Guidi Vieira é musicista e já colaborou com outros excelentes guest posts aqui.
Deu (ainda mais) vontade de escrever sobre maternidade e família após ler o texto sobre menopausa. E os comentários sobre o texto...
Sou uma mulher de 36 anos e sem filhos. Eu e meu companheiro estamos juntos há oito anos, em um relacionamento que decorreu de uma longa amizade. Temos muita afinidade, em geral, e neste aspecto também: nunca que a vontade de ter filhos pintou, em nenhum dos dois. No início do namoro achávamos até que algum dia talvez pudéssemos querer, mas este querer não está chegando e não sei se algum dia chegará.
Nossa rotina é alegre e a sensação é: não falta nada. Só o que "falta" é algo relacionado à eterna insatisfação do ser humano, que, no meu caso, se canaliza na arte. Uma espécie de "angústia boa", que me move a fazer músicas, escrever livros, fazer programas de rádio. O que me move é a minha vontade de criar. Grande parte de minha energia vai para isso. E o engraçado é que as coisas que eu crio geralmente abordam a vaidade e o ego.
Este, diria, é o meu grande mote. Acho que esta duplinha é o grande problema da humanidade. É o que nos leva à ânsia por poder. E à desigualdade. E à vontade de sermos vencedores apenas para vermos os diversos perdedores, lá embaixo, sofrendo, "piores" do que nós. Somos uma sociedade com baixíssima autoestima. Só nos resta, mesmo, a vaidade para camuflarmos o vazio existencial e todas as humilhações já sofridas. E perpetuamos a corrente, humilhando sempre que possível, também. (Aliás, Lola, te admiro imensamente pela sua falta de ego/ vaidade/ arrogância/ elitismo etc. na hora de escrever e se comunicar.)
Mas, voltando à questão da não maternidade: acho interessante a utilização da palavra egoísmo para culpar quem escolhe viver sem filhos. Acho quase que o contrário disso, às vezes (e só às vezes). Sejamos francos: por que temos filhos? Às vezes (e só às vezes) o que nos leva a esta decisão é uma grande vontade de satisfazer o próprio ego. Um filho como eu. Um mini-eu. "Eu que fiz". Realizei uma grande coisa nesta vida: tive filho(s).
A meu ver, pode ser bem mais egoísta ter filhos do que não tê-los, dependendo do ponto de vista. Pensando no meio ambiente, por exemplo: já estamos em uma situação bem crítica em relação à água. E a superpopulação é um problema mais do que grave. Quem não tem filhos está mesmo sendo inconsequente? Tendo a achar o contrário.
O que nos leva a querer ter filhos? Insisto nessa pergunta. E ainda pergunto: esse "sonho" é seu, mesmo? De fato é um desejo, ou apenas uma obrigação que você travestiu de vontade, para não se sentir estranho?
Vivemos em uma sociedade que despreza a mulher infértil, é notório. "É tão ruim que deve ser seca por dentro". Já ouvi este comentário maldoso sobre uma mulher que não conseguia engravidar, e cada uma de nós já deve ter ouvido algo parecido, ao menos uma vez na vida. Ao mesmo tempo, desprezamos as mães solo, nos impacientamos com as grávidas nas filas e nos ônibus. Seja mãe, mas não incomode, pô!
Outra coisa na qual penso sempre: há uma quantidade ABISSAL de crianças precisando ser adotadas. Crianças que ficariam imensamente felizes com um lar, pais, talvez irmãos. Mas, não. Façamos mais filhos! No fundo, no fundo, a sociedade, em geral, acha que filho adotivo não é filho. É esse o (baixo) nível. É esse o senso comum. Esse pensamento ridículo de "sangue do meu sangue". Tenho verdadeira aversão a esta expressão, aliás.
Mas, pior ainda, é que geralmente não se para para pensar no assunto "ter filhos" com seriedade. Não se reflete sobre o que é ter um filho, não se reflete sobre como a vida muda total e completamente. Uma questão séria, como essa, nós tratamos como se fosse uma coisa qualquer, não opcional, intrínseca, "faz parte da vida".
