Um dos leitores-homens favoritos que comentam no meu blog é o Primeiro Cego, que tem um nome de verdade, Henrique. Ele tem 29 anos, atualmente mora no Rio, é formado em psicologia, mas largou a profissão pra viajar e morar na Finlândia. Faz um tempão, eu pedi pra que ele escrevesse sobre esse despertar que ele teve, sobre quando se deu conta de seus privilégios. E agora ele fez isso, e eu publico aqui seu guest post. Por coincidência, quando estava editando este texto (colocando fotinhos e links e tal), reli um post meu em que respondo a um leitor que achava impossível que nós mulheres gostássemos de homens que não tivessem um tchan a mais — que não fossem ricos, por exemplo. Bom, taí o seu tchan a mais. Caras que admitem seus privilégios e descobrem seu feminismo são sexy.
ÁGUA
Dois peixes jovens cruzam com um peixe mais velho nadando no sentido contrário.
O peixe velho diz: ‘Bom dia! Como é que está a água hoje?’
Pouco depois um dos peixes jovens se vira pro outro e pergunta: ‘Mas que diabos é água?’
A Lola, que tem um dos melhores blogs feministas brasileiros, está agora promovendo um concurso de blogueiras com o tema ‘A origem do meu feminismo’. Como ela abriu a possibilidade para homens escreverem um guest post sobre o assunto, decidi mandar esse texto pra ela e já vou publicando por aqui. Antes ela até já tinha me perguntado se eu queria escrever um guest post falando sobre a descoberta dos meus privilégios e eu disse que claro que sim, mas depois tentei e o texto não saiu, foi difícil pra mim escrever sobre isso. Mas aproveito a oportunidade para tentar de novo, porque esses temas para mim são o mesmo – a origem do meu feminismo é a descoberta dos meus privilégios. E não poderia ser de outra forma, porque descobrir que eu tenho vantagens sociais por ter características que eu não escolhi ter às custas das desvantagens de quem não as tem não me abre mais espaço para ficar em cima do muro – nesse contexto ser feminista é necessário. É antes de tudo uma questão humanista – é ser pela aceitação de cada pessoa exatamente como ela é; é ser pela igualdade de tratamento, de respeito, de oportunidade e de liberdade; é ser contra qualquer tipo de preconceito ou privilégio de um grupo sobre outro. Isso inclui não só machismo, homofobia e transfobia, que são todos preconceitos ligados a expectativas de como deve ser uma mulher e como deve ser um homem, mas também racismo, classismo e qualquer outro ismo que talvez não tenha nome, mas tem quem pratica e tem quem sofre.
Um dos meus motivos de dificuldade em falar sobre esse assunto é que eu sou feminista bem recente, talvez há um ou dois anos, e eu tenho vergonha de ter passado tanto tempo sem entender direito o que era preconceito, de ter passado tanto tempo cego aos meus privilégios. Há várias razões pra isso ter acontecido. Uma delas é que, como escrevi aqui no primeiro post, eu praticamente acertei na mega-sena dos privilégios. Eu basicamente não faço parte de nenhuma minoria. Eu sou, dentro do meu contexto social, o ser humano padrão. E é muito fácil e muito confortável ser o humano padrão, porque tudo está preparado pra mim, todo o mundo me trata bem à primeira vista. Eis aí um homem branco cisgênero heterossexual jovem magro etc., só pode ser boa gente! E como deve acontecer com a maioria das pessoas, não me lembro de ninguém ter tentado me ensinar a enxergar o ponto de vista dos outros, ou pelo menos não antes de eu entrar na faculdade de psicologia, claro que eu enxergava o mundo em cor de rosa.
