não é fácil. Nem quando morei nos EUA era fácil. Ainda assim, vi uns cem filmes no cinema durante meu ano americano.
29-Adoro ler. Tudo, até bula de remédio. E leio durante as refeições.
30-Chega! Já tá longo demais. E isso deve estar pra lá de redundante pra qualquer um(a) que lê o meu blog. Eu não escondo nada. Não tenho segredos. E adoro viver.
Agora é com vocês. Que tal escreverem algumas coisinhas sobre a sua vida? Não precisa ser trinta. Pode ser cinco, dez, o que vocês quiserem.
Eu nunca coloco aqui algo tão longo que peguei de outro lugar, mas esta entrevista está tão engraçada (se não fosse trágica) que não pude resistir. Vi ontem no blog do Luis Nassif. Ele pegou da Folha. É que, pouco tempo atrás, nosso ex-presidente FHC criticou os funcionários-fantasmas do Senado. E Mônica Bergamo foi atrás e, depois de muitas tentativas frustradas, conseguiu falar com uma. Logo a filha do FHC, Luciana Cardoso, que é secretária parlamentar. Meu comentário favorito entre os mais de cento e poucos no blog do Nassif é um que diz "Assim o Otavinho enfarta", referindo-se a Otavio Frias Filho, dono da Folha. Pois é, que chato um jornal que acabou de inventar que a ditadura militar brasileira foi uma "ditabranda" e que, como toda a grande mídia, está em campanha para a eleição do Serra em 2010, dar tanta munição ao inimigo. O inimigo parece ser a gente, o povo brasileiro. "O Senado é uma bagunça" - Mônica BergamoFuncionária do Senado para cuidar “dos arquivos” do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que prefere trabalhar em casa já que o Senado “é uma bagunça”. A coluna telefonou por três dias para o gabinete, mas não a encontrou. Na última tentativa, anteontem, a ligação foi transferida para a casa de Luciana, que ocupa o cargo de secretária parlamentar. Abaixo, um resumo da conversa:FOLHA - Quais são suas atribuições no Senado?LUCIANA CARDOSO - Eu cuido de umas coisas pessoais do senador. Coisas de campanha, organizar tudo para ele.FOLHA - Em 2006, você estava organizando os arquivos dele.LUCIANA - É, então, faz parte dessas coisas. Esse projeto não termina nunca. Enquanto uma pessoa dessa é política, é política. O arquivo é inacabável. É um serviço que eternamente continuará, a não ser que eu saia de lá.FOLHA - Recebeu horas extras em janeiro, durante o recesso?LUCIANA - Não sei te dizer se eu recebi em janeiro, se não recebi em janeiro. Normalmente, quando o gabinete recebe, eu recebo. Acho que o gabinete recebeu. Se o senador mandar, devolvo [o dinheiro]. Quem manda pra mim é o senador.FOLHA - E qual é o seu salário?LUCIANA - Salário de secretária parlamentar, amor! Descobre aí. Sou uma pessoa como todo mundo. Por acaso, sou filha do meu pai, não é? Talvez só tenha o sobrenome errado.FOLHA - Cumpre horário?LUCIANA - Trabalho mais em casa, na casa do senador. Como faço coisas particulares e aquele Senado é uma bagunça e o gabinete é mínimo, eu vou lá de vez em quando. Você já entrou no gabinete do senador? Cabe não, meu filho! É um trem mínimo e a bagunça, eterna. Trabalham lá milhões de pessoas. Mas se o senador ligar agora e falar “vem aqui”, eu vou lá.FOLHA - E o que ele te pediu nesta semana?LUCIANA - “Cê” não acha que eu vou te contar o que eu tô fazendo pro senador! Pensa bem, que eu não nasci ontem! Preste bem atenção: se eu estou te dizendo que são coisas particulares, que eu nem faço lá porque não é pra ficar na boca de todo mundo, eu vou te contar?
Minha figueira e minha Lagoa dos Patos em São Lourenço do Sul. A saga das minhas férias de 2003 continua. Leia as outras partes desta aventura: 1, 2, e 3.
