Homens falam grosserias pra mulher na rua. Marido diz: "Se as mulheres na rua dissessem que eu sou atraente, ficaria radiante".
Toda vez que falo contra grosserias na rua vem leitor dizer que deveríamos ficar felizes por estarmos sendo elogiadas... desde os dez, onze anos. Ou que não é nada de mais, e que eles adorariam se mulheres fizessem o mesmo com eles. Ou leitores que confundem falar grosserias na rua com paquerar, como se eu, feminista, quisesse acabar com todas as formas de relacionamento entre homens e mulheres na face da Terra.
Esta reação vem de um sentimento que em inglês se chama entitlement. Não há uma tradução exata, mas seria algo próximo de merecimento, algo que anda junto com o privilégio. Homens sentem-se meredores de fazer uma série de coisas. É bem o sentido de “eu posso; você, mulher, não”. Então homem pode e deve ter muitas parceiras sexuais, enquanto que pra mulher é preferível casar virgem. Homem pode trair se enjoar da esposa, mas ai se a recíproca for verdadeira. Homem pode sair com os amigos, mas pega mal pruma mulher largar a família pra ir ao cinema. E o homem pode, merece até, mexer com todas as mocinhas que ele julgar apetitosas, desde que elas estejam desacompanhadas. Não importa se a mocinha estiver com cara de poucos amigos, ou que ela esteja num dia ruim, ou que ela não esteja interessada, ou que ela, naquele momento, só queira locomover-se de um lugar a outro. Não é o desejo dela que será levado em consideração; é o dele. E ele pode fazer tudo aquilo por apenas um motivo — ele é homem. A sociedade realmente dá esse direito a seres humanos com pênis.
Pra muitos homens, dizer grosserias na rua não é só um direito, como também um dever. É um exercício da sua masculinidade. Serve pra mostrar que, mesmo num mundo com tantas mudanças, em que as mulheres trabalham fora e já ultrapassaram o “sexo forte” em matéria de educação formal, ainda são eles que mandam. Só quem está numa situação de poder pode julgar, e uma grosseria na rua é uma forma de julgamento. Os linguistas dizem que um dos maiores indicadores de poder é quem começa uma interação verbal. Com uma grosseria, a interação está iniciada. Este assédio é também um método eficaz de terrorismo sexual, pra lembrar que a qualquer momento esse “inocente” grito de “Vou te chupar todinha” pode se transformar numa passada de mão. E a passada de mão vira um outro aviso de que quem pode tocar num corpo alheio sem permissão também pode fazer outras coisas.
Eu me lembro da Marcha das Vadias de Fortaleza, em junho. Pra chegar até uma das entradas da faculdade, onde era a concentração pra marcha, era preciso passar por uma rua. Só que um lado da rua estava tomado por homens descansando, sentados e deitados na calçada. Toda mulher que ia naquela direção (com qualquer roupa) atravessava a rua para não ter que passar por eles. Claro que mesmo do outro lado da rua eles gritavam suas gracinhas. Mesmo num evento feminista que reivindicava o direito da mulher sobre seu próprio corpo, aqueles rapazes mostraram que a rua era deles. Mas por que a rua seria mais deles do que de uma mulher? A rua é um espaço público, não tem dono. Dizer que mulheres não podem ocupar esse espaço é um ato político de longa data. Equivale a dizer que o espaço da mulher é apenas o doméstico. Esta é uma das formas de controle que continuam sendo utilizadas para manter as mulheres no seu lugar. Logo, quando um homem, sozinho ou em grupo, diz grosserias pra uma mulher na rua, ele está reforçando essa mensagem. Está dizendo que, se ela não estivesse lá na rua — onde não é o seu lugar — sozinha, vulnerável, “à disposição” (sabemos que toda mulher sozinha está disponível), ela não seria abordada. O homem é um patrulhador à paisana!
Esse ritual de dominação encontra apoio de todos os setores. Faz uns três anos, uma turista israelense em férias na Nova Zelândia (país de primeiro mundo) estava tentando tirar dinheiro de um caixa automático. Depois de se indignar com as incessantes grosserias que teve de ouvir enquanto fazia aquilo, ela se despiu. Os caras ficaram calados, embasbacados. Ela se vestiu e foi embora. Mas qual não foi sua surpresa quando foi levada a uma delegacia de polícia e repreendida pelo que fez? É, uns carinhas gritarem insultos é okay, tolerado, até incentivado. Mas uma mulher responder? Aí não, aí não pode.
O que o sujeito que fala grosserias quer dizer no fundo é que não importa se a mulher tem uma carreira de sucesso, ou é uma ótima mãe, ou é uma excelente aluna na escola ou na faculdade, ou faz mil e uma coisas que nada tem a ver com sua aparência física — o ponto final é que ele, homem, tem direito de escrutinar e julgar o corpo dela e lembrá-la sempre da sua função principal no mundo, que é excitá-lo. Pros homens que acham que isso não é motivo pra se abater, recomendo um vídeo que uma doutoranda brasileira vivendo na Argentina me enviou. Nele, um jovem é assediado por várias mulheres bonitas, que lhe dizem, uma a uma: “Olá, lindo. / Te caiu um papel. O que te envolve, bombom. / Acredita em amor à primeira vista? Porque senão, amanhã volto de novo. / Ah, com essa bundinha te convido a cagar lá em casa! / Te agarraria todo! / Como eu gostaria de te...biiip! Te biip toda a noite biip. Meu amor!”
Em seguida, uma legenda aparece dizendo: “PARE! Imagine isso todos os dias desde que você tinha onze anos. Agora, pense que não todas são mulheres bonitas ou da sua idade. São senhoras adultas, crianças e até avós. Agora acrescente que não vivemos numa sociedade machista desde sempre, e sim femista. Acrescente que você não podia votar, que não era uma pessoa, mas uma coisa. Que você não podia trabalhar, que só prestava para limpar a casa e tomar conta dos filhos. E que sua mulher pudesse usar e abusar de você. Que ela podia te bater e te maltratar, e que você merecia isso por ser homem”. Finalmente, concluída a fantasia, uma mensagem fala direto ao espectador: “Não aguarde que a assediada seja a sua irmã, sua mãe, sua namorada, sua amiga. RESPEITE! Deixa andar pela rua em paz.”
Eu passei o vídeo adiante no Twitter e algumas leitoras o criticaram por todas as mulheres que dizem grosserias serem lindas e jovens. Mas este é o ponto. É mostrar o desconforto da pessoa assediada mesmo que quem assedia seja atraente. No início do vídeo as gracinhas são bastante educadas e divertidas. O garoto estranha, mas até sorri. Só que elas vão ficando cada vez mais pesadas, e seu sorriso desaparece. Quando uma moça o persegue pela rua, gritando grosserias atrás dele, ele está visivelmente amedrontado. Como se não bastasse o desgosto com a situação, coloque aí todo um contexto de uma sociedade que agride, oprime e desvaloriza o homem. Seria bonito?
Não, não seria. Portanto, faça o favor de parar de agir como se tivesse o direito de ser um ogro.
Esta reação vem de um sentimento que em inglês se chama entitlement. Não há uma tradução exata, mas seria algo próximo de merecimento, algo que anda junto com o privilégio. Homens sentem-se meredores de fazer uma série de coisas. É bem o sentido de “eu posso; você, mulher, não”. Então homem pode e deve ter muitas parceiras sexuais, enquanto que pra mulher é preferível casar virgem. Homem pode trair se enjoar da esposa, mas ai se a recíproca for verdadeira. Homem pode sair com os amigos, mas pega mal pruma mulher largar a família pra ir ao cinema. E o homem pode, merece até, mexer com todas as mocinhas que ele julgar apetitosas, desde que elas estejam desacompanhadas. Não importa se a mocinha estiver com cara de poucos amigos, ou que ela esteja num dia ruim, ou que ela não esteja interessada, ou que ela, naquele momento, só queira locomover-se de um lugar a outro. Não é o desejo dela que será levado em consideração; é o dele. E ele pode fazer tudo aquilo por apenas um motivo — ele é homem. A sociedade realmente dá esse direito a seres humanos com pênis.
Pra muitos homens, dizer grosserias na rua não é só um direito, como também um dever. É um exercício da sua masculinidade. Serve pra mostrar que, mesmo num mundo com tantas mudanças, em que as mulheres trabalham fora e já ultrapassaram o “sexo forte” em matéria de educação formal, ainda são eles que mandam. Só quem está numa situação de poder pode julgar, e uma grosseria na rua é uma forma de julgamento. Os linguistas dizem que um dos maiores indicadores de poder é quem começa uma interação verbal. Com uma grosseria, a interação está iniciada. Este assédio é também um método eficaz de terrorismo sexual, pra lembrar que a qualquer momento esse “inocente” grito de “Vou te chupar todinha” pode se transformar numa passada de mão. E a passada de mão vira um outro aviso de que quem pode tocar num corpo alheio sem permissão também pode fazer outras coisas.
Eu me lembro da Marcha das Vadias de Fortaleza, em junho. Pra chegar até uma das entradas da faculdade, onde era a concentração pra marcha, era preciso passar por uma rua. Só que um lado da rua estava tomado por homens descansando, sentados e deitados na calçada. Toda mulher que ia naquela direção (com qualquer roupa) atravessava a rua para não ter que passar por eles. Claro que mesmo do outro lado da rua eles gritavam suas gracinhas. Mesmo num evento feminista que reivindicava o direito da mulher sobre seu próprio corpo, aqueles rapazes mostraram que a rua era deles. Mas por que a rua seria mais deles do que de uma mulher? A rua é um espaço público, não tem dono. Dizer que mulheres não podem ocupar esse espaço é um ato político de longa data. Equivale a dizer que o espaço da mulher é apenas o doméstico. Esta é uma das formas de controle que continuam sendo utilizadas para manter as mulheres no seu lugar. Logo, quando um homem, sozinho ou em grupo, diz grosserias pra uma mulher na rua, ele está reforçando essa mensagem. Está dizendo que, se ela não estivesse lá na rua — onde não é o seu lugar — sozinha, vulnerável, “à disposição” (sabemos que toda mulher sozinha está disponível), ela não seria abordada. O homem é um patrulhador à paisana!
Esse ritual de dominação encontra apoio de todos os setores. Faz uns três anos, uma turista israelense em férias na Nova Zelândia (país de primeiro mundo) estava tentando tirar dinheiro de um caixa automático. Depois de se indignar com as incessantes grosserias que teve de ouvir enquanto fazia aquilo, ela se despiu. Os caras ficaram calados, embasbacados. Ela se vestiu e foi embora. Mas qual não foi sua surpresa quando foi levada a uma delegacia de polícia e repreendida pelo que fez? É, uns carinhas gritarem insultos é okay, tolerado, até incentivado. Mas uma mulher responder? Aí não, aí não pode.
O que o sujeito que fala grosserias quer dizer no fundo é que não importa se a mulher tem uma carreira de sucesso, ou é uma ótima mãe, ou é uma excelente aluna na escola ou na faculdade, ou faz mil e uma coisas que nada tem a ver com sua aparência física — o ponto final é que ele, homem, tem direito de escrutinar e julgar o corpo dela e lembrá-la sempre da sua função principal no mundo, que é excitá-lo. Pros homens que acham que isso não é motivo pra se abater, recomendo um vídeo que uma doutoranda brasileira vivendo na Argentina me enviou. Nele, um jovem é assediado por várias mulheres bonitas, que lhe dizem, uma a uma: “Olá, lindo. / Te caiu um papel. O que te envolve, bombom. / Acredita em amor à primeira vista? Porque senão, amanhã volto de novo. / Ah, com essa bundinha te convido a cagar lá em casa! / Te agarraria todo! / Como eu gostaria de te...biiip! Te biip toda a noite biip. Meu amor!”
Em seguida, uma legenda aparece dizendo: “PARE! Imagine isso todos os dias desde que você tinha onze anos. Agora, pense que não todas são mulheres bonitas ou da sua idade. São senhoras adultas, crianças e até avós. Agora acrescente que não vivemos numa sociedade machista desde sempre, e sim femista. Acrescente que você não podia votar, que não era uma pessoa, mas uma coisa. Que você não podia trabalhar, que só prestava para limpar a casa e tomar conta dos filhos. E que sua mulher pudesse usar e abusar de você. Que ela podia te bater e te maltratar, e que você merecia isso por ser homem”. Finalmente, concluída a fantasia, uma mensagem fala direto ao espectador: “Não aguarde que a assediada seja a sua irmã, sua mãe, sua namorada, sua amiga. RESPEITE! Deixa andar pela rua em paz.”
Eu passei o vídeo adiante no Twitter e algumas leitoras o criticaram por todas as mulheres que dizem grosserias serem lindas e jovens. Mas este é o ponto. É mostrar o desconforto da pessoa assediada mesmo que quem assedia seja atraente. No início do vídeo as gracinhas são bastante educadas e divertidas. O garoto estranha, mas até sorri. Só que elas vão ficando cada vez mais pesadas, e seu sorriso desaparece. Quando uma moça o persegue pela rua, gritando grosserias atrás dele, ele está visivelmente amedrontado. Como se não bastasse o desgosto com a situação, coloque aí todo um contexto de uma sociedade que agride, oprime e desvaloriza o homem. Seria bonito?
Não, não seria. Portanto, faça o favor de parar de agir como se tivesse o direito de ser um ogro.
Lola, vale a pena citar um evento que presenciei ontem:
ResponderExcluirAdolescentes de uma região aqui de Belo Horizonte fizeram uma manifestação contra a violência sexual de crianças e adolescentes em frente ao campus da UFMG.
Eu achei a iniciativa muito legal, pois tinha cartazes de distribuição de panfletos feitos pelos próprios adolescentes (meninas E meninos).
Eu estava no ponto de ônibus e fiquei observando enquanto os adolescentes entregavam os panfletos pro pessoal no carro. Foi aí que uma menina de uns 15 anos foi entregar o panfleto num carro que estava cheio de homens (todos na faixa dos 20 anos). Eles começaram a gritar coisas obscenas pra menina e quando ela se afastou, continuaram a gritar de longe e buzinar.
Isso tudo num protesto contra violência sexual. Eu fiquei chocada, mas a maioria das pessoas na rua achou "engraçadinho" e até começou a rir. Outras começaram a dizer que a menina "pediu" pois estava com uma blusa costumizada que mostrava o ombro.
Precisa dizer mais? Alguém aí leva isso a sério?
Só de ler esse texto eu sinto tanto ódio, tanta raiva. Desde os meus 10 anos eu não sei o que é andar na rua em paz. Por que tanta grosseria? Por que eu não posso simplesmente viver minha vida sem esses nojentos me incomodarem? Por que eu não posso vestir a roupa que eu quero sem me agredirem, me humilharem. Cansei, agora é guerra.
ResponderExcluirEu agora xingo, mostro o dedo do meio, não deixo passar mais. Eles vão saber que eu não gosto disso, e que eu vou me defender. Eu não sou uma boneca inflável andando na rua. E talvez se cada mulher se defender (na medida do possível e seguro, óbvio) isso comece a ser mais raro.
E esses nojentos se surpreendem quando eu reajo. Ficam sem saber o que fazer, onde enfiar a cara. Simplesmente não esperam reação. Eles não queriam saber se eu gosto, se eu não gosto, so queriam mostrar seu poder de machão.
E vc não sabe como eu me sinto livre quando eu reajo. Pra mim é uma atitude política.
Perfeito Lola! Quando eu tinha 12 anos, ouvi na rua uma frase que marcou muito,a frase foi: "sua gostosinha, queria chupar esse peitinho"... e acabou fazendo com que eu mudasse meu modo de me vestir, comecei a me esconder, nunca me achava bonita, e tinha medo de passar por homens.
ResponderExcluirHoje moro numa cidade relativamente pequena, muita gente se conhece, e por isso quase não ouço bobagens na rua.
Mas acredito que todas nós já passamos por situações parecidas que trouxeram grande desconforto e medo.
Angélica
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirahh esqueci de dizer que quando eu era pequena, ouvia muito os homens da minha família dizer que: Mulher séria não responde.
ResponderExcluirEstava alí escancarado o legado pré histórico da demarcação do território masculino, inferiorizando e calando as mulheres.
Lola,
ResponderExcluirEssas grosserias ouvidas na rua marcaram muito a minha infância também, e depois continuou evidentemente, mas na infância é uma desgraça, como a Escarlate, dá raiva só de ler. Eu era uma criança franzininha, tímida e nada parava os caras, ainda tinha aqueles que não contentes em falar mostravam o pinto. Eu morava num bairro bem classe baixa, mas não sei se tem alguma coisa a ver...acho que sim. Os homens não têm ideia do que é passar por isso, do que é ter medo das grosserias virarem ação, por isso chamam de frescura. E é por isso que eu também não consigo entender essa história de algumas mulheres reclamarem de se tornarem invisíveis, a primeira vez que li sobre isso foi aqui. Tenho 46 anos e hoje, de fato, ouço menos grosserias e menos olhares também. Não faz a menor falta, me sinto bem do mesmo jeito. Talvez, como você também disse num post, por ter um companheiro que eu sei que gosta de mim do jeito que eu sou.
Lembrei de uma história da minha tia, ela contou morrendo de rir, mas...ela é bem magrinha, ágil, então, vista de costas parece uma mocinha, estava andando nas ruas e uns caras seguiram dizendo asneiras, quando passaram na frente dela gritaram 'ih, é velha'. Do jeito que ela conta parece que até se sentiu vingada em decepcionar aqueles imbecis.
Enfim, um bom dia para tod@as. Não gosto muito de comentar, mas venho aqui todos os dias e acho que seu blog é de utilidade pública. Fazendo coro a outras aqui.
Eu realmente entendo que a maioria das mulheres não reaja.
ResponderExcluirAlém do que já comentaram, sobre um condicionamento a "achar normal", ignorar e seguir em frente, ainda tem a questão muito óbvia do medo de uma retaliação física mesmo.
Tá cheio de gente doida por aí, e vai saber como o sujeito pode reagir, né?
Mas como a Escarlate comentou, é uma atitude política. É dizer um "não".
A maioria dos ogros que age assim considera uma atitude normal e não faz idéia (falta de empatia) do peso que tem e do impacto que causa. Eles não vão perceber que existe algo de errado até que isso seja esfregado na cara deles ("não seu palhaço, mexer comigo na rua NÃO É LEGAL!"), e uma reação pode ser o que vai causar isso.
Embora exista o risco, creio que não é tão grande assim a chance de acontecer. Muita gente já comentou que a reação mais padrão é surpresa/desconcerto por parte dos caras.
As mulheres devem ser ensinadas e encorajadas a responder de qualquer forma, mostrar que existe uma reação mesmo.
Se houver uma organização nesse sentido, que inspire mais e mais mulheres a agir assim, a coisa pode começar a mudar.
(sim, eu sei que num mundo ideal a iniciativa deveria partir dos homens. Mas não vivemos num mundo ideal e cada pequena atitude dos dois lados é válida.)
É nojento, lamentável e muitas vezes assustador os comentários.
ResponderExcluirTem homem que acha que tá exercendo sua função, ao dizer coisas desrespeitosas a uma mulher que passa...e pior: se ela tiver com roupas mais "chamativas" ai que acha MESMO que pode falar o que quiser.
E dai, tem quem vá partir de um comentário, para uma passada de mão, abuso sexual...
Pelo menos 2 conhecidas minha já passaram pela situação de estarem andando na rua e algum cara de moto/carro passar a mão (sabe? quando ta parada para atravessar a rua ou coisa assim) e elas fizerem o que? Nada, porque eles passaram a mão, fizeram o comentário e foram embora.
E há quem fale "mas é só uma brincadeira" ou "é um elogio" e nem imagina como quem recebe os comentários se sente.
Lola, achei o link do vídeo com a edição original:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=MFBYZ0H6vBY&feature=related
Convenhamos que a versão que você compartilhou, editada, com a mensagem no final, ficou muito melhor...
Tive uma experiência bem diferente, que pra mim valeu a pena por me ajudar a desnaturalizar comportamentos e culturas, morei fora do Brasil. Em Portugal especificamente, não quero defender que Portugal ou a Europa sejam "o exemplo!" em nada.
ResponderExcluirMas algo que me chamou atenção foi NUNCA, em um ano, ver um comportamento desses, de "gracinhas" (que não tem graça nenhuma) e grosserias dirigidas a mulheres. Aliás nem a tradicional viradinha de cabeça pra analisar a mulher existe.