Houve várias pessoas que eu li e com quem conversei que me influenciaram e foram me levando a descobrir meus privilégios, mas um momento em particular que eu considero o ponto de mutação me salta à memória pelo choque que me provocou. Era algo que eu estava lendo a respeito do uso em inglês da palavra ‘gay’ para dizer que algo é ruim, e o pessoal discutia se isso era um comportamento homofóbico ou não. Em determinado momento, alguém postou um link que tinha como título ‘lista de privilégios heterossexuais’, que era uma longa lista de pequenas coisas em que uma pessoa leva vantagem por ser heterossexual. Até aí não tinha caído a ficha, eu fui lendo a lista e pensando ‘não entendi o que querem dizer, são coisas tão banais, não dá para chamar isso de preconceito’. Mas um ponto lá me atingiu. Dizia ‘Eu não tenho que defender minha orientação sexual’. E eu pensei – as pessoas fazem coisas assim comigo por eu ter virado vegetariano – e pensei como eu me sentia mal com isso, não por ser algo gravíssimo, mas por ser sistemático, por ser tão freqüente as pessoas tentarem me provar que ser vegetariano não é lógico que mesmo que nenhuma pessoa faça por mal o efeito conjunto é algo como se repetissem sempre: nós somos normais e você é o outro, você não vale tanto quanto nós. E eu pensei como devia ser de esmigalhar o espírito de qualquer um ter que diariamente em várias pequenas coisas encontrar esse tipo de mensagem. E nesse momento eu caí em mim, reli a lista e percebi que no meu dia a dia eu contribuía em vários pontos com esse sistema violento. Sem me dar conta, e ainda achando que claro que não tinha preconceito nenhum contra pessoas homossexuais. A partir daí comecei a ler mais sobre preconceito, acabei conhecendo vários blogs feministas e notei que aí também eu tinha problemas, que eu ainda achava que havia coisas de homem e coisas de mulher, que eu ainda julgava mais uma mulher em função de sua aparência do que um homem, que eu via uma mulher que achava feia e automaticamente, meio sem querer, pensava ‘coitada! nunca vai arranjar namorado’ como se minha opinião fosse universal ou relevante, ou como se arranjar namorado fosse a coisa mais importante da vida de uma mulher. Assim com relação a cada minoria fui descobrindo uma nova série de privilégios e preconceitos que eu tinha, uma nova série de pequenas coisas que eu fazia de forma sistemática e que contribuíam para marginalizar um grupo de pessoas. E eu vi que a principal razão por eu não enxergar nenhum preconceito antes era que eu estava tão mergulhado nele que ele tinha sido normalizado, tinha virado o pano de fundo contra o qual eu via todas as coisas.
Eu me senti um bocado culpado por tudo isso, por não ter me dado conta antes, por ter sido tão violento com as pessoas, mas depois fui me dando conta que eu também não tinha escolhido ter privilégio nenhum, que não tinha escolhido construir essa cultura, que culpa não serve para nada a não ser gerar paralisia e abandonei esse sentimento. Aproveitando a leveza, decidi também pegar responsabilidade por isso tudo, porque agora sim, de olhos abertos eu podia escolher se queria contribuir para sustentar ou erodir aspectos culturais que são preconceituosos. Decidi que ser feminista pra dentro não era suficiente, que precisava ser também feminista pra fora e buscar (e continuo buscando e encontrando) formas de agir. Tem gente que me critica por isso, fala que eu não vou conseguir mudar nada, que isso é muito utópico. Ok, é claro que sei que eu como pessoa minúscula em comparação ao enorme monte de coisas erradas não tenho lá muito poder de mudança. Mas eu não preciso fazer coisas enormes, posso fazer coisas minúsculas. Assim como eu mudei radicalmente meu ponto de vista, outras pessoas também podem mudar. Às vezes só o que falta para uma pessoa mudar é ela escutar vozes dissonantes. E eu tenho voz.
Um post muito interessante.
ResponderExcluirÉ sempre bom conhecer as visões que as pessoas tem do mundo e de como elas são construidas.
Parabens ao Henrique.
Muito legal este post, boas chances de ganhar o concurso =)
ResponderExcluirAH Gabixi
ResponderExcluirO post não ta participando do concurso.
É um depoimento pessoal.
O concurso é só p/ blogueiras.
Lendo o seu texto lembrei desse vídeo sobre um livro que uma amiga me passou e que relaciona a luta feminista e o vegetarianismo...
