SOU UMA PESSOA TERRÍVEL: TROQUEI TWEETS COM MYRIAN RIOS

Hoje no final da manhã recebi alguns tweets da deputada estadual Myrian Rios (de quem já falei neste post). Ela estava chocada com o Twitter de um dos Sanctos. Não vou falar qual porque a divulgação é exatamente o que eles querem. Basta dizer que ele enviou o seguinte tweet pra Myrian: "depois de rebolar na p*ca de 200 machos virou santa #TodaMulher=P*TA #homofobiaSIM". Uns dias antes esse mesmo sujeito havia enviado um tweet pro apresentador de TV Datena: "Vou traçar uma novinha de 10 anos filmar e mandar pro seu programa, gordo escroto". Ontem, após ler meu post, o Sancto mandou outra ameaça pra mim: “tua amiguinha [alguém que não conheço, mas que foi perseguida por eles] terá o dela e tu tambem". Hoje um blog já deixou este recado pra mim: "Todos nós masculinistas, sanctos e etc sabemos onde você leciona, inclusive, um dos nossos membros mora na mesma cidade e conhece muito bem sua rotina. Sugiro que se cuide, pois o trânsito aí é muito movimentado… sabe-se lá o que pode ocorrer se não olhar para os lados...". Este sujeito e seus comparsas no crime são os mesmos que andam ameaçando o deputado federal Jean Wyllys, inclusive oferecendo recompensas para quem o mate. Então, vamos lá, não é difícil: o que eu, Myrian, Datena e Jean Wyllys temos em comum? Todos estamos sendo alvo de um blog e de tweets de um pequeno grupo de doentes. Já falei quem são. São Sanctos, facção/dissidência (pero no mucho; o pensamento é igual) de masculinistas. Já foram investigados pela Polícia Federal no massacre de Realengo. Já foram tirados do ar, mas sempre voltam. E seguem ameaçando.

É difícil denunciá-los, porque eles, covardes que são, se escondem atrás de avatares. Tampouco é simples tentar criminalizá-los por coisas que para nós são chocantes, mas que não são crimes (ainda?), como a misoginia e a homofobia. Mas racismo, pedofilia, e ameaças a pessoas são crimes sim. Vamos tentar pegá-los por isso.
Ontem recebi muito apoio, inclusive de pessoas de altas instâncias jurídicas que eu nem sabia que liam meu blog. Eu fiz um apanhado de links e mandei para essas pessoas, que vão ver o que é e não é crime, encaminhar pras autoridades competentes, e dizer como devo proceder. Lógico que fico muito feliz com esse apoio. É péssimo sentir-se sozinha quando se é ameaçada por loucos (que realmente não têm nada a perder) que conhecem o seu rosto e sabem onde você trabalha. Quem é um alvo mais fácil, deputad@s e apresentadores milionários de TV, ou uma não-celebridade quase anônima como eu? Não acho que esses malucos realmente farão alguma coisa; eles só querem chamar a atenção. E nem pretendo calar-me por causa deles. Mas quero fazer alguma coisa. E solidariedade é bem legal nessas horas. Obrigada!
Aí aparece um grupo no Twitter que nunca se solidarizou comigo em absolutamente nada pra me condenar por fazer aliança com a Myrian Rios! Pois é, nem eu sabia que estava fazendo aliança com ela. Ela, que certamente tem mais contatos jurídicos que eu, manifestou apoio em denunciar esses caras, e eu mandei um email pra ela com as informações que tenho (bem resumido aqui). Isso quer dizer o quê? Que eu gosto da Myrian Rios? Que votarei nela? Que viramos BFF? Que assino embaixo de suas posições presentes, passadas e futuras? Discordo de quase tudo que ela diz. Também discordo do jeito que Datena referiu-se a ateus e do sensacionalismo de seu programa (que nem assisto). Assim como discordo do posicionamento do Jean sobre o quadro do metrô Zorra Total (é meio misógino, mas é engraçado). Obviamente tenho muito mais em comum com o Jean que com a Myrian, mas e daí? Tentar tirar do ar um blog e perfis no Twitter que ameaçam e promovem o ódio não pode ser uma luta de todos? Se a Myrian quer denunciar um blog que é abertamente homofóbico, isso não é algo bom? Por Myrian ter feito declarações homofóbicas, ela não pode nunca mais se engajar numa causa positiva? Tem muita gente que pensa como ela: que homofobia não é falar mal de gays e lésbicas, que só é homofobia quando se espanca ou mata um homossexual. Assim como tem muita gente que pensa que misoginia não é dizer que toda mulher é p*ta ou que nenhuma presta, que só é misoginia quando uma mulher vai parar no cemitério. Qual seria a forma mais adequada de informar essas pessoas (que são muitas) de seu equívoco? Através de um diálogo educado, ou gritando com elas e dizendo que elas não podem falar mais nada nunca na vida porque se equivocaram?
Agora com licença, que é domingo, mas preciso trabalhar. E não dar satisfações porque troquei um email com uma pessoa de quem não gostamos. Interessante como essa galera que vem com o dedo em riste não digita uma só tecla para se se solidarizar comigo ou para denunciar criminosos, mas gasta um tempão pregando com quem posso ou não me comunicar. Continuem na sua luta, companheir@s, que eu continuo na minha. Eu dialogo. Eu acredito que as pessoas (todo mundo, até os mascus) podem mudar.