O que observo, todo santo dia, é isso: pessoas brincando de repetir. "Meus pais tiveram três filhos, quero ter três filhos também, para criar o mesmo ambiente que tive na minha casa." Por que não conseguimos crescer? Por que esse jogo de imitação? Há tantas alternativas, tantas formas de viver. Daí nós temos os filhos e achamos que "família é tudo", até o dia em que descobrimos que o que nós queríamos, mesmo, era ter outro tipo de vida. E o que se faz? Vive-se infeliz. Ou deixa-se a família para tentar recuperar a juventude perdida, num ato extremamente (aí sim, sem dúvidas) egoísta. Era vital ter pensado profundamente sobre o assunto antes. Ninguém sairia machucado.
Repito: penso que há diversas formas de viver. Há diversas alternativas. Há quem viva de e para a arte. Há quem viva de e para as viagens -- os viajantes sem dinheiro, sem muita segurança, sem estabilidade. Há os que vivam para a música, em uma relação obsessiva e maravilhosa, ao mesmo tempo, entregues de corpo e alma (como João Gilberto). Há quem viva para os animais, para protegê-los, e neles encontre verdadeira satisfação emocional. Há quem viva para a ciência, e por ela seja um apaixonado exclusivo. Há quem viva para a caridade, como tantas pessoas admiráveis que, se eu falar, vai parecer pieguismo. Mas sabemos quem são.
Há tanta coisa por aí! Como descobrir o que queremos? Quem somos? Que tipo de vida nos satisfaz, nos dá a real alegria e motivação? O que nos enche o coração? Necessariamente a vida é casar, ter filhos, ficar feliz ou frustrado com isso, envelhecer contando que os filhos estarão por perto (arriscadíssimo contar com isso)? Em um mundo de quase oito bilhões de pessoas não faz sentido que pensemos sinceramente que, para todos esses indivíduos, a fórmula "ter filhos" funcione perfeitamente.
Quantas famílias violentas você conhece? De quantas histórias horríveis passadas em núcleos familiares você já teve notícia? Eu não consigo nem contabilizar. A família pode ser um ambiente de segurança, amor e instrução, mas, infelizmente, também pode ser um ambiente ditador, despótico, onde um tirano resolve mandar nos outros membros e, como o que se passa entre quatro paredes é mais difícil de ser visto por terceiros, a coisa pode rolar, violenta e destrutiva, por anos e anos. Claramente quem gosta de bater, humilhar, xingar, diminuir e dominar nunca deveria ter filhos.
Penso cada dia mais nesse assunto. A cada dia que passa entendo mais a família que tive, a família que ainda tenho, a família que criei com meu companheiro. E observo atentamente as famílias que me cercam: meus vizinhos, meus amigos e seus pais, meus amigos e seus filhos. Gosto muito de pensar sobre este assunto. Exatamente porque ele tem diversos desdobramentos, porque não há uma verdade absoluta sobre este tópico.
Exatamente porque coisas que aconteceram na minha infância eu só fui entendendo depois de adulta, e a cada dia descubro algo mais, avaliando tudo com distância e bastante senso crítico. Porque certas coisas pedem muitos anos para que sejam digeridas: algumas péssimas, outras boas, outras sutis, outras simbólicas.
Nada pode ser deixado ao léu. Eu, ao menos, gosto de pensar em tudo. Gosto de entender o que vivi, de encarar sem floreios e autoenganos. Nada tira o encanto do que foi encantador. Mas nada tira o horror do que foi horroroso. Não há romantismo imposto que vá fazer com que eu olhe para a família, em geral, de um jeito indiscutivelmente positivo. Não. Tudo depende. De que tipo de família estamos falando? Há diálogo? Há respeito pelas crianças? Pelas mulheres? Os filhos e as filhas têm a mesma liberdade? A esposa é tratada como mais uma das crianças? É tratada como a empregada da casa?