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=kU2VkRpXSUo
Que lindo texto, Primeiro Cego! Adorei e queria que muitos homens lessem...tenho certeza de que sua voz é muito importante.
ResponderExcluirCasa comigo, Henrique?
ResponderExcluirPrimeiro comentário = :´) (chuif, que lindo)
ResponderExcluirSegundo comentário = Além de ter adorado o depoimento, quero te encorajar, Henrique! As coisas minúsculas neste sentido são fundamentais. Podemos transformar o mundo ao nosso redor simplesmente por apresentarmos uma nova forma de ser. Aí vê-se que outras coisas sao possíveis. Daí pra frente a gente consegue tudo.
Mas não, você não está sozinho. E é por isso que vamos mudar sim!
Além de inspirado, bem escrito. Gostei muito, vou tratar de divulgar. E eu considero cada voz muito, muito importante.
ResponderExcluirhttp://neopelucias.wordpress.com/
ResponderExcluirOba, agora já sou sexy! Obrigado pelo espaço, Lola.
ResponderExcluir@Gabixi: É como disse o Lord, o post não participa do concurso, que era só de blogueiras. Com razão, já que o objetivo do concurso era divulgar blogs escritos por mulheres. Blogs de homens já têm visibilidade suficiente.
@Bianca: Não conhecia esse vídeo, gostei. Nunca tinha parado pra pensar que em muita propaganda de carne eles comparam a carne a mulheres. E tem essa também de que consumir carne é 'coisa de macho'. No meu caso ser vegetariano indiretamente me levou a ser feminista porque me abriu uma janelinha pra eu entender melhor o preconceito que eu tinha, mas eu não via necessariamente associação entre as duas coisas.
@Todas: Obrigado pelos comentários! :)
O primeiro passo para lutar contra um preconceito é admiti-lo em nós mesmos.
ResponderExcluirDiversas veses eu me pergunto se estou sendo machista ou homofóbico, com relação a algo ou alguém.
E acabo desconfiando de quem se diz totalmente sem preconceitos.
Alias, fiquei curioso:
ResponderExcluirpq primeirocego?
@Bruno Stern: Concordo, não ter preconceitos não é um estado, é um processo interminável. Eu me pego falando coisas preconceituosas por hábito antigo com uma freqüência assustadora.
ResponderExcluir@Lord: Eu só queria usar um personagem de livro pra pôr como apelido no meu blog e esse foi o primeiro que me veio à cabeça. Depois até casou mais ou menos com essa história de não enxergar meus privilégios, já que comecei o blog assim também.
Adorei demais o texto, parabéns ao Primeirocego, tanto pela capacidade de se expressar, quanto pela capacidade de olhar para si mesmo quando preciso, e saber que sempre se pode mudar e melhorar!
ResponderExcluirAliás, vou divulgar o texto no twitter (como se eu tivesse muitos seguidores auhaahuuha) mas pq eu acho que merece mesmo !
A.
> Eu me pego falando coisas preconceituosas por hábito antigo com uma freqüência assustadora.
ResponderExcluirCara...isso é uma verdade dolorosa no meu caso.
É algo que surge "sem pensar" e "sem querer".
É algo que precisa ser policiado e questionado sempre.
Bacana, corajoso, bem escrito, enfim, do caralho! (sorry, Lolinha)
ResponderExcluirO texto é todo interessante, mas este trecho...
"Decidi que ser feminista pra dentro não era suficiente, que precisava ser também feminista pra fora e buscar (e continuo buscando e encontrando) formas de agir."
... tem tudo a ver comigo.
Parabéns, garoto!
Também acho que se cada um fizesse sua parte, o mundo seria bem melhor. Pensar que não adianta fazer nada porque não vai fazer diferença também não muda nada. Temos que pelo menos tentar. E me sinto tranquila nesse sentido proque sei que consigo aos poucos influenciar as pessoas com quem convivo e sei que meus irmãos mais novos vão crescer sabendo de coisas que ninguém me ensinou quando eu tinha a idade deles.
