Na primeira vez que vi Foi Apenas um Sonho, no computador, gostei muito. Quando vi no cinema, então, amei, chorei, me descabelei. Minha previsão estava certa: é o filme mais adulto da temporada. Não sei o quanto pode apelar aos jovens, já que trata de um casal preso num cotidiano do interior americano nos anos 50. Como o casal é interpretado com maestria por Kate Winslet e Leonardo Di Caprio (ambos deveriam ter sido indicados ao Oscar), faz pensar o que teria acontecido se os pombinhos de Titanic tivessem sobrevivido ao naufrágio, casado, tido filhos, e rapidamente dado nos nervos um do outro. Sim, porque isso do amor ideal é lindo enquanto a paixão dura uns dias num transatlântico. Quero ver suportar a rotina de uma vida inteira.
O título original, Revolutionary Road, é mais apropriado. É a rua onde eles moram (como um bonde chamado desejo), mas é também a estrada não escolhida, the road not taken. Os dois protagonistas estão cheios de defeitos. O marido é arrogante, quando fala com a mulher tem a mania de apontar o dedo e ser autoritário, gosta de se exibir. Ela é neurótica, vive triste, tem mudanças de humor, se fecha, não quer conversar. No meio das discussões, um diz coisas horríveis pro outro, o que não é nada raro entre casais. Acho que é um ótimo exercício lembrar disso durante uma daquelas brigas acaloradas: essa é uma das pessoas que você mais ama na vida (ou, na maior parte dos casos, nem estaria com ela), e você fala todos esses insultos e barbaridades pra ela?! Imagina o que a gente não diria pros nossos inimigos...Tem todo um contexto também, que não é mencionado no filme, mas vale conhecer. Estamos nos EUA, uma década após o final da Segunda Guerra, com a economia batendo recordes, uma era de pretensa tranquilidade. A vida passa a ser, prum homem, trabalhar num emprego inócuo, casar, ter filhos, morar num subúrbio, e comprar uma casa pela qual pagará o resto da vida. Pra mulher, a mesma coisa, sem a parte do trabalho, o que constitui uma violência, porque boa parte das mulheres tinha experimentado (e gostado de) trabalhar enquanto os homens estavam na guerra. E todas tiveram de voltar caladinhas pro lar doce lar. Nesses tempos, houve também uma grande mudança de paradigmas. Até a Segunda Guerra, era normal pros americanos alugarem suas casas, não comprarem. Mas foi vendida a ideia de que, pro país prosperar, os cidadãos precisariam gastar mais e mais. Gastar era sinal de patriotismo. Era quando as mulheres exibiam seus eletrodomésticos. Sabe as fotos e desenhos de mulher posando ao lado de sua geladeira como se fosse a maior conquista do planeta? Essa época.
Sonho se passa em 1955, uns quinze anos antes da revolução sexual e do feminismo. Kate lembra que “nunca foi a nenhum lugar”, e que o marido foi feliz enquanto estava lutando na Europa. Logo, ela tenta convencê-lo a largar tudo e ir viver lá. Quando contam a uma amiga os planos de morar em Paris, ela pergunta: “Pra quê?”. Kate trabalharia, e ele tentaria descobrir o que quer da vida. Um colega sugere que é perigoso perceber que, de repente, muitas pessoas não têm vocação. O próprio Leo diz não ter talento especial pra nada. O casal não sabe o que quer, apenas tem uma vaga noção do que não quer. É instigante como o projeto de Kate é pra que Leo descubra sua vocação. Ela descobrir a dela nunca é cogitado. Mas tampouco parece que ela tem algum talento. E quanto ao personagem de Leo, ele é um sujeito bem vazio. Só sabe que não quer repetir o feito de seu pai, mas, aos trinta anos, está trabalhando na mesma empresa em que seu pai labutou a vida toda, sem que seu chefe soubesse de sua existência.
O filme mostra dois minutinhos de Kate e Leo se conhecendo numa festa, e a gente não faz a menor ideia por que Kate acha o Leo o cara mais fascinante que ela já conheceu. Há muita conversa sobre eles serem pessoas especiais, mas Sonho não mostra nada que os torne incomuns. Não considero esse um defeito. Pelo contrário, indica como era difícil ser especial naqueles tempos (e hoje?). O que o casal tem de especial é que Kate e Leo são lindos. Sua beleza física os destaca, sem dúvida. E talvez a inquietude, a ansiedade em querer fazer algo mais da vida. Mas só essa ansiedade não faz ninguém especial. Talvez seja preciso ter algum tipo de vocação mesmo.
Muita gente chora no filme. E o choro revela as vidas de desespero silencioso, como apontava Checkov. Como o personagem mais perspicaz diz, não se trata apenas do vazio daquelas vidas, mas da falta de esperança. Só que ele é louco e está internado num hospício, recebendo eletrochoques (quem o interpreta é Michael Shannon, indicado ao Oscar de coadjuvante. Novamente, ele faz um sujeito desequilibrado, como em Possuídos - Bug, e dá show). É ele quem tem as falas mais marcantes, como o devastador “Estou feliz por não ser essa criança”. Por falar em crianças, considero, esse sim, um erro de Sonho. O casal tem dois filhos pequenos, e pelo que eu conheço de casais com filhos pequenos, o mundo revolve em torno deles. Eles estão sempre presentes. Certo, hoje em dia talvez até seja possível a classe média ter filhos sem precisar vê-los mais que algumas horas por dia, com tantas escolinhas de esporte, idiomas, coisa e tal, mas naquela época imagino que não dava pra ser um casal constantemente sozinho. As crianças em Sonho são mandadas pro típico departamento de achados e perdidos do cinema, onde também ficam os cachorros.