Acho que este tipo de reflexão vale muito para todos nós, e especialmente para quem está pensando em constituir família. Há uma responsabilidade grande nisso. E sei que uma vida em família pode ser muito boa, pois também conheço grupos familiares plenos de respeito e afeto. É possível! E eu torço para que a gente se inspire sempre nessas pessoas. Mas sem jamais romantizar nada, porque somos adultos e não precisamos disso. Somos plenamente capazes de olhar para nossas próprias vidas e nossos anseios sem nenhuma capa enganadora.
O ECA é totalmente pró-pedofilia e por isso deve ser queimado e declarado maldito, nunca comemorado. Quem defende o ECA deve ser excomungado.
ResponderExcluirEle proibe dar armas e munições a crianças e adolescentes; ou seja, impede que crianças e adolescentes aprendam a se defender contra pedófilos
Proibe ainda que as crianças trabalhem e ganhem dinheiro, nao podendo assim contratar seguranças e guiar carros blindados (alias nenhum carro ja q o codigo de transito tbm tira das crianças a liberdade de dirigir)
Crianças devem inclusive ser instruídas em armas e veículos militares pesados, pois numa guerra de resistência isso liberaria os adultos pra lutar na posição mais extenuante de infantaria leve
Agora no dia q essa merda de ECA completa 30 anos, a Damares lança um projeto comemorativo pra punir abusadores de crianças
Ora, abusadores de crianças devem ser condenados à mesma pena capital que a Damares é contra, e pra isso nao precisa de ECA e sim de codigo penal. Alias o ECA impede que abusadores menores de idade sejam devidamente punidos pq impoe a maldita maioridade penal
A melhor defesa contra abusadores é armamento na mão da vítima!!! Criança armada não é abusada!
Acabem com o ECA!!!!
Esse comentário é alucinação pura, maluquice do começo ao fim kkkkkkkk
ExcluirCara diminua as drogas pesadas que você está usando imediatamente!!
Excluir(...)pode ser bem mais egoísta ter filhos do que não tê-los - tem que ser muito cego, estúpido ou mal caráter mesmo pra não enxergar isso.
ResponderExcluirUma fatia IMENSA das pessoas que tem filhos ou é por vaidade ou pra curar algum tipo de vazio existencial... (e aqui vai a "grande novidade" - você vai continuar vazio por dentro. Não use outros seres vivos para te curar de p*** nenhuma... é doentio!!! Procure ajuda profissional e não arraste inocentes pro teu buraco)
Muito bem colocado sobre a romantização. Eu to falando isso faz eras!!! Imaginem a quantidade de sofrimento de pais, avós e filhos seria poupado se essa romantização da maternidade e dos relacionamentos amorosos acabassem. Quantos traumas, quanta violência, quanto atraso de vida seria evitado...
E por fim mas não menos importante: Por qur raios É TÃO DIFÍCIL falar de responsabilidade reprodutiva?
Parece tão obvio que dói, mas não há tampa de bueiro que não abra e saia um monte de gente histérica salivando, com olhos arregalados de raiva e pronto para te estripar quando você tenta sugerir que as pessoas deveriam refletir minimamente antes de colocar mais um miserável nesse mundo.
Ah.. e preciso falar (do óbvio ululante) do impacto meteórico (INÚMERAS vezes negativo) da maternidade na vida e no desenvolvimento pessoal das mulheres? Acho que esse já está bem claro... ou?
Jane Doe
Ué e porque a esquerda brasileira é contra aquela campanha: "só tenha filhos que você puder criar."? Pensei que era pras mulheres ter filho pra manter a taxa de reposição de mão de obra.
ResponderExcluirMais um dos motivos que eu passei a detestar a esquerda e seriamente duvidar do feminismo (que é basicamente de esquerda, pela esquerda e para esquerda). Isso é outra coisa que me dá náusea - Eu não sou e nenhuma mulher deveria ser matriz reprodutora governamental pra produzir em massa pagadores de impostos/aposentadorias.