ResponderExcluirQue post lindo! Caramba, o primeiro cego é um ótimo escritor, e conseguiu passar todo um sentimento! Quase chorei agora, não dá pra descrever!
ResponderExcluir:*)
Ótimo post. Homens feministas são raros. Meu pai é o único que eu conheço. Meu marido está naquela fase em que a pessoa começa a enxergar os privilégios, mas sempre faz/fala as coisas antes de pensar. E quando percebe o machismo já falou. Digo que ele está em fase de adestramento.
ResponderExcluirE acho que todos nós podemos mudar um pouco o que está ao nosso redor. Não só com relação aos preconceitos, mas quanto a tudo o mais. Eu moro no Tocantins, onde a consciência ecológica nem engatinha ainda. As pessoas acham que eu sou no mínimo esquisita por não usar mil copos descartáveis ao longo do dia. E ontem riram da minha cara por ter deixado o carro em casa com um calor de 42 graus. Mas um dia meus colegas de trabalho ainda vão usar copo de vidro...
Um texto incrível, sincero, de mente aberta. Da buceta (sorry, Masegui!).
ResponderExcluirPode se considerar um homem com um tchan a mais!! Vc deveria substituir aquele colunista da Folha... rs!
O primeiro cego é também aquele que depois de passar por várias experiências é o primeiro a recuperar a visão, pelo menos de acordo com o livro do Saramago...
ResponderExcluirMuito bom saber que existem homens conscientes do machismo e contra ele, principalmente na internet, onde as pessoas se sentem mais livres pra falar o que realmente pensam e muitas vezes leio tantas coisas machistas e até um certo ressentimento machista de alguns homens em relação às mulheres atuais, que na vida lá fora, talvez muitos não tenham coragem de externar...
Enfim, bom ler comentários como o de todos aqui.
@Masegui, Anastasia: Obrigado! :)
ResponderExcluir@Luma: Pois é, pensar que não adianta é que com certeza não adianta, melhor tentar e ver no que dá. E se eu não consigo convencer ninguém, posso pelo menos colocar alguém em dúvida e uma pessoa em dúvida é uma pessoa aberta a mudança. E algumas pessoas já me disseram que começaram a pensar mais nisso por causa de algo que eu falei.
@Rafaela: Acho que começar a enxergar é que é o mais difícil mesmo, depois que vê uma coisa a pessoa pensa 'que mais eu não estava enxergando?' e vencer as dificuldades passa a ser só uma questão de esforço e boa vontade. Quanto a processos de adestramento, tenho a impressão de que não acabam nunca. Eu estou nesse processo, algumas coisas já consegui abolir do meu modo de falar, em outras estou trabalhando e deve haver outras que nem aos olhos me saltaram ainda.
@Sheryda: Muito boa tua resposta, adorei!
@Laurinha: Pois é, acabou vindo a calhar o nome. E o anonimato (ou semi-) da internet tem seu lado positivo também - eu tenho muito mais coragem de me declarar feminista escrevendo do que falando. Aliás, a primeira vez que falei isso assim de cara pra alguém não tem nem uma semana, falei pra rebater uma asneira machista que alguém tinha soltado. Fiquei feliz de ter conseguido me expor.
comento só às vezes e ainda pra discordar, mas quero confessar que lendo esse blogue minha visão do feminismo e da esquerda mudaram radicalmente.
ResponderExcluirParabéns ao Henrique! Um texto muito legal e que mostrou um lado muito interessante: dos homens que reconhecem os seus privilégios, e preferem não continuar mais cegos!
ResponderExcluirÓtimo post! Fico muito feliz com as mudanças relatadas, elas me dão uma esperança a mais. É muito difícil eu conseguir conhecer homens que tenham esse tipo de consciência aqui no Brasil.
ResponderExcluirEngrossando o coro:
ResponderExcluirÓtimo texto!!
Parabéns pelas palavras, pela sinceridade e vontade de mudar.
Boa sorte a todos nós na luta contra os nossos preconceitos. Acho que já estamos caminhando bem só de estarmos aqui discutindo.