Outro defeito, mais ou menos, é que o filme ameaça terminar umas cinco vezes. Sem spoilers, posso dizer que a última cena não tem muito a ver com o resto, mas é significativa. O único porém é que esse compêndio todo de finais faz parecer que os homens são mais sensíveis e sofrem mais com a tragédia alheia que as mulheres, e isso não é verdade nem na trama, quanto mais na vida real. Além do mais, silenciar uma mulher é não ouvir alguém que historicamente não tem voz. Mas há muito mais acertos que erros. Pensa só como seria fácil fazer Sonho com narração em off, e no entanto, desistiram disso. Às vezes parece bastante teatro, as mesmas pausas e tudo. Mas é baseado num romance do Richard Yates que nunca li e agora tô louca pra ler, não numa peça. E claro que há semelhanças com Beleza Americana (do mesmo diretor, Sam Mendes, casado com Kate na vida real) e com Pecados Íntimos, pois falam do pesadelo dos subúrbios, e de ter uma vida que não foi a sonhada. De cair nos mesmos moldes que tentamos evitar. De reparar que não somos tão únicos assim.
Sonho se passa em 1955, uns quinze anos antes da revolução sexual e do feminismo. Kate lembra que “nunca foi a nenhum lugar”, e que o marido foi feliz enquanto estava lutando na Europa. Logo, ela tenta convencê-lo a largar tudo e ir viver lá. Quando contam a uma amiga os planos de morar em Paris, ela pergunta: “Pra quê?”. Kate trabalharia, e ele tentaria descobrir o que quer da vida. Um colega sugere que é perigoso perceber que, de repente, muitas pessoas não têm vocação. O próprio Leo diz não ter talento especial pra nada. O casal não sabe o que quer, apenas tem uma vaga noção do que não quer. É instigante como o projeto de Kate é pra que Leo descubra sua vocação. Ela descobrir a dela nunca é cogitado. Mas tampouco parece que ela tem algum talento. E quanto ao personagem de Leo, ele é um sujeito bem vazio. Só sabe que não quer repetir o feito de seu pai, mas, aos trinta anos, está trabalhando na mesma empresa em que seu pai labutou a vida toda, sem que seu chefe soubesse de sua existência.
O filme mostra dois minutinhos de Kate e Leo se conhecendo numa festa, e a gente não faz a menor ideia por que Kate acha o Leo o cara mais fascinante que ela já conheceu. Há muita conversa sobre eles serem pessoas especiais, mas Sonho não mostra nada que os torne incomuns. Não considero esse um defeito. Pelo contrário, indica como era difícil ser especial naqueles tempos (e hoje?). O que o casal tem de especial é que Kate e Leo são lindos. Sua beleza física os destaca, sem dúvida. E talvez a inquietude, a ansiedade em querer fazer algo mais da vida. Mas só essa ansiedade não faz ninguém especial. Talvez seja preciso ter algum tipo de vocação mesmo.
Muita gente chora no filme. E o choro revela as vidas de desespero silencioso, como apontava Checkov. Como o personagem mais perspicaz diz, não se trata apenas do vazio daquelas vidas, mas da falta de esperança. Só que ele é louco e está internado num hospício, recebendo eletrochoques (quem o interpreta é Michael Shannon, indicado ao Oscar de coadjuvante. Novamente, ele faz um sujeito desequilibrado, como em Possuídos - Bug, e dá show). É ele quem tem as falas mais marcantes, como o devastador “Estou feliz por não ser essa criança”. Por falar em crianças, considero, esse sim, um erro de Sonho. O casal tem dois filhos pequenos, e pelo que eu conheço de casais com filhos pequenos, o mundo revolve em torno deles. Eles estão sempre presentes. Certo, hoje em dia talvez até seja possível a classe média ter filhos sem precisar vê-los mais que algumas horas por dia, com tantas escolinhas de esporte, idiomas, coisa e tal, mas naquela época imagino que não dava pra ser um casal constantemente sozinho. As crianças em Sonho são mandadas pro típico departamento de achados e perdidos do cinema, onde também ficam os cachorros.
Outro defeito, mais ou menos, é que o filme ameaça terminar umas cinco vezes. Sem spoilers, posso dizer que a última cena não tem muito a ver com o resto, mas é significativa. O único porém é que esse compêndio todo de finais faz parecer que os homens são mais sensíveis e sofrem mais com a tragédia alheia que as mulheres, e isso não é verdade nem na trama, quanto mais na vida real. Além do mais, silenciar uma mulher é não ouvir alguém que historicamente não tem voz. Mas há muito mais acertos que erros. Pensa só como seria fácil fazer Sonho com narração em off, e no entanto, desistiram disso. Às vezes parece bastante teatro, as mesmas pausas e tudo. Mas é baseado num romance do Richard Yates que nunca li e agora tô louca pra ler, não numa peça. E claro que há semelhanças com Beleza Americana (do mesmo diretor, Sam Mendes, casado com Kate na vida real) e com Pecados Íntimos, pois falam do pesadelo dos subúrbios, e de ter uma vida que não foi a sonhada. De cair nos mesmos moldes que tentamos evitar. De reparar que não somos tão únicos assim.
Adorei sua observação de que o filme seria uma continuação de Titanic, as pessoas sempre deveriam se perguntar o que acontece depois dos filmes de contos de fadas. Ainda não assisti, mas depois de seu texto é certeza que vou vê-lo.
ResponderExcluirLola, agora é que me deu mais vontade de assitir este filme. Não havia pensado sob a ótica do Titanic-afterlife, mas adorei!
ResponderExcluirTambém me lembrei de Maria Elena em Vicky Cristina Barcelona e a história do amor ideal ser o não-realizado...