ExcluirPor que assim como é genocídio e anti bíblico falar de reprodução/parentagem responsável é uma afronta aos direitos e a dignidade humana falar de educação financeira, trabalho e produtividade (mas abuso infaltil por conta de estupidez política e religiosa é ok).
Independente da crença política/religiosa, de cor, raça, gênero etc. É muito mais fácil, como sempre, culpar "as putas" por todos os males do mundo
Jane Doe
Você pensou certo, por mais cruel que pareça mas a principal função da mulher dentro de qualquer nação é gerar recursos humanos, e caso isso não seja o suficiente ocorre o que está ocorrendo em alguns países europeus, que é a reforma da previdência por falta de recursos humanos em idade de trabalho (aqui no Brasil é por falta de vagas de trabalho), isso pode-se ser resolvido com imigrantes, mas dependendo da situação do país e não me refiro somente a situação econômica, mas principalmente a situação racial que se encontra as diferentes etnias no país que irá receber uma grande quantidade de imigrantes em pouco tempo, como ocorre nos EUA onde existe todo um racismo de todas as outras etnias contra a população negra (e também da própria população negra contra ela mesma, devido as gangues), onde os bairros em muitos casos é dividida tanto por etnias quanto nacionalidade onde o tamanho de cada bairro "étnico e nacional" é muitas vezes demilitado pelas gangues/mafia, pontos de tráfico e interesse, etc... Somado ao fato de que a mão de obra fornecida por imigrantes ilegais é infinitamente mais barata que a da população negra local, e tendo a vantagem de poder explorar essa mão de obra a níveis de escravidão, e caso seja mulher poder ESTUPRAR ela a vontade porque sabe que ela ficará calada, para evitar ser deportada de volta ao seu país de origem, afinal muitas imigrantes ilegais principalmente vindas do México e outros países latinos passam pelo inferno antes de chegar ao EUA, principalmente nas mãos dos atravessadores, e em muitos casos essas mulheres são obrigadas a verem suas filhas e filhos serem estuprados na sua frente enquanto elas mesmas também são estupradas na frente dos filhos e companheiro, e as vezes é estuprada em cima do corpo do companheiro e talvez filhos caso esse tente defender a família; e por causa disto que elas preferem ficar caladas afinal melhor só ter um único estuprador, ou alguns caso seja empregada doméstica do que ter que se prostituir ou pior caso tenha que trabalhar para algum traficante...
Excluir... Também existe a questão bélica onde a importância de produzir recursos humanos pode mudar os rumos de conflitos, como acontece na Índia, onde a população é incentivada a se multiplicar por causa da China e sua enorme disponibilidade de recursos humanos.
ExcluirE nesses casos mulheres são apenas procriadoras como aconteceu na Alemanha nazista, com a diferença de que elas não ganham medalhas por produzir muitos recursos humanos a sua nação.
E como vocês podem ver o fato de se ter ou não filhos, não é algo simples quando se leva em conta o macrocosmo que é o país de cada um, e cada país procura por formas diferentes de resolver os seus problemas, e em muitas vezes isso implica em tratar mulheres como simples úteros com pernas para o bem das próximas gerações, ou tirar dinheiro de aéreas importantes incluindo aposentadoria para realocar esse dinheiro em setores de defesa. Ou seja a realidade é cruel com as mulheres.
O fato de eu ter falado de como certas coisas acontecem nos EUA em relação aos imigrantes e não sobre o Brasil, é pelo fato de ser muito mais fácil encontrar dados de lá do que daqui, afinal nossos repórteres estão mais preocupados em fazer matérias sobre cantora que usou um short enfiado no cú, ou escrever fake news sobre humorista porque ele fez uma piada sobre a sua banda de k-pop favorita ou então fazer matérias sobre alguém que têm um pato de estimação, cabra, cavalo, do que realmente fazer matérias sérias; mas quando o fazem a população só se preocupa em ler a matéria sobre animais e a cantora com o short enfiado no cú.