PS.: Seu nome e aquilo que te define -sua formação- (brincadeira) me soaram familiar, e acabei confirmando. Você fez faculdade com minha irmã Giselle e com a Lili!!
Eta mundinho pequeno ou a teoria dos 6 passos é realmente verdade!
Nossa parabens!
ResponderExcluirseu texto é simplesmente sensacional.
acho que vc foca em algo muito importante:
nós sem percebemos estamos com vários pre-conceitos enraizados, eles foram tão facilmente aceitos que os vemos como "algo natural".
pre-conceito pelo menos pra mim é algo embutido, cultural, ensinado e sendo assim, podemos claro mudar e esclarecer outras pessoas para que elas tb se desapeguem dos seus!
:) firme ai na missão.
Niemi.
Ahá!! Quer dizer que seu nome é Henrique? Putz,procurei até no orkut e não achei.Não,com certeza deve estar em algum lugar bem visível mas a "Dã" aqui,não achou!
ResponderExcluirBom,esse seu post,para mim,foi como a "bonança" após a "tempestade" do(pera aí,tô me benzendo!)"Pondé".Um relato sensível,não de um homem,mas sim de um ser humano que está aprendendo a "respeitar" as diferenças, a conviver com a diversidade, que está em plena e verdadeira evolução.Ter essa consciência hoje em dia,(como te falei lá no blog)é cada vez mais raro.As pessoas muitas vezes "aceitam" as diferenças" mas não as "respeitam".O discurso as vezes é muito bonito mas na prática...Parabéns!
Só mais uma coisa:dia 14/09 não foi a primeira vez que vc escreveu esse post não,né?!Porque eu juro que já tinha lido ele antes!Não me enlouqueça,hein?!
@Tanize: Pois é, eu já tinha visto você comentar por aqui e cheguei a pensar 'será que é a irmã da Giselle?' Mas como o sobrenome era diferente achei que não era. :)
ResponderExcluir@Niemi: Exatamente isso, preconceito é aprendido e, portanto, pode ser também desconstruído. E melhor - a qualquer momento podemos decidir parar de ensiná-lo.
Fiquei agora com uma curiosidade nada a ver - você é finlandesa?
@Clara: Comparar com o Pondé é covardia, né? Qualquer coisa vira bonança. :)
O meu nome tá no orkut sim (até sobrenome também), no lugar normal onde sempre está o nome da pessoa. Se você abriu meu perfil lá meu nome com certeza esteve na sua cara e você não viu. :)
E esse texto foi escrito pela primeira vez no dia em que publiquei no meu blog, sim. Eu bem que achei estranho você comentar que já tinha lido. A única coisa dele que é velha é a história dos peixes, que roubei de um discurso do David Foster Wallace (o link pro discurso completo tá lá no blog também). Enfim, ou você leu por telepatia num dia desses em que eu estava forçando as palavras na minha cabeça pra ver se encaixavam e formavam um texto ou um de nós está meio doido (tomara que não seja eu :p)
Muito bom o texto. Parabéns.
ResponderExcluirprimeirocego disse... "Blogs de homens já têm visibilidade suficiente."
Até isso é um dos tais privilégios, que pouquíssimos percebem...
Niemi Hyyrynen disse... "pre-conceito pelo menos pra mim é algo embutido, cultural, ensinado e sendo assim, podemos claro mudar e esclarecer outras pessoas para que elas tb se desapeguem dos seus!"
É triste, mas já conheci pessoas que adotaram preconceitos por livre e expontânea vontade. Principalmente quando conseguem entrar em algum grupo onde é a regra.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirHenrique,descobri o "mistério"!Realmente quando estive no seu blog no dia 18/09,já havia lido o seu post sim. Acredito que tenha sido logo assim que vc publicou,no dia 14/09. Como leio muita coisa e em muitos lugares não me lembrava que já tinha estado por lá. Por isso no dia 18/09 tive essa sensação de "déjá vu" que é perfeitamente explicável!Que bom!Ainda não estou ficando louca!KKK (É muita informação...)