NÓS, MARATONISTAS... Lá em São Lourenço do Sul, fomos ver uma figueira amiga minha. A figueira ficava um tiquinho longe da nossa pousada, coisa de 500 metros, se tanto, e decidimos ir andando. Pra quê? Em questão de minutos, o maridão já tava se apoiando em mim e quase desmaiando. Não posso dizer que ele tava de língua de fora porque ele não parava de reclamar: "Uf! É muito longe! Cadê o carro?". Era um contraste enorme com a camiseta que ele usava, uma preta sem mangas que tinha "Capoeira" escrito bem grande e "Mestre Bigodinho" embaixo (tem mais escrito. Num restaurante, vi um garçom tentar ler o resto da camiseta e balançar a cabeça como se dissesse: "Não dá pra acreditar!"). Andamos até nos depararmos com uma placa enferrujada que dizia: "Parabéns! Você completou 3.500 metros. Caminhar faz bem pra saúde". O maridão imediatamente se apoiou na placa e, arfando, resmungou: "3.500 metros! É por isso que eu tô exausto! E a gente ainda nem chegou na figueira". Eu: "Mestre Bigodinho, 3.500 metros é pro pessoal que começou a andar lá do outro lado da praia. Pra gente não deve ter sido nem 500".Ele: "Eu acredito no que tá escrito".Eu: "Certo, parabéns, Mestre. Você tá em ótima forma mesmo. Vai ficar se apoiando na placa por muito tempo ou a gente pode continuar?".Ele: "Estou esperando os fotógrafos chegarem pra registrar este momento histórico". Eu: "Momento histórico? Tá mais pra espetáculo degradante. Desgruda dessa placa!".Ele: "Nós, maratonistas, somos constantemente incompreendidos".Daí pra frente, ele iniciou todas as frases com "nós, maratonistas...". Finalmente, a figueira apareceu, e ela é linda, imensa, frondosa. Fiquei acariciando-a por um bom tempo, enquanto o maridão se recuperava – é um modo de dizer, a condição dele é irrecuperável. Voltamos à praia perto da pousada, e o maridão não parava de repetir: "7 mil! Eu andei 7 mil metros! E nem estou contando os quebrados!". De longe, os salva-vidas só observavam. E eu li o pensamento deles. Conto na próxima, juro. A DURA ROTINA DOS SALVA-VIDAS A Lagoa dos Patos que eu conheço, em São Lourenço do Sul, não tem ondas. Mas nem por isso deixa de ter bandeirinhas vermelhas na água, salva-vidas, esses detalhes que caracterizam qualquer balneário. Pois bem, quando o maridão se arrastou até uma figueira próxima, comigo a tiracolo, eu li o pensamento dos salva-vidas. Isso foi o que minha avançada mente mediúnica conseguiu captar: "Ih! Você tá vendo aquele velhinho caquético pendurado na placa que mede a quilometragem? Aquele um com a moça deslumbrante do lado? O que tá vestindo uma camiseta escrito 'capoeira' e 'Mestre Bigodinho'? Então, ele não agüenta andar 500 metros, mas aposto como vai querer entrar na água. E ainda por cima ele tem um barrigão! Como que a gente pode impedir que ele entre? Não dá pra simplesmente proibir. Seria inconstitucional. Opa! Eureka! Tive uma idéia!". Foi uma espécie de telepatia. Mas nos aproximamos de verdade dos salva-vidas e puxamos conversa. Nós: "E aí, como vão as coisas? Tranquilo?" Eles: "É, mais ou menos. A praia tá boa, mas a água tá cheia de coliformes fecais". Nós: "Sério?! Ué, parece tão limpa!". Eles: "É, mas não tá não. Já já vão colocar uma placa de 'impróprio para banho'. Mas o trecho na outra praia lá longe ainda tá bom". Nós: "Mas... Mas... Acho que a gente vai arriscar assim mesmo". Eles: "Não! Não! Ó, minha guria entrou aí ontem e passou o dia inteiro vomitando". Eu entendi a mensagem; o maridão, não. E, como você pode imaginar, o dono da pousada onde ficamos não gostou nada da estratégia dos salva-vidas. O que fizemos foi ir a um ponto mais distante, mais fora da guarda deles, e entramos na lagoa, que estava uma delícia, claro. É verdade que não havia muita gente. Porém, atribuo isso mais ao fato de ser um dia da semana do que da suposta sujeira da água. Mas o maridão não perdeu a chance: "Estou me lembrando da cena de 'Tubarão'. É como se o prefeito do filme dissesse: 'Entrem, podem entrar na água, aqui não tem coliformes fecais!'".