Mostrando postagens com marcador 007 quantum of solace. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 007 quantum of solace. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

CRÍTICA: QUANTUM OF SOLACE / Da fartura dos calzones à defesa do Evo, um novo 007

Aproveite, porque é a única cena do Daniel Craig sem camisa em todo o filme.

Logo eu, que fui a única pessoa na face da Terra a desprezar o último 007, Cassino Royale, gostei de Quantum of Solace. É, eu também me surpreendi. O maridão, por exemplo, não apenas não gostou como acha que é uma estratégia pra que o James Bond suma do mapa e deixe o campo livre pro Jason Bourne (mesmas iniciais e tudo). Nada a ver. Primeiro vou começar pelo que detestei: o título indecifrável, óbvio. A abertura do filme, que é de fazer corar o Hans Donner. Acho que eles viram muito Tieta e decidiram copiar. Ficou horrível. E tem uma música hedionda que entra pra galeria como a pior canção a agraciar um 007. O resto eu achei legal .
Tem um ritmo bom, e nem os pré-requisitos de fórmula de filme de ação deixam a peteca cair. Tá, é ridículo que o Bond se envolva numa perseguição de carro, de barco e de avião em poucas horas. Mas a gente não vai ver 007 esperando realismo.
Não, o que mais gostei de Pum de Alface é que é descomplicado, sem aquelas subtramas mirabolantes. É uma história política, e, por incrível que pareça, uma grande defesa do Evo Morales. Não mencionam nunca seu nome, mas falam de várias coisas que acontecem na Bolívia, como a água privatizada, nas mãos de empresas internacionais, que cobram o que quiserem da população e desviam reservas (em Cochabamba, houve o caso famoso de uma multinacional que proibiu até que a população - indígena, paupérrima - armazenasse água de chuva). E água é um líquido muito mais valioso que petróleo. A gente vive sem petróleo, mas não vive sem água.
Quantum é o nome de uma organização super secreta contratada para desestabilizar governos e implantar ditaduras. Leva quem pagar pelo direito de sugar a população. Eles mencionam o caso do Haiti, em que o presidente, um padre (numa referência óbvia a Jean-Paul Aristide, deposto em 2004 por uma “rebelião”), aumentou o salário mínimo de 0,38 para um dólar por dia, e as empresas que usavam e abusavam da mão de obra quase de graça encomendaram um novo governo, mais simpático aos seus interesses, porque pô, assim não dá. Afinal, o presidente de um país pobre vai governar pra quem? Pra população miserável que não sabe reconhecer como o capitalismo é benéfico pra todos, ou pras multinacionais que, tão boazinhas e altruístas, investem lá?
O líder da Quantum é feito pelo Mathieu Amalric, de (pasmem!) O Escafandro e a Borboleta. Tudo bem, o vilão é francês, mas não há nenhuma menção a sua nacionalidade. Além do mais, fica claro que ele é apenas uma das partes da organização internacional. Pra vender seu pacote de golpes a um cliente em potencial, ele explica: “Esses países sul-americanos estão caindo como pedras de dominó na ideologia marxista. Já tem Venezuela, Brasil, Bolívia... Se não fizermos alguma coisa agora, não vai sobrar nada pra vocês”. Brasil! Olha nóis aí na fita! Pra quem acha que o governo Lula não é de esquerda, bom, tem gente que acha. Daí a CIA aparece apoiando qualquer ditador, desde que seja de direita. E caça o James! A Inglaterra também não sai bem na fita, pois negocia com os mercenários. O filme repete várias vezes que os países pobres são explorados pelos países ricos, que não dão a mínima pras populações que ajudam a explorar. É ou não é uma defesa do Evo?
Gostei também que Atum de Borracha não é violento ou sádico. Quero dizer, o Bond é, mas a gente não vê. Não há nenhuma morte em câmera lenta. Só que, depois de perceber que não há cenas de nudez, desconfiei que fizeram um filme “leve” assim só pra ganhar a classificado pra menores de idade e, dessa forma, um público maior. Dito e feito. Se bem que há um close muito estranho numa cena. Aliás, estranho é pouco. Um general e projeto de ditador aparentemente está se preparando pra estuprar uma funcionária. Ele se desvia, e a câmera focaliza o meio das pernas dela, numa cena muito desconfortável, porque é quase um segundo estupro. Em seguida, o filme mostra que não liga pra sorte da mulher, pois acontece uma grande explosão, incêndio, o escambau, e a gente não sabe nem se a moça conseguiu escapar. É sacanagem fazer uma personagem descartável dessas, ainda mais num gênero em que as mulheres raramente têm voz - valem como objetos sexuais ou vítimas.
Pois é, entramos no terreno pelo qual o Bond, James Bond, deve toda a sua popularidade: sexo. James diminuiu um monte o número de parceiras sexuais por filme na década de 90, com o advento da Aids. Neste daqui ele é monogâmico. Só transa uma vez, e ainda leva a maior bronca por causa disso. Daqui a pouco vira monge celibatário. Até o maridão tem mais atividade sexual que o Bond, e ele não é nenhum agente irresistível. Mas queria deixar claro que eu não trocaria o maridão pelo Daniel Craig. Não compartilho do entusiasmo das espectadoras da minha sessão, que faziam “Ahhhh!” sempre que o Daniel ameaçava ficar mais à vontade - inclusive, tem a maior propaganda enganosa no trailer! Ele não toma banho de mar em nenhum momento no filme. Seu peitoral aparece apenas brevemente. Eu acho o Daniel charmoso, e ele está muito bem como 007 (não consigo parar de pensar que o Clive Owen seria melhor, ao menos no quesito beleza). Mas bonito, com aquela cara de estivador? Me poupem.
Na saída do cinema, eu falava bem de Quanto de Solácio, quando o maridão, com aquele tom marital tão peculiar dos homens, me interrompe:
- O problema é que você não gosta de 007.
- Mas eu tô dizendo que gostei, ué.
- Mas você não gosta dos 007s antigos.
- Aqueles em que o Sean Connery batia em mulher? É, esses eu não gosto mesmo.
- Ih, lá vem você de novo...
Mas gente, é verdade. Ô filminhos ultra-machistas aqueles com quem muita gente considera “o melhor Bond”. Só eu que noto? A misoginia tá tão presente na nossa rotina que ninguém percebe que o Bond do Sean batia nas moças? E que havia uma personagem chamada Pussy Galore? Deixem-me traduzir: pussy é genitália feminina; galore é abundância. Ou seja, montes de vaginas. Eles realmente criaram uma personagem que se chamava Fartura de Calzones!
Prefiro quando eles defendem os bolivianos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

