Faz dias que estou prometendo escrever sobre A Baleia, mas falta tempo. Vamos ver se agora eu consigo falar desse filme polêmico. Sim, eu sei que muita gente adorou e se comoveu com o protagonista. Mas imagino que a maior parte dessas pessoas não é gorda.
Antes de mais nada, eu sou gorda. Fui gorda a vida inteira, desde a puberdade, salvo um breve período em que consegui emagrecer à base de pílulas para suprimir o apetite. Também sempre fui saudável. Não tomo nenhum remédio, raramente fico doente, posso contar nos dedos de uma mão os dias em que tive que faltar ao trabalho em quase quatro décadas. Mas, com a idade (tenho 55 anos), o peso e o sedentarismo, foram surgindo alguns problemas, como esteatose e pré-diabetes. Meu principal problema no momento é a perda de mobilidade -- entrar em ônibus e subir e descer escadas ficou cada vez mais difícil. Pra reverter isso, agora estou fazendo ginástica.
Outra coisa: sou fã do diretor Darren Aronofsky. Boa parte de quem eu vi elogiando A Baleia faz isso apesar do que sentem pelo diretor. Já eu gosto, e considero este talvez seu filme mais fraco (Noé também é ruinzinho). Adoro Réquiem para um Sonho e Cisne Negro, e gostei até de O Lutador e Mãe!
Dito isso, vamos à Baleia, que pode dar o Oscar de melhor ator para o simpático (todo mundo gosta dele) e talentoso Brendan Fraser, na sua volta às telas depois de dez anos. No filme, ele faz Charlie, um professor de inglês de 270 quilos que nunca sai de casa e, à beira da morte, tenta se reconciliar com a sua filha adolescente, que ele meio que abandonou ao se apaixonar por um aluno. O trailer não menciona, mas Charlie é gay.
O filme é baseado numa peça de teatro (e dá pra ver claramente que é) de Sam Hunter com o mesmo título. A tagline da peça é "encontrando beleza nos lugares mais inesperados". O lugar mais inesperado para a beleza, pelo jeito, seria dentro do corpo e alma de um gordo (ao lado, foto de uma produção da peça).
Pois é, achei o filme muito gordofóbico, a começar pelo título. Tá, tudo bem que quem vê o filme (ou a peça) entende que é uma referência a um trecho de um ensaio sobre o livro Moby Dick. Mas eles podiam ter escolhido qualquer um entre milhares de livros que não são sobre baleias para retratar a vida de um obeso, não? Sei lá, imagina um filme em que o protagonista negro seja alvo de racismo de praticamente todos os personagens. E os criadores do filme colocam o título de “Macaco”. Mas calma aí, não é que os autores do filme estejam associando um negro a um macaco! Eles só incluíram um trecho sobre King Kong em que a palavra “macaco” é usada. Não seria problemático?
Então vamos ser honestos: se A Baleia tivesse a mínima empatia pelos gordos, não teria como título um dos insultos mais comuns usados contra gordos (eu sou chamada constantemente pelos meus inimiguinhos de baleia, jubarte, Jabba, porco. Não conheço algum gordo que nunca tenha sido chamado de baleia).
Aliás, muitos dos aplausos para a interpretação de Brendan Fraser são justamente que ele faz uma pessoa gorda parecer humana. Gordos geralmente são xingados como seres não humanos -- baleia, porco, elefante, hipopótamo, Jabba the Hut (personagem intergaláctico de Guerra nas Estrelas) etc. Porém, como disse um dos muitos ativistas gordos que se sentiram ofendidos pelo filme, "Se a única maneira que você encontra para 'humanizar' uma pessoa muito gorda é vê-la ser humilhada, aterrorizada, envergonhada e dispensada de um jeito estereotipado, está na hora de refletir".
Sim, o movimento de aceitação do corpo ou body positive detestou A Baleia. Por uma série de motivos. Tipo: por mais que se goste do Brendan e se comemore a sua volta, por que não colocar um ator gordo de verdade para interpretar Charlie? Existem montes de atores obesos desempregados. Da mesma forma que hoje muitos ativistas LGBT criticam filmes que contratam atores cis para interpretar personagens trans, também poderia ser usado um gordo para fazer um gordo.
