Meu mundo ruiu. Saiu uma matéria na mídia jurando que, dentro de vinte anos, o chocolate será algo tão caro quanto caviar. O caviar eu dispenso (aliás, acho nojento comer ovas de peixe), mas é muito triste ser avisada que meu alimento preferido talvez não esteja disponível logo quando eu mais precisar dele.
Há várias razões para a diminuição da produção do cacau no planeta. Primeiro que ele não pode ser plantado em qualquer lugar (tem que ser em terras quentes). Segundo que, nos países da África, onde o cacau tem as maiores colheitas (Costa do Marfim e Gana são os grandes produtores do mundo), a atividade rende tão pouquinho que vem sendo substituída por outras lavouras. E terceiro que o consumo do chocolate tem crescido bastante, já que chineses e indianos passaram a comê-lo (e vamos admitir: o chocolate já está caro hoje! Quatro reais por uma barra comprada em supermercado já é para poucos). Somados esses três fatores, as perspectivas são parcas: ou os cientistas descobrem formas de plantar cacau em terras mais frias, ou desenvolvem um chocolate geneticamente modificado, ou a Lolinha torna-se milionária até 2030, ou adeus chocolate.
Esta é uma injustiça gigantesca, considerando que eu tinha grandes planos pro meu consumo de chocolate no futuro. Daqui a duas décadas eu terei 63 anos. Ainda estarei (espero) muito distante de vestir meu paletó de madeira, mas, com essa idade, a menos que você seja uma Sophia Loren, ninguém mais esperará que você esteja dentro do padrão de beleza (ahn, quer dizer, essa é mais ou menos a idade da Dilma, que foi chamada de gorda durante toda a eleição, por mais que ela fosse candidata a presidente, não a miss universo. Pelo jeito não existe carta de alforria pra mulheres. Seremos escravas da ditadura da beleza até morrer).
Certo, a verdade é que eu penso sempre no meu cachorrinho Hamlet, morto há três anos, aos 16, de velhice mesmo. Quando ele alcançou onze ou doze anos, liberou geral. Como nosso veterinário não confiava que Hamlet fosse muito mais além, e como queríamos que seus últimos dias de vida fossem sem restrições, tudo que o cãozinho queria ele ganhava. Cães e gatos são bichos inteligentes, e seus desejos de consumo se restringem à comida, então se Hamlet queria mastigar ossos de galinha (perigosos!), ele podia. Claro que os “últimos dias” desse espertalhão duraram quase quatro anos. Uma eternidade sem ouvir um “não” sequer.
Era exatamente isso que eu planejava para a minha velhice. E agora descubro que chocolate poderá estar fora dos limites para os pobres mortais. O que sobrará? Chocolate branco! Todo mundo sabe que chocolate branco só é chocolate no nome. Terei uma velhice atribulada.
Esta é uma injustiça gigantesca, considerando que eu tinha grandes planos pro meu consumo de chocolate no futuro. Daqui a duas décadas eu terei 63 anos. Ainda estarei (espero) muito distante de vestir meu paletó de madeira, mas, com essa idade, a menos que você seja uma Sophia Loren, ninguém mais esperará que você esteja dentro do padrão de beleza (ahn, quer dizer, essa é mais ou menos a idade da Dilma, que foi chamada de gorda durante toda a eleição, por mais que ela fosse candidata a presidente, não a miss universo. Pelo jeito não existe carta de alforria pra mulheres. Seremos escravas da ditadura da beleza até morrer).
Certo, a verdade é que eu penso sempre no meu cachorrinho Hamlet, morto há três anos, aos 16, de velhice mesmo. Quando ele alcançou onze ou doze anos, liberou geral. Como nosso veterinário não confiava que Hamlet fosse muito mais além, e como queríamos que seus últimos dias de vida fossem sem restrições, tudo que o cãozinho queria ele ganhava. Cães e gatos são bichos inteligentes, e seus desejos de consumo se restringem à comida, então se Hamlet queria mastigar ossos de galinha (perigosos!), ele podia. Claro que os “últimos dias” desse espertalhão duraram quase quatro anos. Uma eternidade sem ouvir um “não” sequer.