Eu tinha um comportamento aqui no Brasil, que acho que é mto comum, mas a gente não percebe devido a terrível naturalidade dele pra nós mulheres: passar rápido na rua quando tem um grupinho de homens, num bar ou coisa assim... pq invariavelmente lá vem as agressões verbais, pelo menos eu me sinto agredida. Agredida como mulher, e até como ser humano, pois meu SIMPLES DIREITO de ir e vir não é respeitado, como se eu fosse uma "quase-pessoa".
Viver num lugar onde vc pode andar, sem ter que acelerar o passo, virar o rosto ou fazer cara feia; ou ainda ir a algum lugar, um barzinho por exemplo, sozinha sem te assediarem por achar que vc ta caçando homem foi uma bela experiência. Se antes eu já me indignava muito de ser tratada feito uma coisa, agora acho intolerável e é uma coisa que sempre comento com meus amigos, é preciso mudar pois não quero ter que atravessar o Atlântico para ser gente.
valew Lola!
Quase perfeito! mas tem uma frase incorreta:
ResponderExcluir"A sociedade realmente dá esse direito a seres humanos com pênis."
Não. Existem seres humanos com pênis - homossexuais - que não tem esse direito.Muito pelo contrário. Se acontecer de um gay falar algo para outro homem na rua, vai "merecer" apanhar. Aliás, muitos justificam a violência contra os homossexuais dizendo: "eles tentaram cantar a gente"!
No mais, quanto tempo ainda vamos ter que mostrar que não, não gostamos de cantada no meio da rua, nem a mais inocente.
se tem uma coisa q me irrita profundamente desde sempre são essas cantadas machistas. me tira do sério! eu "brinco com o perigo" e costumo responder a todas as cantadas idiotas com uma grosseria sem tamanho, mas eu sei q nem todo mundo é assim.
ResponderExcluirmas acho q o q me irrita mais é a reação q geralmente os homens têm qd levam uma resposta, seja grosseira, seja sóbria porém cortante: eles partem pra agressão verbal imediatamente em quase todos os casos! dá pra perceber q é quase irracional, q está enraizado profundamente na cultura masculina.
msm qd um homem chega numa menina de boa numa balada, respeitosamente e talz, eles geralmente nunca, nunca admitem q ela não tá a fim de ficar com ele. geralmente insistem e ficam perguntando o porquê. e se eles descobrem q a menina não tem namorado, eles entendem mt menos pq ela, então, não ficaria com ele. sério, é irritante a ideia de q mulher desacompanhada está disponível. e quase invariavelmente o papo termina com uma discussão repleta de agressões verbais. pq os homens não sabem perder? se ele chega e ela o dispensa, pq ela tem que ganhar xingamentos? desnecessário.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEntão gente, cada mulher tem que saber o que é melhor pra ela. Mas sabe o que eu faço hj em dia? Eu passo bem rente aos grupos de caras fazendo gracinhas na rua. E aproveito pra olhar na cara deles, com cara feia mesmo. E sabe o que aconteceu? Nada. Eles não tem coragem de falar nada, quando muito sussurram bem baixinho mesmo.
ResponderExcluirSó vi caras me xingarem quando já estavam longe, dentro de carro/caminhão, quase fugindo. É só assim que eles conseguem atacar, quando estão seguros.
E eu continuo saindo de saia curta, decote, meia arrastão. Continuo batendo de frente e estou indo muito bem.
Cada uma vai saber qual o momento seguro de fazer isso. Mas como não xingar um cara que está dentro de um carro? Então eu digo pra reagir, sim. Não pq o cara vai mudar, mas vc vai mudar. Vc vai entender ainda melhor pq a CULPA NÃO É SUA. Vc vai perceber como eles são covardes, comosão escrotos, nojentos mesmo. E vai se sentir forte, e cada dia mais livre.
Lembro-me de uma vez que senti muito medo!Aliás, duas:
ResponderExcluirUma, eu estava voltando da escola, tinha uns 16 anos, e havia um grupo de garotos, nessa mesma faixa de idade, mas haviam muitos, un 10. Eu os vi e pensei em ir pro outro lado da calçada, maqs achei que seria um enorme desaforo eu fazer isso, por isso continuei do lado que eles estavam, pois cm vc disse, eles não são donos da rua. Mas ao verem a minha "audácia", sabe o que eles fizeram? Uma rodinha!Me rodearam e se aproximaram de mim, com uma cara feita pra meter medo!E eu,claro,fiquei com muito medo,gelei! E quando eles viram que eu estava com medo, deram um sorrisinho irônico uns pros outros, e deixaram eu passar!
Uma outra vez, eu estava voltando da igreja, e um cara começou a anadar atrás de mim, dizendo grosserias. Eu comecei a aapertar o passo e nessa, virei o pé e torci! sabe o que ele fez? Deu risada! E ainda disse "Ainda bem que vc não caiu, pq se não,já era!". E eu,com o pé luxado, comecei a praticamante correr, e ele atrás de mim, falando bobagens "Quase, hein,loirinha!" e me assediando.
fora de tópico:
ResponderExcluirjá estão desvirtuando a campanha contra o cãncer de mama no FB, falando para as mulheres colocarem fotos com seios a vista no perfil.
criatividade para o imprestável, todo mundo tem!
Nossa, que horror essas histórias! Como pode haver tantos homens cruéis e completamente sem escrúpulos? E depois perguntam pq mulheres são "paranoicas" com estupro. Não, não tem motivo nenhum pra isso ¬¬
ResponderExcluirEu nunca passei por esse tipo de situação, acho q pq sou muito alta (1,76) e isso intimida a maioria. Interessante que nunca me assediam quando eu to com meu namorado. Nem olhar pra mim eles olham. São covardes mesmo, só querem agredir, botar medo, pra ver se sentem mais machinhos.
Eu tenho ódio profundo disso.E hoje em dia eu simplesmente cansei e na maioria das vezes eu xingo de volta.às vezes acho absolutamente irracional fazer isso, pq babaca do jeito que é, pode querer me bater ainda.Mas me dá um ódio tão grande, que na hora eu nem penso. Até hj, todos eles sempre fugiram, andaram mais rápido, fingiram que não é com eles....ódio disso! E pior é eles ainda falaram, ah, tem meninas com umas roupas....é direito meu usar as roupas do jeito que eu quiser!E eu não ando na rua necessariamente com o tipo de roupa que eles acham "condenável" e escuto mesmo assim!Não passa de balela esse tipo de justificativa.Eu grito, xingo e alto, tipo num raio de sem metros a galera vai me ouvir xingando.E vai mesmo. F*da-se!
ResponderExcluirPrimeiro, devo dizer que mulheres também fazem isso. Eu já vi um par de vezes. Na verdade, sempre são garotas, adolescentes, começando a demonstrar sexualidade, totalmente descabeçadas e sem noção de que é um comportamento feio, sem classe. Gritam todo tipo de baixaria, como os homens. Avaliam, mesmo.
ResponderExcluirE claro, homem ou mulher, isso é comportamento de boçal. O pior é quando acontece com CRIANÇAS. Já vi menininhas de oito, nove anos sendo "cantadas", tendo seus corpinhos avaliados. Fico indignada, elas constrangidas. Eu mesma, já passei por isso desde muito nova. E o que eu ouvia das coleguinhas? nenhuma de nós sabia se devia ou não gostar. Eu odiava, ficava constrangida, mas as meninas falavam que se ninguém comentava nada quando vc passava, é pq vc é feia. Isso aos 12 anos.
aliás, deixa eu contar uma história que eu acho q cabe bem aki.
ResponderExcluirqd eu era criança, morava num lugar de difícil acesso msm na zona sul do rio, pq era uma rua sem saída no alto de uma ladeira [não, não era uma favela]. pela dificuldade de transporte e pela idade, eu sempre ia de condução pro colégio. dae eu cresci e qd eu tinha 13 anos eu passei a ir de ônibus, como quase todas as minhas amigas. um dia eu entrei no ônibus [qd a roleta ainda era atrás] e um menino me cantou. eu simplesmente ignorei, peguei meu troco e me sentei. alguns pontos antes do colégio, eu tomei um tapa na cabeça e qd vi, ela o menino, q disse: "da próxima vez q eu falar com vc, vc me dá atenção, valeu?". eu fiquei muito chocada e totalmente sem reação na hora.
não lembro se cheguei a comentar com a minha mãe esse primeiro episódio. o fato foi q eu o encontrei de novo no ônibus uns dias depois. ele tornou a mexer comigo e eu tornei a ignorar. dessa vez, ele saiu do ônibus e, pela janela, puxou meu cabelo e memandando prestar atenção nele de novo.
eu passei a encontrá-lo com freqüência e ele sempre mexia comigo, apesar de não ter me agredido mais. pra piorar, ele estava sempre com um menino q aparentemente me conhecia e em várias oportunidades ele me chamou pelo nome ou dizia "eu sei aonde vc mora!".
a situação foi tão tensa pra mim q eu voltei a ir pra escola de van. pra mim, as coisas estavam resolvidas aí, até um dia em q eu estava andando dentro do meu colégio e uma mão me agarrou. era ele. ele disse "oi, lembra de mim? agora eu sei onde vc estuda tb". ele não estudava lá, mas acho q conhecia uns meninos q sim e estava do lado de fora com eles qd caiu uma chuva repentina e toda a garotada entrou correndo no colégio e, nessa, os seguranças da escola não conseguiram controlar quem era aluno ou não. meu colégio não era desconhecido e sabendo o ônibus q eu tomava e vendo o meu uniforme escolar, não seria difícil descobrir onde eu estudava, mas ele ali, dentro do meu colégio q eu amava, minha segunda casa, onde eu estudei a vida toda, me deu uma sensação de insegurança tão grande q eu fiquei apavorada.
eu me desvencilhei dele e fui pra secretaria do colégio chorando mt, onde ligaram pra minha mãe e ela foi me buscar. eu não me lembro bem, mas minha mãe estava planejando ir na delegacia prestar queixa. mas aconteceu de passarmos um mês fora durante as férias de julho viajando. qd eu voltei, soube pelo meu jornaleiro [com quem minha mãe havia comentado o caso e q então havia nos informado q ele era de um morro perto e q tava envolvido com o tráfico] q ele havia sido "executado" em plena praia de ipanema e q tinha até dado nos jornais.
eu nunca desejei a morte de alguém, só a dele. e qd eu ouvi essa notícia, fiquei muito aliviada e... muito feliz. é horrendo, mas eu fiquei feliz. ao menos os meus problemas haviam terminado. essa história me marcou bastante, mas felizmente não me traumatizou - a ponto de eu não me lembrar de imediato dela com esse post.
por isso eu acho engraçado esse povo q acha frescura a gente temer por uma reação física. pq uma coisa é uma cantada de alguém q vc nunca viu na vida por uma rua q vc não costuma passar. outra é de uma pessoa q freqüenta os mesmos lugares q vc freqüenta. e pra quem pensa q isso só aconteceu pq o menino era um pivetinho e só pivetinho faz isso... bom, nenhum assassino nasce assassino, né? ele só se torna um quando mata. e tem sempre uma primeira vez...
O texto é perfeito, mostra claramente o que acontece. Eu sempre escutei certas gracinhas e sempre senti nojo, nunca me senti de ego inflado porque me chamaram de gostosa na rua, pois bem, hoje tenho 26 anos e escuto isso desde os 12, nunca fui muito de responder, mas de uns dois anos para cá, é falar besteira e tomar um dedo na fuça.
ResponderExcluirDia desses eu estava vindo para o trabalho juntamente com outra amiga, eu estava de roupa de frio, calça e blusa de manga, fomos atravessar a mesma rua de todos os dias e devia ter uns 15 homens sentados, como eu estava conversando com ela não dei muita bolo para o que diziam, mas um deles por perceber a falta de interesse da minha parte, levantou e gritou para todo mundo da rua ouvir:
- Nossa mas eu chuparia essa morena todinha.
Na hora minha cara corou, mas não de vergonha e sim de raiva, minha amiga virou para tras e também gritou para todo mundo ouvir:
- Realmente, vc tem cara que chupa bem, especialmente se for pinto.
Ele nunca esperava uma resposta, ainda mais porque isso para certos homens é normal, mas não teve um só homem que não riu dele e fomos embora. Passo pela mesma rua e todos os dias ele me vê e abaixa a cabeça, nem assoviar ele assovia.
Eu sei se foi a melhor atitude, mas eu aposto que ele não irá fazer isso com mais mulher nenhuma, porque ele ja sabe que tem mulher que revida.
Eu não quero passar por isso sempre e muito menos quero que minha filha passe, é como vc disse no texto, a rua é publica, e queremos somente passar, nada mais do que isso.
Noh
desculpe os erros, a cabeça pensa mais rápido do que meus dedos.
ResponderExcluirOi, Lola.
ResponderExcluirLendo os comentários das mulheres uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi que muitas delas começaram a ser assediadas ao 9, 10 anos! Isso é assustador e acho que merece um post separado, o que acha? Porque se tantas meninas são amedrontadas e assediadas desde tão cedo há algo muito mais doentio em nossa sociedade e que carece de investigação.
Se meninas de 10 anos já sofrem com esse tipo de abuso, é preciso movimentar mais forças para combater esse tipo de comportamento. Porque não importa se aos 10 anos uma menina começa a ter traços de mocinha, com aparecimento de seios e o início de uma definição maior do corpr; ela é só uma criança! Uma criança, Lola! Como conseguimos conviver com isso? E que apoio essas meninas têm? Elas podem (ou se sentem à vontade) para comentar com os pais a respeito desse assédio? E que orientação elas podem receber? Como crianças, como reagir? É tão nojento, tão doentio, tão asqueroso...
Tenho absoluta vergonha de pertencer ao sexo masculino quando vejo/leio essas coisas. Fui criado por duas mulheres, minha avó e minha mãe. A primeira era completamente analfabeta, mas tinha uma profunda sabedoria e foi por causa dela que eu valorizei os estudos - porque ela jamais me deixou faltar aulas, por exemplo. Minha mãe trabalhou para nos sustentar a vida inteira. Cumpria dupla jornada como profissional (era telefonista) e como dona de casa/mãe/filha. Cuidava de nossa saúde, de nosso bem estar, com zêlo e diligência, mas era super-independente e decidida. Nenhum homem conseguia derrubá-la em uma argumentação e ela nunca foi de levar desaforo para casa. Essas duas mulheres maravilhosas me ensinaram o valor do respeito pelo outro, em todos os níveis. Por causa delas tenho profunda admiração pelas mulheres e sua enorme capacidade de realização. Por isso seu blog me faz tão bem, porque ainda é um bastião onde podemos fazer a auto-crítica, repensar atitudes e "modelos" que nos são impostos historicamente.
Quando venho aqui sei que ainda consigo me indignar e transformar essa indignação em ação, através do diálogo com as pessoas próximas, e também refletindo sobre as minhas próprias atitudes.
Fugi um pouco do que estava falando, mas queria sugerir uma enquete com suas leitoras sobre essa experiência de serem assediadas desde tão cedo. Isso mostrará, certamente, que o machismo é mais do que um (imerecido) sentimento de privilégio histórico, mas uma verdadeira doença.
Beijos,
realmente dá raiva dessas coisas,homens podem ser muito nojentos,na verdade esses tipos nem homens são,pelo menos pra mim.
ResponderExcluireu só me lembro de algumas vezes q fui abordada por esses nojentos.
um eu tava passando na rua,surge um infeliz do nada e me chama de gostosa.
outra tava no onibus e um fdp atrás de mim,começou a passar a mão e outro foi quando eu estudava,eu n lembro direito o q verme falou.
um mecânico q cismou comigo e toda vez q eu passava pela rua dele ( pq infelizmente é caminho pra pegar ônibus) ficava me secando como se eu fosse um pedaço de carne.
acho q contou aos seus amigos fdp,pq um dia tinha mais dois me avaliando e falaram alto " é bonita..." e falaram algo q deu a entender q ele tinha várias e eu seria mais uma.
toda mulher que eu conheço ja foi "atacada" por esses lixos.
esse comercial deveria ser passado no mundo todo,para ver se eles se tocam.
a escarlate disse q começou a reagir,eu devia ter feito isso tb.
Ah, Lola... obrigada por ter escrito isso. Eu não teria tido a mesma habilidade em transformar em palavras aquilo que eu sempre senti.
ResponderExcluirJá passei por absurdos de toda sorte, quando se trata de "inocentes cantadas" na rua. Diariamente, quando vou escolher uma roupa para sair sozinha (e de ônibus, pois não tenho carro), penso duas vezes antes de optar por aquele vestido que adoro, porque sei que usá-lo me causará muita dor de cabeça. Afinal de contas, se eu for agredida ou escutar uma grosseria, a culpa foi do vestido. E não posso responder, porque o cara pode ser violento e vir tomar satisfação, como quando xinguei um cara que me "cantou" de dentro de um carro, e ele deu meia-volta na avenida e começou a me perseguir. E só posso me sentir suja e sofrer calada, engolir o choro e a revolta, como quando um cara me chamou de "minha puta" do alto de um andaime no centro da cidade, ao meio-dia. E só posso me sentir sozinha e ameaçada, como quando tinha 14 anos e fui perseguida por um cara no caminho entre a escola e minha casa - ele dizia todo tipo de impropérios e pornografia - e quando cheguei em casa aos prantos fui acusada de estar andando por caminhos perigosos.
Não posso usar a roupa que eu quero, não posso ter voz ativa, não posso andar sozinha. E não tinha a menor idéia de que isto fosse um sinal tão evidente da dominação e do esforço deles em nos mandar de volta pra cozinha.
E eu não tenho nada contra a cozinha não! Gosto de cozinhar. Mas quero escolher quando estar lá dentro, e não passar o resto da vida lá, só porque eles querem.
Lola, esse tipo de coisa me provoca um nojo. Já comentei aqui, eu comecei a ouvir essas coisas com 7 ou 8 anos de idade, as mais grosseiras possíveis. Quando eu reclamava ainda me diziam que a culpa era minha porque com essa idade eu já tinha um corpo mais curvilíneo que as outras crianças. Nem sei dizer a quantidade de vezes que passaram a mão em mim "sem querer" na rua, no ônibus, na escola até meus 12 anos. Desviar de grupinhos de homens, mudar de calçada já é normal.
ResponderExcluirUma outra vez, com 8 anos indo para a escola, um homem depois de me seguir na rua falando que eu era gostosinha que iria me comer, me agarrou pelo braço, me sacudiu e ficou com raiva dizendo que eu não estava dando atenção para ele. Não consegui nem reagir, né. O sujeito ainda passou a mão no meu peito e foi andando como se tivesse feito a coisa mais certa possível. Detalhe: era a rua principal, cheia de gente, quase meio dia, um monte de viu e ninguém fez absolutamente nada. Fui correndo para a escola morta de vergonha. Nos dias seguintes ainda tive que ouvir graçinhas de uns homens por causa disso. É estranho porque depois que um faz, parece que funciona como permissão para os outros. A coisa piorou tanto que eu passei a fazer um caminho mais longo para não ter que aturar mais aquilo. Esse negócio de homem puxando meu cabelo na rua acontecia mais quando eu era adolescente.
Eu acho ótimo que isso esteja sendo posto em discussão. Só comecei a ter alguma esperança de que as coisas podem mudar quando comecei a me envolver em projetos do tipo, mas ainda temos muito chão pela frente.
Hoje em dia se mexer comigo na rua, xingo mesmo e f*da-se. Não preciso de fulaninho me importunando na rua, nem sou uma dessas pobres coitadas que tem prazer em ser tratada desse jeito. Se eu quiser receber cantada ou ouvir grosseria, eu ponho um vestido e vou para algum bar. No mais, se estou andando na rua, não me perturbe. Mulher passando cantada, vejo poucas, assediando criança na rua nunca vi nenhuma.
Sem perceber, como uma forma de afastar esse tipo de coisa, eu comecei a andar na rua com cara enfezada... até que um fdp desse me cantou e ainda falou da minha cara enfezada, aí que fui perceber.
ResponderExcluirE antes que eu me esqueça: é agressão SIM, é nojento SIM, e é INACEITÁVEL. Eu também sinto um ódio profundo quando isso me acontece, tenho vontade de quebrar os dentes do desgraçado, já passei por fases de ter ódio e medo de qualquer homem por causa disso.
ResponderExcluirE me sinto completamente impotente.
Olá Lola. Creio nunca ter comentado aqui antes, mas sou sua leitora assídua.
ResponderExcluirEssa questão do desrespeito na rua é algo que me incomoda desde sempre e, o mais ~engraçado~, é que quando chego em casa e conto ao meu pai, a resposta é sempre "mas isso não é uma coisa boa?". Gente, fala sério que a nossa auto-estima anda tão horrorosa que precisamos ser abordadas de forma grosseira na rua pra saber que somos atraentes?