Porque quando se usa um ator não gordo para interpretar um gordo, o que ele precisa fazer? Usar um "fat suit" (uma espécie de roupa para aumentar o tamanho do ator). O "fat suit" hoje é amplamente condenado, porque quase sempre é utilizado para transformar pessoas gordas em piada. Pense em O Amor é Cego (filme odioso em que Jack Black é hipnotizado para ver a beleza interior e se apaixonada por uma mulher obesa, feita por Gwyneth Paltrow vestindo um fat suit), ou a Monica do passado em Friends. O fat suit é também um jeito de pessoas não gordas contarem histórias sobre pessoas gordas. Deixem que os gordos falem por eles mesmos.
A ativista Aubrey Gordon escreveu uma série de tuítes interessantes sobre A Baleia (que depois ela deletou). Por exemplo: "A Baleia mostra uma pessoa gorda 'humanizada' fazendo o mesmo que as pessoas esperam: vivendo vidas curtas, se matando de tanto comer, sentindo-se deprimido. Tudo que lembra como é trágico ser gordo, e como é superior ser magro".
Uma das feministas americanas mais impactantes a surgir nos últimos tempos, Roxane Gay, que é gorda, bissexual e negra, escreveu um artigo para o New York Times chamado "O espetáculo cruel de A Baleia". Ela diz esperar que o público possa reconhecer que "esse retrato fílmico da gordura pouco se assemelha às experiências vividas por pessoas gordas. É, na melhor das hipóteses, uma ficção gratuita e exagerada". Ela não entendeu por que gente talentosa quis fazer um filme desumano sobre um ser humano. "O problema não é a aparência do protagonista ou os desafios do seu corpo. O problema é que os criadores do filme não escondem seu desprezo sempre que Charlie tenta satisfazer uma necessidade humana". Pra ela, ficou claro que o diretor e o roteirista veem ser gordo como o maior fracasso possível. Ela ficou para uma sessão de perguntas e respostas com o diretor depois do filme, e se surpreendeu que havia apenas quatro pessoas gordas no público e nenhuma no palco.
A dançarina Thais Carla, que é obesa, disse no Twitter: "Que filme gordofóbico! Retrataram a obesidade como doença e um gordo homossexual obeso como um depressivo doente. Absurdo completo. Um obeso pode ser saudável". Milhares de especialistas apareceram para afirmar que a obesidade é doença e que obesos não são saudáveis.
Já um veículo de extrema-direita nos EUA (sempre gordofóbica) escreveu que A Baleia vai contra a corrente de Hollywood que lucra com a aceitação do corpo: "O filme é uma obra-prima da ilustração da miséria e é o filme mais eficiente a mostrar os horrores da obesidade severa desde Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador". Vale lembrar que no filme de 1993 com Johnny Depp e Leonardo DiCaprio, uma parte da história é sobre uma mãe que se torna reclusa depois do suicídio de seu marido e, deprimida, ganha tanto peso que seus vizinhos riem dela e seu filho a agride. Parece familiar? Depois que ela morre, os filhos queimam a casa com seu corpo dentro para que não riam dela no funeral.
A Baleia legitima o "concern troll". Não sei a tradução pro português. É aquele troll que tenta disfarçar seu ódio e repulsa "se preocupando" com a pessoa. Ou seja, não é que a pessoa te ache um gordo asqueroso ou que odeie obesos, ela até tem amigos que são, é só que ela se preocupa demais com a sua saúde e não quer que você morra amanhã. O "concern troll" não se considera um troll. Afinal, ele está do seu lado! Ele só quer o seu bem!
Pena não é empatia. A Baleia é ódio embalado como empatia, e será lembrado como o filme que possibilita que qualquer um diga a uma pessoa gorda: "Você não quer acabar assim, quer?"
Eu tava achando que eu era doida por achar esse filme preconceituoso e repugnante. É bom quando alguém consegue traduzir essas emoções em palavras. Obrigada.
ResponderExcluirNão tem nada que eu odeie mais que esse tipo de filme. Eu sai me sentindo um saco de lixo desse filme como alguém que é gay e obeso.
ResponderExcluirEu amo o Brendon desde a adolescência e eu queria muito apoiar ele nesse filme mas não dá não. Fazia muito tempo que eu não via um filme tão violento a existência da pessoa obesa.
