Outras grandes hipocrisias do caso da professora demitida por dançar pagode: a sociedade incentiva esse tipo de criação cultural que põe as mulheres no seu lugar de objeto sexual. Criamos meninos para se excitar com essas coreografias, e meninas para realizá-las. Mas, ao mesmo tempo, condenamos as moças que participam tão ativamente dessas danças. Ou seja, não tem como mulher escapar ilesa dessa história. Se ela se negar a participar, será vaiada (foi o que aconteceu na casa de shows com outra moça, que se negou a mostrar a calcinha). Ou será chamada de careta, o oposto de moderna. Alguns dirão que ela não gosta de sexo, ou que ela precisa urgentemente de um pênis. Agora, se ela seguir o roteiro e fizer tudo que se espera dela, e der o azar de ser filmada por câmeras de celular e sua imagem for parar no YouTube, não resta a menor dúvida: é uma vadia. Difícil ser mulher, né?
Também tenho um pouco de dificuldade de entender o que pode e não pode. No programa de auditório mundo-cão, Geraldo disse que o erro foi mostrar a calcinha. Se Jaque só tivesse rebolado e simulado o ato sexual, tudo bem. Mas ter seu minivestido e calcinha levantados pelo cantor, aí não. Sendo que o que se vê é o bumbum dela―algo tão explícito como o que é exposto em qualquer praia brasileira.
O problema está na profissão, já que professora deve ser modelo de conduta. E não só aqui no país tropical. No bestseller À Procura de Mr. Goodbar, que se passa em Nova York, o que choca as pessoas é que a moça promíscua (que faz o mesmo que seus parceiros fazem, sexo) seja professora primária. Como que uma mulher que trabalha educando crianças pode transar, meu deus?! E esse espanto vem dos seus próprios parceiros.
Professora é idealizada, deve ser um exemplo etc etc. Mas escreva a palavra “professora” no Google e clique no “Imagens”, e veja o que aparece. Boa parte é de imagens como esta ao lado. Ou seja, professora é uma fantasia sexual pros homens. E lógico que não é a única. Escreva “enfermeira” ou “aeromoça” (ou mesmo algo mais respeitável, como “comissária de bordo”) que o resultado é pior. É bem chato que toda uma categoria profissional feminina seja vista como objeto sexual. E é péssimo pras professoras, enfermeiras e comissárias de bordo que não optaram pela profissão para servirem de fetiche masculino.
Professora segue o mesmo modelo santa/p*ta que é imposto a todas as mulheres. Se a mulher for mãe, deve ser colocada num pedestal, vira santa. Se fizer sexo (ou dançar coreografias que simulam sexo), é p*ta. Professoras devem ser santas, jamais p*tas. A menos que seja nas fantasias sexuais masculinas.
No caso de Jaqueline, os comentários nos sites dos jornais que noticiaram o caso são ou de reprovação (“não quero uma mulher que não se dê ao respeito dando aula pra minha filha”) ou de defesa (“ela fez isso no seu horário de lazer, e ninguém tem nada com isso”). Mas, pra legião que só vê professora como fantasia sexual, os recados são mais embaixo, no estilo: “Ela dá aula particular em casa?”.
O problema está na profissão, já que professora deve ser modelo de conduta. E não só aqui no país tropical. No bestseller À Procura de Mr. Goodbar, que se passa em Nova York, o que choca as pessoas é que a moça promíscua (que faz o mesmo que seus parceiros fazem, sexo) seja professora primária. Como que uma mulher que trabalha educando crianças pode transar, meu deus?! E esse espanto vem dos seus próprios parceiros.
Professora é idealizada, deve ser um exemplo etc etc. Mas escreva a palavra “professora” no Google e clique no “Imagens”, e veja o que aparece. Boa parte é de imagens como esta ao lado. Ou seja, professora é uma fantasia sexual pros homens. E lógico que não é a única. Escreva “enfermeira” ou “aeromoça” (ou mesmo algo mais respeitável, como “comissária de bordo”) que o resultado é pior. É bem chato que toda uma categoria profissional feminina seja vista como objeto sexual. E é péssimo pras professoras, enfermeiras e comissárias de bordo que não optaram pela profissão para servirem de fetiche masculino.
Professora segue o mesmo modelo santa/p*ta que é imposto a todas as mulheres. Se a mulher for mãe, deve ser colocada num pedestal, vira santa. Se fizer sexo (ou dançar coreografias que simulam sexo), é p*ta. Professoras devem ser santas, jamais p*tas. A menos que seja nas fantasias sexuais masculinas.
