domingo, 6 de setembro de 2009

CUIDADO COM A IMAGEM

Esse caso da professora demitida me fez lembrar de outro, que quero comentar faz tempo. É sobre outra professora, que adotou o codinome Melissa, e que também foi hostilizada e teve que largar a profissão por conta de fotos de sexo. Mas as semelhanças terminam aí. Melissa permitiu ser fotografada pelo namorado enquanto fazia sexo oral nele. Ela estava apaixonada, pensava que era para sempre, e sabe como é, uma prova de amor dessas não se nega a alguém em que se confia tanto, ainda mais quando nós, mulheres, somos condicionadas desde criancinhas a sempre agradar aos homens. Mas dois anos depois de Melissa terminar com o namorado, ele, rancoroso, alterou o perfil dela no orkut e pôs lá as fotos, junto com o nome e telefone da moça, como se ela fosse uma garota de programa. As fotos se espalharam rapidamente, e Melissa teve que largar toda a sua vida e se esconder atrás do anonimato, pra nunca mais ser professora (ela mudou de nome e foi ser atendente de telemarketing, ganhando metade do salário). Ela processou o rapaz, exigiu que as fotos fossem retiradas da rede, mas não teve jeito: sempre aparece alguém para colocá-las de volta. Pior: nada aconteceu com o ex vingativo. Em maio, ele foi condenado a pagar a mixaria de 50 mil reais, que nem cobrem os custos do processo, mas recorreu. O processo já se arrasta por 4 anos. O advogado do ex, inclusive, adota a velha tática de colocar a vítima sob suspeita: ele diz que pode ser que ela passou as fotos para outros homens, e que algum deles as pôs na rede, não seu cliente. Ambos eram alunos da USP quando se conheceram. Hoje, o ex mora na Espanha, e parece até que é casado. Ainda assim, quis se vingar de Melissa.
Caso alguém se iluda e pense que mulheres têm a liberdade de encarar o sexo como os homens, esses casos servem pra nos lembrar que não é assim. Se fossem fotos do ex transando com a namorada, dificilmente haveria algum problema. Mas, por ser mulher, Melissa é confundida com uma prostituta e abordada em qualquer profissão que estiver (quer dizer, se mulher já é abordada normalmente, imagine quando há fotos dela fazendo sexo circulando pela internet). E gente, há dois momentos em que a paixão tem que ser esquecida: um é quando o carinha pede pra namorada transar sem camisinha. A resposta deve sempre ser não. O outro é quando o carinha sugere fazer fotos ou vídeos picantes. Nessas horas, lembre-se do que aconteceu com Melissa. É o que em inglês se chama de “cautionary tale”. Mas às vezes convém ouvir essas histórias que são bem mais que lendas urbanas.
Enfim: como é a atitude daqueles(as) que defendem a demissão da professora que dançou "Todo Enfiado" em relação a Melissa, essa professora que claramente foi/é vítima de uma situação que ela não quis? Afinal, uma das imagens da moça chegou a ser capa numa revista pornô estrangeira. As fotos que o ex divulgou não devem ser difíceis de encontrar na internet (eu não tentei nem vou tentar, por uma questão de solidariedade). Seus alunos também podem vê-las (como de fato aconteceu, no seu último emprego como professora, quando um aluno de 13 anos as descobriu na internet). Ainda que uma seja participante ativa de sua desgraça (ou em partes, já que Jaqueline deixou que sua calcinha e vestido fosse levantado, e foi a um programa de auditório, mas não autorizou que sua imagem fosse divulgada no YouTube), e a outra seja vítima (ou há como dizer que Melissa não é vítima?), os resultados não são os mesmos? Como que uma mulher não sai perdendo dessa história toda?

14 comentários:

  1. Que caso trágico!... o pior é saber da impunidade. Conheço um caso parecido, de um casal de professores, a diferença é que ele mostrou só pra os colegas de trabalho(na escola). E infelizmente esqueçeu(!?!?!?) o celular na sala de aula, onde os alunos olharam as fotos e o filho da professora estudava nessa sala. Antes de qualquer atitude da direção, a professorA se afastou pedindo demissão e o professor foi afastado.
    bom domingo...beijos.

    ResponderExcluir
  2. Olha essa notícia, Lola.. http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/9/gays_sao_cacados_nas_favelas_do_rio_pelo_trafico_e_pela_milicia_33514.html

    ResponderExcluir
  3. arqueocarol@gmail.com6 de setembro de 2009 às 15:23

    ahhh, quanta desgraça né? ai, eu não aguento, toda vez que vejo um caso desse minha vontade é largar a justiça e pegar a "pexera"... o sangue sobe!!!

    ResponderExcluir
  4. Minha mãe faz eu bloquear meus albuns de fotos do orkut, porque ela diz que 'pessoas' pegam fotos no orkut para fazer macumba, e ela diz isso com conhecimento de causa. hahaha...

    Enfim... dá até preguiça de viver essas coisas.