Era exatamente isso que eu planejava para a minha velhice. E agora descubro que chocolate poderá estar fora dos limites para os pobres mortais. O que sobrará? Chocolate branco! Todo mundo sabe que chocolate branco só é chocolate no nome. Terei uma velhice atribulada.
Então, mas chocolate branco é feito de cacau também. Aliás, vai mais mateiga de cacau no branco do que no preto.
ResponderExcluirOu seja, by-bye chocolate até no nome!
:(
e vc dá uma notícia dessas assim, de supetão? quase caí da cadeira, preciso rever todos os meus planos também.
ResponderExcluirÉ o tipo de coisa q traumatiza, daí tem q ser falado em partes, lola!
Considere o seguinte... Que talvez o aquecimento global ajude para que algumas regiões frias fiquem mais quentes e a produção não caia...
ResponderExcluirAh, sim. E chocolate é ótimo contra a TPM... Você acha mesmo que os homens vão correr o risco de terem mulheres em crises horrendas de TPM?? Claroooo que não! Nem hoje nem daqui a 20 anos... rsrs...
Besotes, guapa...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPreocupa não, Lola. Alguém vai achar um jeito de sintetizar chocolate, criar chocolate genérico, transgênico, e com o aquecimento global e o descongelamente das calotas polares em breve teremos vastas plantações de cacau na Islândia e no norte do Canadá, quiçá nas tundras russas.
ResponderExcluirE 4 reais é chocolate meia-boca, né (que usa mais gordura do que cacau). Se é desse que você consome, seu 'jejum' deve demorar mais pra acontecer. Pra quem gosta de chocolates mais fortes (e, consequentemente, mais caros), como eu, a situação vai ficar feia. E cara...
abraço
Mônica
@madamemon
eu sempre acredito na ciência...os caras vão inventar um jeito de baratear a coisa...vc vai ver. Mas, paralelamente, faça uma poupança exclusiva para consumo de chocolate...tipo um plano de previdência focado na compra de sua principal fonte de energia na terceira idade. O que acha?
ResponderExcluirHummm... Vou usar teu post como argumento pra convencer a patroa a comprar um sítio.
ResponderExcluirÉ meu sonho de consumo. Nem que tenha somente cacau plantado nele.
Aliás, uma das histórias mais interessantes sobre o Brasil é o ciclo do cacau na Bahia. Famílias foram da opulência à miséria em poucas décadas. Tudo por causa da praga do cacaueiro.
Uma idéia interessante dos poucos produtores que ficaram é plantar junto com os cacaueiros outras árvores regionais. Dizem que empresta ao cacau um sabor único.
Pior que os indianos tão sijogando no chocolate mesmo, hahaha. Os mais velhos torcem o nariz e dizem que faz mal, que isso é coisa do ocidente e que o ocidente é o capeta e tals, mas a galera mais jovem se joga muito. Não vai sobrar mesmo, se depender da galera aqui =D
ResponderExcluirAcho que eu vou falir se até lá eu precisar pagar uma fortuna pelo meu chocolate quente...
O mundo vai acabar em 2012 mesmo :D
ResponderExcluirObrigada pelo consolo, gente! Ha ha, o mundo vai acabar em 2012 foi ótimo... O melhor que tenho a fazer é tentar me acostumar com tomate. Eu gosto de tomate. Mas, pra mim, é sempre algo salgado. Não consigo vê-lo como fruto. Durante um período, eu tentei substituir qualquer outra sobremesa por um tomate após a refeição. Tenho que convencer minha mente a aceitar essa substituição.
