quinta-feira, 27 de outubro de 2022

PINTOU UM CLIMA? TÁ MAIS PRA PINTOU UM CRIME

Ninguém deve se esquecer que, numa live do dia 14 de outubro, o presidente do Brasil fazia o que sempre fez (mentia sem parar) quando, ao narrar a narrativa inventada de que ele viu umas meninas bonitas de 14, 15 anos, "pintou um clima". Bem coisa de pedófilo mesmo. Ele ainda tentou explicar e varrer o assunto pra baixo do tapete, através de processos. Não adiantou.

Pedi pras minhas leitoras no Twitter contarem suas histórias de horror que a fala de Bolso as fez recordar. E coletei algumas pra publicar aqui (veja a parte 2 e parte 3). É história que não acaba mais. A pedofilia, o assédio, o estupro, a violência contra as mulheres precisa acabar. Só tirar o presidente mais misógino de todos os tempos não será suficiente pra que isso aconteça. Mas já é um começo. Neste domingo vá às urnas pensando na sua filha, no seu filho, na sua mãe, na sua esposa, na sua namorada, na sua irmã, em todas as meninas e mulheres, e aperte 13 com força.

"Com 10 anos pegava ônibus para fazer aulas de piano, o senhor de bengala, óculos acinzentados, chapéu preto, calça marrom, esperava eu sentar e em pé ao meu lado esfregava no meu braço. O motorista um dia percebeu e fez ele descer. Nunca contei com medo de ficar sem aula de piano." (Mariazinha)

"Eu devia ter uns 14 anos. Tive que sair correndo e me esconder dentro de uma loja movimentada em um shopping pq um grupo de marmanjos achou divertido sair em bando para encurralar uma adolescente." (Fernanda)

"Qdo eu tinha 8 anos brincava na rua de subir no muro e pular. Um homem passou por mim e disse q ia me ensinar a trepar. Eu sorri e disse q já sabia e mostrei, subindo e pulando. E ele disse: 'Vou te ensinar a trepar com tesão'. Percebi o tom de voz estranho dele e corri pra casa." (Gigica)

"Quando tinha uns 8 anos, estava no ônibus escolar e um motorista de carro emparelhou o carro com a lateral de ônibus, achou que PINTOU UM CLIMA e se masturbou de forma que nós víssemos. O motorista notou e acelerou o ônibus." (Katiane)

"Eu tinha 14 anos e minha irmã 8. Minha mãe pediu q eu fosse de ônibus até o centro, ela nos encontraria lá para fazermos nosso RG. Um homem sentado na nossa frente tirou o pênis pra fora e começou a se masturbar no ônibus lotado. Ninguém fez nada. Eu q gritei e comecei a bater nele." (FernandW)

"Quando eu tinha 12 anos, um senhor de uns 65 anos da igreja dos meus pais, que sempre frequentou minha casa, me abordou na rua e falou que já me amava desde que eu era pequenininha e que agora q eu já estava moça ele queria se casar comigo. Eu fugi e nunca mais falei com ele, peguei um ódio mortal dele nesse dia, pois ele falou q só ia na minha casa visitar meus pais pra me ver e que já sentia atração por mim desde que eu era pequena, que precisava muito de mim, me senti segura quando ele morreu." (Vy)

"Tinha 13 anos, meu pai fazia tratamento de câncer em SP. Minha mãe deixou que eu e minha irmã fôssemos passar o finde na casa de umas amigas. Todos no sofá, vendo filme, o pai delas começa a passar a mão nas minhas pernas. Fiquei paralisada e só muitos anos depois consegui contar." (Jô)

"Aos 8 anos, na porta da casa de uma colega, um velho achou que pintou um clima, pediu uma informação para se aproximar e agarrou a minha mão e colocou no pênis dele." (Gabriela)

"Eu já fiz um relato pesado aqui de estupro que sofri quando tinha 20 anos. Hj aos 47 após ficar viúva (perdi meu marido ano passado pra covid e negligência desse governo) o mecânico de meu marido disse que se eu quisesse poderia pagar o conserto do carro de outra maneira." (Claudia)

"Eu tinha 8/9 anos quando os vizinhos começaram a tentar me tocar, depois que fui crescendo 11 anos por aí, só foi piorando. Foi um assédio atrás do outro." (Wellyna)

"Aos 5 anos sofri a minha primeira violência sexual, através da pessoa que DEVERIA me proteger! Meu pai! Minha mãe alcoólatra não via ou fingia que não via… sei lá! Mas era diariamente os abusos. Tive que casar cedo para me livrar disso, mas graças a Deus eu encontrei um cara parceiro que me ama mesmo com as cicatrizes desses sucessivos abusos! Não consigo ter amigos e não confio em ninguém, além de ter desenvolvido outras situações. Hoje meu pai está ficando cego graças a diabetes. E eu já o perdoei pq não quero perpetuar ódio!" (Larissa)