Gostaria de ter escrito esse texto. Parabéns!!
ResponderExcluirTexto maravilhoso! Realmente as pessoas têm em suas cabeças que mulheres querem mais que tudo ter filhos, quase como se esse fosse o destino preferido de suas vidas. Porém todos querem mais, todos têm um sonho que os motiva e talvez, se esse alguém
ResponderExcluirdesejar ser mãe ou pai, também deva pensar que seria melhor nesse papel se se conhecesse melhor e fosse capaz de lutar pelo que realmente deseja, pois têm tantas pessoas, especialmente jovens, e esta é uma realidade dos interiores, que vão ser mães sem que possam realmente se indagar sobre o que querem do futuro. Mas, é claro, que é mais complicado pensar sobre a vida no interior, que é marcada por desigualdades absurdas...
Pois quando alguém pergunta porque fulano ou cicrana quer filhos, só ouço respostas egoístas: pra perpetuar minha linhagem (isso não existe), pra passar meu DNA adiante ( um DNA de merda cheio de falhas horrendas que nunca teria se perpetuado não fosse a invenção do patriarcado), pra continuar minha carne e meu sangue (vão apodrecer junto com você debaixo da terra, porque seus filhos não são suas cópias), pra eu sentir o maior amor do mundo (quando descobrem que não era bem assim, quem mais sofre é a criança), etc. É só "EU, EU, EU, EU" e nunca um pensamento sobre a criança.
ResponderExcluirNinguém reflete se vai saber cuidar, se ao menos você se sente feliz com sua vida, se seu filho gostaria da vida que você ode dar a ele/ela, se tem algo nesse mundo que valha a pena conhecer, nada. Apenas egocentrismo e vaidade. A última coisa que importa mesmo é o filho; é tudo ego e vaidade dos pais.
Jane Doe, pra gente isso está mais do que claro. O problema é o povo ver como a maternidade ferra a vida da mãe e mesmo assim insiste em ter, porque acha que com ela vai ser diferente...
15:21 isso é o que acontece quando você toma caipirinha de cloroquina na maamdaeira de piroca depois de cheirar nióbio. Vai morrer numa guerra que você ganha mais.
Interessante esta postagem!! Nós faz pensar !!
ResponderExcluirLola
ResponderExcluirParticipei de uma audiência pública online sobre aborto em 2016. Foi marcante no twitter a participação de várias feministas no twittaço. Na ocasião estavam Winter, Lelis, e uma médica que não lembro o nome. Hoje recebi o certificado de participação, sem ter solicitado, nem lembrava ter me inscrito. Mas 2016 não estávamos com medo...
Gelei ao receber o email. Você recebeu? Porque estão revisitando isso?
No Brasil existem muito mais pessoas querendo adotar do que crianças disponíveis para adoção. O problema principal é a burocracia.
ResponderExcluir03:12 não anon, o problema principal é que as pessoas que querem adotar no Brasil só querem meninas recém-nascidas brancas e sem necessidades especiais. A maioria das crianças disponíveis para adoção no Brasil são meninos negros com mais de 5 anos e irmãos, que a lei não permite separar. Esses mofam nos abrigos até fazer 18 depois a maioria é jogada na rua sem nada.
ResponderExcluir15:57 concordo com o Alan Alriga. Quaisquer que sejam as drogas, pare. Pare enquanto ainda resta um neurônio meio vivo na sua caixa craniana.
titia,
ResponderExcluirAssino embaixo. Eu pensei em ter filhos quando era mais nova, mas aí eu parei pra pensar... Minha saúde física é boa, mas minha família carrega uma penca de doenças hereditárias, se eu escapei até agora, quem sabe se um filho meu escaparia? Juntam os problemas de saúde mental, que quando me derrubam me deixam sem poder cuidar nem de mim, e o medo de que ficassem ainda piores durante uma gravidez.