Beijocas
Não tem aquele ditado de que a vida de todo mundo dava um livro? mesmo que seja um livro chato... acho que todo mundo se acha especial, e quando encontra o tal par perfeito, então, é como se cada história fosse única e perfeita. Não gostei de Beleza Americana, acho superficial, feito pra Oscar, mas lembrei com sua crítica do Cenas de Um Casamento, do Bergman. Menina, quando assisti com o marido, foi quase motivo pra divórcio: tá tudo ali. Quero ver esse porque curto os atores, principalmente. Adoro o Leo, apesar de ele ter sido subestimado depois de Titanic. Kate Winslet é perfeita, sempre, a nova grande dama do cinema. Quanto às crianças no filme, apesar de ainda não tê-lo visto, penso que nos anos 50 as pessoas tinham filhos mas eles ficavam meio largados. Pelo menos aqui era assim. Sabe, manda pra escola, deixa brincar o dia todo na rua, e quando chegam em casa já botam pra dormir. Só agora, dos 90 em diante, é que criar um filho virou uma neurose, uma ocupação 24 horas, que chega a anular a vida do casal em detrimento das vontades dos filhos (vivo em busca do meio-termo ideal). Bjk!
ResponderExcluirOi Lola,
ResponderExcluirChorei muito ao ver esse filme, para mim um dos melhores da última década. As falas pertubadoras de Michael Shannon de tão lúcidas chegam a ser taxadas de falas de um louco, porque ele é o único que foge daquela aparente normalidade e beleza. Para mim, a maior parte do filme fica centrada no sofrimento do personagem do Léo, enquanto o desespero de Kate vai se construindo até aquela parte em que ela liga para a vizinha e fica mais evidente o vazio quando ela olha pela janela. Achei pertubador. Quanto a procurar a vocação dela na Europa, ela não estava preocupada com isso, a meu ver, ela queria trabalhar em qualquer coisa para fugir daquele cotidiano, daquela normalidade. O marido poderia ficar em casa, porque isso era o diferente e ela trabalharia.
Enfim, gostei do filme tanto por achá-lo bem feito (e concordo com os erros que você apontou) quanto por uma questão pessoal.
Um abraço imenso e obrigada pela crítica.
PS.: Não esqueci os seus dvds de mad men, tenho que sair para comprar dvds. Desculpe-me pela demora.
PS2.: Quanto à questão da loucura e da normalidade, sugiro que leia (se é que já não tenha lido) o livro "O Hosício" de Rocha Pombo, é um romance simbolísta. Um dos melhores livros que li na minha vida.
tô com medo de ver o filme. estou exatamente assim, duvidando de meus sonhos e esperança e, principalmente, duvidando dos meus supostos talentos.
ResponderExcluirmas vamos lá, a vida é mesmo uma farsa e a gente vai inventando coisas pra preencher esse vazio todo.
Eu também gostei muito desse filme. :) O personagem do Michael Shannon é tão lúcido que é considerado louco.
ResponderExcluirA série Mad Men também aborda esse conflito do homem que trabalha num emprego que já não o satisfaz e a dona de casa que quer mais da vida (a segunda temporada é ótima).
Por que necessariamente tudo que você diz, assiste, comenta ou critica tem necessariamente alguma relação com o feminismo? Ao meu ver o filme fala de uma traição de espírito: a vontade de ambos serem algo mais, e a eventual desistência de um deles (Leo), e consequentemente o desespero do outro (April). Mas absolutamente nada impede que o inverso ocorresse.
ResponderExcluirÉ triste saber que um blog com a pretensa intensão de comentar filmes indique ao seus leitores interpretações extremamente pessoais e tendenciosas.
Repito: o filme não tem nada a ver com mulheres que posam ao lado de eletrodomésticos ou homens que sofrem mais do que as mulheres (impossível, de acordo com você). O filme, uma brilhante adaptação do livro de Yates, é sobre exatamente aquilo que você não conseguiu entender: a incapacidade de se sentir diferente, "maravilhosos no mundo".
- We shared the secret that we would be wonderful in the world.(April)
não gostei muito de revolutionary road pelo seguinte:
ResponderExcluir1) desenrolar da história - já nas primeiras cenas o casal começa a se pegar - ei peraí, eu nem entrei no clima do filme (nem conheço os personagens) e as pessoas já estão nesse stress todo? why should I care? vc aludiu a isso - faltou contexto de pq eles estavam juntos e o q ela viu nele
2) ela só ama o marido se ele resolve fazer o q ela quer (viajar) - caso contrário não quer nem saber ou cogitar uma alternativa - q raio de amor é esse? odiei a personagem dela totalmente insatisfeita, chorona, vítima, hiper egoísta no final das contas (não vou nem mencionar toda a história da gravidez) - achei o personagem do Leo muito mais coerente
achei q esse filme fosse criticar a vidinha suburba americana com muito mais perpicácia e que a história fosse ser bem mais envolvente... pelo menos teve as ótimas falas do louquinho...
Caio, já ouviu falar de "foco"?
ResponderExcluirLola, quando eu crescer quero escrever assim...
Tá, passei aqui pra avisar que a minha postagem sobre o Ensaio sobre a cegueira está pronta, e eu gostaria que você lesse, apesar que achar que não ficou bom. :] Outra coisa, li o post todo e estou louca pra ver esse filme, sendo fã incondicional da Kate! beijo, beijo.
ResponderExcluirPassei, Lola!!!!!
ResponderExcluirValeu a pena a abstinência do blog pra estidar!
oi Lola!
ResponderExcluirFinalmente assisti "A troca". Achei fantástico! muito bom mesmo! Eu que nunca chorei em filme nenhum, quase chorei no finalzinho, meus olhos encheram de lágrimas! Meu marido ficou completamente chocado na parte do policial com o menino, quando ele conta o que acontecia (nao quero soltar spoilers, vc sabe qual) disse qua nao tinha ficado assim nem quando viu "saw"(q eu nao assisto nem que a vaca tussa).