Eu moro em uma cidade do interior de SP e acho interessante relatar a experiência que eu tive em Brasília. Nas ruas, eu e as minhas colegas da faculdade éramos muito mais assediadas do que o normal e, além disso, fomos muuuuuuito abordadas DENTRO DO CONGRESSO NACIONAL.
Significa, né?
NOSSA, gente, quanta história horrível... :/
ResponderExcluireu nao passei tanto por isso pq meus pais nunca me deixavam andar sozinha quando criança e adolescente. Não pra me vigiar nem nada, sempre pude sair para lugares de acordo com a minha idade... mas pra chegar até o lugar, meu pai me levava de carro. E até hoje, aos 22, se ele souber que vou voltar de carona, ele prefere ir me buscar.
Nunca fui na escola de ônibus nem nada, mas claro que a maioria precisa ir, andar sozinha, e isso é um prato cheio pra esses vermes.
Das poucas vezes que, sei lá, fui a padaria ou na locadora de filmes sozinha durante a tarde, lá pelos meus 15 anos, ou mais recentemente, aos 20, quando passei a frequentar academia e preferia ir a pé, pra começar a correr antes, não escapei das cantadas. Respondi muito pouco, mas sempre fiz cara feia. Das poucas que respondi, os caras não foram agressivos, só responderam "nossaaa... só tava elogiando, vc é brava".. teria pavor se alguma coisa dessas acontecesse comigo...
Teve uma época também, aos 10/12 anos, que nos mudamos para uma casa a duas quadras de distância da minha vó. Minha mãe me deixava ir andando sozinha até lá. O bairro e os vizinhos e tudo mais. E já nessa época meu corpo era avaliado, elogiado (elgiado é eufemismo né? pq chamar uma mulher de gostosa e pedir pra ela fazer coisas, especialmente se ela é só uma criança, pode ser tudo, menos elogio)... Eu morria de vergonha, não contava pra ninguém, ficava constrangida... :/
Daniela, seu pai merecia uma resposta.
ResponderExcluirCongresso nacional no interior de SP?
Enfim, não são só peões que nos cantam, são caras dentro de carrões e com prováveis bons empegor. Jovens... ou velhos babões nojentos que nem conseguem manter uma ereção sem viagra.
E é incrível mesmo que quando estamos acompanhadas, o nosso status muda. Merecemos respeito. Um dia aos 15 fui locar um filme com meu primo, perto de casa, 3 quadras, durante a tarde.. como tinha ido com meu cachorro na coleira, meu primo ficou uns dez passos a frente.. aí uns idiotas começaram a mexer cmg, me chamaram de palavras que eu nem gosto de repetir, vocês sabem.. Meu primo que tem quase dois metros de altura ouviu e voltou. Os caras murcharam na hora, pediram desculpas e tals. Que ódio.
Outra vez, na praia com meu namorado, ele foi dar um mergulho e eu fiquei na areia. Um velho nojento passou e me cantou bem na hora que meu namorado estava voltando e ouviu tudo. Ele na hora pediu desculpa mas dessa vez fui em quem repondi: perguntei se ele nessa idade não tinha vergonha na cara, e se por acaso ele achava que eu merecia respeito só quando estava namorando.. ele só se afastou, covarde que é.
Lendo os comentários e vendo os desenhos do post me assustei... sempre sofri cantadas nas ruas e viradas de cabeça, mas muito raramente (não consigo lembrar agora) foi algo pornô e de baixíssimo nível assim... credo, gente. Eu já me incomodo com os "você é linda" "fiu fiu" e com as olhadas, imagina ouvir esse tipo de coisa.
ResponderExcluirNormalmente não me assediam na rua pq eu sou alta (1,78) e eu acho que isso intimida realmente.
ResponderExcluirMas uma vez eu estava parada de noite na rua conversando com uma amiga (nós iamos pra lados opostos, então ficamos paradas até terminar a conversa). De cada 10 carros que passavam, 1 mexia com a gente - isso pq eu tava convidando ela para ir na Marcha das Vadias. A gente começou a simplesmente mostrar o dedo do meio e as vezes eu gritava "punheteiro" ahahahahahah
Me senti até bem com a situação. Éramos nós que dávamos a "palavra" final, não eles =)
Lola, toda vez que isso acontece o meu pensamento mais simplista é: esses caras não tem mãe?. Os caras que fazem isso realmente se acham no direito de gritar absurdos na rua, nos constranger e amedrontar em nome de sua fiel escudeira, a virilidade. Eu me senti tão ofendida das ultimas vezes (principalmente por homens que passam de carro - que se acham ainda mais superiores em seus possantes) que comecei a retrucar sem dó, mostrar o dedo, xingar. Fiquei visivelmente alterada. E é engraçado, sempre que você tem uma reação explosiva começa o outro tipo de ofensa (uma vez que gritar absurdos é um elogio né?): "Você nem é tudo isso, sua ridicula, vc precisa de homem em casa, tá muito estressadinha". é como diz uma letra do dominatrix:
ResponderExcluir"Anti-social é uma mulher tentando andar
numa rua escura à noite.
Que tipo de vida é essa que eu tenho que
ficar 24 horas por dia alerta igual a um cão-de-guarda?!
De quem são os olhos que te vigiam?
De quem é a mão que te ataca?"
A falta de respeito e negação de nossos direitos como mulher me faz sentir cada vez mais a necessidade de me articular com o feminismo. Viver dia após dia nesse mundo cão não é fácil não.
Noh Gomes, adorei a sua história.
ResponderExcluirNão sinta pena desse, cara, ele mereceu. Diz o que quer, ouve o que não quer. E parece que aprendeu a lição!
Eu gostaria de pensar em respostas tão boas, mas na hora não consigo...
Eu acho que comecei a ouvir gracinhas na rua com uns 9 anos de idade.
Mas eu era idiota, no começo eu gostava, me sentia "adulta".
Com o tempo, claro, eu fui percebendo que não, isso não era nem um pouco legal.
Alguém comentou que não passa por isso em Portugal... talvez não tenha sido tããão grosseiro mas, uma vez, em Lisboa, o motorista do ônibus (lá não tem cobrador) me perguntou se podia me "dar o troco em beijinhos".
Levei um susto, fiquei sem ação. Ele esperava que eu respondesse o quê??
Aconteceu comigo também, pra variar.
ResponderExcluirAnteontem eu forçosamente tive de sair de casa para comprar materiais pra uma aula. Eu não gosto de sair de casa, tenho síndrome do pânico, então me sinto constantemente ameaçada pelas outras pessoas na rua.
A rua estava meio erma, porque estava chuviscando, eu estava de casaco e calça jeans, passei por um senhor de vermelho que quando me viu, parou e começou a me olhar passando, dando aquela examinada na minha bunda. Eu apertei o passo e ele começou a me seguir, sem dizer nada. Eu peguei atalho em um restaurante e ele também entrou no restaurante, corri até uma loja, tirei o casaco e prendi o cabelo na esperança tola dele não me reconhecer. Fiquei lá mais do que precisava, só pra garantir que ele não estaria mais ali.
E agora, Lola? Já entendi que síndrome do pânico é problema sério e eu preciso reaprender a sair de casa, mas como eu faço isso se eu não posso nem ir no comércio sem me sentir ameaçada?
Ai gente quanta historia terrivel pra estragar a sexta feira =/
ResponderExcluirMas eu tb tenho uma observação parecida com a da Fayga, não estou querendo dizer que lá fora é melhor, mas comigo pelo menos até meus 12/13 enquanto morava na Finlandia nunca ouvi uma gracinha se quer, nem a famosa "olhadinha vira pescoço" msm pq lá até os 16 vc é considerada criança, até o vestuário é menos sexualizado...
Depois que vim morar aqui em São Paulo é que me deparei com essa cultura do mecher na rua, gracinhas, groserias e passadas de mão. Acho que é cultural, mas é uma coisa mais do Brasil...na Argentina , Uruguai onde já estive, tb nunca tive esse tipo de problema.
Tenho duas historias bem trash tb
A primeira, quando eu tinha uns 17 anos e vivia minha fase "gotica das trevas", usava um visual carregado de roupas pretas, bota e o que mais chamava atenção, uma coleirinha de gato (que vergonha =p)
Voltando de um show a noite eu estava no metro, um grupo de meninos me cercou (eles pareciam meio punks), eles estavam em 5 já vinham me perseguindo desde que eu desci do trem me abordaram na saída da estação, a rua tava deserta.
Falaram improperios da pior natureza, nossa eu fiquei com muito medo, comecei a chorar, um deles se irritou bastante e perguntou
"pq vc ta chorando? vc não gosta? vc é uma CADELA, ta usando até coleira!"
Nossa foi uma experiencia tão horrivel que eu resolvi até mudar meu estilo de me vestir depois daquele dia, a minha sorte é que eles ouviram um barulho de estrondo na rua e sairam correndo.
Acho que eles fizeram isso comigo pq alem dessa coisa de exercer poder sobre a mulher, tem essa richa tosca de punk/gotico metaleiro/HC essas coisas de "tribo urbana".
Não sei, costumo pensar que foi alguma espécie de anjo da guarda que me viu sendo atacada e bateu em alguma coisa pra fazer um barulho e espantar aqueles marginais que nem fossem ratos.
A outra vez foi a pouco tempo, passando por um viaduto um cara começou a mecher comigo (acho que ele era um morador de rua), eu acelerei o passo e o ignorei ele apertou o passou tb, chegou em mim me pegou pelo braço, falou que eu não tinha o direito de fazer isso com ele (ele podia me humilhar né? tem esse DIREITO).
Puxou um canivete falou que queria a minha bolsa, eu ia entregar a bolsa pra ele, mas ele saiu dançando e gritando "pegadinha do malandro", que coisa doida!!!
Olha, é foda andar na rua viu? Passar por essas experiencias de terror não é bacana! =/
Nojento mesmo.
ResponderExcluirE é uma questão cultural. Pais, tio, irmãos mais velhos incentivam esse tipo de coisa. para o garoto provar que é "homem" e mais tarde muitos o fazem para não terem sua "masculinidade" questionada pelos colegas.
Mas ai entra o padrão duplo de novo:
os mesmo caras que fazem e incentivam os filhos a fazerem, ficam furiosos quando "suas" mulheres passam por isso, inclusive culpando-as muitas vezes por andar vestida de forma"inadequada" e "provocadora".
e se por algum motivo, a moça demonstrar que gostou da provocação, pode ter certeza que os mesmo homens, vão rir e dizer que ela é "safada", "puta", não é "seria", etc.
Ou seja de uma maneira ou de outra, os idiotas ofendem.
Eu sei um pouco como é essa vida cercada das mulheres. Passei por uma experiencia bem chata tb de provocação.
ResponderExcluirEu estava a caminho do meu local de prova para tentar uma bolsa num curso, eu estava com uma camiseta do iron maiden, quando passei por um grupo de meninas (aparentavam ser mais velhas) deitadas a sombra de um muro, numa calçada bem larga.
Elas começaram a gritar
"oh vc ai do iron maiden, o metaleiro, delicia, ou cacheadinho vem cá amor"
Eu comecei a apertar o passo, a apertar...elas tiveram a manha de se levantar e virem atras de mim.
Cara foi foda, eu fiquei com medo dei sei lá uma delas ta bem loka, puxar uma faca pro meu lado, eu cheguei na guarita da escola o porteiro pediu meu RG eu tava nervoso eu não achava o documento!
Elas começaram a fazer piada
"ih gatinhooo ta nervosinho, vem ca que eu te ajudo a achar o RG paixão"
E riam, riam riam riam
Eu entrei voando na escola quando mostrei o RG, fui super mal na prova, eu fiquei muito frustrado pq eu queria muito estudar naquela escola, estudei muito, mas com essa provocação toda me deu um branco na hora da prova, foi frustrante.
Nunca fiz isso com mulher nenhuma, buzinar na rua, chamar de gostosa, chupar os beiços fazendo aquele barulho que vcs sabem e talz. Quando guri uns amigos mais velhos vieram me ensinar a fazer isso, tipo "mulher gosta cara, tu vai ver que se ela olhar é pq se interessou" não me convenci. Não conseguiram nenhuma mulher com isso, reparei depois que não era bem essa a intenção. Afinal, depois de provocar por tanto tempo eles sabiam que não dava resultado, eram anos de insultos e nada. Eles faziam isso não pra pegar mulher, a satisfação era que elas olhassem pra eles, qdo olhava era quase um orgasmo, sem mentira. Uma vez uma chorou, aí eles ficaram meio chateados, mas no outro dia tava de novo igual, sempre no mesmo bar depois da aula na facul. Fiquei pensando, e se depois eu topo com ela em outro lugar? Com que cara vou olhar pra ela? Eu sentiria muita vergonha. Tô fora dessa, nunca entrei.
ResponderExcluirLembro que uma vez eu tava com a minha irma no estacionamento da facul e um colega dela começou a cantar algo idiota, ele tava com mais dois caras. Aí eu olhei pro cara e falei "Que merda tu tá cantando?" E ele "é pra guria ali".
"Pra minha irmã?" E o cara: " Ah, foi mal, não sabia" Depois pediu desculpas pra mim.A minha irmã não conta pra ele, eu acho, então eu disse se desculpa pra ela. E ele "Foi mal" e saiu com a mais tranquila do mundo.
Lembro só de um caso engraçado dessa "prática": Tava num boteco e um papeleiro começou a assobiar pra uma mulher do outro lado da rua, nada. Aí ele começou a berrar, berrar mesmo e agitar os braços, acho que ficou pulando também. A mulher tomou um susto e olhou pra ele. O cara soltou um suspiro de satisfação, ganhou o dia ali. Eu não entendi. A mulher menos. Eu tinha uns 10 anos qdo vi isso, acho que foi daí que percebi a tosquice desse comportamento.
O Will Smith roubou o Boné do Sr Dig Din...
ResponderExcluirLola, essa imagem do "Eu sou a lenda" é p tirar uma com aquele Dig Din, sei lá eu? chorei de rir.
ResponderExcluirTb sofro com essas cantadas desde os 11 anos. Obrigada pelo post.
cada vez mais me convenço de que todas as mulheres deveriam fazer aula de karatê,defesa pessoal.
ResponderExcluirpq pelo visto a coisa vai continuar assim e a culpa é nossa e acabou.
se soubessemos isso,poderia ser evitado até mortes por lixos q se dizem maridos,namorados, pelo menos teriam tempo de fugir, mesmo com a lei maria da penha,pouca coisa é feita,primeiro esperam a mulher ser morta,pra depois resolverem fazer algo.
Lola escreva sobre o Nobel da Paz: premiou tres mulheres.
ResponderExcluirAbraços Afetuosos!
Para um homem, hetero saber, mais ou menos, como se sente uma mulher assediada com grosserias na rua basta lembrar como ele mesmo se sente quando é assediado com groserias por um gay na rua.
ResponderExcluirQuem já foi sabe que é ruim.
Esse post fala sobre algo que não me deixa sé enojada, mas com ódio mesmo!
ResponderExcluirEu ODEIO homem que se acha no direito de importunar mulher na rua. ODEIO.
Já surtei várias vezes pq, assim como a Escarlate, cansei de ser a passiva que tem que olhar pra baixo enquanto o predador tenta dominar a cena.
Já xinguei, fiz gestos, encarei, perguntei se tinha mãe... Enfim... Muita gente já me disse que eu vou acabar apanhando na rua por causa disso. E eu nem duvido que muitos deles tiveram vontade de me bater DEPOIS. Pq, na hora, eles ficam chocados com uma mulher que (veja bem que absurdo!) OUSOU enfrentá-los!
A cara deles é bem essa: "Não acredito que ela não se encolheu e me encarou!"
O que eles querem não é elogiar vc ou fazer vc saber que é linda e desperta interesse.
Eles querem só intimidar e mostrar que vc, por ser mulher, tem que baixar a cabeça sempre que um homem quiser.
Pode parecer insignificante ou até exagero para quem é homem. Mas essas "gracinhas" de rua são vistas como uma verdadeira agressão para as mulheres.
E só pra deixar claro: Eu NÃO estou recomendando que ninguém xingue, enfrente ou nada disso!
ResponderExcluirCada um sabe de si e sabe o perigo que isso pode representar!
;-)
Lola, obrigada por mais um texto. E veio a calhar. Essa semana parece que essas grosserias aconteceram mais do que o "normal" comigo. Eu me sinto tão diminuída, me dá vontade de chorar, de xingar (meu namorado sempre briga comigo quando eu reajo, e eu entendo: ele tem medo de que me agridam fisicamente, que me persigam, etc).
ResponderExcluirEu estudo na Cidade Universitária e agora temos o metrô Butantã ali pertinho, 10 minutinhos do portão principal. Eu vou a pé, claro, porque é uma felicidade poder ir para o metrô à pé! Mas no caminho eu ouço muita grosseria. Ontem mesmo, eu estava caminhando com as mãos nos bolsos da frente da calça. Um cara numa caminhonete falou, no tom mais asqueroso possível (e isso é só um agravante, porque com tom ou sem tom asqueroso é desrespeitoso): "Queria tá dentro desse bolso, gostosa!". Eu senti meu estômago revirar e não aguentei: "Se liga, ô! E aqui em cima, ó (apontei com a mão em direção à cabeça), não embaixo!" Ele me xingou e acelerou. O bonitinho simplesmente vazou e eu fiquei lá, tremendo. Quando eu chego no semáforo, tô esperando para atravessar - em frente a um bar. Reparei que um senhor estava me olhando, já fiquei gelada de novo. Ignorei. Daqui a pouco sinto uma mão no meu braço: era ele. Antes que eu pudesse reagir - de qualquer modo - ele fala: "Moça, seu cadarço tá desamarrado". Lola, eu não consegui nem agradecer, nem falar nada. Fiquei profundamente triste em perceber como somos condicionadas a fazer os piores pré-julgamentos, e isso não é nossa culpa! É toda uma tradição de humilhação diária que deixa a gente na defensiva.
Desculpe o comentário enorme, me descontrolei um pouco, mas eu precisava desabafar - fora daqui é tudo entendido como exagero, como frescura. Obrigada, mais uma vez, por dar esse espaço. Beijo!
' não estou querendo dizer que lá fora é melhor, mas comigo pelo menos até meus 12/13 enquanto morava na Finlandia nunca ouvi uma gracinha se quer'
ResponderExcluirMas é mesmo ora.Não é fingindo que n existe que o brasil vai resolver nada.
Na faculdade, fui apresentar um seminário com um macacão curto. Amigas me disseram que o professor praticamente tentou ver meu útero quando eu passei por ele. Outro dia, na mesma aula, eu estava com um casaco larguíssimo de lã e o professor ainda assim conseguiu encarar os meus seios. Ele me adicionou no orkut e no facebook. Eu nunca dei trela.
ResponderExcluirNo final da disciplina, tirei nota máxima E ME REVOLTEI. Eu sabia que minhas amigas tinha se esforçado o mesmo que eu e fizeram basicamente as mesmas coisas que eu no curso, mas não tiraram a mesma nota. Só eu e outras duas garotas para quem ele também arrastava asa ganhamos a nota máxima. Espalharam pro restante da turma que eu tinha ganhado aquela nota porque dei em cima do professor. Eu NUNCA fiz nada, nunca dei bola pros assédios dele, nunca dei a menor brecha e ainda assim fiquei estigmatizada por uma coisa que vinha dele.
EU ODEIO AQUELA NOTA MÁXIMA!
Lola, ótimo texto! Sabemos como é isso e eu gostaria tanto que os homens soubessem.
ResponderExcluirEu tinha muita vergonha disso. Me sentia muito mal. Não conseguia fazer uma amiga entender que as piadas dos pedreiros nas obras não aumentavam minha auto-estima, pq eles invadiam a minha privacidade de andar quieta na rua. Li nos comentários que outras mulheres sofreram a tal "paquera" do "chupo os seus peitinhos", e com esse texto, finalmente, vc me fez entender que o teor disso não é ser uma cantada. Não, ele não queria que eu correspondesse (ok, se isso acontecesse, seria lucro). Na verdade ele só queria me mostrar quem mandava ali. Demarcação territorial.
Uma história que nunca esqueci, aconteceu quando eu tinha 15 anos. Eu fui buscar uns remédios em uma farmácia de homeopatia para a minha mãe, no Méier-RJ. Eu estava esperando para atravessar a rua, perto da faixa, uma esquina. Passou uma moto, com dois rapazes e o que estava na carona passou a mão na minha virilha. Foi rápido, superficial, por cima da roupa. Durou 2 segundos. Mas me senti tão suja. Cheguei em casa aos prantos, minha mãe se preocupou tanto pensando mil coisas até que eu conseguisse explicar. Hj tenho 33 anos e escrevendo isso aqui, agora, depois de adulta, meus olhos ficam marejados. Não me lembro da cara deles. Mas nunca esqueci a vergonha, o que senti: pequena, impotente. Talvez eu nunca esqueça. Até hj, ao esperar o sinal fechar para atravessar a rua, quando uma moto se aproxima, instintivamente eu dou um passo para trás...