No caso de Jaqueline, os comentários nos sites dos jornais que noticiaram o caso são ou de reprovação (“não quero uma mulher que não se dê ao respeito dando aula pra minha filha”) ou de defesa (“ela fez isso no seu horário de lazer, e ninguém tem nada com isso”). Mas, pra legião que só vê professora como fantasia sexual, os recados são mais embaixo, no estilo: “Ela dá aula particular em casa?”.
Por isto que eu acho que a demissão desta professora se deu pura e simplesmente por causa de Hipocrisia!!!
ResponderExcluirLoléte, ser mulher é f********da!
ResponderExcluirE tu és mais f*da ainda, porque consegues destrinchar todo este preconceito e esta falsa moral que anda solta por ai e, claro, não deixou escapar esta história.
Mulher praticamente nua no carnaval? Pooooooode! Micro biquini na praia? Pooooooooode! Programa em horário nobre mostrando o que quer e mostrando a mulher como carne em açougue? Poooooode! "Hãm?! Professora? Dançou mostrando a calcinha?! Disconjuro!! Que pouca vergonha!"
Ah, meu povo, me economiza!
Beijo!
Lola, essa depreciação das atividades femininas está em todo lugar. Essa semana mesmo tive que encarar uma situação desagradável, uma colega da faculdade foi pedir orientação para um professor, sabe o que ele pediu em troca? Nem preciso dizer! Mulher só serve como objeto sexual, mulher bonita e inteligente é algo inimaginável para um homem machista, ainda que ele seja um valorizado doutor em sua área. Mas por que existem tantas mulheres que ainda passam por situações constrangedoras como essa? Porque existem aquelas que aceitam, que realmente acreditam que para se destacar precisam se submeter a um papel degradante como este.
ResponderExcluirMulher é sempre puta... homens são sempre os santos... a culpa não é do cara que levantou o vestido dela, a culpa é dela que deixou, claro...
ResponderExcluirCão = melhor amigo do homem
Cadela = puta
Vagabundo = homem que não trabalha
Vagabunda = puta
Touro = homem forte
Vaca = puta
Pistoleiro = homem que mata pessoas
Pistoleira = puta
Aventureiro = homem que se arrisca, viajante, desbravador
Aventureira = puta
Garoto de rua = menino pobre, que vive na rua
Garota de rua = puta
Homem da vida = pessoa letrada pela sabedoria adquirida ao longo da vida
Mulher da vida = puta
O galinha = o "bonzão"
A galinha = puta
Tiozinho= irmão mais novo do pai
Tiazinha= puta
Feiticeiro = conhecedor de alquimias
Feiticeira = puta
Maluf, ACM, Jáder Barbalho e Eurico Miranda = Políticos
A mãe deles = putas
Puto = nervoso, irritado, bravo
Puta = puta
'¬¬
:***
Ahhh... e esse post me lembrou a música 'Pagu' da Rita Lee/Maria Rita/Zélia Duncan
ResponderExcluir'...não sou freira, nem sou puta...
Porque nem toda feiticeira é corcunda...
Nem toda brasileita é bunda.
Meu peito não é de silicone,
sou mais macho que muito homem'
;DDDD
parece que em todas as profissões as mulheres são tratadas como objetos sexuais. aqui no Rio tem um jornal chamado "Meia Hora" e a seção "Gata da Hora" (em que mulheres enviam fotos seminuas com o simbolo de algum time de futebol) fez tanto sucesso que lançaram a revista, e todo mês o tema é uma profissão, já apareceram empresarias, professoras, mecanicas, cabeleleiras...
ResponderExcluirE quando um alunO, tem fantasia sexual com um porfessoR???? E divulga isso...
ResponderExcluirE quando uma aluna tem fantasias com um professor?
ResponderExcluirE se é um professor sensual dançando?
Aí...a culpa é da aluna!
É como diz a Lola e o povo aqui: de um jeito ou de outro, a gente sempre sai perdendo.
Vc lembra do professor (homem) que foi mandado embora da Escola Parque (ultramoderna) porque tinha publicado poemas eróticos?
ResponderExcluirMas ouvir funk proibidão pode...arrã...
Parece que todos os comentários apontam para úma única direção: a situação humilhante da mulher, neste jogo.
ResponderExcluirNão tenho competência para entender os detalhes psicológicos, sociais, comportamentais, econômicos (o jogo muda de interesse e estratégia ou não ocorre se envolver classes sociais distintas) nesta estranha relação (entre o exibicionismo feminino e vouyerismo masculino) apenas gostaria, sinceramente, que ele não existisse. Mas, como homem, não posso negar que ele é cômodo e prazeroso. Lamento, por essa situação.
Jorge