Entendo perfeitamente o seu lado quando escreve essa crítica sobre o filme, porém quando nós vamos pensar em um filme, seja ele qual for, não há mais que realidade a ser passada.
ResponderExcluirVamos pensar que um filme sobre nazi será terá sua produçã o iniciada, teremos que contratar um nazi para estrelar o filme? Teremos que tomar cuidado sobre o assunto, dizendo que ele não existe/ existiu para não estarmos mostrando a verdade?
Réquiem é um filme muito mais angustiante e momentos difíceis para assistir, falo isso como pessoa que teve primo e prima dependentes químicos.
Discussão sobre o filme, acho muito válido, porém temos que tecnicamente saber um pouco mais sobre cinema e as ferramentas que o diretor usa para causar esse desconforto que você sentiu.
Sim, o filme e desagradável em alguns momentos. Sim o filme apresenta o preconceito que não deveria existir, não só gordofobia, como você citou acima, dando um spoiler sobre ser gay, porém o preconceito existe entre nós e ainda. Estamos brigando para que um dia eles não existam, mas não é mostrando em um filme que o preconceito acabará.
Não vi o filme,mas tenho que concordar com as análises. Gordura não é doença. Lamentável que Pessoas se sintam tocadas e não notem os problemas na abordagem do filme. Obrigada Lola por postar. Abraços
ResponderExcluirGordura não é doença, excesso dela é!
ExcluirAinda não assisti ao "A Baleia", mas tenho minhas dúvidas sobre essa questão de que só gordo deva interpretar um personagem gordo, ou só um ou uma trans deva interpretar um personagem nessa condição, etc. de acordo com cada caso. Os artistas não são substituíveis uns pelos outros. O talento é um atributo personalíssimo. E, como a produção de uma peça teatral ou de um filme pode envolver o gasto de muito dinheiro, ainda tem a questão comercial de ter no elenco nomes que atraiam plateia, que é pra os gastos se pagarem e ainda gerar lucro. Acho que não deva haver reserva de mercado pra gordo, trans ou idosos... Tem muita coisa em jogo pra a questão ser tão simplificada assim. Eu sou gordo. Até estou emagrecendo por causa da academia com personal. Mas não tenho a menor dúvida de que um Matheus Nachtergaele interpretaria um obeso mórbido muito melhor do que eu, e atrairia muito mais bilheteria, mesmo usando próteses engordantes de um tamanho menor do que as que eu precisaria usar. É a arte dele. E nela ele tem um talento que eu nunca vou ter, por mais que eu me esforce. Pelo menos na atual encarnação... Mas que existe muita gordofobia, existe. Pela forma como as notícias são veiculadas, a impressão que fica é que todo gordo é doente. Isso é muito ruim pros magros, pois saúde é uma coisa muito particular. A pessoa, seja magra, seja gorda, tem que ir ao seu/sua médico (a), de tempos em tempos, pra ver se tá tudo bem. As coisas como estão, está prejudicando os magros. Esses se acham saudáveis só por estarem de acordo com o ideal da balança. Mas pode ser que a realidade não seja bem assim. O ideal é que, independente do peso ou da idade, todo mundo faça suas consultas médicas periódicas e seus exames. Saúde não dá pra generalizar. Tem que ser estudada caso a caso. Pessoa a pessoa. De tempos em tempos... Sobre a gordofobia, tem o vídeo de um médico lá dos EUA, chamado Petter Atia. Ele fez julgamentos morais sobre uma paciente obesa. Mas depois, por um pessoal problema de saúde, percebeu que a obesidade é uma questão muito mais complexa do que a falta de força de vontade pra emagrecer e se manter magro ou magro. Se se tornar e continuar magro fosse fácil, se ficar rico fosse fácil, se ter um milhão de amigos e influenciar pessoas fosse fácil, seria fácil a felicidade no mundo. Mas a realidade esfrega todo dia na cara da gente que as coisas são bem diferentes.
ResponderExcluirPra quem quiser assistir, o vídeo do Petter Atia:
https://youtu.be/UMhLBPPtlrY
A normalização da maldade e do ódio... Não vi nem quero ver.