    ;***

    ResponderExcluir
  5. Depois vem um filho de um cafetão fedido achar q feminista reclama demais...

    eu fico tão, mas tão puta com essas coisas... q dizer q mulher não pode fazer sexo, né?
    Ou é santa ou é puta!

    Parafraseando a música de Chico Buarque e Milton Nascimento:
    De que me adianta ser uma santa? Prefiro ser a outra.

    Na verdade, prefiro ser mulher pura e simplesmente. Como as santas e as putas são igualmente mulheres.

    In off: eu acho q corro o risco - dei trocentas fotos picantes pro meu conjuge (e foi meio na base da chantagem emocional, reconheço)
    EStamos brigados agora.... e já avisei o q vai acontecer caso ele tente alguma coisa...

    ResponderExcluir
  6. Acoonteceu comigo, mas foi numa brincadeirinha de webcam e foi bem soft, não apareceu nada demais. Chegaram a chamar meu namorado de corno, sendo que isso aconteceu anos antes de ser divulgado por aí. Ninguém do meu círculo social ficou sabendo, pelo menos, mas sofri bullying virtual de um monte de gente que nem me conhece e me chamou de vadia e um monte de coisas. Fazer o que, tem gente que não tem mais o que fazer mesmo

    ResponderExcluir
  7. Ah, meu atual namorado nem ligou pra essa história, até porque não tinha nada demais mesmo. Mas sim, nós mulheres precisamos muito nos proteger de bullying virtual.

    ResponderExcluir
  8. Fiquei sabendo sobre a professora da Bahia por um aluno, que disse "Professor é professor 24 horas por dia". Há uns 7 ou 8 anos eu e um grupo de colegas professores estávamos numa pizzaria, e tirando fotos, quando uma colega pediu pra não ser fotografada porque não queria que as fotos dela se divertindo caíssem nas mãos do patrão que poderia não interpretar bem o fato dela estar feliz e sorrindo. Ninguém estva fazendo nada além de comer, beber, rir...Que exagero!

    P.S.: Lola, please, assista a "Up - altas aventuras" da Pixar. Eu que já gostava de Nemo, Toy Story, Os incríveis e Wall-E estou emocinada com Up. Pra mim foi o melhor filme do ano até aqui. Fomos os 3 assitir. Espero que assista e comente. Eu vou parar de escrever ou vou me emocionar de novo...Beijos.

    ResponderExcluir
  9. Olha, outro dia eu peguei o celular de um sobrinho e estava lotado de fotos dele e da namorada transando. Vi por acaso, Blackberry deixa tipo num desktop.

    Detalhe: ele tem 17 anos. A namorada...14.

    O que um comentarista ouviu de um aluno é verdade: somos professores 24 horas por dia. Trabalho e leciono na mesma comunidade e sei bem como é. Não dá pra dar mole. Nem homem, nem mulher.

    ResponderExcluir
  10. Ah, Dolores...off topic...lembrei que vc tb é felinmom...;-)

    Aconteceu uma coisa, minha mais velha faleceu, vet ruim, coisas ruins...enfim.....e aí me juntei com outra felinmom e abrimos um blog pra ajudar essa mãezarada interespécie que anda por aí.

    www.maesdefelinos.blogspot.com

    Beijos

    ResponderExcluir
  11. ai, li a materia, que coisa horrorosa! o que mais me chateia eh saber que esse monstro, com essas fotos, fica por cima, eh o comedor, o pegador, O cara!

    ResponderExcluir
  12. Não aguento com esses caras que ficam com raiva das mulheres que terminam com eles e se vingam matando-as ou difamando-as. Que que eles pensam que são, donos delas para o resto das suas vidas?

    No nordeste teve um caso parecido, não diferenciava nem pelo fato do pilantra estar atualmente casado com outra. A única diferença é que se tratava de um vídeo do casal transando. O cara tava numa sanha vingativa tão grande que mostrou o vídeo não só na internet como também pro chefe da ex-namorada, esperando que ela fosse demitida do emprego. Sorte que o chefe apoiou a mulher e não fez isso.

    ResponderExcluir
  13. Oi Lola,
    Voce já deve conhecer as fridas, achei esse post muito interessante e como fala de imagem também, coloquei aqui no comentários deste post.
    Um horror esta historia toda, um nojo!
    Até ter minha filha não notava metade das situações vexatórias a que somos expostas diariamente só por sermos mulheres... Criar uma filha tem sido um grande aprendizado para reprimir e não repassar os preconceitos e paradigmas dos quais somos vitimas na sociedade, tarefa nada fácil diante da lavagem cerebral que recebemos desde todo sempre, continuamente... Enfim
    Depois do nascimento dela fiquei mais atenta para tentar protege-la e ensiná-la que ela tem valor e não é só uma bonequinha ou princesinha...

    segue link:
    http://duasfridas.wordpress.com/2009/09/03/identidade-poder/

    ResponderExcluir