E eu me pergunto: os caras da moto, será que fez alguma diferença para eles?
Linkei o post e o vídeo no facebook, com um comentário meu:
ResponderExcluir"Um destaque nessa semana de avatares fofinhos pro dia da criança: eu ouvia merda na rua desde os 8 anos de idade. De gente comum, não do pedófilo lobo mau que aparece no jornal; adolescentes, velhos, quarentões, em geral, gente que se sente no direito de dar pitaco sobre uma bunda que até aí, nem eu tinha consciencia da existência. Se disseminar essa sensação de vulnerabilidade e pavor não é uma violência contra a infância de alguém, por favor, pára o mundo que eu quero descer."
A parte engraçada é que só um colega curtiu o vídeo e o comentário, e morreu aí. Quando eu posto alguma gracinha sobre uma bobagem qualquer ou uma imagem de gatinho, chove comentário.
Agora me diz: se eu não falo, sou omissa, se eu falo, ninguém ouve; até quando eu vou ter que semear pérola pra porco?
Levar cantadas na rua é mesmo um inferno. Também sofro com isso desde criança, e olha que não tinha "corpo de mulher" quando era mais nova - isso não impediu os assédios.
ResponderExcluirJá fui xingada, já fui seguida na rua... Antes eu não respondia, tinha medo de ser agredida, mas mudei de atitude faz pouco tempo. Não deixo nenhum mal-educado me intimidar.
Não faz muito tempo que eu estava na rua, indo para a estação do metrô, quando um cara passou de carro, gritou "LINDA!" e ficou me olhando e rindo. Eu, na hora, mostrei do dedo do meio e ele ficou espantadíssimo! Aposto que ele jamais pensou que uma mulher fosse reagir.
Outra história: todo dia, quando vou trabalhar, passo por uma rua onde ficam vários peões descansando na hora do almoço. Eu não atravesso a rua para desviar deles, e eles costumavam mexer comigo, falando baixinho, então eu não respondia. Certo dia, um deles passou por mim na rua e disse: "Oi, princesa", e eu: "se enxerga, idiota!". O homem não respondeu nada, e desde então nenhum deles me assedia. O cara deve ter avisado - essa moça é brava! Achei ótimo. Pelo menos nessa rua eu agora posso andar em paz.
Fiz 2 comentários e 1 sumiu.
ResponderExcluirEsse blogger dá umas panes!
Vou tentar reescrever!
Quando eu tinha uns 11 anos, na festa de aniversário do meu primo, um dos convidados (vizinho dos meus tios, que estava com a esposa e os 2 filhos na festa) fez comentários e na hora do PARABÉNS, para pegar um talher, ele fez questão de colocar o braço atrás das minhas costas e fazer um gesto nojento de como se estivesse com vontade de "algo" (que nem quando ta com fome e fala "hummm" sabe?).
Passei a festa toda ao lado da minha mãe e horrorizada com a situação. Eu era criança ainda, era muuuuito bobinha, então aquela situação para mim, foi horrorosa.
Quando eu vouy pegar o ônibus para trabalhar, passo em frente a uma fábrica e sempre tem vários homens sentados no chão. Vez ou outra ouço algum comentário, mas tem um deles que sempre, sempre, que eu passo, ele sussurra algo. O máximo que eu já ouvi foi "loirinha..." mas não parei para ouvir o resto. Me dá vontade de falar algo, mas como passo ali 5x por semana, evito.
O irônico é que ele falta com respeito e eu que tenho medo de responder.
Quem fala que é elogio ou que é frescura de quem reclama, não sabe a sensação de impunidade que é.
Qdo tinha 12 anos estava na rua com minha mãe e minha irmã mais velha, a caminho da escola com calça e blusa do uniforme, um cara passou andando rápido e me deu um tapa na bunda. Sem pensar virei e gritei vários xingamentos, depois comecei a chorar mto de raiva. Minha mãe disse, "mas vc já respondeu, agora para de chorar". Sinceramente, responder foi a única coisa q dava pra fazer, se eu tivesse uma arma teria atirado com certeza, fiquei sentindo aquela mão em mim o resto do dia, como se estivesse suja. Eu era tão magrinha e pequenininha, criança de tudo, sempre andava na rua despreocupada e tranquila, mas nesse dia acabou minha tranquilidade e passei a ter medo até de responder, acho q a coragem daquele dia foi só pq estava com a minha mãe e talvez pq não tinha ouvido ainda tantas grosserias, nem sabia de tantas histórias terríveis por aí.
ResponderExcluirUma vez, quando eu tinha blog, fiz um post condenando essa típica atitude machista e nojenta dos homens nas ruas. Não demorou pra que eu fosse chamada de invejosa (pois certamente, no fundo, meu desejo era ser assediada grosseiramente diariamente a caminho da padaria) e feia (porque, claro, eu estava é reclamando por isso nunca acontecer comigo).
ResponderExcluirEste vídeo chileno mostra o que eu considero ser uma das melhores reações a esses insultos cotidianos:
http://youtu.be/2Uc_65dy7-I
É Lola...e ainda tem coisas piores.
ResponderExcluirE aqueles homens que se sentem no direito de se masturbar olhando pra vc? Isso já aconteceu comigo, no ônibus. Tão nojento. Mas essa é uma história que eu conto depois...
Em tempo: é triste, mas muitos dos comentários me chamando de "feia" e "invejosa" vieram de mulheres.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFlerte é uma coisa, ouvir obcenidades na rua é outra completamente diferente...
ResponderExcluirTenho duas irmãs mais velhas e quando elas tinham uns 12, 13 anos minha mãe mandou as duas e uma prima da mesma faixa etária comprar uns mantimentos. Quando voltavam do mercado um senhor dentro das grades de um prédio abriu a calça e começou a mostrar o orgão sexual para elas. As três jogaram tudo que tinham nas mãos nele (ovos, carne moida e uns legumes)ao gritos de "tarado".
Mas eu mesma confesso que nunca reagi. Tenho medo de responder e ser agredida ou algo assim. Principalmente se é um grupo de homens. Comigo também essas cantadas começaram quando eu tinha 9 anos. Eu ia para a escola (que ficava a um quarteirão da minha casa) e alguns homens do bar que ficava na esquina sempre assoviavam e falavam algumas coisas. Um dia minha mãe viu e passou a me levar e buscar todo dia... É horrível...
Realmente, que mulher não teve que passar por esse tipo de inferno? Triste.
ResponderExcluirLembrei de uma esquete do Comédia MTV, acho que mais fraquinha no sentido da crítica, mas tb interessante: http://www.youtube.com/watch?v=0tM_peFClcw
Quandotinha uns 13 anos eu tinha que passar um terreno baldio próximo ao aeroporto da cidade para ir para a escola.
ResponderExcluirUm dia um cara NOJENTO falou coisas NOJENTAS e ainda enfiou a mão na minha blusa. Eu sempre fui um varapau, nunca tive seios aparentes e estava usando o uniforme da escola, nada sexy.
Depois desse dia comecei a andar com uma faca de pão escondida, e não parei de passar por aquele lugar. Estava determinada a esfaquear o próximo imbecil, hahahhahahhaha. Uma vez um moleque de uns 10 anos mexeu comigo, eu tirei a faca e saí correndo atrás dele. O retardado saiu chorando e gritando....
Hoje em dia só ando com um guarda-chuva de cabo pesado. Ah, o fato de ter 1,80m de altura deve ajudar também, pois só me lançam gracinhas de dentro de carro ou moto, ou a uma boa distância.
O pior é quando vc ouve merda de molecadinha. É pra acabar com o dia mesmo....
Normalmente eu reajo, mas depois de uma vez que o cara mandou uma pedra em mim e ainda bem que não acertou, eu sempre observo se a rua está movimentada, se há algum lugar que eu possa entrar e me esconder, por exemplo, uma loja e tal.
ResponderExcluirMas lembrei de um caso de quando eu era criança, eu devia ter uns 10/11 anos e fazia natação no clube e tinha um menino de 15/16 que meio que me perseguia, sabe? E ficava me enchendo o saco, me chamando de esquisitinha, loirinha gatinha e etc.
Pois então, uma vez ele me esperou sair do banheiro e me segurou falando que eu não podia desprezá-lo. E eu que sou muito impulsiva, peguei a mão dele e fui apertando com toda a força que eu conseguia e enfiando a unha na pele dele e encarando ele com uma cara bem "te mataria se pudesse". Ele nunca mais mexeu comigo, finalmente me deixou em paz. Mas eu fico pensando, foi preciso eu reagir com violência, né? Porque eu xingava ele quando ele ficava me enchendo o saco. Ele só me deixou em paz aí.
Mas a vez que eu mais senti medo foi até recente. Eu estava num bar que tem mesas na rua, eu fui para o extremo das mesas pra atender o telefone, nisso três caras que passavam na rua começaram a mexer comigo, eles estavam indo entrar num carro e eu não dei bola, até porque estava no telefone. Quando desliguei e estava voltando pro "meio do povo", os três me cercaram, começaram a me puxar pra dentro do carro, passando a mão em mim e eu tentando bater neles, totalmente desesperada. Eles teriam me colocado naquele carro se não fosse uma amiga minha ter visto e ter me puxado do meio deles. E a reação deles quando ela me puxou foi "cê quer também? tá com inveja, é?" e ainda passaram a mão nela enquanto a gente se desvencilhava.
E os caras foram espertos, tiraram o abadá e colocaram na placa do carro.
A culpa nunca é da roupa. Eles teriam feito isso se eu estivesse de vestido curto e decote ou estivesse toda coberta e eu estava de moleton, calça jeans e tênis. Ou seja, toda coberta.
Há 30 minutos, eu estava andando na rua (de calca jeans, camiseta e tenis e se faz alguma diferenca, nao tenho um corpao escultural) e um tiozinho falou pra mim "oi princesa", eu virei, olhei pra cara dele e falei de perto "vc falou comigo??" ele nao conseguiu responder, mas abanou a mao dizendo nao.
ResponderExcluiressa de responder alguma coisa tem funcionado muito bem comigo, nao deixo uma passar me branco e adoro ver a casa de sem graca dos desgaracados quando sao confrontados.
Palmas, Lola.
ResponderExcluirLembro que sempre fui muito magra, então não ouvi muito esse tipo de coisa. Mas já ouvi e não foi nada legal.
Uma foi até engraçada (continua sendo repudiante, mas enfim): Sou bem alta, tava saindo de um shopping e bateu um veeento, meu cabelo tava solto e ficou todo esvoaçante. Atravessei a rua e um cara gritou: "Se continuar desse jeito, bonitinho, vira profissional!"
Outra que eu lembro foi quando estava andando com uma calça meio colada e um entregador de farmácia passou atrás de mim, de bicicleta, pelo quarteirão TODO, fazendo gracinhas sem a menor graça.
Nas duas situações eu tinha 12 anos, o resto foram situações parecidas, "psiu!" e coisa e tal.
Um porre. Imagina quem tem o corpo mais avantajado?
bonitinha* ops.
ResponderExcluirah! e especialmente depois de ter morado 2 anos na irlanda e NUNCA ter ouvido nenhuma besteira, nem ter percebido numa olhada, agora que me revolto mesmo. odeio esses cretinos e por mim eles apanhariam cada vez q fizessem isso, pra ve se aprende... :/
ResponderExcluirHomem é homem mulher é mulher. Não tem essa tontice da Lola de igualdade.
ResponderExcluirMulher tem que ser mulher com as vantagens, que são muitas, como todos sabemos, e as desvantagens que derivam dessas mesmas qualidades inerente as mulheres. Em suma: mulheres estão sendo desrespeitadas a 5.000 anos e tudo vai continuar igual mais 5.000 anos, pelo jeito.
Vocês não se respeitam, agem como devassas, da no que dá.
Nossa Lola, que bom foi ler não só este post como os comentários. Me identifiquei com muitas aqui e pude tirar um peso tbm de mim que achava que a precocidade com que aconteceram essas história, tinha sido só comigo. Desde os meus 10 anos eu sofro muito com cantadas, grosserias e perseguições na rua. Aliás, hoje eu com 28 anos a coisa é bem mais tranquila do que quando eu era criança e adolescente. E o motivo com certeza deve ser pq esses homens não tem medo de fazer isso com crianças/adolescentes pq sabem que elas não vão fazer nada com eles. Vão ter medo e vergonha e irão ficar quietas. É muita covardia ainda por cima.
ResponderExcluirEsses dias mesmo eu estava conversando com meu marido sobre isso. A quantidade de meninas que sofrem isso ainda na infãncia é um dado assustador. Meninas de 8, 9 e 10 anos sofrendo abusos na rua, perseguições, nossa, é assustador e revela uma faceta humana grotesca de homens pedófilos. Sim, pq isso não deixa de ser pedofilia.
Sabe o que eu fico p. da vida? É de escutar de várias mulheres que é maravilhoso receber cantadas na rua. Nossa, tem tanta mulher que presta um desserviço, que vc não faz idéia!
Aqui na minha cidade, na frente da minha loja estão fazendo uma reforma numa casa. Há uns tempos atrás tivemos problemas com um pedreiro que estava mexendo com todas as mulheres que passavam na rua, inclusive comigo, mesmo com meu marido do lado. Até na loja do lado que é de roupas, eles ficavam tentando olhar por debaixo do provador de roupas para tentarem pegar as mulheres nuas. Tive que ir falar com o mestre de obras (que não resolveu nada) e depois falamos com os donos da casa, que tbm não resolveu nada. No final acabou dando até polícia, um rolo danado. Esses pedreiros foram embora e vieram outros para fazerem um novo serviço e começou tudo outra denovo. Só que dessa vez já fomos direto conversar com os donos da casa, pq desse jeito não ía ter como. Daí sabe o que a dona da casa me falou? Disse que não sabia pq que eu estava tão incomodada. Que eu tinha que até agradecer eles pq fazerem barulhos grotescos com a boca como se estivessem chupando algo, por gritarem grosserias e tal. E disse ainda que ela e uma amiga, quando estão se sentindo feias, elas põe uma roupa bem curta e passam na frente de uma obra pra ouvirem "cantadas" de pedreios.... é mole???
Fora essas mulheres que falam isso, ainda tem os homens que falam isso. Ainda tem os homens que perguntam o pq de tanto estresse por simples "cantadas" na rua, e que era pra nós nos sentirmos até bem e felizes!
Agora o gozado é que eu escuto várias vezes homofóbicos machões dizendo o seguinte. Que odeiam gays pq eles ficam mexendo com eles na rua. Ficam pedindo beijo, chamando de gostoso. Ouço direito falarem assim que se o cara for gay mas for na dele, tudo bem. Mas que se ficar olhando muito pra ele, ele já mete a mão na cara.
Gozado né?? Nós mulheres que sofremos isso praticamente todos os dias, temos que dar graças a deus! Temos que nos sentir valorizadas, felizes e bem. Mas quando isso acontece com um cara, ele se sente ofendido, invadido e no direito de sair daistribuindo porrada.
Noooooooooooossa, oliveira, que delícia, heim? Êh lá em casa... te comia a noite toda e todo dia, seu potranco! Deixa eu pintar a tua bunda de branci, seu vadio! *acelera o carro e dispara gargalhando*
ResponderExcluirBom pra você?
Só um covardão mesmo, que não mostra nome, nem cara, nem contato algum pra vir aqui fazer um comentário desse tipo.
ResponderExcluirNossa Lola isso foi algo que seeeeempre odiei muito. Para mim é quase como um espécie de estupro verbal, a pessoa acha-se no direito de te invandir com os olhos sem nem pestanejar! affas deveria ter uma lei contra tais insultos, mas né, como é um "problema de mulherzinha".....
ResponderExcluirAh Lola esse é um tema que me causa angustia até hoje desde os 9 anos que eu sei como é desagradável e aterrorizante o olhar masculino, suas cantadas...Na adolescência engordei pq não queria ser bonita e nem olhada como um pedaço de
ResponderExcluircarne no açougue tem um velho conhecido da minha família que sempre me elogiava e olhava muito em determinada época aquilo começou a dar pânico ele não ''fazia nada'' comigo,mas até hoje quando o vejo mudo de calçada é um medo irracional.
O pior é que essas cantadas começam muito cedo e podem ser desde de simples elogios ( como o meu caso) que no fundo tinha uma malícia,até palavras desrespeitosas ao extremo como muitas moças relataram, isso deixa marcas até hoje luto pra não me esconder muitas vezes quando noto que estou bonita e chamando atenção inconscientemente me boicoto, faço de tudo para ser o mais discreta possível.
Adorei o video me fez lembrar de um primo machista que estava fazendo compras num shopping aqui de Brasília e foi cantado por dois homossexuais, ele me contou indgnado pela falta de respeita e tal eu simplesmente sorri, pq pra ele não tem nada demais uma mulher ser cantada na rua.
É o Oliveira acha que crianças de 8, 9 anos são vadias devassas.
ResponderExcluirSe deus existe, vc deve ser estéril e jamais vai poder adotar uma criança, pq parece um psicopata (se já não é).
Histórias horríveis por aqui.
ResponderExcluirAgora me lembro de uma vez que estava no ponto de ônibus com uma amiga e uns carinhas numa vã começaram a falar com a gente. Na hora eu não entendi, nem ela. Quando começaram a mandar beijinhos, a gente começou a rir. Depois um dos caras disse: "ganharam o dia, hein!"
Ganhei o dia não, moço. Nós rimos muito, sim, mas mais porque a minha amiga estava vestida "que nem homem" (blusa larga e preta, calça larga, tênis preto, cabelo todo bagunçado).
Analisando bem, é uma puta grosseria, de qualquer modo.
Lá no post "Tá tudo domindado" eu comentei sobre a "piada" do rafinha bastos, "se pudesse comeria ela e o bebê", com um monte de gente rindo e dizendo que não tem nada demais numa piada com conteúdo pedófilo, muitas pessoas sequer notaram isso. Tudo muito normal, aceitável..
ResponderExcluirPéssimo é observar que isso muitas vezes começa dentro de casa. Uns parentes meus sempre faziam essas "brincadeirinhas" sexuais com as crianças. Diziam que era para já irmos aprendendo que o mundo é assim mesmo. Quando eu comecei a menstruar com 12 também foi um marco, lembro de parentes e amigos da família fazendo piadinha sobre meus seios estarem crescendo e ficavam puxando a alça do sutiã, sobre eu já poder "fazer filhinho", estar ficando ainda mais encorpada do que já era.. Quando eu reclamava diziam que era eu era chata e não sabia discernir entre uma "gozação" e um insulto. Quase todo mundo na família defende essas atitudes. Hoje, como eu distribuo xingamentos de graça, ninguém na minha família se atreve a fazer isso com minha filha.
Essa coisa toda é uma espécie de ritual de passagem machista para que as mulheres entendam desde cedo qual é o lugar delas na sociedade, na família. E funciona. Não dá para esperar que crianças e adolescentes lidem com isso apropriadamente quando a maioria dos adultos são coniventes com essas agressões.
Essas "piadas" a la rafinha bastos e comerciais que usam a "sensualidade da mulher brasileira" são uma maneira bem eficiente de reforçar o status quo e de quebra, ainda impedem que o assunto seja tratado com seriedade. Afinal, "foi só uma piadinha", da mesma maneira que é quando um homem "elogia sexualmente" uma criança, uma adolescente ou uma mulher adulta na rua.
Li o comentário sobre a molecadinha, já ouvi cantada de um moleque de uns 11 anos, ele tava andando em cima de uma mureta na beira de uma estrada movimentada. Eu fiquei preocupada porque se ele caísse com certeza seria atropelado, cheguei perto para falar para ele descer, antes de eu abrir a boca o fedelho me solta um "fala, gostoosa, que que tá pegando?" o.O Deu vontade de empurrar do muro. Brincadeira :) Eles aprendem cedo e nós também.
Lembrei de uma camiseta que eu vi uma vez menina vestindo:
ResponderExcluirEla dizia algo mais ou menos assim:
"Your look is like a slap in my face"
Era como se fosse um recado de protesto, mostrando para esses ogros que a forma como eles nos olham feito um pedaço de carne é como se fosse equivalente a um tapa no rosto, uma violencia física de verdade.