ResponderExcluirEu já tinha lido outras críticas sobre o filme, por causa da polêmica toda, e vim correndo ler tua crítica, Lola, porque sempre simpatizei com teu conteúdo.
ResponderExcluirMas me decepcionei muito com o teu texto.
Apenas repetições de clichês de twitter.
Interpretações totalmente literais da obra.
Coisa de gente que se o personagem não disser textualmente no filme: "gordofobia é errado", não enxergam a crítica. Não são capazes de entender qualquer sutileza.
O pior dos pontos levantados sem dúvidas é esse absurdo de subverter o conceito de ator, em que em vez de emular um personagem totalmente diferente do que se é na vida real, agora é preciso que os atores interpretem a si próprios. Não tem lógica.
O grande ator é justamente aquele que consegue interpretar com mestria um personagem que ele não é, uma vida que ele nunca viveu. Não tem mérito em interpretar angústias que você já vive no dia a dia, ou seja, ser você mesmo. Há bem menos talento de atuação nisso.
E outra coisa, um diretor convida sempre um ator que ele considera ideal pro que ele deseja pra aquele personagem específico. E pra escolher isso, ele tem um universo gigante de atores.
Agora me digam quantos atores com mais de 200 kg estão disponíveis em hollywood?
E quantos desses 3 ou 4 atores de 200 kg (duvido que haja mais) são gabaritados o suficiente pra serem capazes de entregar uma atuação digna de Oscar, como a do Brendan Fraser?
Qual a lógica de limitar isso?
Enfim, interpretações literais dignas dos vários adolecentes com post "caça-clique" que li no Twitter essa semana.
Uma pena que você, Lola, que já fez leituras ótimas sobre cinema em outros textos, escreva algo assim, caindo nessas simplificações.
Ps. Eu sou gordo. Ou não, não sei se hoje caçam minha "carteirinha" de gordo por estar "APENAS" 20 kg acima do pesso que eu tinha há 2 anos.
Perfeito!
ExcluirConseguiu escrever quase tudo que senti ao ler o texto dela.
Romantizar um problema de saúde é realmente o apocalipse!
Eu compreendo que o filme possa ser gatilho para muitas situações dolorosas de quem sofre/sofreu gordofobia!
ResponderExcluirMas a premissa de que a personagem principal é uma pessoa gorda, na sua análise, cai por terra, em minha opinião, porque ela é uma pessoa com obesidade mórbida!
São duas coisas completamente diferentes!
Sim, existe gordofobia no mundo, no cinema, na sociedade. Mas tratar pessoa com obesidade mórbida como sinônimo de pessoa gorda, é uma simplificação militante e até complicada.
Não, não sou profissional de saúde! Mas se uma situação fisiológica/biológica reduz sua qualidade de vida (me refiro à personagem do filme) então se trata de uma questão de saúde.
Eu gostei do filme pela questão pai-filha, para além da questão específica da personagem principal do filme.
Vou citar duas obras que têm personagens gordos, que são representados de forma positiva.
ResponderExcluir1) One Punch Man - por enquanto só têm um único personagem gordo sendo um herói rank S, que se chama Deus Porco, cujo poder é literalmente conseguir comer qualquer coisa, e que ele usa para devorar os monstros. E por mais que ele seja gordo, ele é super veloz, super forte e agiu.
2) Grappler Baki - Baki não trás somente um único personagem gordo, mas vários. Eles são lutadores de sumô, que é uma arte marcial japonesa. Os personagens são cativantes e têm bastantes falas, e como todo shonen de luta esse têm bastante, já que esse é o foco principal da obra
Texto com identitarismo raso. Dizer "sou saudável" e pouco depois "só tenho alguns problemas", que na verdade são problemas de saúde e cotidiano resultantes de uma vida sedentária e de obesidade acaba com o argumento. Da pra parar de ler por aí. Diabetes, pressão alta e outras complicações não são coisas leves. Ser gordo não é sinônimo de pouca saúde, mas viver anos sendo gordo sim. É ciência, é material e factual. Body shaming é horrível e o mercado e indústria da moda não são nem um pouco amigáveis com quem não se enquadra nos padrões totalmente impossíveis da mídia, mas normalizar uma situação que incorre em doença, já é outra história.
