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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

EM TODAS

Teve um dia, na década de 80, que o Casseta e Planeta anunciou que uma produção nacional seria “o primeiro filme brasileiro sem o Wilson Grey” - porque, de fato, o Wilson tava em todas (ok, nenhum leitor jovem vai saber quem foi essa figura. Não importa. Hoje estou em algum lugar do passado). Agora eu quero saber: o Terence Stamp vai se tornar o Wilson Grey deles? Ele deu de estar em todos os filmes! E, pobrezinho, se é pra fazer o que fez em Procurado, não precisava...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A MELHOR MANEIRA DE CONTROLAR OS OUTROS? MATANDO-OS, UÉ

Procurado termina com o James McAvoy dizendo como é importante tomar controle sobre a própria vida e perguntando “O que você tem feito ultimamente?”. É um incentivo à violência. Cá entre nós, precisa matar gente pra ter controle sobre a sua vida? Essa é uma mensagem perigosa numa terra onde pessoas são fanáticas por armas, participam de guerras, e costumam cometer chacinas em escolas e lanchonetes. O público (negro) em Detroit, onde vi o filme, amou a fala, e só vibrou mais na cena em que o Morgan Freeman faz um discurso enorme e sóbrio e de repente joga a palavra “motherf***er” no meio. A platéia foi ao delírio, riu pra caramba, aplaudiu, adorou. E eu pensava: em que planeta estou?

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

CRÍTICA: PROCURADO / Humilhe sua chefa gorda. Ela merece

E a gordofobia continua a pleno vapor em Procurado. A chefe do James McAvoy na sua versão pré-herói é gorda, e fica claro que ela é gorda porque come demais. E é uma bully. Só na ficção gordas são chefes e bullies, porque, na vida real, há estudos que mostram que gordas são discriminadas nas contratações, e por isso ganham menos que magras. E além disso, gordas são muito, muito mais vítimas de agressões que agressoras. Essa deturpação da realidade lembra a bel hooks quando diz que, quase sempre que há um juiz nos filmes de Hollywood, ele é negro. Na vida real não existem muitos juízes negros, mas a ideologia é fingir que existem, pra criar uma ficção de que os EUA não são racistas. Pelo contrário, são a terra das oportunidades. Agora vamos brincar também que gordas são agressoras, não agredidas. O discurso do James contra a chefa é horrível. Ele diz que entende que a escola deve ter sido ruim pra ela, mas que isso não lhe dá razão para descontar em todo mundo. E que a vê comendo donuts escondida. E que sente mais pena que ódio dela. O que é isso, um manual da gordofobia? Ultimamente Hollywood vem pegando pesado com as gordas. De cabeça, lembro de Agente 86 e Wall-E. Procurado vem se juntar ao time do preconceito.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

CRÍTICA: PROCURADO / Procura-se filme que trate bem as mulheres

Angelina olha pro James com a mesma intensidade que o rapaz ao fundo observa um melão

Ahá! Como vi Procurado (Wanted) nos EUA e anotei tudo bonitinho, posso falar sobre ele bem hoje, no dia da estréia no Brasil (na minha cri-crítica ao trailer, eu havia feito comparações com Matrix). É uma aventura de ação que segue o lema “matar um para salvar mil”, que sempre foi a palavra de ordem dos americanos, já que há pessoas mais especiais que as outras. Pessoalmente, tenho pavor de organizações clandestinas que se acham acima do bem e do mal e não hesitam em abrir fogo no meio de um lugar cheio de gente. Essa gente mantem a ordem no mundo para que não acabe em caos? Pô, eu diria que, quando eles começam um bangue-bangue no meio de um mercado, eles estão é criando caos. Pobre da pessoa inocente que esteja entre dois assassinos profissionais quando eles decidem se matar mutuamente. Procurado é também sobre um belo rapaz (James McCavoy, de Desejo e Reparação) que é recrutado pela Angelina Jolie pra fazer parte de uma fraternidade de assassinos. Pior pra ele será escutar o Morgan Freeman falar que a tal fraternidade não mata; quem mata é o destino. Sei.

Quando o James é trazido pro galpão, quartel-general da organização, o Morgan diz: “Pensei que ele fosse mais alto”. Porque o James aparenta ser bem baixinho mesmo, mas o que isso importa? Ele é lindo. Às vezes fica com os lábios um tanto vermelhos e aparenta estar usando batom, mas também pouco importa. Ainda bem que na trama inventam um creme reparador que cura hematomas e cicatrizes em matéria de horas. O James pode ter sido torturado, espancado, esfaqueado (como parte do treinamento), mas tudo bem – é só ele ficar na banheira que na cena seguinte ele tem de novo a carinha linda que Deus lhe deu. Hollywood parece ter cremes assim em todos os filmes.

Li que a Angelina Jolie aceitou fazer Procurado porque achou que seria bacana uma coisa levinha, depois de papéis mais densos como os de O Preço da Coragem, Kung Fu Panda e Beowulf (não, sério, lendo essas entrevistas pra imprensa a gente pensa que a Angie só faz filme cabeça). Mas que ela achou várias falas suas em Procurado desnecessárias e as cortou. O resultado final é mil e um closes da Angie, sempre com cara de superioridade, e quase nenhum diálogo. Eu fiquei pensando em Cantando na Chuva o tempo todo. Quando o astro canastrão feito pelo Gene Kelly diz que não gosta de suas falas e pergunta ao diretor se pode substitui-las por algo melhor, o que vemos é ele declarando “I love you, I love you, I love you!”. A Angie substitui suas falas por caretas.