Não achei justo trazer uma criança pro mundo quando eu sabia que não poderia prover o melhor cuidado possível. Poderia sustentar? Sim. Poderia dar todo o apoio emocional e educar uma criança como merece, com amor e paciência? Receio que não. Acabei fazendo a escolha de não tê-los, e não me arrependo.
Adorei o texto! Tenho refletido bastante sobre o assunto, pois estou prestes a fazer 31 anos, morando junto com meu esposo há cinco anos, e inevitavelmente a questão chega a nós, seja espontaneamente (cultura né, parece que é o próximo passo) ou por pressão social (muita). Eu nunca entendi essa ideia de ter filhos como algo decidido na minha vida, sempre achei que fosse ter, por uma questão de "lei da vida", mas nunca me apeguei muito. Os anos foram passando e eu achei que, num belo dia, eu saberia. Infelizmente até hoje não sei hahaha. Se for colocar no papel, pra mim, tem muito mais contra que coisa favorável (pelas mesmas razões do texto), então tenho tentado refletir sobre qual razão faz uma mulher consciente optar por ter filhos (lógico, considerando a mulher que pode fazer essa escolha, por ter estrutura financeira, familiar, informação, etc).
ResponderExcluirAs mulheres que conheço e tiveram filhos, o fizeram por algo como "é natural", "pra completar", "relógio biológico chamando", "dar um irmão ao meu filho ou um neto aos meus pais" (e TODAS as que eu conheço melhor são sobrecarregadas). Eu queria muito mesmo conhecer alguém que entende toda a questão da maternidade compulsória e romantizada, da parentalidade responsável, do machismo, e ainda assim opta por engravidar; queria saber o que faz essa pessoa, apesar de tudo, escolher viver isso. Não porque eu discorde (quem sou eu pra julgar), não porque eu ache que essa pessoa é egoísta ou doida, mas porque tenho pensado muito no assunto e ainda não tive contato com nenhuma mulher nessa situação, pra me mostrar o outro lado.
O que torna tudo isso melhor e suportável é a oportunidade que um filho nos dá de olhar novamente para as coisas como se fosse a primeira vez que as vemos. É muito gostoso acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de uma criança. Ter um filho é uma forma de renovar as esperanças no futuro. E sim, mesmo com outro adulto muito presente na criação, todos ficamos sobrecarregados. São necessários uns quatro adultos para cuidar de uma criança e na nossa sociedade todo esse trabalho na melhor das hipóteses recai sobre duas pessoas (geralmente a mãe e a avó, não necessariamente mãe e pai). Eu tenho total consciência dos problemas da romantização, do machismo que penetra todas as esferas da maternidade, reconheço as renúncias que faço e sou forçada a fazer pelo meu filho. Mas amo ser mãe. Me realizo na construção do vínculo que tenho com meu filho. E não descarto ter um segundo. Acredito que é preciso e possível ter um olhar feminista para a maternidade e que maternar é também uma forma de agir politicamente no mundo.
ExcluirPor que será que eu tenho a impressão que MUITA, MAS MUITA GENTE MESMO iria se satisfazer imensamente caso o mundo se tornasse Gilead e boa parte de nós fôssemos Handmaids?
ResponderExcluirPara os futuros Comandantes, suas devotadas esposas e tias Lidia - por favor, atirem na minha cabeça, me mandem para um campo de trabalho forçado onde o ar é venenoso. Sério, eu acho mais digno morrer assim do que viver sendo estuprada pra gerar recursos humanos...
Jane Doe
Jane, eu não estava me referindo a um mundo futuro, mas sim de como já é e sempre foi o nosso mundo; tanto que realmente existem handmaids na vida real, principalmente nas plantações de Coca, onde a realidade das mulheres que são sequestradas para virar escravas, principalmente escravas sexuais para gerar mais escravos até não servirem mais e serem mortas e esquartejadas, esqueci que nos grupos de guerrilheiros socialistas isso também acontece, só que com sadiferença que depois que a mulher é esquartejada eles seguram a cabeça dela e falam: "que quem matou elas, foi o capitalismo e não eles", e adivinha só, ninguém se importa com essas mulheres e o pior que já cheguei a ver muita gente chamando esses traficantes de vítimas da sociedade e que os guerrilheiros fazem isso por uma causa NOBRE.