ResponderExcluirFlovi, explica melhor isso, vai! Quer dizer que, até pouco tempo, o pessoal aí da Índia simplesmente não comia chocolate? Não existia algum chocolate local? Pra mim é muito difícil vislumbrar uma cultura sem chocolate (ou sem queijo - aí tem queijo?).
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAgora lascou, a monsanto vai entrar com os dois pés...
ResponderExcluirE, esclarecendo, o problema não é só o clima. Cacau só nasce/cresce/frutifica, embaixo de outras árvores de maior porte, porrque a árvore precisa de sombra. O desmatamento da mata atlântica, por exemplo, prejudica substancialmente a produção de cacau, além das pragas que apareceram...
Well, os pais de Cris têm uma rocinha de cacau na Bahia, vou orientá-los a "especular", que daqui a vinte anos uma semente de cacau vai valer algumas vezes o peso em ouro... :D
Oi Lola! Sempre leio seu blog, mas nunca comentei. Vi esse site e lembrei de você: http://www.girleffect.org.
ResponderExcluirBora fazer estoque de chocolate? :)
ResponderExcluirEsse é o tipo de noticia que acaba com o dia de uma pessoa...
ResponderExcluirUm futuro sem chocolate é um futuro onde eu terei que me filiar ao crime organizado p/ criar minha rede de contrabandos desse doce vicio.
Vamos ver se a ciencia, tecnologia e conhecimentos da humanidade valem alguma coisa e se conseguem resolver isso.
Oi, Lola! Esses seus textinhos leves são uma delícia de ler. Você tem um ótimo senso de humor.
ResponderExcluirGostaria de indicar uma matéria publicada no portal da Record, o R7. É tão absurdo ver uma coisa dessas num veículo de notícias pretensamente sério que chega a ser cômico. Destaque para a legenda da imagem e as opções da enquete.
http://noticias.r7.com/esquisitices/noticias/pesquisa-diz-que-mulheres-com-nome-terminado-em-a-tem-mais-parceiros-sexuais-do-que-as-outras-20101123.html
Abraços e boa semana,
Renan Lazzarin
Você esqueceu do sul da Bahia, Lola. Minha mãe nasceu nessa região na fase áurea do cacau, quando ter uns hectares era ser rico. O sonho dela quando crescesse era ter uma fazendinha lá. Conseguiu, mas aí veio a vassoura de bruxa e acabou com tudo.
ResponderExcluirLá as pessoas ainda quererm salvar o pobre cacau, mas está muito difícil. Realmente os lucros estão muito baixos. Paga-se muito pouco pela saca. Hoje a cotação é de R$77,00 a arroba. Já foi muito mais. Mas pra conseguir uma arroba dá um trabalho!!! A colheita e a secagem é praticamente artesanal.
Outro detalhe sobre a plantação do cacau é que ele precisa de sombra. Não existem pés de cacau enfileirados como de laranja, por exemplo. Ele fica dentro da mata (atlântica). Os cuidados são extremos.
O que vem acontecendo lá no sul da Bahia é que os grandes fazendeiros estão desistindo do cacau para criar gado. Ou seja, não basta derrubar os pés de cacau, mas a mata atlântica! O que já entra em crime ambiental...Triste, triste.
A cidade de minha mãe parece parada no tempo. Abandonada. Um horror.
Oi Lola, então, aqui não existia chocolate e nem queijo até muito pouco tempo atrás. Aliás, eu posso dizer com quase 100% de certeza que queijo aqui ainda não existe (a não ser que vcs considerem paneer, um tipo de ricota, como queijo). São pouquíssimos os supermercados que vendem queijo e os preços são exorbitantes.
ResponderExcluirE assim era com chocolate. Era tudo importado e extremamente caro. Até que algumas empresas locais começaram a produzir e a coisa popularizou e fez sucesso com a criançada. Mas meu marido, que hoje tem 25 aninhos, se lembra muito bem do primeiro chocolate da Índia. Ele era criança e a mãe dele comprava pra ele e os vizinhos invejosos ficavam gritando que aquilo fazia mal e ele ia emburrecer.