Enfim, achei tudo excelente, e nao acho que podiam tirar nem 5 minutos do filme.
"Foi apenas um sonho" é o próximo da lista...
Srta Bia, bom, não é exatamente uma continuação de Titanic, aliás, os personagens não têm muito a ver, mas como são os mesmos atores, 11 anos depois, dá pra fazer algumas alusões. Os filmes românticos, em geral, só mostram o comecinho do relacionamento, quando a “chama da paixão” está acesa. E depois? Pouquíssimos filmes falam disso. E, quando falam, é só pra mostrar um casal em crise, discutindo o tempo todo, um traindo o outro, problemas mil. Se a gente for se guiar apenas pelo cinema, temos pouquíssimos motivos pra casar...
ResponderExcluirChris, pois é, interessante a sua ligação com Vicky. O “amor ideal” não sobrevive à rotina... Eu lembro sempre de Cidade dos Sonhos, e vários outros, inclusive Ghost. O casal se conhece, se apaixona, e vive muito pouquinho junto. Logo uma das partes morre. Ah, assim é fácil amar o outro pra sempre! Quero ver depois de 5, 10, 15, 20, 25 anos juntos...
Tina, vc acha mesmo que todo mundo se acha especial? No filme, parece que só o casal se acha especial. E algumas pessoas corroboram que eles são únicos. Acho que muita gente sabe que vive vidas nada especiais... Vc não gosta de Beleza Americana? Eu adoro! Bergman não é muito meu cup of tea. Não acho que tenha visto Cenas. O Leo é um ótimo ator, e é bem isso: antes de Titanic, ele era considerado um ótimo ator, havia sido indicado pro Oscar de ator coadjuvante e tudo o mais. Depois de Titanic, só porque ele fez o maior sucesso, virou um péssimo ator da noite pro dia. Não concordo! Aliás, acho que ele está ótimo em Titanic. Em Infiltrados tb. Menos em Gangues de NY e Diamente de Sangue. A Kate já tem toda a reputação que precisa. Só falta o Oscar. Ela tem tudo pra, no futuro, superar a Meryl Streep em número de indicações.
ResponderExcluirAh, veja o Foi Apenas um Sonho e me diga se os filhos não “somem” demais... Não tem a menor chance de duas crianças pequenas estarem sempre tão ausentes. Tipo, compara com Pecados Íntimos. As crianças estão sempre lá. O Patrick Wilson e a Kate só conseguem transar depois de colocarem as crianças pra dormir...
Verônica, eu gostei muito mais do filme na segunda vez. Me emocionei bastante. Acho que o filme mostra muito bem o sofrimento tanto do Leo quanto da Kate. Mas me chamou a atenção que em nenhum momento ela pense em buscar a sua vocação. E atuar? Por que essa não pudesse ser a vocação dela? Eles nunca mais falam no assunto depois daquela noite desastrosa da peça, notou? Ah sim, quando puder, mande os dvds de Mad Men! Quero muito ver a temporada completa. Não li O Hospício, obrigada pela dica!
ResponderExcluirKelly, acho que todo mundo, em algum momento da vida (ou vários), duvida de seus sonhos, esperanças, e, principalmente, dos nossos supostos talentos. Mas não acho negativo a gente ter essas dúvidas, refletir sobre as nossas vidas. E tb não sei se a vida é uma farsa cheia de vazios. É a única que eu tenho, então quero viver muito (ainda que não seja pra fazer nada de especial).
Kaká, é, o personagem do Michael, em alguns sentidos, fala o que os telespectadores gostariam de dizer. Mas pensa só, seria insuportável ter um cara assim, nos criticando intensamente, o tempo todo! Sobre Mad Men, tem bastante gente comparando Foi Apenas com a série, porque ambas se passam mais ou menos na mesma época (quer dizer, Mad Men uns 5, 6 anos mais tarde, e isso faz diferença). Não vi nada da segunda temporada ainda.
ResponderExcluirCaio, vou responder o que vc disse num post, porque a sua crítica é a mais corriqueira. Isso de querer que as “interpretações pessoais” não sejam pessoais é um mistério, mas enfim. Ouço bastante isso. Quanto ao filme especificamente, que bom que vc decretou que “o filme não tem nada a ver com mulheres que posam ao lado de eletrodomésticos”. Legal vc ter decidido pra toda a humanidade o que a gente deve ou não ver no filme. Muitos críticos homens não mencionam a questão da falta de perspectivas pras mulheres, que é muito explorada no filme (não que ele SÓ mostre isso, como deixei claro na crítica. Mas ainda bem que nem todos os críticos são homens, né? Assim temos outras visões. E quando eu falo de querer ser especiais e únicos, eu não tô falando de “se sentir diferente, maravilhosos no mundo”? Qual a diferença?
A Marjorie fez uma análise do filme muito mais feminista que a minha. E a Lauren não fica atrás. Gostei muito das duas.
Mi, concordo com isso das brigas começarem cedo demais (antes dos créditos!). A gente não sabe nada sobre o casal, e lá estão eles, berrando um com o outro. É como começar um filme com lutas físicas ou sexo, antes da gente estar situada na trama. Causa muita estranheza. Mas é um jeito de nos apresentar aos personagens. A gente fica sabendo muito sobre cada um por causa dessa briga. Quanto à personagem da Kate, dá pra odiar personagens e ainda assim gostar do filme, não? Eu tb a achei problemática muitas vezes. Mas nem todos os protagonistas têm que ser legais, resolvidos e bonzinhos. Às vezes eu me identificava mais com ela, às vezes com ele. Variava muito. Mas acho que é uma ótima crítica à vida suburbana. E me envolveu totalmente. Obviamente, muita gente não gostou. O Oscar praticamente esqueceu o filme!