Achei muito louco, queria ter gravado melhor na minha cabeça como era a frase, queria fazer uma igual e mandar estampar
E pra ver como esses histórias deixam profundas marcas, traumas, em crianças é ver como nós nos lembramos de todas elas. Mesmo com nossos 8, 9 ou 10 anos nos lembramos de todas as vezes em que fomos perseguidas, em que nos passaram a mão, em todas as vezes me que nos sentimos um lixo por causa disso, em que ficamos aterrorizadas, magoadas... Nossa, é f***.
ResponderExcluirIsso deveria ser muuuito mais combatido na nossa sociedade. O governo deveria dar mais atenção à isso, promover campanhas, etc. Urgente!
Lola, vai acontecer uma edição da Marcha das Vadias em Itabuna, cidade do INTERIOR DA BAHIA.
ResponderExcluirAcontecerá amanhã, sábado.
É importante pois está mobilizando muita gente da cidade e de várias pequenas cidades circunvizinhas.
:)
A descrição do vídeo me lembrou este (de um dos 'Homens da Luta'), uma paródia em que um homem assedia outros homens. Foi bem curioso ver as reacções deles (não foram ensaiadas). O que ele diz aos homens é exatamente o que as mulheres ouvem - alguns homens não reagem nada bem...
ResponderExcluirEis o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=FaG7PUAHzb4
Um dia eu tava indo pra faculdade e tinha uma mulher atravessando a rua, parada no meio.Aí passou um cara numa moto e deu um tapa na bunda dela.
ResponderExcluirChega ela deu um pulo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOliveira, uau
ResponderExcluireeeeeeee lá em casa rapaz, meu Deus me deixou doidinho aqui !!!
Deixa eu passar a linguinha em você, deixa?!
Ei Lola,
ResponderExcluirQue bom que você tocou nesse assunto!
Também sou obrigada a lidar com esse tipo de assédio desde muito nova, e digo que é ultrajante.
Em algumas situações eu me descontrolo mesmo e grito vários impropérios ao cidadão. Já cheguei inclusive a apontar o dedo na cara de um deles. O engraçado é, que quando reagimos agressivamente, eles se assustam, não conseguem responder. Minhas duas hipóteses para essa reação são: 1) eles realmente acham que estão nos elogiando e que a opinião que eles têm a respeito de nossa aparência é relevante para nós. Logo, uma reação agressiva é uma grosseria de nossa parte; 2) eles esperam nos intimidar, nos envergonhar e com isso nos tornar mudas, de forma semelhante como um estuprador conta com o silêncio da vítima, seja criança ou adulta.
Acho que os homens deveriam saber que, pelo menos para a maioria de nós, a opinião de um desconhecido sobre nossa aparência não nos interessa. Não é que não gostemos de elogios: é só que importam apenas aqueles que venham de quem conhece a gente, nos admira, quer o nosso bem. Não ganho nem perco meu dia se me chamam de gatinha ou baranga. E sinto um nojo imenso quando praticam essa espécie de estupro verbal.
Cada vez mais evito andar em lugares mais movimentados, como o centro da minha cidade (Belo Horizonte). Como trabalho e estudo em casa, vou pouco a esses lugares, mas às vezes não dá pra evitar. Há uma semana mesmo tive que ir ao centro resolver mil coisas. Estava um calor desgraçado. Quis usar um short que eu gosto muito, mas já imaginava que isso ia me trazer incômodos. Acabei decidindo usar o short e foi só descer do ônibus que passou um carinha medonho falando coisas horríveis pra mim. Fiquei com medo, fiquei triste, mas, mais ainda, fiquei revoltada. Voltei pra casa num mau humor tremendo.
E não é que eu seja lá muito bonita não. Aliás, não são só as garotas estonteantemente belas que sofrem com isso. Basta ter entre 10 e 50 anos (e os limites são cada vez mais elásticos). Porque, na maioria das vezes, não é a beleza que está em jogo, mas sim o fato de termos um corpo capaz de prover prazer sexual. Só isso.
Oi Lola,
ResponderExcluirTambém já me deparei muitas vezes com situações como estas, como a maioria das meninas.
Recentemente, tenho ido trabalhar de moto. E comecei a observar que outros motociclistas buzinavam pra mim. Pensei, 'será que fiz algo errado?', ai me dei conta que alguns buzinam só pra chamar a atenção mesmo. Como não conseguem falar por estar dirigindo, alguns se prestam a mexer com a gente de outras formas. É dose.
E eles ainda se acham na razão. É dose!
Tava aqui pensando e Lola eu deixei de fazer caminhadas por causa disso. Eu resolvi entrar numa dieta e caminhar logo cedo. Daí colocava minha calça de ginástica, uma camiseta bem folgada o suficiente pra cobrir a bunda e saia, e olha que não sou e nunca fui a mais desejável das mulheres, e não é que quase todo dia, passava por mim algum homem nojento falando alguma gracinha.
ResponderExcluirDeixei de caminhar, só caminho quando meu pai se dispõe a caminhar comigo.
Pode parecer ridículo, mas foi o que aconteceu.
E o que me assusta mais é que as grosserias começam muito, MUITO cedo! Que 10, 11 o quê! Muito antes eu já ouvi grosserias, e achava um absurdo. Isso eu nem tendo corpo nem cara de mulher.
ResponderExcluirImagine então quando você chega na idade em que começa a virar "mocinha" mesmo, nunca mais saí na rua em paz.
Os homens nunca vão ter capacidade para entender o que isso representa para a maior parte das mulheres. Nunca vai acontecer com eles e, mesmo que aconteça, não vai vir acompanhado do medo de ser assediado (que infelizmente, é bem possível). Como que a gente sabe que alguém só vai falar grosserias ou que vai te estuprar ou passar a mão?
Confesso que até quando só me olham na rua eu me sinto desconfortável. Acho que se vivêssemos num mundo em que as mulheres são respeitadas, se um cara me olhasse na rua eu não ligaria. O problema é exatamente você não saber se ele vai só olhar. Ou seja, se é só um ser humano normal e educado te paquerando ou se é um criminoso que vai te seguir na rua.
Complicado, viu.
Oliveira
ResponderExcluirComo eu apontei no meu comentário, INFELIZMENTE nessa idade já ouvimos grosserias sim. Se você fosse mulher saberia.
Sim, acho que são pedófilos nesse caso.
Lola,
ResponderExcluirEu também reajo a grande maioria dos assédios nas ruas. Mas me sinto obrigada a relatar um caso que aconteceu aqui no Pará ano passado.
Uma jovem estava andando na rua, quando um homem resolveu mexer com ela, chamando-a de gostosa e convidando-a para sair, a jovem não gostou nada e resolveu voltar e responder para homem, acontece que esse homem era PM, estava de folga, mas estava armado, e quando a jovem virou as costas foi baleada e está tetraplégica até hoje.
O fato de contar isso não é para desencorajar as mulheres a responderem aos assédios, não! Eu acho que temos que responder sim! Precisamos colocar pra fora que não gostamos disso e que não objeto sexual de ninguém.
Mas o que choca nesse caso é a dominação, o ser superior, que não aceita não, que não aceita ser "humilhado".
É isso que vivemos a vida inteira.
p.s: ah, se voce quiser ler um pouco mais sobre esse caso: http://mulheresemmarcha.blogspot.com/2010/01/nota-de-repudio-ao-caso-da-jovem.html
Thais, uma coisa parecida aconteceu comigo. Eu também costumava fazer caminhada, à tarde. Fora as gracinhas corriqueiras, um dia um cara me seguiu, ficou assobiando e falando umas coisas que eu (ainda bem!) não consegui entender.
ResponderExcluirEu comecei a andar mais rápido, e ele acelerou, mas sempre ficava a uma certa distância, falando. Eu fiquei com medo, mas resolvi não correr, até que, perto de casa, eu virei em uma esquina e parei. Era um lugar menos movimentado, mas eu decidi confrontar o cara, gritar e xingar se ele continuasse me seguindo (fiquei com medo de que ele me seguisse até em casa, seria pior), mas, por sorte, ele não apareceu.
Thais
ResponderExcluirEu já deixei de andar de bicicleta e caminhar pelo bairro exatamente por isso também =/
Me senti mal fazendo isso, mas não é como se eu pudesse aniquilar todos esses homens da face da terra haha Preferi a saída mais fácil, já que me causava desconforto e o prazer do exercício deixava de fazer sentido.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Lola,
ResponderExcluirParece que você estava adivinhando uma situação que passo constantemente. E hoje então, parece que foi o dia D. O dia de ouvir grosserias. Como se isso fosse normal.
O engraçado de tudo isso, é que somos obrigadas a ouvir e demonstrar que gostamos desse monte de bobagem que ouvimos todos os dias quando vamos à faculdade, vamos trabalhar ou até mesmo vamos jogar o lixo.
Hoje tive um dia corrido no trabalho. Tive de ir em vários lugares fazer muitas coisas. E por todos os lugares que passei ouvi grosserias. E acredita que num dos lugares que fui, uma escola, o vigilante me importunou tanto, que teve a pachorra de perguntar se eu era casada? Imagine a cara que fiquei.
Sou uma pessoa tímida e morro de vergonha quando percebo que tem alguém me olhando com ar de cobiça. E se esse alguém resolve se aproximar pra tentar me assediar. Morro de ódio. É como se eu fosse obrigada a gostar das gracinhas que esses idiotas me dizem.
O que mais de deixa irritada é que quando estou com meu marido nada disso acontece. Ou seja, preciso da presença de um homem ao meu lado para demonstrar que já tenho dono. Imagine o quão irritante é passar por isso.
E pelo fato de ser casada e não usar aliança (por razões ideológicas), há momentos que parece provocação. Pois mesmo dizendo que sou casada, o infeliz insiste em querer algo e dizer gracinhas.
É como se fosse direito dos homens fazer o que faz e dever da mulher aceitar a situação.
Isso me lembra que quando tinha apenas treze anos, e estava a caminho da escola, um idiota do bairro onde moro me chamou de gostosa. Imagine o choque que tive? Uma garota de apenas treze anos ser chamada de gostosa por um homem de aparentemente mais de trinta é terrível. Ainda lembro do maldito e toda vez que o vejo tenho um pensamento terrorista de matá-lo. De tanto ódio que fiquei por ter passado por essa situação ainda garota.
Enfim, adorei teu texto. E fico um pouco aliviada por tê-lo escrito. É como se fosse um grito de socorro de todas nós.
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ResponderExcluirSobre os trolls de plantão, cito o que eu ouvi um padre dizer uma vez num documentário:
ResponderExcluir"Infelizmente temos que conviver com as idéias babacas."
Pessoal, ignorem. Alguém que fala "CHUPA CHUPA CHUPA" falando ao mesmo tempo de civilidade: isso é humor, Rafinha Bastos!
Sr Ding ling, tu podia ter teu próprio blog, fazer um n leva mais de cinco minutos
ResponderExcluirMelhor que ficar dependendo da aprovação dos outros
O mais triste é q apesar de me sentir uma mulher independente, resolvida, feminista, lendo os comentários e pensando na minha história, percebo q só me sinto realmente segura de andar na rua, passar por grupinhos de homens em porta de bar ou por qualquer infeliz desses, qdo estou com meu marido, meu pai, meu irmão... aí não penso duas vezes pra botar qualquer roupa, nem olho pra baixo enquanto caminho. É um momentinho de ilusão de liberdade que na verdade é uma prisão eterna.
ResponderExcluirNossa realmente estou muito humilhada, vou sair desse blog pq os machos estão acabando comigo e/NOT
ResponderExcluirÉ foda né, o garoto não tem vida social, fica se punhetando o dia todos e nos tempos livres ele trolla (ou tenta) blogs que ele odeia pq simplesmente não tem nada melhor pra fazer. É triste hein gente. Vamos acender uma vela para que Oliveira e Dig Din arrumem algo útil pra fazer de suas vidas tristes e tediosas.
òh o "dig din"
ResponderExcluirO|O
|
xiiiiiiiiiiii não levanta...
ops exagerei:
ResponderExcluirO|O
assim tá mais fidedigno.
kkk
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ResponderExcluirAliás: Mulher nenhuma merece isso!Aff!
ResponderExcluirRafaela, não sabia disso que aconteceu com essa moça no Pará.
ResponderExcluirFiquei chocada com a situação.
Quem deveria proteger e dar o exemplo (policial) foi quem cometeu a agressão verbal e física.
Como podemos ver aqui nos comentários, o que muita gente fala que é frescura, na realidade afeta MUITA mulher, que deixa de fazer X atividades ou de passar em X locais por causa da falta de respeito de alguns homens que se acham no direito de serem escrotos.
Da violência verbal para a física, pode ser um passo e enquando a maioria ver isso como "ah, vc deveria achar bom levar elogios" ou "isso não é nada, é frescura" casos horrorosos como esse do Pará, vão continuar a ocorrer.
Vou parecer ESCROTA se flr uma coisa???
ResponderExcluir.
.
.
.
. Eu gst quando recebo ELOGIOS na rua. E-L-O-G-I-O-S! Se falam q eu to bonita, gatinha, princesa...Tbm gst de notar que tem um homem me ADMIRANDO, me achando, de fato BONITA! Isso deixa a gente (eu), me sentindo envaidecida.
Agora, muito diferente de ouvir coisas obcenas e assédios estúpidos, olhares de "Nossa, se pudesse te comia agora!" entre outras coisas.
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ResponderExcluirSobre os homens héteros serem cantados pelos homens homossexuais: não é a mesma coisa, é bem diferente. Um hétero não tem vontade de transar com nenhum homo, diferente da mulher(não estou dizendo que alguma mulher vai querer transar com o cara que fica se chupando todo quando ela passa) que quer transar com algum homem(não se aplicando as lésbicas e assexuadas(!), claro). O mais próximo seria um homo ser cantado por outro homo, aí ficaria semelhante, mas só um gay poderia dizer. Acho que por ser homem não incomodaria muito pela raridade da situação. Nada disso aconteceu comigo e eu não tenho medo de mulher nem de homo, nunca sequer fui ameaçado por homos ou mulheres quando passei por eles na rua.
ResponderExcluir@Oliveira Não compreendo, para um mulher ser respeitada ela precisa usar burca? Ou nem mesmo assim?
ResponderExcluir__
Tópico:
Não entendo se um homem consegue segurar a língua pra não passar uma cantada na mãe ou na irmã acho que consegue expandir essa vontade pra fora do portão de casa. Né não?
A minha é muito bem treinada.
Dig Din se sentiu atacadinho!Carapuça serviu que é uma beleza!
ResponderExcluirUauuuu!Idéias super revolucionários!Causaram revolução em 1.5000!
PERFEITO, Lola! Passei por isso ainda hoje (mas passo todos os dias, infelizmente) quando vou almoçar. Deus sabe como eu gostaria de ter uma arma laser para queimar todos os imbecis que, dia após dia, dizem as piores coisas do mundo para mim - ah, e não importa se eu estou de saia ou usando um saco de papel na cabeça. Por aí, nota-se que é tudo pelo puro e simples prazer de importunar, de ofender mesmo. Me dá MUITA raiva.
ResponderExcluirGente o topico tava tao bom!
ResponderExcluirVamos ignorar esse Sr ling ling ai!
ele não acrescenta em nada só quer tumultuar!
"Lola Balofa" e "Escarlate biscate" é muito coisa de 3ª série.
ResponderExcluirDá sono.
Isso é nojento demais, desde criança ouço grosserias também, mas hj xingo ou mostro o clássico "dedo do meio", até hj todos baixaram a bola.
ResponderExcluirE morro de vergonha quando ando com outras mulheres e elas riem das "gracinhas" (para mim, ser chamada de gostosa ou qualquer outra coisa que remeta a atributos sexuais não é gracinha coisa nenhuma, é uma baita falta de respeito)!
E hoje penso, como uma criança de 10 anos, que aparentava ter menos ainda (eu era sequinha, sequinha, só usava roupa de criança mesmo ou uniforme, na minha época ainda não tinha roupa de "mocinha" para crianças) ouve tanta besteira?
Bando de pedófilo sem vergonha, isso é gente da pior categoria!
Mas eu adorei o Escarlate Biscate! É 3° série mesmo, mas eu não esperava nada melhor q isso. Mas é criativo, né?
ResponderExcluirQue tal Sr Dig Din pingulin de guaxinim? HÃ HA?
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ResponderExcluirAcender vela pra troll? Não valem o pavio que queima, mas uma viagem só de ida para a Sibéria seria um bom investimento.
ResponderExcluir-
Dayane Ok, eu entendo que mulheres se sintam bem quando recebem um elogio bacana, cortês, mas até isso eu dispenso. Essa coisa de estar andando na rua e aleatoriamente um sujeito qualquer soltar um comentário para mim, mesmo que seja educadamente, não faz o meu tipo. Quer dizer, aquilo ali é uma rua, não um bar ou uma festinha onde o flerte é esperado. Mas enfim, não me ofenderia. E sei lá, eu gosto do que vejo quando me olho no espelho então elogios aleatórios não surtem esse efeito todo. Gosto de receber a aprovação das pessoas que participam da minha intimidade, de estranhos eu dispenso.
Niemi, que coisa, muita babaquice desse povo que não se enxerga. Chato que ao vir para cá, ou nascer aqui, ganhamos a companhia de gente sem noção como brinde. Gosto de pensar que são assim porque bateram com a cabeça ao nascerem ou faltou oxigênio na hora do parto, aí traumatizaram sabe, ali presos no canal vaginal sufocando, experiência terrível. Aí, como um efeito retardado eles descontam frustrações em mulheres. :) Sei lá, é só uma teoria.
HAHAHAHAHAHA tratamento para pé de galinha foi ótimo.
ResponderExcluirVc é tão original!
TÃÃÃOOOO original!
Lola e pessoas que estão comentando/prestando depoimentos muito importantes: o que podemos fazer? Penso que deveríamos tentar movimentar setores como Conselhos de Psicologia, entidades de defesa de diretos humanos, órgãos governamentais responsáveis por educação e saúde, pela infância. Precisaria ser uma coisa abrangente, que cobrisse os aspectos psicológicos e sociais das consequências desses atos. Acho alarmante que os relatos dêem conta de fatos que ocorreram na infância e que deixaram marcas tão profundas na psiquê de mulheres. Entendo que quem comenta aqui tem um pensamento mais crítico, tem melhor escolaridade e, certamente, mais acesso à informação e veja quantas sofrem com isso. Imagino o que acontece com tantas outras que nem sabem que existem blogs como o da Lola, em que esses assuntos são debatidos.
ResponderExcluirNão quero parecer naive, mas acho que podemos tentar, pelo menos, começar um movimento de conscientização a partir de entidades representativas, porque isso envolve muitos aspectos - os danos psico-sociais são imensos!
Lendo os depoimentos, penso que defesa pessoal deveria ser ensinada em escolas e somente para meninas, por exemplo, ou que elas deveriam andar com spray de pimenta ou até mesmo um revolver na bolsa, mas isso é loucura! Será que a única forma de resolver isso é partindo para a violência física? Porque se um FDP de um policial (desculpem, mas não dá para aguentar isso com tranquilidade) substitui a fraqueza de sua virilidade pelo poder de uma arma, o único pensamento irracional que me ocorre é "devolver na mesma moeda" - o que não me parece o mais correto.
Precisamos repensar, e rápido, nossa educação básica, incluindo desde cedo noções de ética, respeito e valores humanos nas matérias ensinadas em nossas escolas.
Mas, enquanto isso não ocorre, o que podemos fazer?
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ResponderExcluirdig din
ResponderExcluirnão vou nem me dar ao trabalho de te responder, porque tem que rir, né?
essa coisa de "pelo menos não sai do meu pais pra vir tirar emprego de ninguem" em um país como o nosso, de várias culturas, é algo no MÍNIMO estranho de se pensar. E pior: achar que ela, por ser de outra cultura, tá "roubando" algo de quem nasceu aqui.
Esse papo ai tb me dá sono.
Sobre os pés de galinha, eu ainda não tenho, mas quando tiver, vou fazer questão de assumi-los ;)
Esse Dig Din ja está ficando insuportavel...
ResponderExcluirOlha querido:
VC deveria se informar melhor antes de sair falando asneira
Eu não tiro emprego de ninguem pelo contrario! Eu dou emprego pra muita gente!
Não sou peão sou CHEFE de departamento, ok? Aliás só essa semana contratei uma estatiariA que faz sistemas da informação.
Blz? "Mandei a real!?
Ai gente! daqui a pouco a Lola apaga isso aí, parem de responder ao troll
ResponderExcluirNão quero parecer arrogante, mas vc com esse seu intelecto de criança mimada vai demorar a sua vida inteira pra chegar no salário que eu ganho.