ResponderExcluirFeminista e vegetariano?
ResponderExcluirGenten, é minha versão masculina :p
Adorei os comentários do Henrique!
oprimeirocego:
ResponderExcluirnasci em Kouvola, mas fui criada mais tempo no Brasil... está gostando da Finlândia? Se voltar para ao Brasil traz um pouco de Sahti e de Salmiakki pra mim ! :D
Koope:
pessoas que quiseram aprender a ter preconceito? nunca havia pensando nisso...
Niemi.
existe pelo menos uma diferença entre um homem e uma mulher: mulher usa absolvente, homem não
ResponderExcluir@Koppe: Falei em visibilidade mas agora acho que me expressei mal, eu devia ter falado em credibilidade. O meu blog, por exemplo, tem visibilidade baixíssima, mas por eu ser homem as pessoas que o encontram ouvem o que eu tenho a dizer. Por outro lado, acho que acontece muito de uma pessoa ver que um texto foi escrito por uma mulher e ela já ler esse texto meio na diagonal, preparada para desqualificá-lo. O problema da visibilidade é secundário a esse. Um concurso só de mulheres é muito bom porque quebra a expectativa social de que mulheres não têm coisas importantes a dizer (especialmente sendo o concurso sobre feminsimo, que é um assunto onde as opiniões de importância central são femininas, e as masculinas são apenas opiniões acessórias).
ResponderExcluir@Niemi: Aha, sabia! Nunca estive em Kouvola, mas uma das minhas melhores amigas finlandesas é de lá. Já estou de volta ao Rio. Todo o salmiakki é pra mim, claro, nenhum perigo de eu dividi-lo com ninguém. Sahti tomei uma vez e me causou uma dor de barriga terrível.
@Clara: Ainda bem que você não está louca, ufa! :)
@olhodopombo: Isso é uma metáfora mirabolante que não entendi? Não vi aonde você quer chegar (estou falando sério, sem ironia).
Nem sei o que comentar, Henrique. Só posso dizer que chego a me emocionar quando encontro estas "vozes masculinas dissonantes no deserto", pois elas me fazem pensar que mudanças são possíveis, mesmo que ocorram aos poucos...
ResponderExcluirAdorei sua visita e seu comentário no meu blog! Apareça mais vezes!
Abraços!
Adorei o post!
ResponderExcluirTive ontem uma discussão com um amigo se o uso de expressões "seu viado!", "é um gay" e etc como chingamento seria uma forma de preconceito. Para mim é. Usar uma palavra comumente relacionada aos homossexuais como um chingamento genérico é atribuir necessariamente aos homossexuais uma característica negativa.
"fulano não presta, deve ser gay", significa que na concepção de quem profere esta frase não há possibilidades de um gay ser uma pessoa boa.
São coisas que escuto diariamente, de pessoas que talvez nem percebam como uma manifestação de preconceito, que até convivam bem como homossexuais, mas que proliferam de forma inconsequente uma postura errada da sociedade.
Este meu amigo me disse ontem que eu ando mudando seus conceitos.
Então nem tudo é utópico. Acredito sim que parte destas pessoas mudarão de atitude se ouvirem um bom discurso, e o teu discurso, Henrique, é muito bom! =)
Para muitas mulheres, o homem para casar é aquele que tem dinheiro, bonito etc.
ResponderExcluirPara feministas, esse é o homem pra casar! rs
ADOREI esse post!
É muito bom ver que existem homens assim! Dá uma esperança maior ainda, a respeito não só do feminismo, quanto sobre a existência de pessoas que realmente pensam sobre as coisas, que querem melhorá-las e melhorar a si mesmas.
Vou divulgar!
Parabéns, Henrique.
É de fazer abrir um sorriso em qualquer um. Sobre a utopia, o texto mais que conhecido do Galeano diz tudo:
ResponderExcluir"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar." (Eduardo Galeano)
Realmente os homens tem muitos privilégios!