ResponderExcluirEu nasci com 6kg e 57cm. Enfermeiras no hospital ficaram tão impressionadas que me deram a alcunha de “baleinha”. Ali seria a primeira vez que seria chamada de baleia. A família me conta a história com orgulho.
ResponderExcluirOntem assisti ao "Triângulo da Tristeza" no Prime Vídeo e não gostei não. Acontecem umas coisas esquisitas, como um monte de gente rica num navio de luxo sem estar guardada por um forte esquema de segurança. Sei que é uma sátira ao capitalismo. Mas esse tipo de incoerência enfraquece a história. Enfim, o filme me lembrou um gracejo do Tim Maia: fiz dieta por 02 semanas só perdi 15 dias. Pois eu vi esse filme de quase 2h e 1/2 e só ganhei mesmo a perda do meu tempo. Prestou não.
ResponderExcluirBom dia Lola, eu me chamo AggnesDriezze e 5 anos atrás eu pesava 115kg, eu gostava de ir pra shows de bandas regional da minha cidade, Manaus, aqui os homens são extremamente machistas e preconceituosos um ou outro que se salva e com muito esforço, eu gostava de uma banda chamada Thepeids e eles tinham um amigo que não era integrante da banda, mas era amigo assim como eu e minhas amigas ia pra todos os shows, nos ficamos e continuamos a ficar por algum tempo, escondidos até que nos descobriram, eu virei alvo de comentários gordofobico, em uma pelada de amigos eu virei assunto, piada, e tive a intimidade exposta, entre outras coisas, passei alguns dias me odiando, quis morrer, entrei, entrei numa depressão em plena férias de trabalho, chorei, gritei, e decidi não ser mais fraca, e não ser mais alvo do preconceito de ninguém. Eu não comia, minha dor era tanta que eu perdi o tesao na comida, perdi 58kg no processo, me reconstruí, me recriei mas não quer dizer que isso ainda não doa, hoje eu peso metade do meu peso “original”, me sinto bem com essa conquista, pois é uma vitória notável, mas não quer dizer que não doa, e eu que eu Seja feliz. Agora eu sou magra, mas não deixei de ser alvo, porque não deixei de ser mulher, e mulheres sempre são alvos sejam elas gordas ou magras, basta ter uma mente pensante e ser atuante, sempre seremos alvos. Obrigada por ser a resistência e nos inspirar e não desistir do nosso espaço e respeito nessa sociedade que ainda não parou pra se enxergar e ver o qual colérica e doentia ela é com suas próprias mulheres.
ResponderExcluirEsse filme é repugnante em todos os aspectos. Engraçado ver como pessoas estão protegendo esse filme de críticas. Todas essas pessoas, padrão. Ah, Lola, a palavra com o, obesidade não é legal de se usar basta procurar a origem em si da palavra. Fora que gordo já é usado como termo pejorativo, imagine "obeso". Enfim, é uma palavra que deveria ser problematizada. Quanto ao filme, nota zero. Não recomendo pessoas gordas assistirem ao mesmo. Melhor poupar a sanidade mental. Em pleno 2023 e um filme desses...
ResponderExcluirEu gostei de várias coisas de "Triângulo da Tristeza", Avasconsil, mas em geral não gostei não. O filme poderia ter uma hora a menos tranquilamente. Tem cenas e diálogos que se arrastam até não poder mais.
ResponderExcluirObrigada pelo relato e pela carinho, Aggnes!
O diálogo entre o capitão do navio e o bilionário russo vendedor de esterco é interessante. E quando eles mostram que os mais pobres são os que melhor sobrevivem às adversidades também. Rico não sabe fazer nada, por causa da mordomia a que estão tão acostumados. Mas o Eduardo Marinho fala dessas coisas de um jeito bem melhor e direto num podcast. Tem pedacinhos desse podcast no YouTube. "Triângulo da Tristeza" deixa muita ponta solta pra transmitir recados que a gente consegue obter no YouTube gastando bem menos tempo. E em Português, sem precisar re tradução.