ResponderExcluirTalvez, nunca vá conseguir.
Acho que isso sim pode te frustrar
;D
CALOU A BOCA HEIN NIEMI!
ResponderExcluir\O/
kkkk...
ResponderExcluirMe desculpem mas "Escarlate Biscate" ficou engraçado
(pelo menos o muleque sabe rimar...)
Vai caçar teu rumo muleke!
To aqui a quase um ano tentando fazer uma "trolagem séria" e vc fica quizumbando aqui!
Puta que me pariu!
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ResponderExcluirFlávio Brito,
ResponderExcluirEu tava aqui, queimando a minha última rapadura em exercício mental, preparando alguma descascada pro Sr "piada-pronta" Digdin, ma seu último comentário me livrou do esforço. Porque até pra ser troll há de se ter algum profissionalismo ^^ Ae, ganhaste 2 gramas de moral, ma só hoje, heim? Costuma não.
"To aqui a quase um ano tentando fazer uma "trolagem séria" e vc fica quizumbando aqui!"
ResponderExcluirrsrsrs Lola, esses calouros estão depondo contra seus críticos profissionais. Dois aqui já se manifestaram. O bom é que a gente ri.
Olá Dayane,
ResponderExcluirconcordo com você. Também gosto de ouvir elogios na rua. Talvez, por ser mais velha, pois tenho 46 anos, não passei por tantas situações desagradáveis. Sim, também já ouvi grosseria. Mas, na maioria das vezes, foram sim, elogios. Acho os isso legal, realmente não me incomodo. Gostaria
de ter coragem de elogiar os homens que atraem a minha atenção na rua, mas ainda não desenvolvi este meu lado.
Lola é terrivel escutar grosserias na rua, ja levei até tombo por conta dessas chateações, mas tambem ja recebi cantadas que até me emocianaram, como estar correndo num parque pra fazer exercicios e guanhar uma flor de jardim, houve um rapaz que fez uma poesia muito linda pra mim na rua, eu não me chateio se me falam alguma coisa com graça, o que é desgradavel e machista na minha opinião é quando se aproximam demais e tentam por a mão, ou dizem baixarias grosseiras, adorei o video.
ResponderExcluirMas vou confessar que por brincadeira eu e algumas amigas ja mexemos com uns caras na rua, quando passamos de carro, é engraçado ver como eles ficam sem jeito.
Lucas
ResponderExcluir"ainda tem a questão muito óbvia do medo de uma retaliação física mesmo.
Tá cheio de gente doida por aí, e vai saber como o sujeito pode reagir, né?"
Só por isso eu não reajo tbm. Prefiro ignorar e seguir em frente, desde que o calhorda não tente pegar em mim (o que inclusive é muito comum acontecer, o cara fala barbaridades para a mulher e ainda se acha no direito de tocá-la).
Thaís,
ResponderExcluirCalça de ginástica é o fetiche dos tarados de plantão, calça legging também. Uma vez, vesti uma calça legging e uma camisa bem folgada por cima, mas não comprida o suficiente pra cobrir a bunda. Inventei de sair assim na rua, achando que minha combinação não iria atiçar os tarados. Não iria?
Escutei grosserias a cada passo que eu dava. Resultado: aboli a legging.
Flavio Moreira, mobiliziar a sociedade é mesmo muito importante. Não basta darmos nossos relatos, temos que ir além. Eu participo como colaboradora num grupo que lida com essas questões de gênero, os papéis que assumimos, o posicionamento da família. É voltado pra adolescentes e adultos jovens, mulheres e homens. Foi aberto um espaço ali para que contem suas experiências, que ouçam diferentes pontos de vista, que proponham soluções e se engajem nas mudanças que considerem válidas no seu entorno. Participam de eventos e palestras aqui no RJ, os resultados têm sido muito bons.
ResponderExcluirA idéia da enquete é interessante. Conheço muitas mulheres que são sexualmente assediadas desde crianças. É comum infelizmente.
Eu adoro o blog da Lola. Adoro seus posicionamentos políticos, seu conhecimento histórico, sua luta contra o racismo e contra a homofobia. Seu feminismo também é muito importante. Acho que qualquer forma de feminismo é importante num mundo tão machista. Mas como ela mesma diz, nem todas as feministas pensam igual. E eu penso diferente dela.
ResponderExcluirAndei dando uma olhada nos comentários e só vi as mulheres criticando as grosserias sem uma análise mais profunda de outras questões que foram levantadas no texto. E vi que uma pessoa (a Dayane) quase pediu perdão de joelhos por dizer que gosta de receber elogios na rua.
Quero deixar claro que não vou defender agressão física, ou pedofilia . Isso é caso de polícia.
Agora, com relação as grosserias ditas no meio da rua, eu estou num nível que não me causam qualquer tipo de reação. Desde que sejam apenas grosserias. Agressão física e pedofilia são outras questões. Eu sou da opinião de que as mulheres não precisam se comportar como objetos de cristais prestes a se quebrarem. Uma vez, eu, um colega médico e um estudante de medicina estávamos conversando sobre músicas. O estudante queria cantar uma música que, teoricamente, teria um termo que não deveria ser dito na frente de uma mulher. Notei seu constrangimento e disse que ele poderia cantar a tal música. E o tal termo era simplesmente putaria. Eu disse : é só isso? Olha vc está falando com uma mulher e não com um bibelô.
Mas parece que as simples cantadas também deveriam ser proibidas né. Afinal se um homem canta uma mulher no meio da rua ele está dizendo que a rua é dele né? Mas ninguém questiona o motivo de as mulheres não serem capazes de dar uma cantada. É assim: na incapacidade de nós mulheres darmos uma cantada, vamos proibir as cantadas! Ninguém questiona o motivo de os homens acharem que as ruas são deles. Não aconselho que as mulheres saiam, durante a noite, sozinhas nas ruas. Mas vocês já notaram que mesmo nos bares e restaurantes não vemos mulheres sozinhas? Mulher "direita" só anda em bandos. Os homens vão para bares sozinhos. Mulheres, até pra irem ao banheiro, tem que ser acompanhadas. A mulher não conquistou as ruas! As mulheres ainda se preocupam com o que os homens vão pensar: mulher sozinha tá procurando homem.
A impressão que eu tenho é que o feminismo, que não é o meu feminismo, não se dirige as mulheres. É um feminismo dirigido aos homens. É assim: homens não dêem cantadas no meio da rua , não vejam revistas de mulher pelada, sejam exclusivos de suas parceiras pois
vocês são propriedades delas, façam o favor de permitir que as mulheres tenham quantos parceiros quiserem, etc.
O meu feminismo não é assim. Eu diria: mulheres vamos sair sozinhas (pelo menos para bares e restaurantes), vamos conquistar as ruas! Vamos nos dar o direito de curtir o corpo masculino a ponto de podermos ver revista de homem pelado. Vamos encarar que exclusividade sexual é uma fantasia e tentar um relacionamento aberto onde os dois possam ter mais de um parceiro e não só os homens. Pois é fato que homens nem sempre são monogamicos e quase nunca são exclusivos de suas
parceiras. Não vamos lamentar ser chamadas de putas. Não vamos abrir mão de nossa liberdade sexual por causa disso. Os homens que perdermos por considerarem putas as mulheres livres não valem a pena. Não vamos esperar concessões dos homens. Vamos lamentar menos e agir mais.
Eu como homem, digo que esses "pseudo-homens" que mexem com mulheres na rua são um bando de inseguros, pois não sei se vcs mulheres já repararam que em quase todas as vezes, o cara que mexe com a mulher não está sozinho?
ResponderExcluirIsso na realidade é auto-afirmação, querem mostrar que gostam de mulheres e é também por carência pois eu pelo menos nunca vi um homem conquistar uma mulher dessa forma, ainda por cima esses caras são burros demais.
Eu não ando mais com esses caras pois morria de vergonha quando mexiam com alguma mulher, não sabia onde enfiar a minha cara... já tentei falar que isso é ridículo e até perguntei se eles já ficaram com alguma mulher dessa forma, eles só sabem falar "vc é viado"(mesmo já tendo me visto com mulheres), vc não sabe lidar com mulher", respondia que eu pelo menos me relaciono com mulheres diferente deles mas não tem jeito, são cabeças duras demais...
Confesso que quando vejo uma mulher bonita na rua eu olho sim, ora... o que é bonito deve ser apreciado, mas procuro ser o mais discreto possível sem que ela perceba e já que com essa correria nem dá pra "chegar" nela.
Uma curiosidade é que feministas criticam esses homens e os masculinistas(inimigos nº 1 um do outro e eu não sou nem uma coisa nem outra) também, já repararam nisso?
Uma pergunta a vcs... já ouvi de mulheres que se homens parassem de mexer com elas na rua, a auto-estima ficaria abalada e umas até entrariam em depressão, como vcs se sentiriam se os homens parassem de olhar pra vcs ou pelo menos olharem mas de forma discreta que muitas vezes nem perceberiam, como ficaria a auto-estima de vcs?
Lola, esse seu texto me lembra esse vídeo, num quadro em que uma mulher no Chile responde às cantadas na rua, deixando alguns caras sem graça, e outros cheios de "olharezinhos ameaçadores": http://youtu.be/2Uc_65dy7-I
ResponderExcluirMarussia, faço minhas as suas palavras. É exatamente isso que eu penso sobre o feminismo, ou pelo menos, essa é a impressão que passam.
ResponderExcluirLola, excelente post. MESMO.
ResponderExcluirEu fico estarrecida quando, por exemplo, vou tomar um sorvete tipo casquinha na rua. Os homens ficam olhando e fazendo caras e bocas, como se eu estivesse tomando o tal sorvete só para provocá-los, como se eu os estivesse seduzindo para fazer sexo oral!!!
Imagino que outras mulheres também passam por isso. É constrangedor.
Eu li alguns dos comentários e concordo sobre a reação dos homens se a gente responder. Mesmo que a gente resolva dar mole para eles (só pra ver como reagiriam), eles certamente fugiriam. Quer dizer, a intenção não é mesmo flertar.
Um nojo!
Beijo.
Ralf
ResponderExcluirSua pergunta eu posso responder. Eu sou feia (na realidade me considero normal, mas nos padrões de hoje normal é feia), devo ter recebido umas 2 "cantadas" na rua (que eu tenha percebido) e tenho 26 anos.
Cresci com a minha prima que é bonita e nunca gostei das grosserias e olhares que ela recebia quando saíamos.
Isso me fez gostar de ser feia, de não chamar a atenção, e me fez adorar ainda mais os elogios vindo das pessoas que me conheciam, porque eu sabia que eram sinceros.
Não vou negar que na minha adolescência eu queria ser notada, queria ser bonita, mas cresci e percebi que eu só queria essas coisas porque achava que eu tinha que ser assim pra ser feliz. Percebi que eu não preciso, que sou mais feliz com poucos amigos mas os melhores, e feia mas com os elogios merecidos.
Bem, é assim que eu me sinto com a falta de olhares, livre!
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ResponderExcluirEu duvido muito que a autora do texto e 99% das leitoreas daqui sofram assédio nas ruas
ResponderExcluirNão consigo acreditar nisso
Às vezes tenho a impressão que para os brasileiros, mexer com mulheres na rua é além de um direito, um dever, uma espécie de atestado de macho.
ResponderExcluirDigo isso porque já reparei que muitos homens quando estão sozinhos ou numa rua vazia, apenas olham discretamente se uma mulher passa ou às vezes nem olham, mesmo que ela seja muito bonita.
Mas quando estão acompanhados de amigos ou estão em uma rua mais movimentada, aí olham de uma forma mais indiscreta, entortam mesmo o pescoço como se quisessem que toda a rua visse que estão olhando, dizem aqueles "elogios" mais altos, se outros homens olharem e mexerem então, é quase um efeito dominó.
Nessas situações, a mensagem implícita que pareço ouvir é "olhem pra mim, eu sou macho, estou olhando uma mulher bonita, sentindo desejo e mexendo com ela".
Uma vez morri de rir de uma amiga minha que disse a respeito de uns caras que estavam em uma construção perto da casa dela "Ali tem até uns caras bonitinhos, mas a gente desanima porque se passar um gambá vestindo uma saia eles mexem".
Ah, e esse post seu me fez lembrar uma entrevista da Simone de Beauvoir que li há algum tempo.
ResponderExcluirNele a Beauvoir fala que depois da explosão do movimento feminista na França, ela sentiu que muitos homens se tornaram mais grosseiros nesse assédio diário nas ruas.
É como se eles pensassem "agora que estão liberadas sexualmente, não tenho obrigação de fingir respeito" ou então que fosse mesmo uma forma de continuar exercendo poder.
Vou transcrever as palavras da Beauvoir:
Por causa da publicidade, a palavra “libertação” está na ponta da língua de cada homem, estando eles cientes ou não da opressão sexual que as mulheres sofrem. A atitude generalizada dos homens agora é “bem, já que vocês foram libertadas, vamos para a cama”. Em outras palavras, os homens agora estão muito mais agressivos, vulgares, violentos. Na minha juventude, nós podíamos passear por Montparnasse ou sentar em cafés sem sermos molestadas. Oh, a gente recebia sorrisos, acenos, olhares, e etc. Mas agora é impossível uma mulher sentar sozinha em um café para ler um livro. E se ela é categórica em ser deixada sozinha quando um homem a acossa, o comentário deste ao partir é, freqüentemente, vadia ou puta. Há muito mais estupro agora. Em geral, a agressividade e hostilidade masculinas se tornaram tão comuns, que nenhuma mulher se sente à vontade em Paris, e pelo que tenho ouvido, tampouco nas cidades dos Estados Unidos. A não ser que, é claro, as mulheres fiquem em casa. E é isso que está por trás dessa agressividade masculina: a ameaça que, aos olhos dos homens, a libertação das mulheres representa trouxe à tona suas inseguranças; por isso essa raiva, que tem como resultado a tendência de se comportar como se só as mulheres que ficam em casa são “puras”, enquanto as outras são fáceis. Quando as mulheres não se mostram tão fáceis assim, os homens se sentem pessoalmente desafiados, por assim dizer. Ficam com a idéia fixa de “pegar” a mulher.
Fonte: http://www.simonebeauvoir.kit.net/artigos_p02.htm
Gente, desculpem por não deletar os comentários do trollzinho antes. Estive longe do computador a tarde toda, praticamente. Vcs veem como tudo que um troll quer é atazanar, desvirtuar tudo? Tava tudo indo bem, todo mundo contando suas histórias, e aparecem alguns trolls pra chamar a atenção. Unicamente pra isso.
ResponderExcluirAh, tem muita gente nova por aqui que não sabe que o Oliveira é um troll antigo. Ele já está no blog há uns 3 anos. Volta e meia ele diz que não volta mais aqui nesta porcaria de blog, mas, INFELIZMENTE, ele sempre volta. Como muitas leitoras repararam, Oliveira é apaixonado por mim. Inclusive morre de ciúmes do meu marido. Mas eu realmente tenho nojo de um sujeito tão covarde, tão reaça, tão idiota quanto o Oliveira. E, por isso, vou voltar a deletá-lo SEM LER, como fiz em muitas outras ocasiões. Vejo o nome Oliveira? Deleto. É bem simples. O mesmo com a cria de troll.
É mesmo, Julian. 99% dos comentários daqui são pura ficção. As leitoras daqui gostam de inventar histórias sofridas, sabe? Como vc é ridículo, rapaz. Primeiro nos chama de mentirosas, ao mesmo tempo que insinua que somos feias. Vc e o Rafinha acham que só mulheres bonitas são estupradas, certo? Como se estupro e seu primo de segundo grau, o assédio, tivessem mais relação com sexo que com poder e violência. Como se mulheres feias estivessem livres de estupro e assédio! NENHUMA mulher está livre de violência. Nenhuma. Isso inclui a sua mãe, sua irmã, sua filha, sua esposa... E vc corrobora para que essa situação se perpetua. Parabéns. Vc deve estar orgulhoso.
Oi, Liana.
ResponderExcluirVocês têm um site? Seria bacana poder divulgar essa iniciativa e, quem sabe, reproduzi-la em outros lugares.
Um grande abraço.
Oi Lola!
ResponderExcluirLegal que tu decidiu falar do vídeo. Achei excelente pra dar uma virada de perspectiva pra essa questão.
Eu sinto um pouco que aqui na Argentina a coisa é mais light, os caras não falam tanta grosseria como no Brasil, mas mesmo assim, ninguém tem a obrigação de ter que ouvir comentários sobre sua beleza quando não está afim.
Tem um cara aqui perto do arquivo onde vou todo dia que me deixa revoltada! É um ambulante, tem uma banquinha de óculos de sol, e todo santo dia quando passo lá o cara fala alguma coisa. Já mudei o caminho várias vezes por causa dele. Fazia tempo que eu não passava e ontem, quando passei, de fone de ouvido, o cara, não satisfeito em dizer uma abobrinha e não ser ouvido, balançou a mão na minha cara pra chamar a atenção e mandou um beijo. Todo mundo na calçada viu. Queria mata-lo! Depois fico imaginando mil coisas pra gritar na cara dele, mas na hora nunca reajo. Dá uma raiva!!
Flavio Moreira, temos não. A coisa toda é bem informal, mas até seria uma boa. A abordagem é intimista, trabalhamos com um grupo pequeno mas bem participativo. Queríamos esse olho no olho, sentimos que hoje as coisas estão muito rápidas e superficiais. Como o grupo lida com questões muito pessoais, ficamos envolvidos nessas conversas e não pensamos em fazer um site. Às vezes funciona como uma espécie de terapia de grupo ou como um refúgio. Foi justamente porque a coisa naturalmente ficou muito fechada que resolvemos abrir mais e buscar essas palestras e eventos. Estamos vendo como o grupo evolui, o maior esforço é no sentido de gerar essa conversa franca sobre gênero e sociedade e promover mudanças pontuais mas sólidas. Tem funcionado muito bem, eles já chegaram na fase de liderarem os encontros e a psicóloga só faz alguns acréscimos mais profissionais.
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ResponderExcluircoloca esse vídeo no post , LOLA!
ResponderExcluirMulher intimida homens ao repnder elogios
Mujer intimida a hombres al responder piropos
http://www.youtube.com/watch?v=2Uc_65dy7-I&feature=related
E a saga Rafinha Bastos continua, agora fazendo vídeos para ironizar a saída do CQC (resolveram tirar ele afinal?) e recebendo o apoio de Danilo Gentili...
ResponderExcluirVamos ficar de olho, eles são sócios do bar Comedians, em São Paulo (boicote).
http://twixar.com/QskZDlbh8KFA
Ah, a velha idéia de que o feminismo castra homens e faz mulheres de eternas vítimas. Essa é velha. Para que uma mulher possa usurfruir do espaço público com segurança e de sua sexualidade sem ser punida pela sociedade, precisamos da participação masculina nesse processo.
ResponderExcluirNão basta podermos compartilhar os mesmos espaços e atividades, precisamos que o respeito às decisões de uma mulher seja internalizado, pelas próprias mulheres E pelos homens.
Claro que não devemos pedir permissão, mas é inevitável pedir colaboração no mais alto nível. Meu feminismo conversa com homens e os ouve pelo simples, e ridiculamente óbvio, fato de que eu convivo com eles e suas decisões me afetam, para o bem e para o mal.
Mulheres precisam de empoderamento e de iniciativa, precisamos assumir o controle de nossas vidas e isso inclui vivermos em sociedade com todas as responsabilidades e comprometimentos que isso demanda. Homens são parte importante e necessária das nossas realizações sociais, seja para colaborar seja para ter a finesse de sair da frente, e não vai ser nenhum arroubo libertário do clube da luluzinha que vai mudar isso.
É, car@s,
ResponderExcluirA pedofilia está muito presente na vida real da maioria das pessoas.
A questão é que as mulheres são muito mais atingidas por esta violência que os homens.
Ainda bem que, graças à luta das feministas e outr@s, o combate à pedofilia está na ordem do dia. Até agora o pedófilo era tido como um cara normal, apenas há pouco ele começou a ser visto como um criminoso. Afinal, quem nunca ouviu - agora não mais porque "pega mal" - um cara falar que gosta de adolescente, mocinha?
Um ponto chave, no meu entendimento, é a consciência, a conversa e a proteção por parte da família. Todos os dias passam na TV casos em que a criança menina era molestada pelo pai/padrasto e a mãe não fez nada.
A família precisa entender que isso - pedofilia, assédio a crianças/meninas - existe, e conversar com as crianças para elas se sentirem seguras de contar imediatamente se algo acontecer.
O pedófilo precisa ser desmascarado. É muito fácil dizer que a criança "se enganou", mas se os pais/família fizerem-na se sentir segura, não haverá desculpa.