CRI-CRÍTICA DE TRAILER: 007 QUANTUM OF SOLACE

Leia a crítica completa do filme aqui.
O que mais gostei do trailer deste 22o James Bond é o joguinho com os números 007 no final virando 07 de novembro. Mas isso não pode mais ser usado, visto que a data de estréia mudou para 14 de novembro no Brasil e no mundo (antes na Inglaterra). O adiamento foi causado pelo vazio deixado por Harry Potter, que só chega ano que vem mesmo (eu não fiquei chateada).
Como fui a única pessoa na face da Terra a desgostar de Cassino Royale, não posso dizer que tenho grandes expectativas com o novo Bond. O personagem tá meio parecido com o Jason Bourne, não tá? Sei que na realidade o Bourne é cópia do Bond, mas isso de ter que desaparecer e todos os agentes do mundo te procurarem anda batido. O que eu mais lembro do último 007 (pra não dizer que é a única cena que lembro) é aquela em que o Daniel Craig sai da água. Rivaliza com a Ursula Andress de bíquini em câmera lenta. Não que eu tenha achado o Daniel um supra-sumo, mas lembro da reação da platéia. Foi um “Ooooh” geral, e desconfio que mais vindo dos rapazes, que queriam ter uma barriga-tanquinho dessas, que das moças. Mas enfim, foi naquele momento que Daniel deixou sua condição de patinho feio e virou cisne. Ele era considerado feio demais pra ser um 007 (e convenhamos, se a outra alternativa era o Clive Owen...). No trailer de Quantum vemos o Daniel sem camisa. Imagino que no longa vai ter muito mais.
Não me pergunte o que é “quantum of solace”, porque não sei. Este deve ser um dos piores títulos da história do cinema. O que aconteceu com nomes insinuantes como Somente para seus Olhos e O Espião que me Amava? Trocaram por um Pum de Alface. E a distribuidora brasileira resolveu nem traduzir o troço. Acho que pensou: “Se nos países de língua inglesa ninguém vai saber o que ele significa mesmo, pra que dar essa colher de chá pros brasileiros?”.
O trailer mostra que o agente está revoltadinho com a morte da última Bond girl. A Judi Dench, que faz a M, fala: “Quando você não consegue distinguir seus amigos dos inimigos, é hora de partir”. Partir, pro Bond, James Bond, não é bater as botinhas, claro. Ele vai é rodar o mundo e, por incrível que pareça, desta vez não acaba visitando os usual suspects do terroturismo americano (Irã,
Iraque, Coréia do Sul, Cuba, Venezuela). Tá mais pra México, Chile, Itália... E parece que agora sobrou pra Bolívia. Nem mencionam o Evo Morales, mas tem algo a ver com o controle de água no país. Isso é interessante, porque é um daqueles casos escabrosos do capitalismo. Aconteceu na vida real: uma empresa internacional comprou, a preço de banana, a única concessionária de água em Cochabamba. De repente, a população local, miserável, teve que pagar preços inimagináveis pela sua água de todo dia. A empresa ainda deu um jeito de proibir que os bolivianos armazenassem água de chuva, pra que não houvesse concorrência desleal, sabe? Em Cochabamba, após inúmeros protestos, a licença foi revogada, mas a “guerra d'água” continua hoje em La Paz. Lógico que 007 não vai se envolver numa picuinha como essa questão política. Aliás, pelo que li, o maior vilão do filme é um ecologista que se chama Greene. Tipo assim, Greene, de Greenpeace?
Bond ouve sua chefa e lhe diz, “Você não tem que se preocupar comigo”. É um clichê eficiente a edição mostrar o agente pulando de moto, correndo em telhados, saltando entre prédios, cavalgando cavalos, pilotando aviões, andando de lancha, correndo em cima de um trem... É, acho que incluíram cenas de ação na terra, no ar e na água. Eu só fico pensando como é a reunião dos roteiristas. Eles vão colocando xis em cada pré-requisito? Entre as cenas de ação do trailer há uma brevíssima cena de sexo. Sim, porque isso do Bond ficar jururu com a morte da namorada do último filme não pode interferir nas suas novas conquistas. Desta vez a Bond girl é Olga Kurylenko, que eu ia dizer que nunca vi mais magra, mas ela esteve em Hitman – Assassino 47. Tem outra também, uma tal de Gemma Aterton. Espero que o nome não vire moda no Brasil, porque de ovo basta a Clara. Nota 3.