ResponderExcluir- Meninos tem taxas de mortalidade infantil maiores do que as das meninas
- Meninos costumam trabalhar mais cedo do que meninas
- Mulheres são maioria entre os universitários
- 90% das vítimas de acidente de trabalho são homens
- Homens vivem em média 8 anos a menos do que as mulheres...
Quanto privilégio!
@Daniel: Posso brincar também de selecionar informações aleatórias e ignorar o contexto geral? Então tá:
ResponderExcluirSer negro é um privilégio - você pode ficar muito mais tempo no sol sem se queimar - fantástico!
Ser mulher é um privilégio - às vezes quando estão a fim as pessoas se oferecem pra carregar peso pra você - uau!
Ser gay é um privilégio - você pode vestir cor de rosa e ninguém questiona sua sexualidade por isso (e vá, todo o mundo gosta de cor de rosa) - sensacional!
Não ter uma perna é um privilégio - As pessoas são obrigadas a te ceder lugar no ônibus e no metrô - supimpa!
@Dária: Pois é, é impressionante que as pessoas não considerem preconceito usar a palavra 'veado' pra xingar alguém. E com 'gay' é pior ainda, porque esse é um termo de auto-identificação. Roubar assim uma palavra central na identidade de um grupo e re-significá-la com conotações negativas é muito violento.
ResponderExcluir- Meninos tem taxas de mortalidade infantil maiores do que as das meninas
ResponderExcluirMeninas são mais abortadas que meninos, e as estatísticas de mortalidade infantil são baseadas em crianças já nascidas
- Meninos costumam trabalhar mais cedo do que meninas
Meninas costumam ser forçadas pelas mães a ajudar no trabalho doméstico desde cedo
- Mulheres são maioria entre os universitários
E depois de formadas ganham menos que os colegas homens que fizeram o mesmo curso
- 90% das vítimas de acidente de trabalho são homens
Essa aqui eu sei pessoalmente por que acontece. Homens que realmente se preocupam com a segurança no trabalho e usam EPI (equipamento de proteção individual) são raridade. Muitas vezes já me disseram que essas preocupações são frescura, por mais que a própria empresa tente colocar na cabeça dos funcionáriOS que eles precisam ter cuidado e usar equipamento de segurança; a maioria só usa se for forçado.
- Homens vivem em média 8 anos a menos do que as mulheres...
Porque se arriscam mais (nunca vi um que se recusasse a dirigir por ter bebido), se expõem mais a situações de risco, se destróem mais (compare as taxas de consumo de álcool, cigarros e outras drogas entre homens e mulheres) e não se cuidam (inclusive eu sou um mal exemplo disso, só vejo médico quando estou realmente doente, maioria dos meus amigos e parentes homens são assim).
Lola além de tudo a ext. direita agora invocou com os polícos deles, pq são "gayzistas", é o fim dos tempos, só pode ser!!
ResponderExcluirhttp://blogdehoje.wordpress.com/2010/09/16/em-quem-nao-votar-lista-de-politicos-gayzistas-lista-completa/#comment-1079
Primeiro Cego,
ResponderExcluirSei que estou atrasada, mas queria muito comentar seu texto, que achei tão bom. Queria só destacar um trechinho que diz muito e que eu adoraria discutir com um sem número de preconceituosos que se negam como tal e cruzam nossos caminhos todos os dias: "E eu vi que a principal razão por eu não enxergar nenhum preconceito antes era que eu estava tão mergulhado nele que ele tinha sido normalizado, tinha virado o pano de fundo contra o qual eu via todas as coisas."
Tem mais filosofia aí do que em muitas discussões sem rumo que rolam nesse mundão... Bj, parabéns!
Rita
Escreve muito bem o Henrique, meus parabéns! Acho que meus primeiros instintos como feminista eu tive aos 8, 9 anos, que foi mais ou menos na época em que as meninas deixaram de brincar com a gente, porque "menina não pode jogar bola, não pode brincar na areia, etc, etc". E já naquele tempo eu ficava triste pensando "como deve ser chata a vida de menina com tantas proibições..." Obrigado, Lola, pelo seu blogue e obrigado Henrique, pelo seu belo texto.