NOSSA REALIDADE
A verdade, que a aparência das coisas oculta, é que nós mulheres não temos muito mais liberdade comparado àquelas obrigadas a usarem burka.
Vivemos sob esta lógica de os homens se acharem donos do espaço da rua, tomando como "respeitáveis" as mulheres que não ousam sair de casa.
Trata-se de uma luta política - ou seja, relações de poder - e se as mulheres não se impuserem no espaço da rua, nada feito.
Claro que não acho, como certa pessoa acima, que a mulher que reclama do assédio se acha "de cristal". Nada disso. A violência é muito concreta. É preciso tornar essa questão uma questão pública. E como é difícil fazer isso quando o problema afeta as mulheres (causado por alguns - muitos -homens)!!
O cara que mexe, assedia, violenta mulheres nas ruas é tão covarde que se ele se sentir ameaçado, de alguma forma, pela mulher, ele não mexe/assedia (idem para o que faz isso nos lares, mas o enfrentamento é diferente, é empoderar as meninas e as mulheres). Fiz esta experiência muitas vezes: sai com um grande/pesado guarda-chuva nas mãos e faz uma "cara de quem não tem nada a perder" (rs rs).
É só um exemplo, para pensarmos em ações mais amplamente.
(desculpem o tamanho do texto!)
Julian,em q brasil vc vive querido??? meu namorado fica incoformado com as coisas que ele vê, como ele é estrangeiro pra ele é um choque essa questao... inclusive ele percebe até mais do que eu pq os proprios colegas dele mexem com as meninas.. e mesmo quando nao mexem, fazem comentarios nojentos (isso eu nao teria como saber ja que tenho poucos amigos homem)
ResponderExcluirQuando eu era adolescente, sempre ouvia gracinha, até de conhecidos.
ResponderExcluirUma vez um "amigo" falou pra mim: Por que vc não pega aqui?
Eu me irritei e falei: pego sim, fui pra cima dele e dei um apertão bem forte... a partir daí passei a dar patadas quando ouvia alguma gracinha e as pessoas que me conheciam pararam de mexer comigo. Algumas pessoas dizem que sou ruim, fria, que não aceito brincadeira... geralmente eu respondo: Se vc está brincando comigo é pq está me dando a liberdade de revidar...
Os desconhecidos na rua eu só ignoro e pronto.
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ResponderExcluirCar@s,
ResponderExcluirInteressantíssima a citação acima de Beauvoir, faz-me ter ainda mais certeza de que esse é um problema da cultura ocidental (que se espalhou e se impôs no mundo todo).
No presente contexto, há circunstâncias bastante desfavoráveis a nós, principalmente a mídia e o uso que faz do corpo da mulher. A mídia, ao manipular imagens e construir desde cedo nossos desejos, faz com que as pessoas internalizem os padrões. Isso é o pior, é por isso que algumas mulheres se acham valorizadas quando são assediadas. Bye-bye consciência.
Vejo que o movimento negro conseguiu avançar muito neste sentido: as pessoas negras hoje reconhecem que sofrem racismo muito mais que as pessoas do sexo feminino reconhecem que sofrem violência machista. Claro, são contextos distintos, peculiares. De fato, haverá luta mais árdua que lutar contra grandes corporações midiáticas (uma das peças-chave do capitalismo contemporâneo) cujo lucro, em boa parte, vem da dissecação, da medição, do uso & abuso sistemáticos de corpos de mulheres?
Mas houve avanços, principalmente: toda a legislação, as mudanças institucionais (polícia, judiciário etc.), as campanhas governamentais, sobre a violência doméstica. E as feministas começaram isso há décadas, e colhemos os frutos a partir dos anos 2000.
Parar de dizer "noossa, que linda" para uma completa desconhecida na rua NÃO elimina o flerte, só o torna mais inteligente que isso e oportuno. Diria até que aumenta as chances de sucesso.
ResponderExcluirNem toda mulher quer posar de forte no sentido comum da palavra. Ser bem resolvida pode ir por outros caminhos mais sutis. Algumas são de fato delicadas no trato, não querem ouvir palavras de baixo calão, não ganham as ruas no grito, esses papéis simplesmente não as representam e é um direito delas serem respeitadas nesse sentido, tanto quanto daquela que quer pôr uma roupa decotada e se sentir bem ou daquela mais decidida, a líder, a desbocada, a destemida, a desaforada, até a meio sem noção. A luta por frequentar bar, comprar revista pornô e transar com um monte, não é bandeira de todas, mas fica tudo incluso, direta ou indiretamente, por isso o feminismo é plural.
E mais, o discurso de algumas me soa muito sexualizado. A liberdade sexual feminina faz parte, é um símbolo forte, mas não está no centro do meu feminismo. Minha bandeira é de uma vivência social mais saudável e com mais respeito.
Boa, Liana:
ResponderExcluir"Parar de dizer "noossa, que linda" para uma completa desconhecida na rua NÃO elimina o flerte, só o torna mais inteligente que isso e oportuno. Diria até que aumenta as chances de sucesso."
Aliás, se o cara quer atrair a mulher, ELE tem de mostrar que ELE é bonito e atraente, e não dizer que a mulher é bonita - coisa que ela provavelmente já sabe.
rsrs
Liana interessante sua forma de ver o feminismo.
ResponderExcluirPara mim, a luta (nem sei se é feminismo) é para que todos seres vivos (homem, mulher e outros animais) possam ser livres, possam escolher e sejam respeitados por isso.
Eu gostaria de ver o dia em que as nossas escolhas individuas, que não interferem no coletivo, simplesmente não sejam julgadas, não sejam nem debatidas.
O dia em que usar a roupa X ou Y, gostar de homem ou de mulher, casar ou não, ser magra ou gorda não importe para outros e muito menos para sociedade em geral.
O dia em que não tentem desesperadamente nos encaixar em padrões pré-estabelecidos.
Não gosto de nada que soa como sendo imposto. Eu não tenho obrigação de seguir nenhum "passo a passo" de como se deve viver, venha ele do machismo ou não.
Eu já comentei aqui outras vezes e vou enfatizar uma parte da minha história, que vocês já leram. Minha história passou de assédio para abuso, quando criança e quando adolescente fui estuprada e depois assediada novamente, enfim.
ResponderExcluirA primeira parte dessa minha história de vida, começa com um primo do meu pai, que quando eu era mais nova, uns 9/10 anos, me dava presentes, comprava sorvetes e me convidava pra visitar a casa dele. Até ai, tudo bem.
Uma vez, fui a casa dele com minha avó, que é tia dele, eu tinha 11 anos, estava com uma saia longa, tipo envelope, e uma blusinha e combinava, era de alcinha fina. Eu tinha participado de um evento onde eu desfilei e foi escolhido a princesa da primavera, algo assim.
Ele me chamou pra ir comprar um sorvete, minha avó não quis ir, fomos os dois a pé, buscar, era perto, uns 8 quarteirões.
No meio do caminho ele começou a me falar que eu era bonita, que meu pai ia ter trabalho comigo, etc...
Na volta, ele me parou, me segurando pelo braço, me abraçou por trás e mordeu minha orelha.
Depois ele disse que aquele era "nosso segredo", que meu pai não podia saber e tals.
Durante muito tempo, não contei pra ninguém e fugi dele. Nunca mais fui a casa dele, nunca mais fiquei sozinha com ele e evitava-o quando ele ia na minha avó.
Odiava ver ele perto das minhas primas e das meninas menores da minha família.
Não são só homens na rua que mexem conosco. São homens que estão dentro de nossas casas, de nossos trabalhos.
Muitas vezes ouvi coisas como: vc tá gostosinha hoje hein... entre outras coisas: dentro do meu ambiente de trabalho.
Ouvi coisas mais suaves e mais pesadas. De pessoas conhecidas!
O que dá a eles esse direito?
Quando eu achava que nunca mais passaria por algo do tipo, eu fui ESTUPRADA, pelo gerente do lugar onde eu trabalhava. E eu me senti uma idiota além de tudo, pq ele vivia de gracinha comigo, como eu não tinha percebido. Ele começou a me assediar mais e mais e depois e me tocar e eu morria de medo, quando eu reagi, fui estuprada.
Antes disso eu reagia SEMPRE. Hoje, meu amigos não mexem comigo, nem no meu ambiente de trabalho. O pessoal fala que quando fazem uma brincadeira e eu não gosto, dá pra sentir o meu menosprezo pela pessoa que brincou.
Liana,
ResponderExcluirPor favor me responda no
GUEST POST: MEU RUMO PARA A AUTO-ACEITAÇÃO
Obrigada!
Menina,
ResponderExcluirÉ chocante sua história, acho que isso só vai diminuir quando a família (mãe, pai etc.) fizer a criança/menina se sentir bastante segura, contar para ela e conscientizá-la de que isso pode acontecer, e, claro, SEMPRE acreditar na criança.
Nossa sociedade não nos educa para PERCEBER isso, para LIDAR com isso, para SE DEFENDER disso.
Tem ainda aquele discurso dos machistas (homens e mulheres) de que a mulher tem de se calar... é o fim.
Mas acho que cada vez mais as crianças estão sendo ouvidas, consideradas, informadas.
Ah, já fui assediada no trabalho, no primeiro emprego. Nada fiz, parou por ali, e os donos da empresa eram advogados, fdp...
Essas grosserias são frequentes. Minha irmã já teve que dar um tapa num cara que apalpou a bunda dela. O caso de uma amiga foi ainda pior. Um sujeito, em uma moto, passou a mão na vagina dela e foi embora antes que ela pudesse fazer qualquer coisa. Um nojo!
ResponderExcluirPorém, mesmo que muitas agressões contra as mulheres sejam sexuais, não acho que deveríamos tratá-las como crimes contra a mulher. O mais importante é ressaltar a violência contra o ser humano, não a identidade da vítima ou a motivação do crime.
Falar sobre o sexo, a cor, a classe social da vítima só divide as pessoas. Muitos pensam: ah, não é comigo, é só contra os gays!
Ultimamente, parece que quando uma pessoa qualquer é assaltada na rua, a primeira coisa que devemos fazer é um questionário para classificar a vítima. Tipo: a vítima é evangélico e negro. Ok, então quem não é evangélico, homem e negro não tem mais nenhum interesse no caso ou oh, que bom, é apenas contra esse tipo de gente.
É ainda pior quando classificam os dois grupos. Homem asiático acusado de agredir uma mulher européia. Pronto! Virou Ásia x Europa ou homem x mulher. Como se fosse uma briga de torcida. E a justiça?
Segue a mesma lógica. O Direito Penal agora é palco para amplas discussões psicológicas sobre a identidade social da vítima e do acusado, além de debates "filosóficos" sobre a motivação. Até que ponto um shortinho pode ser ou não provocante? Será o não um termo que indica negação?
Só vendo! Isso ocorre sempre nos casos de estupro. A única divisão deveria ser entre quem é a favor ou contra a violência, mas o fato desse crime quase sempre ser contra mulheres o tornou algo que só interessa a elas combater. O pior é quando vira meninos x meninas. No melhor estilo show da Xuxa. Como se uma sociedade onde as mulheres são estupradas não fosse caótica e violenta para todos.
Niemi, não é pq vc tem subordinados que vc está criando empregos, até pq vc deve ser subordinada a alguém tb
ResponderExcluirSe vc economizasse, arriscasse teu dinheiro sem nenhuma garantia de retorno, montasse tua empresa, aí sim, vc estaria criando empregos.
Novamente Marussia tenho que concordar com vc, e seu comentário me fez lembrar de outro que vc fez que adorei também, o da cadeira de rodas, esse eu não vou me esquecer.
ResponderExcluirAcho que se aplica aqui também nos colocamos numa cadeira de rodas e ficamos exigindo que todo mundo também esteja assim, em vez de lutar pra sair dessa cadeira.
Mas o que eu acho que vc se esqueceu é que os homens tem uma característica que nos distingue muito bem deles, que é a agressividade, em quase todos os setores da vida os homens são mais agressivos que nós.
Li uma matéria numa revista e não foi a VEJA ok, foi a super interessante, dizia sobre um estudo que foi feito apontando que nós mulheres temos superado os homens em muitos setores, principalmente na educação, mas que mesmo assim, a maior parte dos postos de comando ainda são dos homens, e isso só acontecia por causa da agressividade deles, eles sabem dizer o que querem, nós ainda não.
Só que essa agressividade deles que os levam aos cargos de chefia, também é a mesma que leva as cadeias do mundo estarem repletas deles.
A violência do homem pra mim como feminista é a principal característica que eu acho que nós mulheres devemos combater.
Eu como muitas aqui gostaria de devolver quando sou insultada na rua, mas o que me passa pela cabeça é que um homem que seja capaz de verbalizar uma agressão contra mim, também possa praticar a agressão fisicamente.
Vamos fazer um esforço coletivo de COMO RESPONDER AOS TARADOS?
ResponderExcluirCom xingo (que xingo)?
Vai conversar (como a moça do vídeo? "quem tem coragem de vir aqui sozinho falar na minha cara")?
Dá neles com a bolsa/guarda-chuva?
Acho que tem que responder, também. Também é minha experiência que, quando a gente responde, eles páram. É o fim da picada você ter que desviar do seu caminho pra não ouvir baixaria.
Vamos fazer uma lista!!! :D
Passo por isso toda santa vez que saio de casa. E não são apenas homens que fazem isso, como também mulheres. E independe da idade. Jovens, adultos, idosos, até mesmo crianças falam barbáries.
ResponderExcluirUma vez um gurizinho de uns 9 anos saiu atrás de mim na rua falando coisas que não tenho coragem de repetir.
Volta e meia mando o dedo do meio, mando pro inferno e afins, mas, não faz eu me sentir melhor.
Dá ódio ser tratada como um pedaço de carne que só serve pra ser comida.
O pior de tudo são essas cantadas obscenas contra CRIANÇAS.. ainda bem que quando criança eu era muito magricela e NUNCA passei por isso, mas isso é uma agressão criminosa!
ResponderExcluirlola, semana passada uma amiga mexicana que morou aqui comigo na FR tava na rua quando foi parada por um arabe que começou a perguntar se ela nao queria sair com ele. como ela ignorou, ele comecou a xinga-la e depois a falar em arabe coisas que nao pareciam ser muito gentis... entao um amigo que estava com ela apareceu e o arabe calou a boca na mesma hora e perguntou se o cara era namorado dela. como ela nao respondia, ele pediu desculpa ao amigo dela! isso te lembra alguma coisa? ;)
ResponderExcluirAcho que as grosserias merecem reação, mas, como existe mesmo o perigo de uma violência maior, talvez uma ação coletiva fosse mais interessante. Nunca vi uma campanha educativa pra combater essas agressões verbais. :(
ResponderExcluirNossa, sensacional o post! Quando era mais nova sempre ouvia esse tipo de agressao. Meu rosto queimava de raiva, mas tinha medo de responder. E triste, mas real. So de ler essa post meu rosto ja ficou vermelho de raiva de novo...rs
ResponderExcluirOi, Lola,
ResponderExcluirQue coincidência vc escrever novamente sobre isso justo esta semana, pois coloquei o link de um outro texto seu (que vc cita neste post) num fórum de corrida do qual participo. Uma moça perguntava para outras mulheres, o que poderia fazer quando vai correr na rua para não ouvir grosserias. Ela falou que só usa camiseta que cobre a bunda ou calça mais folgada, mas mesmo assim não adianta (pelos comentários aqui a gente sabe que não adianta estar "coberta"). Falei que não há muito o que ser feito, e coloquei o link pra cá. Pois bem, apesar de ela ter pedido a opinião das mulheres, só eu e mais uma respondemos. Os outros todos foram homens dizendo que "olhar não tira pedaço", que "por que se incomodar com isso?", "que estupro não tem a ver com beleza", e que "homens olham para uma mulher como olham para um carro esportivo na rua, assim como as mulheres olham para a fofoca alheia, para o vestido da amiga ou para um sapato na vitrine." (?!)
Outros disseram que cantada é diferente de grosseria e sugeriram chamar um amigo pra correr junto. Enfim, prometi a mim mesma não discutir na internet. Eu já tinha deixado minha opinião falando que eles não sabem quão ultrajante e humilhante é ouvir certas coisas.
Pelos comentários aqui vi que muitas mulheres sofrem com isso desde criança, o que é péssimo, triste e revoltante. Como proteger nossas crianças?
Quase chorei lendo alguns depoimentos, e infelizmente tb já ouvi grosserias, acho que nenhuma mulher está imune. É péssimo ter que pensar por onde vou passar, desviar por um caminho mais longo, se tenho que colocar uma blusa mais folgada, mais comprida etc. Não é fácil.
Eu sou uma das que tem medo de reagir e tb nunca sei o que dizer na hora.
Flash t, vai cuidar dos bichos do sítio onde você diz que mora, vai. Deve ter algum precisando de atenção e carinho, aproveita e abraça uma árvore.
ResponderExcluirAcho que concordo com a Marussia e a Liana em partes.
ResponderExcluirPrecisamos sim tomar nosso espaço, mas precisamos fazer isso com prudência, de nada adianta tomar o que lhe é por direito a força, não funciona.
Só aqui nessa caixa de comentário está cheios de exemplos de como os homens podem agir de forma agressiva a qualquer forma de discordancia.
Não compactuo muito com as feministas mais "radicais" que querem fazer a transformação social através somente de um diálogo com as mulheres, tirando os homens da equação.
Se eles não serem chamados ao debate, nunca entenderão que devem deixar de tomarem uma atitude machista, não digo que eles devem ter a sua opnião elevada sobre a nossa, não, é a nossa opnião que deve ter maior relevância, afinal somos nós que estamos em..ahn situação desfavorecida.O que eles podem fazer é nos escutar e colaborar, começando por não querer atrapalhar, como disse a Liana sair do caminho, deixar que transitemos à vontade já está valendo.
E tem a nossa parte tb, se pudermos reagir as agressões verbais na medida da maior segurança possivel, isso será uma atitude positiva.
Só dialogo ou só ação não resolve o problema por inteiro, precisamos das duas formas de lidar com o que se está sendo discutido.
adorei seu texto, é isso mesmo. o pior de tudo é que vc leva uma "cantada" dessas com qqr roupa, qqr cabelo... nao significa realmente que vc tá bonita, é pura demonstração de "eu tenho um pinto que me dá superpoderes!"
ResponderExcluir(só faz diferença se a mulher estiver de saia, aí é duplicado!!!)
alguma sugestão de reação? gritar pros caras, estilo Miranda do Sex and the City? ou ignorar?
Alguém aqui é a da área de psicologia? Se for, por favor, eu gostaria que me falassem/explicassem se esse tipo de assédio na rua pode ser enquadrado como bullying. Pode?
ResponderExcluirSerge, releia os comentários, por favor. Disse que é desnecessário e que nem toda mulher gosta, como ficou claro nos comentários.
ResponderExcluirÉ, tem aquelas, muitas, que por terem sido educadas assim, precisam da avaliação e do julgamento de um mero estranho acerca do seu corpo para que possa se sentir bem consigo mesma ou acha que isso colore o dia dela.
Tem também toda a questão do homem que acha que isso é um direito natural dele.
Não entendo essa celeuma toda. Em alguns países, mais evoluídos moralmente que o nosso, esse tipo de coisa dificilmente acontece e ninguém morreu, a população continua se relacionando, flertando, se reproduzindo. É muita falta de criatividade pensar que se um cara qualquer parar de escrutinar, ainda que educadamente, o corpo de uma estranha estaremos perdendo algo. Típico de sociedades machistas. Nem as próprias mulheres conseguem se imaginar sem ter seu corpo à mercê da aprovação de um mero estranho. Engraçado, que as mulheres desses outros países não sentem falta porque as referências delas são outras, são mais saudáveis.
Mas vá lá, né. É um processo, precisamos oferecer um caminho viável para que uma mulher entenda que não precisa disso e que seu corpo não é de domínio público. Até lá, seguirão precisando disso.
"radicalismo doentio",sei. Adoro essas hipérboles. Dependendo de quem vê, meu feminismo é bobo, é radical, é desnecessário... aff
o cara ainda tem a cara de pau de dizer que vc tem que estar agradecida de ouvir suas merdas.
ResponderExcluirRalf se alguma mulher disse que entraria em depressão se não fosse mais mexida na rua,só posso dizer uma coisa, ela não tem autoestima alguma.
ResponderExcluirLiana:
ResponderExcluirComo todo respeitot, li os comentários, inclusive esse último, mas eu ainda não entendi porque falar que um mulher é linda na rua é ofensa.
Me desculpe, mas não entendi mesmo.