Excluir"No Brasil existem muito mais pessoas querendo adotar do que crianças disponíveis para adoção. O problema principal é a burocracia.
ResponderExcluir16 de julho de 2020 03:12"
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Eu gostaria muito que isso fosse verdade. Pena que não é. Como a titia apontou, infelizmente há uma idealização ridícula, que nada tem a ver com o sentimento, mas com "preencher as fichas que a sociedade pede". Tem que adotar porque todo mundo tem que ter filho, então, que seja um bebê, para ficar menos "estranho" do que surgir, certo dia, com uma criança maiorzinha. Negros, então, nem se fala. São os últimos da lista, como sempre. Talvez isso esteja melhorando, seja porque a discussão sobre o racismo anda cada vez mais ampla, seja porque diversas pessoas conhecidas do grande público têm adotado crianças negras. Mas, jamais, vivemos essa utopia aí, onde há mais gente querendo adotar do que crianças precisando de um lar. Quem dera!
Texto excelente! Elogio dado, passei os olhos por alguns dos comentários, tem gente que não devia usar internet.
ResponderExcluirJá pensei em adoção. Mas desisti. Colocando na ponta do lápis todas as despesas que teria com uma criança-adolescente-jovem adulto, sabe-se lá até que idade, cheguei à conclusão de que não é pro meu bolso. Escola particular, alimentação, plano de saúde, vestuário, um mínimo de lazer, transporte, livros. Uma vida decente sem luxos já custa muito caro no Brasil sem filho(a). Tendo-o(s) seria mais caro ainda. Íamos acabar tendo uma vida ruim, e talvez eu descontasse minhas frustrações nele(s). Ou em mim mesmo, numa depressão ou noutros transtornos psicológicos. Depois da reforma da previdência então... Foi a pá de cal na possibilidade de adoção que passava pela minha cabeça. Tudo o que está tramitando no Congresso Nacional empobrece as pessoas comuns. Aprovada a reforma da previdência, que vai tornar pior o futuro da maioria de nós, vão aprovar uma reforma administrativa que vai piorar o presente de muita gente no serviço público, o último refúgio. Até com isso vão acabar ou piorar bastante. E, como acharam pouco o que já aprovaram da reforma trabalhista, vão passar mais medidas que vão diminuir ainda mais os salários na iniciativa privada. Querem criar o trabalhador horista, sem cobertura previdenciária alguma, e sem ganhar pelos fins de semana. Querem acabar com a remuneração do tempo que o trabalhador fica à disposição do patrão sem efetivamente trabalhar. O plano é que os atuais empregados banquem os novos empregos, dividindo a renda atual por 02 ou 03, quando der. Já sofri muito com a homofobia. Mas de uns tempos pra cá venho agradecendo a Deus por ser gay. Pra um gay é mais fácil não ter filho. Ter é remar contra a maré. Exige mais esforço. Pros héteros é o contrário. Tem que fazer controle de natalidade. E lidar com todo tipo de pressão. São os pais de um perguntando pelo netinho. Os pais da outra também. No trabalho sempre tem alguém inconveniente perguntando quando vai chegar "o herdeiro" (expressão brega, irritante e odiosa). A coerção social pra ter filhos é terrível em cima de vocês. Mas força na peruca. Se não têm certeza se querem não tenham. Na dúvida é melhor não ter. E experimentem saber o preço da mensalidade de uma boa escola na cidade. E se lembrem: sua aposentadoria será pior que a de seus pais e avós. Se o Brasil e o mundo não são pra amadores, a parentelidade é menos ainda. Se depois da lista de prós e contras a resposta ainda for sim, preparem bem o bolso, um dos órgãos mais sensíveis do corpo humano. Vai doer. E a dor vai ser toda sua e do outro fornecedor(a) de metade do material genético do novo ser: quem te cobrou a maternidade ou paternidade quando muito vai te dar um pacote de fraldas no chá de bebê. E só uma vez.
