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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O BRAD NÃO PENSA NOUTRA COISA

Vai ficar olhando pra minha cobra por muito tempo? Mande agora suas apostas pro bolão deste Oscar estúpido que não me indicou pra melhor ator.”

Veja aqui como participar.

O Pedro não sugeriu exatamente esses termos chulos, porque ele é um menino de respeito. A minha mente pervertida é que adaptou. Quando você não estiver fazendo suas apostas pro bolão, mande uma sugestão pra vinheta.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

CRÍTICA: ASSASSINATO DE JESSE JAMES / No velho oeste ele morreu

A julgar pelas más línguas, “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” tem um histórico de traumas quase tão comprido quanto seu título. As filmagens terminaram dois anos atrás, e os produtores (entre eles o Brad Pitt) e o diretor Andrew Dominik ficaram brigando na sala de montagem. O diretor queria uma versão bem devagar, cheia de paisagens, enquanto os produtores exigiam algo mais à la Clint Eastwood, um faoreste de ação. Não sei quem ganhou, mas o filme é longo que dói, com quase três horas. Tem seu ritmo próprio, o que quer dizer que é lento, até arrastado às vezes, e não é pra todo mundo (o maridão dormiu profundamente). Eu gostei muito e, pra ser franca, gostei até mais depois de sair da sessão. É o tipo de filme que melhora quanto mais se pensa nele.

Mas não vá esperando um western agitado. Se esse for seu desejo, vá ver “Os Indomáveis”. “Jesse James” é mais um estudo de personalidades. Conta os últimos dias da vida do célebre fora-da-lei, até ser morto por um fã e membro do seu bando, que acaba ganhando fama só por matá-lo. Como Jesse, Brad está carismático como um total psicopata que não confia em ninguém, remetendo ao seu vilão de “Kalifornia”. Quando ele fala com um charuto na boca, lembra o Marlon Brando de “Poderoso Chefão”, só que mais magro e lindo. Mas o filme pertence mesmo ao Casey Affleck, irmão do Ben. Dá pra notar a semelhança, embora o Casey seja menos bonito. Considerando o que o Ben fez até agora, o Casey é muito mais ator. Ele tá perfeito no filme (e também dá show em “Medo da Verdade”, que estréia no Brasil em 7 de março). Casey faz o Robert Ford, um cara que deseja se enturmar, destinado à grandeza, segundo sua própria definição – só a dele.

O filme não endeusa o Jesse. É ele o verdadeiro covarde: bate em meninos, atira pelas costas, assusta até seus companheiros... E vive de sua lenda. O covardão é um traidor, claro, medroso, mentiroso, cheio de si. Mas o faroeste faz parecer que matar Jesse é quase uma legítima defesa. E o que acontece após a morte é deveras interessante e, por mim, poderia ser prolongado. Robert passa a encenar o assasinato em oitocentas apresentações teatrais, um recorde em repetir uma cena de traição. É o culto à celebridade que ainda tava engatinhando em 1882, ano em que Jesse bateu as botas, e que encontra-se no auge hoje, quando uma legião de fãs acompanha cada passo do astro que interpreta o Jesse, vulgo Brad Pitt.

O western é mais forte ao se concentrar nos seus dois personagens principais e no relacionamento entre eles. Quando os dois são deixados de lado e a câmera segue dois cowboys (e um deles se envolve com uma mulher casada), é até instigante, mas parece pertencer à outra trama. Deixa o filme meio solto, menos coeso (dava pra tirar uns 40 minutos, fácil). Acho que o longa seria até melhor se a narração em off fosse do covardão, não de um anônimo. Poderia ser como a parte mais brilhante de “O Som e a Fúria”, do Faulkner, em que um miserável como o Jason vira o narrador. Ou até seria fascinante se o irmão do Robert narrasse. Ele é interpretado pelo Sam Rockwell, tão bem que é como se o ator vestisse uma máscara de medo (o Sam chamou a atenção em “Confissões de uma Mente Perigosa” e como o maior vilão de “À Espera de um Milagre”).

Mas é após o fim do filme que nossos neurônios – um pouco entorpecidos, confesso – passam a funcionar, e as dúvidas levantadas engrandecem “Jesse”. Por exemplo, por que o criminoso permite que um carinha bizarro como o covardão integre o bando? Tá certo que, na época, não havia muita gente disputando a vaga (o irmão tinha se aposentado, e os outros membros estavam enterrados). Mas o Jesse, como sujeito inteligente, sabia que o covardão era perigoso. Logo, ou ele o “adotou” porque queria ser idolatrado, ou justamente pelo perigo representado. E por que o Robert idolatrava tanto o Jesse? (essa pergunta pode ser estendida: como alguém em sã consciência idolatra, sei lá, a Britney Spears?). Toda idolatria tem um lado sexual? Sem falar que “Jesse” me fez pensar também nos pobres cavalinhos que vivem com os cowboys, e que pulam e relincham toda santa vez em que alguém atira. Ao contrário do Robert, os equinos não queriam a companhia do Jesse. Não tavam nem aí pro mito.

P.S.: O Casey Affleck não só é irmão do Ben como cunhado da Jennifer Garner e, por ser casado com a Summer Phoenix, cunhado também do Joaquin e do falecido River. Digamos que o Casey tem muito em comum com o Joaquin – ambos têm irmãos mais reconhecidos, e ambos conseguiram sair da sombra dos maninhos famosos. Pro Joaquin o grande ano foi 2005, quando foi indicado ao Oscar por “Johnny e June”. Pro Casey é agora. Ele foi merecidamente lembrado pro Oscar de coajuvante por sua atuação em "Jesse" (se bem que é praticamente o protagonista). Se este não fosse o ano do Javier Bardem...