Falar "meu tesão, "rabuda" piranha" até "gostosa", vá lá. Mas. "minha linda?
Eu tenho uam suposição machista: seria porque só as bonitas ouviriam tal "contada" não sendo assim um elogio democráticamente distribuido?
Não pode ser simples assim, não é?
Eu realmente não entendo esse feminismo.
Serge, não é ofensa, é uma forma de avaliação que nem todas apreciam ou precisam. Quando uma mulher ouve isso, mais uma vez ela está passiva e mesmo que não queira é obrigada a aturar. Isso interfere no nosso direito de ir e vir em paz como cabe a qualquer pessoa e isso nos é negado pelo simples fato de que um fulano qualquer se sente no direito de dar a opinião dele sobre o corpo de alguém que ele nem conhece e que provavelmente não verá mais.
ResponderExcluirEu entendo que este seja um comportamento que de tão comum é "normal". Se os homens ficassem só nisso, já seria lucro.
Também não acho difícil de entender que para algumas mulheres, tudo o que elas querem é andar na rua em paz, sem serem alvo de estranhos e que a opinião deles simplesmente não interessa, não é necessária.
Imagine você ser constantemente abordado na rua por qualquer motivo que seja, por pessoas que você nunca viu na vida, que não representam nada para você, te avaliando, tecendo julgamentos sobre alguma área pessoal sua, te dizendo coisas que não te acrescentam em nada, sem que se tenha o menor controle sobre isso, dos 10 aos 40 anos?
Serge, eu tenho quase 30 anos, aturo isso há mais de 20 anos e ainda tenho pelo menos mais uns 10 anos disso pela frente. Sério, já cansei faz tempo. Não preciso. Cansei de ficar escolhendo roupa largas, fechar a cara para desencorajar e mudar de calçada pra não topar com mais um, até porque a gente nem sabe se esse vai ser educadinho(o que é bem menos frequente) ou grosseiro. É radicalismo da minha parte? Depende do seu ponto de vista.
Como diferenciar a que adoraria a caridade de um elogio daquela que não está nem um pouco interessada? Se ela se afastar de você na rua, se te olhar com desprezo, se estiver com fone no ouvido (tem mulher que faz isso só para não ouvir gracinhas), se estiver dando atenção a outra coisa ou pessoa, são bons indícios de que é melhor manter a boca fechada. Esses são só uns poucos exemplos.
Não é tão difícil assim compreender isso, ou é?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA maioria das cantadas de rua são pra lá de grosseiras e agressivas.
ResponderExcluirTem gente defendendo os que não partem pra baixaria, que não falam alto pra rua inteira ouvir e chamar atenção, mas o problema é que até pra dizerem um simples "nossa, que moça bonita" o cara geralmente se posta na sua frente de uma forma que intimida ou faz questão de passar o mais perto possível e vc é obrigada a desviar do cidadão na última hora pra não ter um contato físico com ele.
Geralmente é assim. Ou o cara está em bando e é aquela palhaçada ou está sozinho e faz dessa forma.
Flerte, aproximação, elogio, pra mim estão bem longe disso.
Putz. Será que é muito difícil para meia dúzia de ogros entenderem que algumas mulheres querem apenas andar sem ter sua aparência julgada? Tem vários posts da Lola, sem contar livros e artigos sobre como usam a aparência como ferramenta de dominação e exploração das mulheres. É só pesquisar.
ResponderExcluirAlém disso, acredito que ouvir cantadas (das mais lights às mais grosseiras e nojentas) não seria tão desagradável se o perigo da agressão não fosse tão real. Toda mulher tem uma história de horror para contar e elas são extremamente reais. A verdade é que não temos como saber se um simples "psssiu" pode se tornar algo mais sério e grave. Sem contar que muitas vezes as mulheres ouvem isso desde crianças... Imaginem o que é ter medo desse tipo de coisa desde os 12 anos?
E eu fico preocupada com quem acha que esse tipo de coisa é flerte. Tipo, you're doing it wrong.
Outro comentário a se fazer é que a própria estrutura da coisa já denuncia quem está aqui pra avaliar, ser agradado e quem está pra ser avaliado e agradar.
ResponderExcluirHomens andam na rua tranquilamente em relação a sua aparência e roupas que usam, de terno, ou de bermudão e sem camisa, com os músculos esculpidos na academia à mostra ou com uma barrigona de cerveja, tanto faz, ninguém vai falar nada, ninguém vai invadir o espaço dele por causa disso.
Mulheres não. No momento em que põe o pé na rua os homens começam a te avaliar e se sentem à vontade pra dar seu veredicto.
Se um cara olha pra mim e me acha bonita, feia, gostosa, vagabunda, ok, mas ele que guarde sua opinião pra ele, o que faz ele pensar que a opinião dele é importante pra uma desconhecida?
Já pensou se as mulheres saíssem na rua emitindo em alto e bom som suas opiniões sobre todos os homens que passassem por elas? Duvido que eles iam gostar. Ninguém gosta de se sentir constantemente julgado.
serge, vai ser jurado de concurso de miss se quer tanto julgar a beleza alheia. ou faz isso para se exibir perante seus amiguinhos???
ResponderExcluiruma mulher andando na rua, é só uma mulher andando na rua ... e nada mais.
Mas isso que vocês relataram não saem somente de homens, saem também de mulheres para mulheres. Hoje mesmo, estava saindo e minha mãe me disse que estou ficando gostosa por estar emagrecendo, isso realmente me deixou irritada e fiquei me indagando porque. Lendo esses comentário compreendi porque. Fazemos algo por nós, como estou fazendo isso para me sentir bem comigo, as pessoas já consideram que é para agradar aos homens. Cresci ouvindo cada absurdo sobre condutas de mulheres na vida, sem falar que vejo muito mulheres ainda jovens casadas se acabando de trabalhar para homens que não pegam um paninho para tirar pó. Infelizmente é a educação de antigamente e crenças demoram para serem quebradas e transformadas. O Brasil é um país que possui um sério problema de complexo de inferioridade, por isso existe mulheres que precisam desse reforço na rua sobre si própria.
ResponderExcluirEu estudo psicologia e durante esses anos de faculdade nunca ouvi falar sobre isso ser considerado bullying, porém seria ótimo se passasse a ser considerado. É extremamente agressivo e constrangedor.
Flasht:
ResponderExcluirNão há como eu esconder que o cara que eu citei estava na frente de uma fábrica.
Na próxima, eu falo que era um cara de terno, quem sabe assim vc será menos ogro, né?
Eu não to nem ai se o cara de um fusca ou uma BMW. Respeito é essencial, independente de classe social.
Deixe de ser ignorante e pretencioso.
Liana,
ResponderExcluiraprecio muuuito (de verdade) sua paciência e sua didática. Quanto à questão: "Como diferenciar a que adoraria a caridade de um elogio daquela que não está nem um pouco interessada?"
Bom, tomara que suas dicas iluminem certos entendimentos obsuros, mas... os caras que fazem isso não estão nem aí para a opinião da mulher sobre a qual se julgam no direito de avaliar e emitir a avaliação (tudo num contexto ameaçador).
"E eu fico preocupada com quem acha que esse tipo de coisa é flerte. Tipo, you're doing it wrong"
Isabel SFF, tem um livro chamado "Eu nem imaginava que era estupro", sobre uma pesquisa realizada em diversos campi de universidades estadunidenses sobre estupro por pessoas conhecidas (ou com quem se teve um encontro). Mostra como a agressão sexual está relacionada a opiniões conservadoras sobre comportamentos femininos, e como muitos homens não diferenciam sexo de estupro (insanidade total...), bem como as mulheres não são preparadas para lidar com tal realidade, jamais imaginando que seu colega lhe faria algo tão grotesco e hediondo.
Vejo que, em alguns contextos, temos no Brasil a mesma naturalização do estupro, por exemplo, o comentário acima sobre os homens que tentaram empurrar a mulher para dentro do carro enquanto ela estava num barzinho falando ao celular. São estupradores - alguém duvida de que eles conseguiram empurrar uma outra mulher para dentro do carro? - mas a sociedade se recusa a ver isso - claro, relacionado à questão de classe social e raça (se fosse um preto pobre...).
Confundir o assédio/violência, de que tratamos neste post, com flerte é uma extensão dessa lógica
. Agora, quando o homem que faz/defende isso (pq nem todos os que defendem fazem), mesmo tendo acesso a toda esta explicação, mais que didática, toda pormenorizada e repleta de detalhes factuais, ainda insiste em dizer que não é violência, isso não é homem, é um rato. Tem muitos homens (pelo menos que conheço - sou muito seletiva...) que sabem muito bem o quão violentos são estes atos "normais".
Falou tudo, Laurinha Mulher modernex!!!!
"Homens andam na rua tranquilamente em relação a sua aparência e roupas que usam, de terno, ou de bermudão e sem camisa, com os músculos esculpidos na academia à mostra ou com uma barrigona de cerveja, tanto faz, ninguém vai falar nada, ninguém vai invadir o espaço dele por causa disso.
Mulheres não. No momento em que põe o pé na rua os homens começam a te avaliar e se sentem à vontade pra dar seu veredicto.
Se um cara olha pra mim e me acha bonita, feia, gostosa, vagabunda, ok, mas ele que guarde sua opinião pra ele"
É EXATAMENTE ESTE O PONTO.
"nunca ouvi falar sobre isso ser considerado bullying, porém seria ótimo se passasse a ser considerado. É extremamente agressivo e constrangedor."
Juliana Mattos, acho que essa nossa discussão é um caminho para isso, mas é uma luta árdua e a longo prazo - há interesses poderosos que lucram com a situação atual - pois as coisas (comportamentos e mídia) estão intrinsecamente relacionadas (comentei mais acima).
Xii, meus comentários vão se perder no meio de tantos! Mas como são só curiosidades, vou postar do mesmo jeito.
ResponderExcluir1) É incrível que eu, mesmo sendo homem hétero e tal, a grande maioria das vezes que fui "paquerado" na rua, eram outros homens... um rapaz foi tão incisivo que me seguiu fazendo várias propostas, e chegou até a me oferecer um baseado! (conto como uma curiosidade mesmo, claro que as mulheres são muito mais assediadas em um dia que eu fui durante toda a vida)
2) Ainda esses dias o semáforo de pedestres quebrou e eu fiquei vários minutos tentando atravessar uma rua. No mesmo instante que uma mulher bonita pisou do meu lado para esperar conseguir atravessar a rua, os carros em todas as faixas pararam para ela passar. Mas cavalheirismo uma ova, né, que quase tão instantaneamente começaram as gracinhas...
'porque falar que um mulher é linda na rua é ofensa.'
ResponderExcluirPq o ponto não é se ela é bonita ou feia mas sim a proximidade que alguem tem que ter pra poder falar isso.
Estou lendo comentários de alguns homens indignados om as atitudes dos seus "semelhantes" e questionando como podemos fazer algo para reverter essas situações constrangedoras, humilhantes e até perigosas ás quais todas as mulheres estão expostas diariamente nas ruas.
ResponderExcluirNunca é demais lembrar que os homens que tem essas atitudes grotescas contra as mulheres fazem isso quase sempre esperando a aprovação dos outros homens, tanto que a maioria esmagadora dos homens só agem assim se tiver pelo menos outro homem na companhia dele, para legitimar e aplaudir sua demonstração de masculinidade. Todas as vezes que eu ouvi grosserias na rua o homem em questão estava acompanhado, tendo outros homens como platéia para seu espetáculo deprimente.
O que posso dizer para os homens que não concordam com esse tipo de atitude é que percam o medo da reprovação do bando e externalizem sua reprovação para os seus amigos, colegas, parentes que agem como ogros! Quando esses homens perceberem que outros homens não acham a menor graça nas suas atitudes e que são reprovados por outros machos pelo que fazem vão se sentir muito mais constrangidos do que qualquer reprovação que possam receber de uma mulher, já que pra eles o que a mulher acha ou sente não importa! Acho que já está na hora de homens humanos e dignos começarem a dar lições nos machões para que eles percebam que seu modelo de masculinidade é deplorável, inaceitável e não é o único que existe.
Drica Leal, concordo. A questão da agressividade masculina é um ponto muito importante. É em função disso que tantas mulheres se reprimem, o medo é real, nem todas estão em posição de arriscar. O número de agressões é altíssimo.
ResponderExcluirEsse "bullying sexual coletivo" serve para que eles se exibam para outros homens, consigam aprovação e formem laços. É assim que o machismo atua e se fundamenta: homens se unindo contra mulheres.
Homens precisam de exemplos masculinos saudáveis que falem diretamente a eles, entre eles. Nenhuma ação feminina substitui esse diálogo entre homens. E no ponto em que estamos, somos nós mulheres que precisamos chamar a atenção deles para que haja uma mobilização nesse sentido.
Liana:
ResponderExcluirEu entendi o seu jeito ver. Vou te contar uma coisa que vi para você entender que não é uma bobagem minha.
Outro dia eu estava em uma loja e havia um vendedora que estava muito bonita. Vestida como se fosse a uma festa. Ninguém na loja a estava elogiando, nem os colegas nem os clientes. De repente eu ouvi um fiuuu, fiuuu! Como era uma loja de variedades havia um aparelho eletrônico que emitia esse assovio. Por acaso essa vendedora muito bonita estava perto do equipamento e outra vendedora, sua colega disse a ela "viu, está assobiando para você" no que a vendedora bonita respondeu "pelo menos a máquina, já é um consolo".
Você entendeu? Pelo que entendi a vendedora bonita gostaria que alguém notasse como estava bonita e a elogiasse, mesmo que com um prosaico, fiuuu, fiuuu!
Entendeu como é difícil para os homens saberem julgar quem e quando?
Olha me desculpa, Serge, mas isso não é a mesma coisa. Não passa nem perto. Uma coisa é você receber elogios de colegas de trabalho, de amigos, e talz. Outra coisa é ser julgada por um cara que você nunca viu na vida. Eu acho que é ofensa sim e é bullying e pode ter efeitos traumáticos nas mulheres.
ResponderExcluirVocê é homem, anda na rua do jeito que quiser. Eu já tirei maquiagem no portão de casa e coloquei um casaco pra não chamar atenção porque estava de vestido. Isso porque um bando de caras estranhos estava subindo e eu fiquei co medo.
Nenhum homem sabe como é sentir medo de violência sexual. Sério mesmo. Eu acho que muitos homens se solidarizam e talz, mas nenhum deles nunca vai sentir o pavor que é sair de uma estação de metrô sozinha e ficar olhando pros lados, com medo de que um dos caras vindo na sua direção possa a qualuqer momento de estuprar.
Quando algumas mulheres passam cantadas na rua e assediam homens, eu duvido que eles sintam medo de estupro.
E eu não acho que o pecado do vídeo é mostrar mulheres ultra gatas. Não mesmo. Até porque me sinto ofendida se homens bonitos desconhecidos me cantam na rua.
mundomei:
ResponderExcluirVocê tem toda a razão. Homens não sabem o qye é esse tipo de medo.
(Drica engano seu, de nada adianta homens reprovarem os outros se estes são aprovados pelas mulheres¬¬)
ResponderExcluir________
que mulher aprova o animal de teta que fala grosserias para ela na rua meu caro???
(está assobiando para você" no que a vendedora bonita respondeu "pelo menos a máquina, já é um consolo".)
ResponderExcluirserge serge.....
das duas uma, ou ela falou isso de brincadeira.
se falou sério, ela deve ser super carente, e assobio alheio não vai lhe suprir essa carencia, ela tem que tratar isso de outra forma.
no mais serge, não é porque um ou outra precisa disso para que TODAS, querem isso vcs tem essa péssima mania de tirar uma por todas. por que uma comentou ah então todas querem...? para.
e mais ntw... disse uma coisa interessante, a questão não é achar bonita ou feia é PROXIMIDADE com a pessoa para esboçar elogio a ela. se vc já era frequentante da loja
e ja tinha visto ela e conversado com a mesma, poderia até falar, mas se vc nunca interagiu com ela é outra coisa.dai não, é invasivo. Não sei de onde vcs tiraram que a gente quer isso. por causa de uma ou duas carentes que vc conheceu?
(Entendeu como é difícil para os homens saberem julgar quem e quando?)
na duvida, melhor não falar nada.
é uma coisa horrível ler todos esses relatos e ainda ter homem cara de pau de vir aqui dizer que isso é elogio.
ResponderExcluireu tb comecei a ser assediada com 10 anos e lembro q a primeira vez eu era tão inocente q nem percebi. eu tava sentada no ônibus e um cara começou a "ajeitar a minha roupa" dizendo q era muito bonita. gente, que ódio e que nojo q eu sinto lembrando disso! foi tão rápido q eu mal tive reação, me encolhi contra a janela (eu estava no banco da janela e ele no do corredor) tentando me afastar.
oq ele não sabia é q minha mãe estava na roleta, pagando a nossa passagem. eu tinha entrado e corrido pra sentar no banco alto (sabe, aquele em cima da roda q toda criança gosta de sentar) enquanto ela pagava. só q antes dela chegar, ele sentou. qd ela se aproximou do banco, eu gritei: "mamãe, senta aqui comigo, eu tava guardando lugar pra vc", com a minha voz de criança ainda, fininha, e o cara ficou sem jeito e levantou NA HORA pra ela sentar! escroto, filho da puta, se eu estivesse sozinha, era sinal de q podia abusar de mim?
essa coisa de passar na rua e atravessar de calçada pra não passar no meio de homens eu tb já fiz várias vezes, de perder a conta. ainda mais pq meu prédio fica perto de uma loja de ferragens, então sempre tem uns peões de obra bem na minha calçada.
eu lembro q qd a loja abriu eu passava correndo no meio deles, de cabeça baixa, mas percebia as viradas de cabeça e os risinhos.
eu tinha uns 13 anos, por aí. eu nunca tinha nem beijado um garoto, imaginem o quão mal eu me sentia de saber q provocava "desejo" em um monte de peão nojento.
eu sempre os via constrangendo outras mulheres e meninas tb, até bem pouco tempo atrás. não sei se mudou a gerência, mas eles pararam de se adonar da calçada, agora ficam reunidos dentro da própria loja.
numa outra vez, eu já com uns 15 ou 16, estava indo pro colégio, andando pela rua com uma amiga, nós duas de uniforme. era horário de verão então a rua estava ainda meio escura (devia ser umas 6 e pouco, a gente tinha q estar lá 7 horas) e vazia.
ResponderExcluirnosso uniforme era super decente, não tinha nada de saia curta ou roupa justa q lembre aos pervertidos a "fantasia de colegial sexy". eram só duas meninas num uniforme comum, conversando enquanto iam pra escola.
até q num determinado semáforo nós paramos, pq estava aberto para os carros passarem. até aí tudo bem, só q um carro parou, mesmo com o sinal aberto pra eles, bem na nossa frente. mais uma vez, foi uma coisa tão rápida q a gente n teve reação, a gente paralisou.
eu lembro q eram vários homens dentro do carro (foi tão apavorante q eu não lembro nem se eram 3,4 ou mais. se eram jovens, se eram bonitos, q tipo de carro era. mas pelo tipo de comportamento, eu diria q eram jovens de 20 e alguma coisa, saindo de alguma noitada alcoolizados).
eles começaram a gritar coisas meio inaudíveis pra gente, mas pelo tom de voz meio gemido, e o gestual (de colocar a cabeça e os braços pra fora do carro, mexendo as mãos como se estivessem apertando alguma coisa), dava pra suspeitar q era algo de cunho sexual. era inaudível pq eles só berravam algumas palavras, outras ficavam abafadas pelo riso coletivo.
eu lembro q a minha primeira reação foi olhar pro semáforo e ver q o sinal estava verde pra eles. comecei a achar q eles iam saltar do carro e tentar fazer alguma coisa com a gente, então antes q eu pudesse raciocinar direito, voltamos na direção oposta, com a ideia de nos abrigarmos numa padaria q ficava a alguns metros dali. a padaria ainda estava com uma porta fechada, acho q nem tinha saído ainda o pão, mas eu havia visto luz lá dentro qd passamos em frente a ela da primeira vez.
qd começamos a andar eles passaram a gritar ainda mais alto, dessa vez num tom agressivo, coisas como "vagabunda" e "piranha". e logo depois, qd chegamos à porta da padaria, eles aceleraram e foram embora.
pode parecer bobagem, mas não é. eu fiquei com tanto medo q queria voltar pra casa e esperar clarear o dia, mesmo q fosse pra chegar atrasada na escola. depois, a minha amiga disse q queria ter xingado eles, mas n conseguiu. eu nem cogitei xinga-los de volta, justamente por medo de ser agredida fisicamente.