Enfim... não sei de onde tiraram isso, mas a verdade é que o pessoal mais velho daqui acredita piamente que tudo, tudinho que vem do Ocidente ou faz mal ou emburrece. Mas não adianta. Vira e mexe eu vejo alguém com um pacote de chocolate aqui no meu escritório. São poucos os jovens que torcem o nariz pra essa delícia.
Vo la comer mais uma barra inteira de uma vez enquanto é tempo!
ResponderExcluirO jeito é aproveitar enquanto é tempo!!
ResponderExcluirNãaaaaoooooo
ResponderExcluirGente, é uma notícia tão ruim ou até pior do que algo como "O Serra é o novo presidente do Brasil"!
Como eu vou viver?
Terei eu que fazer estoques de chocolate desde já?
Ahh, mas isso é fácil de resolver... Provavelmente criarão o "Chocolate de Soja", muito mais saudável e com o mesmo teor de Cálcio, ainda enriquedido com 7 vitaminas e minerais... Quer mais oq Lola??? kkkkk
ResponderExcluirAbraço... Até o próximo post
Julio chocolate de soja eu acho que ja existe.... pelo menos leite condensado tem!!!
ResponderExcluirEntão, acho que agora devemos pensar nos transgênicos... U.U plantar cacau no Alasca, porque não?
Bom, se o preço aumentar, os lucros também aumentam... e a tendência, nesse caso, é voltar a valer a pena plantar cacau, certo? Os produtores que estão abandonando hoje podem voltar correndo quando os preços voltarem a subir... até porque é um produto que sempre tem demanda. Sei que estou bancando o economista de mesa de boteco, mas espero que isso tenha alguma lógica porque também gosto de chocolate.
ResponderExcluirGeralmente compro barras de 1 quilo, de "cobertura de chocolate", vendidas em casas de produtos pra confeitaria. Saem bem mais baratas do que comprar a mesma quantidade de chocolate em barras pequenas. Não têm misturas especiais ou crocantes, e algumas podem ser difíceis de quebrar em pedaços menores, mas vale a pena.
Há um tempo ouvi falar da mesma previsão para o salmão.
ResponderExcluirPosso entender sua preocupação com o fim do chocolate porque olha, sem salmão, sei não, não gosto tanto assim de robalo, atum e muito menos kani.
Ó vida!
Já acho chocolate um absurdo nos dias de hoje, imagina neste futuro assombroso aí... =/
ResponderExcluirLola, será que tem como estocar e conservar chocolates? Faria um reservatório imenso e revenderia mais barato para estimular o consumo. O choco novamente popularizado teria novas fazendas de cacau por todo o Mundo. E todos seriam felizes para sempre.
hahahaha
Ainda tá em tempo de fazer a Fantástica Fábrica? heheh
A minha sugestão vai para os grandes fabricantes de chocolate passarem a pagar melhor pelo cacau aos produtores. Não vou nem citar aqui o caso do leite, que um litro está custando quase tão caro quanto uma barra de chocolate.
ResponderExcluirMas confesso que fiquei apavorada. :(
Lamento pela falta de informação de vocês, mas o chocolate não vai acabar, mas se ficar caro; como produtor eu agradeço. existem hoje novas áreas de plantio de cacau, só em novo repartimento no pará devem ser plantados em 2010 mais de um milhão de mudas. o estado do pará desponta como segundo produtor nacional, perde só para o estado da Bahia que exporta a produção do Pará, Rondonia, Amazonas, Acre. Hoje já existe área de plantio até em mato grosso, sem contar que o tempo de vida de um cacaueiro pode passar dos cem anos, eu mesmo tenho área de cacoal centenária, agora dizer que chocolate vai ficar caro porque cacau vai acabar é besteira, deve melhorar o preço pela demanda de mercado que aumenta a cada dia, agora que dá trabalho para produzir ah isso dá mesmo.
ResponderExcluir