ResponderExcluirGio, nem de foco, nem de várias leituras e interpretações de uma obra... Se a pessoa não interpreta exatamente como ele quer (porque ele é a Verdade e a Luz), é porque não entendeu o filme... Obrigada, Gio.
ResponderExcluirAnacris, putz, estou totalmente sem tempo pra visitar outros blogs. Vou tentar dar uma olhada rápida. Eu tb sou fã da Kate. Ela já fez alguma coisa errada? Algum filme em que não esteve bem?
Li, PARABÉNS! Uau, que maravilha! Pena que agora vc vai deixar de ser milionária como controladora de vôo. É jornalismo, né? Quando começa, em março?
ResponderExcluirBárbara, legal que vc assistiu e gostou de A Troca! E que vc até se comoveu no final. E que seu marido se chocou. Eu só discordo quando vc diz que não dá pra tirar nem 5 minutos do filme. Pra mim, dá pra fazer DOIS FILMES com a mesma história. Esse que eles se propuseram fazer deveria ser mais focado na protagonista. Mas é um filme muito bom mesmo assim.
Oi Gente!
ResponderExcluirAinda nem consegui ver a Troca e lá vem a Lola com uma outra análise de filme que me deu uma mega-pressa de ir ao cinema. Adorei ler antes o teu comentário e a contextualização da época em que ocorre o filme. Minha filha de 15 anos quer ir comigo ver o filme (mas me parece que o foco dela está no ator principal e não no enredo, hehe). Depois te falo se concordo ou não contigo.
E por favorrrr, nunca deixe de dar um foco feminista nas tuas avaliações de filmes. Acredito que é por isso que a maioria de nós vem aqui... para ter uma outra ótica/perspectiva sobre assuntos que tantos outros abordam com um olhar apenas de homem. Amo o teu jeito de analisar os fatos mesmo quando não concordo contigo.
E quanto ao post anterior, eu fiquei preucupada com essa associação da marmota com o cristianismo... será que em breve teremos de comemorar a páscoa com marmotas de chocolate em vez de coelinhos? Como explicar para as crianças que marmota não põe ovos, mas tráz... aiiii... já tô vendo o tamanho da encrenca... Pena que não escolheram o urso, fico me imaginando a cena dele acordando pra ver a sua sombra e sendo recepcionado por uma bandinha. E a escolha do urso ainda teria uma vantagem: um urso de chocolate é maior que um coelho ou uma marmota, hummmm... começo a gostar dessa idéia... Já estou me imaginado a musiquinha "ursinho da páscoa que trazes pra mimmm?". Cantar "marmota da pascoa..." parece mais difícil, hehe.
Bjsss
Taia
Fiquei ansiosa para ver esse filme. Tenho que ir no próximo fds. rsrsrs
ResponderExcluirOi Lola vi o filme
ResponderExcluircontado aqui por voce,
não vou mais ao cinema...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir(em off)
ResponderExcluirSerá que é por isso, Lola, que as pessoas sujam tanto o planeta em que vivem?
Obrigada por comentar lá no meu ;D
Lola, olá!
ResponderExcluirLeio seu blog há um certo tempo, mas é meu primeiro comentário. Escrevo porque gostei muito de Revolutionary Road e também fiquei louca pra ler o livro - quero comprá-lo essa semana ainda.
O fato de eu ser casada e ter uma filha de 4 anos influenciou muito na minha identificação - se fosse adolescente, acho que simplesmente não entenderia as angústias de Kate (no entanto, apesar de ser mãe - e não ter me confundido com os meninos do filme! - não vi graça em "A troca". É chocante, é terrível, é embasbacante, mas não me cativou).
Engravidei inesperadamente, jovem, 24 anos, no meio de um doutorado, e minha filha foi uma revolução em minha vida, estopim de muitas angústias e crises de identidade (ah, sou a favor do aborto. Não levei a gravidez adiante por moralidade cristã - sou atéia. Quis a filha, tive a filha. Mas não foi um mar de rosas, tive que me sacrificar m-u-i-t-o e me senti extremamente angustiada e deslocada em vários momentos).
Sobre a questão de Kate hora nenhuma aventar a hipótese de ela descobrir a vocação dela - Lola, a meu ver, ela não estava preocupada com a vocação dela e menos ainda com a do marido. Ela queria era sair daquele ambiente e deixar de ser uma "housebound mother". Queria trabalhar, sair de casa todos os dias, ver gente, viver! Mas ela tinha que tornar a proposta atraente pro marido, por deus! Imagina ela: "benhê, vamos fazer assim, eu vou trabalhar (só em Paris mesmo pra uma mulher nos anos 50 ganhar o suficiente para manter sozinha uma família com um padrão de vida classe média) e você fica varrendo o chão, lavando a louça e cuidando das crianças". Não dá pé! Não, tem mais é que tascar um "você vai ter tempo de descobrir sua verdadeira vocação", aí sim, é sedutor, é uma proposta interessante - quase irrecusável. Sobre serem especiais - o simples fato de eles irem viver em Paris e ela trabalhar enquanto ele "se encontra" já os tornavam especiais - no mínimo exóticos - praquela vizinhança, praquela época.
Adorei aquela cena em que a amiga do casal chora e chora enquanto se diz "aliviada" pelo marido achar "imatura" a decisão de Leo e Kate - ao mesmo tempo em que daria um braço pra também poder viver aquilo.
P.S.: De fato, é irreal as crianças nunca estarem por perto. Não há "criança brincando na rua" que justifique aquelas ausências eternas.