"Qdo criança e adolescente sofri vários assédios d homens mais velhos. É repugnante e sempre muito constrangedor e assustador. E acredito q esses homens achem normal fazer isso. Acho q a maioria das meninas já passou por algum tipo d assédio." (Sheyla)

"Eu tinha 15/16 anos e estava com uma amiga e a mãe dela no aeroporto, porque ela precisava resolver um problema na passagem dela. Um velho nojento passou e perguntou em inglês: 'Quanto é?' Eu nem entendi o que ele quis dizer, na época." (Claudia)

"15 anos. Estuprada pelo tio do amigo. Que provavelmente me dopou pq pintou um clima tbm! Eu não sei nem definir meu sentimento! Não sei! Que desespero!" (Canhota)

"Tinha 6 anos e vinha da escola. Tinha 17 anos e fui tomar um passe com o dirigente de um Centro Espírita. Tinha 20 anos e fui discutir meu projeto de TCC com um professor. O único 'clima que pintou' em tds essas situações foi de aflição e desespero." (Simone)

"Entre 13 e 14 anos, um tio e um primo me assediaram com falas e gestos obscenos. Foi a duras penas que consegui superar esses traumas. O presidente representa todo esse horror." (Lili)

"Com 6-7 anos era abusada por um tio-avô. Com 9 por um vizinho.  Aos 13 por um cunhado. Todos homens que devem ter achado que 'pintou um clima' com uma criança." (Bora13)

"Eu tinha 11 anos e tive q ser empregada na casa de tios, dormindo lá. Todas as noites, prq pintou um clima, ele tapava minha boca e me assediava. Eu não podia contar a ninguém prq na época diriam q a empregadinha tinha seduzido. Além do mais eu não tinha p/onde ir morar. Absurdo!" (Miriam)

"Eu tinha uns 10 anos, estava na rua com a minha família, de repente um velho me chamou, eu, na inocência, fui até ele, me perguntou quanto eu cobraria para 'sair' com ele! Tenho 44 anos e até hoje essa cena está presente na minha cabeça!" (Janete)

"Aos 6 anos de idade, meu primo, hoje bolsonarista, cidadão de bem, conservador, provavelmente acreditou que #PintouUmClima e abusou de mim algumas vezes." (Meire)

"Um dos primeiros que eu lembro, aos 5 eu tava no mercado e me afastei um pouco da minha mãe, um velho parou na minha frente e alisou a minha barriga. Minha mãe e minha tia chegaram q nem duas leoas e ficaram gritando muito com ele, eu só fui entender mto tempo depois. Mais tarde, na virada da adolescência era um festival de carro parando na rua pra pedir Informações e o motorista pedindo pra eu entrar e mostrar o caminho, q dpois me levava de volta (ainda bem q minha mãe me orientou sobre isso)." (Kaella)

"Assediador, comigo, se ferra! Aos 14 anos, enfiei um alfinete -- daqueles usados para prender fralda de criança -- no braço de um mané que tentou se esfregar em mim no ônibus. Aos 21, quebrei o nariz e os óculos de um tarado que foi me atacar no banheiro da redação do jornal." (Célia)

"Eu tinha 8 anos e ele uns 50 e por algum motivo ele achou que rolou um clima mas eu só tava dormindo." (13)

"Aos 16, sofri assédio do patrão advogado. Aos 18, fui seguida na rua. Era domingo, 20h, em uma cidade do interior. O homem me segurou e ficou repetindo 'Abaixa a calça senão eu passo fogo.' Enfrentei, gritei e e me salvei." (Lirana)

"8 anos - o padrasto de uma coleguinha me puxou e me colocou no colo dele enquanto eu nadava numa lagoa. Ele estava de P* duro. Isso com a minha família toda sentada na areia não muito distante de mim. Sofri muito achando que podia engravidar daquele jeito pq foi na água. Quando eu tinha 13 um vizinho adulto que tinha a janela virada para minha janela do quarto começou a jogar ursinhos de pelúcia e cartas dizendo que me queria no seu quarto. Uma vez olhei pra fora e ele estava pelado na janela se masturbando. Eu nunca mais fiquei de janela aberta." (Lilica)

"Eles tiram nossa inocência, nossa infância, a liberdade de brincar na rua, de usar short no verão, de passar batom, de usar transporte público. Eles cortam pedacinhos da gente, que a gente cede por medo. Imaginar que as pessoas vão VOTAR nesse assediador pra presidente é absurdo." (Anna)

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