Não tem nada de love em Procurado não. A palavra mais escutada no filme é pussy. Significa covarde, mas é uma palavra ofensiva, dessas que destilam ódio às mulheres, porque pussy é também vagina. Quem quer chamar alguém de covarde em inglês pode usar coward e chicken (que eu acho ofensivo às galinhas, mas...). Usar pussy mostra bem o que o sujeito pensa das mulheres. O próprio narrador se considera um pussy, e passa o resto da história sendo xingado disso. A segunda palavra mais usada é pai. A aventura cheira a patriarcado. Tudo que sabemos sobre a mãe do James é que o marido a deixou quando o bebê tinha dois anos. Mas ouvimos montes de elogios ao pai – ele foi o maior assassino que já viveu, fazia uma orquestra sinfônica com uma arma, o escambau. O James encontra sentido na vida quando vê que precisa ser como seu pai. Há também várias frases como “Você é o cara” e “Agora você agiu como um homem”. Então vejamos, temos de um lado pussy como algo extremamente negativo, tudo que um homem com H precisa deixar de ser no mundo, e pai e homem como o que é desejável e bom. E considerando que todas as três mulheres do filme são mandonas e desleais, pussy parece mais negativo que de costume. Nesse sentido é muito parecido com Mandando Bala.

Procurado mexeu com meu lado feminista, mas se eu fosse o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), promovia atentados terroristas contra as salas passando esse filme. A história inclui colocar bombas em milhares de ratos e explodi-los. Parte do treinamento consiste em atirar nas asas das moscas. Olha, eu mato moscas. Mas sem arrancar-lhes as asas antes, que isso parece bem cruel. E se um rato entra em casa ou é trazido por um dos meus gatos querendo me agradar, eles (os ratos) são mortos, se o maridão conseguir pegá-los. Mas com o máximo de bondade possível. Fora isso, há montes de carcaças de porcos em Procurado. Há também cadáveres de pessoas, usados nos treinamentos de tiro ao alvo. Isso não é meio semelhante à necrofilia não? Vamos deixar os cadáveres em paz (por coincidência, o único cadáver atingido é o de uma mulher, o que reforça bem a mensagem do filme).

Tirando o caráter anti-mulher, anti-gordas, anti-animais e pró-armas de Procurado, as cenas de ação são 100% inverossímeis. Porém, mais ridiculamente incrível que carro andando de cabeça pra baixo, bala se chocando contra bala, homem voando de um prédio pro outro, e as dezenas de outras situações absolutamente impossíveis no filme, é quando o James digita no Google “Wesley Gibson” e não aparece nenhum resultado de busca. Olha, se você escrever “O calhorda do Wesley Gibson ama a Lolinha”, realmente não tem resultado (eu testei). Mas só Wesley Gibson? Tem mais de três milhões. E todo mundo sabe que qualquer busca no Google cai neste blog que vos fala.O James McAvoy é um só (intelizmente), mas, a julgar pela foto, tem uns quatro braços e três pernas.
Leia mais sobre Procurado aqui, aqui e aqui.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

CRI-CRÍTICA DE TRAILER: PROCURADO

Leia a crítica de Procurado aqui.
Não quero escrever muito sobre esta aventura, que estréia
em todo o mundo daqui a pouco, dia 27 de junho. Só uma palavrinha: Matrix. Vejamos. Rapaz ingênuo, inexperiente e gracinha é contatado por moça bonita, um tiquinho mais velha, que o leva pra conhecer seu novo mentor, um sábio homem negro. O treinamento pra se transformar num homem de verdade envolve realizar tarefas impossíveis, como lutar artes marciais em velocidade máxima (Matrix) ou atirar num alvo que está atrás de um pedaço de carne (Procurado). No problem, porque em ambos os filmes os projetos de herói vão aprender que a realidade não é como aparenta ser. Em Matrix, um menino explica como entorta uma colher com a mente, numa frase que particularmente adoro: “There is no spoon” (“Não há colher”), ao mesmo tempo em que o sábio mentor ensina a Neo truques com balas (como se desviar delas, pará-las, criar um escudo invisível etc). No trailer de Procurado, o sábio mentor explica ao lindo-porém-baixinho James McAvoy (Desejo e Reparação) que isso de balas andarem em linha reta é pura balela. Ele também o apresenta a uma escolha – permanecer comum, numa “existência miserável como carneiros” (enquanto a narração em off diz isso, a imagem copia até os escritórios compartimentados de Matrix!), ou ser um novo messias. Puxa, decisão difícil, esta. E cadê a pílula azul ou vermelha pra ele tomar? Deviam estar em falta quando fizeram o trailer de Procurado, então a opção da vez é entre ser carneiro e lobo. A fraternidade de Procurado é secreta, altamente organizada, fãzona de armas pesadas, e adepta de treinar em cenários pouco luxuosos - igualzinha à de Matrix. Quando a Angelina Jolie, com roupa de couro, se deita pra passar num túnel, ela remete imediatamente ao Keanu Reeves. Tem também o carinha entrando por um vidro, como na cena do helicóptero em Matrix. E note como ele atira com dois revólveres, cruzando os braços. Já vimos isso antes onde mesmo?

A grande diferença era que Matrix sabia do que estava falando. Por exemplo, lá já diziam que o déjà-vu podia ser uma indicação de que algo ruim estava por vir. Nota 2 pro trailer-plágio.

(O cartaz de Wanted com a Angelina eu peguei no Photoshop Disasters, que aponta como o braço da atriz está totalmente desproporcional, fora o polegar deformado. Clique na foto para ampliá-la).