Abração,
Mariana
Oi, Taia! Eu não deixo vcs em paz, né? Leve sua filha de 15 anos pra ver Foi Apenas um Sonho. Tudo bem que seja só pra ver o Leo... Talvez ela goste do filme, se bem que é mais pra turma velhinha mesmo. Ah, sobre o foco feminista, nem se eu quisesse eu conseguiria parar. É o meu jeito.
ResponderExcluirHá há, eu não me importaria em comer marmotas de chocolate! E tem razão, ursos de páscoa seriam ainda melhores. E marmotas são lindinhas, mas o nome é difícil. Eu não consigo falar direito.
VanessaBH, vá logo, pois esse não é o tipo de filme que fica muito tempo em cartaz. E ainda por cima vem montes de estreias por aí.
Fatimapombo, ah, vá sim, que o filme é ótimo. Eu não contei nadinha, não tem spoilers nem nada...
ResponderExcluirLuciano, legal vc ter adorado! Ah, concordo: é muito mais meu tipo de filme que Benjamin Button.
Anacris, pode ser por isso sim. Já pensou?
ResponderExcluirMariana, excelente seu comentário, obrigada. Espero que vc tenha conseguido terminar o doutorado, mesmo que tenha tido que parar (imagino que parou?). Muitas mulheres têm filhos com 24 anos, mas se até uma gravidez indesejada nessa idade já dá dor de cabeça, imagina aos 14, 17 anos? Mas sobre a proposta da Kate pro marido, vc acha que ela “dourou a pílula”? Ela estava sendo honesta! Como tantas mulheres, ela pensou primeiro na satisfação do marido em descobrir sua vocação, e por último na dela. E não é interessante como em nenhum momento que ela fala de trabalhar enquanto o marido “se descobre”, eles falam que o marido terá que ficar em casa cuidando dos filhos? Isso não é discutido nenhuma vez! Abração!
É, Lola, não sei... Continuo achando, sim, que a proposta dela era meio maliciosa, uma "meia verdade". Sei que em muitos países as crianças não ficam tão poucas horas na escola como no Brasil. Ainda assim, o expediente escolar sempre é mais curto que o expediente de trabalho "full time" (e tinha que ser "full time". Acho que ela não ganharia o suficiente trabalhando meio período). Quem olharia as crianças no intervalo? Aquele que estivesse em casa - ele. Claro que a maioria das tarefas domésticas ficaria pra ela, pra quando voltasse. (Mas aí, pelo menos, ela já teria passado umas oito horas fora, tendo uma rotina mais interessante). No entanto, ele ficando em casa o dia todo, seria impossível não se envolver em absolutamente nada das atividades "do lar" - nem que fosse meramente fazendo companhia aos filhos até mamãe chegar. Enfim, nem me admira que eles não tivessem discutido esse assunto - ela, para não assustá-lo. Ele porque, como a maioria dos homens daquele tempo - e alguns ainda hoje -, era absolutamente tão alienado quanto a tarefas domésticas que pensava que era tudo fichinha, que ele faria em meia hora, com um pé nas costas. E se, no meio tempo, ele não conseguisse "se achar"... Paciência. Não era lá com ela. Enfim, acredito, sim, que ela tenha tentado criar a proposta mais atraente possível e deixado para discutir os "detalhes" quando já estivessem lá, - à medida que os acontecimentos se apresentassem.
ResponderExcluirBem, se tudo acontecer nos conformes, defendo a tese em um ano.
Tiau,
Mariana
Que legal, Lola!
ResponderExcluirAssisti a "Foi Apenas Um Sonho" ontem mesmo! E gostei muito, muito mesmo. O Leo e a Kate estão fabulosos. Adorei o tom seco do filme, que varre qualquer sentimentalismo das telas. Ponto pro Sam Mendes!
Também notei a ausência constante das crianças naquele lar. Toda hora que o casal se atracava(verbalmente ou sexualmete) eu me perguntava: "mas onde raios estão os pestinhas da casa? Dormindo? Na escola? De férias? Na casa da vizinha?" Criança é um ser que marca sua presença estridentemente. Mas no filme elas tomam chá de sumiço quase o tempo todo. Se elas estivessem mais presentes acho que o casal nem brigaria tanto. Ficariam se contendo diante dos filhos, quem sabe.
Na superfície o filme é sobre um jovem casal suburbano em crise. Mas para mim ele é sobre conformismo, sobre a decisão de acomodar-se a um destino opaco(que não corresponde a nossos sonhos ou aspirações de felicidade, se é que isso existe, mas o interessante é a busca). O personagem de Kate sofre porque está cheia de esperanças. Ela quer mudar. Ele não. Se comporta como um animal acuado, que revida selvagemente quando se sente ameaçado, que de repente se vê num tremendo impasse, pois está (secretamente) satisfeito e perfeitamente acomodado com sua vidinha no escritório. Uma cena reveladora é aquela em que um amigo da empresa em que ele trabalha, diz que as secretárias vão respirar aliviadas porque ele não vai mais embora pra paris. E o Leo faz uma cara (porque pensava que seus casos fossem segredo) mas acaba sorrindo todo orgulhoso de si.
Mas a cena que mais me chama a atenção no filme é a seguinte. Kate medita no bosque após uma briga pavorosa entre ambos, e surpreendentemente parece disposta a aceitar aquela vida medíocre ao lado dele. É chocante a serenidade (fingida) dela na cena do café da manhã, contrastando com a cara de aflição do Leo, que não sabe se ela vai abandoná-lo ou algo assim. vendo essa sequência me veio uma luz: aqueles que julgaram a personagem da Kate uma atriz "sem talento nenhum" no palco deveriam repensar esse julgamento se a vissem nesse café da manhã. Ela está sublime. Consegue ocultar todas as suas emoções (terríveis) de uma forma desconcertante. Isso fica claro depois que o Leo vai trabalhar, quando ela despe a máscara e desaba no choro.