ResponderExcluirPerfeito! Excelente comentário! Assino embaixo.
ExcluirEu sou uma que nada contra a maré, adoção nem sempre é a melhor opção pra uma pessoa sem pais! Já viram quantos relatos de pessoas abusadas pelos pais, padrastos, familiares, vizinhos etc tem aqui no site da Lola, em páginas de notícias policiais ou qualquer outro que fala do assunto? Os maiores casos de estupros acontecem nos seios das famílias (principalmente adotivas quando o "pai" não vê a menina como sua filha!), pois a casa é o abrigo do indivíduo, mesmo com um mandato judicial não se entra a a qualquer hora e uma fiscalização do Estado é super difícil!
ResponderExcluirJá em um abrigo/orfanato, as meninas tem muito menos contato com homens adultos (possíveis molestadores) e não é comum ficarem sozinhas com eles, a maioria das cuidadoras são mulheres e estão preparadas pra isso (o que não acontece sempre com pais), estou falando que é impossível acontecer abuso em uma Instituição? Claro que não, mas pesquisem e vejam se encontram denúncias e relatos, no próprio blog da Lola existem relatos até de famílias mormóns que devem ser menos que orfanatos, tem gente abusada de todo tipo e a única coisa em comum é que ninguém veio de um abrigo, todas foram abusadas pela família.
Ah, Titia, e eu fui criada em um, não é verdade que " a maioria é jogada na rua sem nada." esse é um dos mitos que tento combater, além da generalização comum que abrigos são lugares ruins, eles te dão todo apoio pra você encontrar um trabalho, te recebem bem sempre que você precisar de abrigo e tratam melhor que muitos pais que querem o filho longe.
J a genética da minha família também é uma merda, lúpus, alzheimer, parkinson, diabetes, cardiopatias de todo tipo. E psicologicamente, além de termos tendência à depressão, eu e meus irmãos fomos criados de forma abusiva por uma família em que violência é a base de todos os relacionamentos. Todos. Além de não ter condições psicológicas e emocionais de criar uma criança, não tenho boas condições materiais e nem uma genética sadável. Fico feliz por ter encontrado o blog da Lola e todas as pessoas que me ensinaram que não era obrigação minha ter filho antes que eu fizesse justamente essa burrada.
ResponderExcluir09:18 que bom, fico muito feliz por você ter crescido num lugar tão bom. Mas considerando o país em que vivemos e o modo como nossa sociedade vê as crianças, duvido que a maioria dos abrigos seja assim bom. Até porque abuso sexual não é cometido só por homens e nem todo abuso é sexual.
Titia, eu que escrevi o comentário de 09:18 e faço um desafio. Procure informações de quem realmente vive, viveu ou trabalha/trabalhou em algum orfanato. Muita gente fala com preconceito, isso me incomoda, como se fosse a pior coisa do mundo morar em um.
ResponderExcluirEm uma googlada de poucos minutos você encontra notícias de pessoas que sofreram abusos do todo tipo em qualquer Estado brasieiro, veja quantos foram em famílias e se há pelo menos um relato de alguém que cresceu em algum orfanato, te garanto que não vai encontrar nem 0,0001% (isso se houver algum), nem precisa me falar se aceitar o desafio, mas se fizer, vai se surpreender.
Então, sabendo que existem muitas crianças sem família que crescem nesses lares, fica a pergunta, porque as pessoas que sofrem dos pais que em tese machuca bem mais que um estranho denunciam nem que seja 10 anos depois e as pessoas que sofrem em abrigos não denunciam? A resposta é simples, pode acontecer sim mas é muito mais raro.
É justamente por conta desse pensamento ocidental de não ter filhos que o islã dominará o mundo em menos de duas gerações.
ResponderExcluirEm menos de 100 anos os muçulmanos serão a maioria da população mundial e, consequentemente, serão vencedores em todas as eleições.