ResponderExcluirnão é metafora.
ResponderExcluiré realidade, apenas.
@Koppe: Parabéns pela paciência. :)
ResponderExcluir@Rita: Obrigado!
@Patrick: Idéias feministas aos oito anos sendo homem é muito avançado... nessa idade eu pensava 'claro que menina só pode brincar de coisa chata, e pra quê eu ia querer brincar com elas?' Umas pessoas são mais lentas que as outras. :/
@Olhodopombo: Continuo sem entender. Qual é teu argumento? Tá bem, mulheres não são idênticas a homens, mas alguém já falou o contrário alguma vez na vida? Quem fala de igualdade tá sempre falando de igualdade social - de direitos, de oportunidades, de liberdades, etc.
acabei não lendo todos os comentários porque são muitos.
ResponderExcluirMas aproveito para dar um pitaco e fazer meu primeiro comentário completamente inútil e dispensável no blog da Lola:
vegetariano e feminista... eu vou casar com esse cara. Conta aí, Lolinha... ele é gatão?
E eu vou saber se o Henrique é gato, Garotacocacola? Resisti até agora de pedir que o rapaz me mandasse uma foto! Mas lógico que fiquei curiosa... Ele deve ser lindão, esse é o meu chute.
ResponderExcluirHenrique querido, é inútil tentar falar com a Olhodopombo. Digo por experiência própria, viu? A L. Archilla já mudou o apelido da Olho pra CérebrodoPombo.
Super obrigada por responder a todos os comentários! Fez o maior sucesso, viu só?
Atrasadíssima, como sempre, mas tenho que comentar
ResponderExcluirHenrique, desde que você comentou no meu blog percebi que você tinha a linda capacidade de tentar se colocar no lugar do outro. E esse post é o resultado disso. QUando temos privilégios é dificil ou impossivel colocar-se na pele do outro, que não os possui. Mas isso não impede de reconhecer essa condição e foi isso que você fez no seu post. ADOREI DEMAIS.
E vou dizer aqui com a Priscila, casa comigo!
beijos
Camilla
Apoiadíssimo. O próximo passo interessante seria se um tanto de mulher tentasse ser menos machista e vivesse mais o seu direito de existir.
ResponderExcluirSe me permite uma sugestão, eu linkaria os blogs concorrentes no próprio form de votação. Assim, as pessoas leriam os textos imediatamente, sem ter que procurar um por um...
Parabéns pelo blog!
Ok, Lola, eu vou ficar aqui só na imaginação então.
ResponderExcluirSad.
Dando uma passada aqui pra ler os últimos comentários.
ResponderExcluir@Lola: De novo, obrigadíssimo pelo espaço!
@Pessoal que quer casar: Não é assim não, primeiro vocês têm que me levar pra jantar (restaurante vegetariano). Depois se a gente se der bem podem pedir a permissão pra minha mãe. :p
@Enquanto dá: Bom mesmo era se os homens parassem de ser machistas, daí acabava o machismo.
P.S.: é claro que eu sou super lindíssimo, qual é a dúvida? :p
Gostei bastante do post. Fez eu pensar na minha própria vida, aonde eu comecei a tentar acabar com meus pensamentos machistas e cheguei à conclusão de que eu tenho muito o que pensar, pois eu não sei dizer de cara quando tudo começou.
ResponderExcluirSó um detalhe sobre o texto, a lista de privilégios heterossexuais não está mais acessível pelo link. Eu acho que a encontrei pelo google, mas não tenho como ter certeza de que é a mesma, e mesmo que seja, eu imagino que novos leitor@s terão a mesma dificuldade que a minha.
Em outra nota, não faz um mês que comecei a ler seu blog e já gasto horas lendo vários posts de uma vez. Parabéns e continue assim.
Esse texto tem que ser linkado nos mais atuais para ser lido por quem ainda não o leu! Muito bom! Fiquei curiosa para conhecer a lista que ele menciona.
ResponderExcluir