O aborto é um dos motivos do filme, e a meu ver uma metáfora. Pois além da interrupção de uma gravidez, a personagem da Kate se sente forçada a abortar o seu próprio sonho. É um filme muito triste por isso. Parafraseando o que diz lá o outro, muitos reconhecem o vazio de suas vidas, mas a desesperança só os mais corajosos. Leo representa o vazio. A Kate é a face da desesperança. É preciso ser muito corajoso para continuar num casamento desses.
Penso num aforismo do Millôr: "O herói é um coitado que não conseguiu fugir a tempo". A Kate é, ironicamente, uma heroína no filme porque tenta fugir a tempo. Mas não consegue.
Lola, vi poucos dos candidatos ao Oscar 2008, mas gostei muitíssimo mais de "Foi apenas um sonho" do que "Benjamin Button", por exemplo. O drama íntimo do casal Wheeler numa constante DR (discutir relação) consegue envolver de uma maneira que eu duvidava ser possível. Ponto para oo protagonistas (Winslet então é soberba e deveria sim ter sido indicado ao Oscar por esse papel). O clima do filme é tenso em 97% da projeção, não dá alívio, consegue jogar o espectador em muitas daquelas situações... e ganha força por causa disso. Fico com dó de quem está associando a dupla Winslet-DiCaprio com o "Titanic": estão saindo noucateados do cinema, rsrs. Também acho que o filme merecia mais indicações do que as que teve.
ResponderExcluirAbração
Mariana, pode ser que a proposta dela fosse uma meia-verdade, mas toda essa ausência de detalhes (onde as crianças estudariam? Se a Kate trabalhasse, quem cuidaria da casa e das crianças? Etc) mostra que a proposta era mais um sonho sem muito planejamento que algo realmente discutido. Algo bem irreal. Nem posso dizer que eles estejam errados. Às vezes eu penso, quando terminar o doutorado, de me mudar pruma capital nordestina mesmo sem ter emprego nem nada. Meio na louca mesmo. Mas em geral eu prefiro planejar.
ResponderExcluirTomara que vc consiga defender a tese “em um ano”. Isso quer dizer este ano? Sua tese é em quê? Qual a sua área? Prazer em te conhecer!
Demas, ah, eu tb gostei muito mais de Foi Apenas que de BB! Muito mais adulto e profundo, não dá pra comparar. Não que BB seja ruim. É só que não vou me lembrar dele. Eu acho tb que a Kate deveria ter sido indicada por esse papel (se bem que ela está ótima em Leitor, mas existe algum filme em que ela não esteja ótima?). E sobre o negócio do Titanic, ah, é chato a gente ficar brincando de destruir ilusões de amor eterno, mas digamos que tudo é mais romântico e apaixonante se uma das partes morre logo... Imagina Romeu e Julieta casados, 15 anos depois? Um jogando na cara do outro: “Minha família tinha razão!”...
Guta, excelente análise a sua. Muito boa mesmo. [SPOILERS] Só não sei se concordo que o personagem do Leo esteja secretamente satisfeito com a sua vida. Acho que, nesse ponto, a fala-chave é da Kate, que diz que é preciso coragem pra ir atrás da vida que a gente quer. Mas não há dúvida que ele é muito mais conformado do que ela. Gostei da leitura que vc fez da reação do Leo quando os colegas do escritório falam da secretária. Eu não reparei nisso. Eu havia achado que ele fica até meio chateado que os colegas saibam de um caso, e é por isso que em seguida ele revela tudo pra mulher. Mas é uma interpretação interessante essa que ele fica orgulhoso de si. Ele é extremamente vaidoso (no sentido de orgulho).
ResponderExcluirÉ, essa cena da manhã seguinte é incrível, muito creepy. A gente fica pensando se em algum momento ela não vai tirar uma faca e matá-lo. Mas sim, nessa cena a personagem revela que é uma ótima atriz. Mas a cena também revela que o Leo é muito fácil de ser enganado. Ele vive se auto-enganando, e agora vem a Kate e ele acredita. Bem sem noção.
E sobre o aborto, eu vejo como um suicídio. Ela sabe que, passadas as 12 semanas, não é mais seguro, e segue em frente de qualquer jeito. Ela não acha mais que, sem o bebê, eles poderiam ir ser felizes para sempre em Paris. Eu acho que ela desiste. Quando ela liga pra vizinha e manda dizer pras crianças que as ama, é uma despedida, não acha?
Bom, Lola, continuando...
ResponderExcluir(e aviso: SPOILERS)
Sim, devo concordar com você, foi um suicídio, e planejado minuciosamente (no bosque). O café da manhã tranquilo foi uma despedida do marido (em paz, sem novas brigas).
Em seu texto, você também nota que que várias cenas poderiam ter sido a cena final. Mas acho que o Sam Mendes escolheu muito bem a cena definitiva. Pelo seguinte: devemos lembrar que foi uma frase da corretora de imóveis que agiu sobre a Kate Winslet, influenciando-a a ponto desta planejar a partida pra Paris. Quando a Kathy Bates disse, toda agradecida por Kate ter aceitado receber seu filho perturbado, que desde que a viu pela primeira vez notou que ela possuía algo diferente, que "ela era especial". Penso isso: essa idéia de que ela (e o marido) eram especiais, nessa cena, foi que plantou nela a sementinha do sonho de mudar de vida, daí ao plano de partir para Paris com a família. Depois do que a K. Bates diz, Kate se anima toda, pede desculpas pela última briga e tenta convencer o Leo a partirem juntos. Ou seja, todo o drama subsequente teve como ponto de partida uma frase só, um elogio, e isso bastou para desencadear ums crise de consequências trágicas.