Excluirhttps://www.youtube.com/live/Mg_7vNsnoQQ?feature=share
Eu sempre tive tendência a ter colesterol alto; e piorava minha situação o fato de que eu não gostava de frutas e verduras quando jovem, comia muita comida com gordura. Eu tinha colesterol alto quando ainda era adolescente, minhas taxas eram ruins apesar de eu ser magra, eu tinha que tomar remédio pra colesterol. Quando minha tireoide desregulou eu engordei, mas minhas taxas de colesterol e açúcar ficaram ótimas. Hoje, eu como legumes e frutas, não exagero na comida gordurosa e não chego a ser magra, tenho um pouco de culote e de barriga, mas minhas taxas estão boas, colesterol e açúcar sempre no nível seguro.
ResponderExcluirOu seja, quando eu era magra não era saudável. Quando eu engordei pela desregulação da tireoide, eu estava um pouco mais saudável; e hoje, que não sou exatamente magra, estou mais saudável do que quando era magra mesmo e do que quando engordei. Não preciso mais tomar remédios e minha tireoide está perfeitamente regulada. Ou seja, seria imensamente estúpido da minha parte achar que ser magro é sinônimo de ser saudável. Obesidade mórbida pode ser doença, mas estar um tanto acima do peso considerado "ideal", não é.
Na fala de Peter Attia na TED ele explica que o senso comum na medicina (o vídeo dele é de 2009, mas, pelo que a gente observa, as coisas continuam assim...) é o de que a obesidade é a causa da resistência à insulina e da diabetes tipo 2. E na cabeça da medicina a causa da obesidade e de seus desdobramentos nocivos são a má alimentação e o sedentarismo. Ele também pensava assim, até que num período da vida dele, apesar de ele cumprir à risca aquela pirâmide da dieta equilibrada e de fazer muita atividade física diariamente, ele engordou e teve resistência à insulina. Ele só emagreceu, e se livrou da resistência à insulina, com uma dieta que cortou muito os carboidratos. E isso fazendo menos exercícios físicos do que antes. Essa experiência pessoal o fez respeitar e ter mais empatia pelos gordos, sobre os quais ele fazia julgamentos morais... Aquele clichê de que a pessoa é gorda porque não se controla e não tem força de vontade. Por isso é alguém fracassado e merece o desprezo. Na fala dele na TED Organization, ele disse que depois desse período de obeso, e resistente à insulina, apesar de fazer tudo certo, passou a seguir uma linha de pesquisa que tem por hipótese que a resistência à insulina precede a obesidade e não o contrário . Ele disse que talvez a obesidade seja um artifício compensatório do corpo pra a resistência à insulina causar menos danos ao organismo. Tem muito magro com resistência à insulina, ele disse, e nessas pessoas a pré-diabetes é mais danosa que nos obesos, por falta do mecanismo compensatório. Outra coisa que ele fala é que há algumas linhas de pesquisa sobre a obesidade nos EUA, o que demonstra que a questão não é simples como muitos pensam. Claro que dessas pesquisas surgirão remédios e tratamentos que depois vão gerar um bom dinheiro pros americanos... É a vida. O país que não investe em ciência depois dá lucro pra os que investiram. Acho que com as pesquisas vão concluir que os obesos são todos gordos, mas não são todos iguais. Os corpos e os históricos são diferentes, então a obesidade também é. E os tratamentos não podem ser tão generalizados como são hoje.
ExcluirPelo menos Peter Attia já aprendeu a ser mais empático e menos preconceituoso com os gordos.
Muita gente ainda precisa fazer o mesmo aprendizado.
O vídeo dele, pra quem quiser assistir. São só 15 minutos.
https://youtu.be/UMhLBPPtlrY
Não vi o filme ainda. Mas só o título é bastante gordofóbico. A não ser que seja uma crítica a esse xingamento.
ResponderExcluirE não vejo sentindo nenhum em pregar que só gordos podem interpretar gordos.
Lembrei de uma atriz de uma série que eu via, que diz que só lésbicas podem interpretar lésbicas, pra interpretar trans, tem que ser uma pessoa trans.
Esse argumento vale pra tudo. E pela lógica dela, ela nem deveria estar na série, já que interpreta uma adolescente lésbica ( a atriz é lésbica tb) e ele já passou dos 20.
Boa reflexão!