Então o final do filme é de uma cruel ironia, porque depois de tudo de terrível que acontece, essa mesma Kathy Bates diz para o marido que sempre achou o casal Leo e Kate irritante e passa então a falar mal deles... Credo.
Olá, parabéns pelo blog. Seus comentários são muito perspicazes.
ResponderExcluirQuanto ao filme eu também assisti, e também adorei.
Olha, eu acho que o casal (Winslet e Di Caprio) eram os únicos que sacaram a futilidade da existência deles naquele mundinho provinciano e resolveram desbravar o mundo.
Eles não eram felizes e queriam arriscar. E o sopro de esperança que tiveram de mudar de vida (e de país) caiu por terra quando ela descobriu a gravidez, por isso o aborto (na minha opinião).
Os diálogos do cara doido (Hopless, Emptiness) foram sem dúvida, os mais críticos e incisivos de todo o filme. Ele sentia e falava, o que o casal não tinha coragem.
O filme me fez pensar também que a felicidade está dentro da gente, e não será uma viagem que vai mudar isso. Talvez ajude nos 3 primeiros meses, mas, e depois?
Bom, desculpe o comentário longo, mas não resisti... adorei tb que vc os comparou ao Day After a Titanic. Seu blog é muito legal.
Depois veja o meu e me diga o que acha, ok?
Um beijo,
Acho que o problema da Kate (qual era mesmo o nome da personagem?) não era que ela não cogitava sua vocação, e sim que sua vocação não dava em nada (ser atriz...o que ela tentou e fracassou). Acho que o que a incomodava (entre outras coisas) é que o marido não tinha grandes sonhos, e para uma pessoa que sonha em ser especial, estar ao lado de alguém que não consegue sonhar (e por conseqüência acaba frustrando os nossos sonhos) é uma coisa terrível.
ResponderExcluirO simples fato dela sair dali, daria a ela uma chance de mostrar a si mesma que tinha o controle da sua vida, que era especial e que ele também o podia ser, só precisava descobrir isso. Mas, por experiência própria, eu sei o quanto é difícil ter consciência de ser comum e não ter grandes aspirações. Ou melhor, ter grandes sonhos, mas saber que não tem a vocação/competência/determinação para alcança-los.
Seja como for, gostei muitíssimo do filme, apesar de ter ficado agoniadíssima com tudo. E ela amava o marido ou o odiava? Ou o amava mas odiava o fato de ter se acomodado a uma vida que jamais sonhou ter e o culpou por isso?
Adorei o amigo louco. Adorei cada frase dele.
Prefiro a Kate morena/ruiva. E como ela está magra!!! Mas adoro vê-la atuando. Também acho que os dois mereciam indicação.
Lola, vi que você falou de Romeu e Julieta e tal e....bom, acho que cheguei a comentar quando li o livro ano passado, né? Sempre achei o filme belíssimo, mas quando finalmente li o livro, fiquei com uma raiva do Romeu. Sujeitinho mais leviano. Trocava de idéia e de amores toda hora. Só deu 'certo' com a Julieta porque ela 'morreu' no auge da paixão dele. Se tivesse esperado mais um mês ou dois, aparecia outra moçoila e ele desencantava rapidinho.
ResponderExcluirEla tinha bem mais atitude que ele, diga-se de passagem. E era suuuuper nova. Aliás, ele também era super novo, mais um motivo para a leviandade do moçoilo.
Sobre a quebra da ilusão de Titanic, embora tenha sido uma boa comparação, as características dos personagens eram bem diferentes. Lá, a personagem da Kate (e do próprio Leo) era mais inconformada. Ela não aceitaria continuar no marasmo após ter experimentado 'viver'. Em Sonho, tanto ela quanto ele eram acomodados. A diferença é que ele gostava da situação na qual esse comodismo o colocava, e ela odiava.
Oi Lola!
ResponderExcluirPois é, a pessoa vem comentar num post do ano passado. porque só vi o filme agora, apesar de ter lido o livro antes. Outra coisa q eu reparei no filme, desde a ótica do feminismo. Nas brigas, ele nunca deixa ela sozinha, ela nao tem espaço, ela nao pode existir se nao for em torno dele (a reaçao dele quando ela diz que ele nao a ama mais é incrivel), porque sem ela, eles deixam de fazer parte do quadro de família feliz.
Sobre os filhos, eles só aparecem praticamente pra deixar esse quadro completo, de figurinha de anúncios, comercial de margarina.
Também é de destacar o discursão do frank sobre quando ela decide abortar, que nao se realiza no papel que lhe é reservado. Esse discurso no livro é até mais intenso.
Nao sei se vc acabou lendo o livro, mas tem varios detalhes bacanas que foram deixados de fora, como o rompimento do frank com a maureen, a secretária e a vida pregressa da april...!
Um abraço, adoro o blog! Sorte em Fortaleza!
SPOILERS:
ResponderExcluirNem li todos os comentarios, parei quando vi que vcs achavam que ela tinha planejado se suicidar. Eu tive uma visão completamente diferente dessa parte! Eu acho que ela se despediu dos filhos e tentou fazer o aborto pq decidiu ir sozinha para Paris. Ela ja não amava mais o marido e achava que a vida deveria ser maior do que a vidinha dela.
Eu amei esse filme! Pena que so vi agora e perdi a discussão!
mano isso e um texto o tamanho disso com esse tamanho dava pra escreve um livro o filme e bom mais e isso e tão grande que nem lir tudo mais entedi o filme e bom vc gostou amor agora vou assistir nao pq ler aqui mais pq eu assistir e tive a ideia de procura filmes que os dois fez juntos o primeiro que apareceu foi essse
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