ResponderExcluirEu ainda não vi o filme, mas pelo que eu vejo nas críticas, ele mostra a realidade de um obeso mórbido. Gordura ou ser gordo não é doença, mas obesidade mórbida é. Se a vida e a saúde ficam difíceis pra quem tem obesidade leve, imagina pesando mais de 200kg... Eu emagreci 33 kg, mas vou ficar com sequelas até o fim da vida, como desgaste na cartilagem dos joelhos, desgaste na lombar, a remoção da vesícula biliar, divertículos no intestino. E ainda tenho que lidar com uma hérnia inguinal, vou passar por mais uma cirurgia, graças a obesidade. Ser obeso é saudável? Não foi no meu caso. E não foi pra você também. Por um tempo pode ter sido, mas vendo a longo prazo não foi bom, segundo você contou.
ResponderExcluirNão vi o filme, ainda. Mas diria que a gordofobia é um dos preconceitos mais "passáveis" atualmente. Ainda "está liberado" ser um canalha em relação às pessoas gordas. (Lola, seu cabelo está lindo na foto)
ResponderExcluirInúmeros atores magros, são convidados a ficarem bombados, passando por injeções de testosterona e etc.
ResponderExcluirInúmeros atores gordos, são contratados para emagrecer e interpretar personagens em estágio avançado de doença.
Atuar, é a arte de interpretar ser aquilo que não se é. Só mesmo alguém que desconhece completamente o conceito de arte poderia escrever uma crítica dessas.
É se travestir de homem sendo mulher, é se travestir de mulher sendo homem, é ser gay, é ser hetero sendo gay.
Por isso é lindo. Por isso é arte. Como podemos julgar a capacidade de um artista que interpreta a si mesmo? Devem todos se tornar Adam Sandler?
O restante, o seu próprio texto faz questão de elucidar: sou gorda, tenho "apenas" pré-diabetes e problema de locomocação mínimo.
Eu sou gordo, peso hoje 127kg, não tenho nem coragem de comentar o que penso do estado atual do meu corpo para não ferir os outros. Mas devo te dizer: Não penso nada de bom sobre ele.
Já pesei 157 e tenho tentado SIM, sair dessa condição mediocre, onde todo gordo sabe que tem dificuldades de se DOBRAR PARA AMARRAR OS CADARÇOS.
COmo alguém pode dizer que isso é saudável? Se respeitem gente. Por favor.
EU TENHO QUE LAVAR AS DOBRAS do meu corpo para que elas não fiquem com um cheiro de azedo.
Com relação ao filme tem muita gente que não viu e não gostou.
ResponderExcluirSinto muito, não cheguei a ler tudo, mas gostaria de apontar um erro. É dito no texto que o personagem Jabba seria "intergaláctico", quando na verdade o correto nesse caso é EXTRAgalático.
ResponderExcluirExcelente filme e atuação. Ser gordo ou obeso é doença, pois não há nada de prejudicial ao corpo que células de gordura (inflamadas). Mas romantizar um problema de saúde publica, isso sim é repugnante
ResponderExcluirhttps://www1.folha.uol.com.br/colunas/lygia-maria/2023/03/isto-nao-e-uma-baleia.shtml
ResponderExcluirNão consigo imaginar, pelo menos não agora, outro ator que não Rodrigo Santoro interpretando Lady Di em Carandiru, ele foi incrível! E não concordo que atores e atrizes não possam interpretar gordos, trans, gays, lésbicas, sem serem. E quanto à Hillary Swank em Meninos não choram? Afinal qual é a função do ator? O que faz um ator ser realmente sensacional? É ter esse talento incrível de se transformar em quem não é, em viver uma vida que não é sua, um drama que não lhe pertence de forma tão convincente que a gente acredita que é real.O grande mérito do ator ou atriz espetacular é exatamente criar e entregar algo que não existe dentro dele em algo real. Não concordo, nunca vou concordar com esse tipo de crítica. Black face (ou red face) é outra coisa, há milhões de negros, descendentes de indígenas e orientais no mundo e muitos deles são atores, gordos e magros, gays e heteros, pode-se perfeitamente escalar um ator adequado para um roteiro sem ter que recorrer a essa prática horrorosa! Quanto ao filme A Baleia, duvido muito encontrarem um ator de 250 quilos com a metade do talento do Brendan Fraser. Mesmo se encontrassem, se Brandon quisesse fazer, Darren Aronofski também, qual o problema? É arte, é criação, é interpretação, é esse o trabalho que os caras fazem!
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