Ontem a jornalista Nina Lemos, que tem uma coluna no UOL, me pediu pra explicar por que Sara Winter não é ex-feminista. Eu enviei o texto abaixo, que foi publicado hoje. Aqui acrescento algumas novidades.
Como feminista, me incomoda muito que Sara Giromini, hoje abertamente antifeminista, se defina (e seja definida por muitos) como ex-feminista. Mentirosa como é, ela inclusive se vende como ter sido a maior feminista do Brasil e ser pioneira do feminismo no país. Nada mais longe da verdade. Isso é um total desrespeito às mulheres que lutam por direitos há décadas.
Sara nunca foi feminista. Pelo contrário:
em 2011, ano da primeira Marcha das Vadias, ela criticou manifestantes por saírem às ruas com pouca roupa ou "roupa de puta". No texto que escreveu, ela concluía que a marcha só queria ibope que o Brasil estava copiando o que vinha do exterior. Menos de um ano depois, ela decidiu fazer exatamente o que desdenhava: inaugurou o Femen no Brasil, modelando o Femen Ucrânia.
em 2011, ano da primeira Marcha das Vadias, ela criticou manifestantes por saírem às ruas com pouca roupa ou "roupa de puta". No texto que escreveu, ela concluía que a marcha só queria ibope que o Brasil estava copiando o que vinha do exterior. Menos de um ano depois, ela decidiu fazer exatamente o que desdenhava: inaugurou o Femen no Brasil, modelando o Femen Ucrânia.
Cruz de ferro tatuada no peito |
Na mesma época que Sara atacava as feministas da Marcha das Vadias, ela seguia comunidades integralistas e nacionalistas no Orkut. Algumas mais suaves eram “Odeio o PT”, “Resistência Anti-Comunista”, “Amo a Rota”, “Sou fã de Jair Bolsonaro”. Durante seus 15 e 16 anos, Sara fotografava bandas nazis e as entrevistava. São bandas abertamente racistas, antissemitas, anti-comunistas, de orgulho branco, de alimentar o ódio. Numa das entrevistas, a pergunta dela para um nazista começava com: "Sei que tens muitos problemas com os negros, índios e outras escórias do nordeste". Nessa época ela já tinha uma cruz de ferro tatuada no peito e já adotava o nome artístico de Sara Winter, homenagem a uma espiã nazista.
Sara fez uma carreira lucrativa em cima de ter sido feminista. Nas palestras e testemunhos, ela diz que se curou do feminismo e que se arrepende. Nunca, porém, pediu desculpas por ter sido sido nazista.
Depois que foi expulsa do Femen, ainda em 2012, por desvio de verbas, Sara continuou tentando usar a marca, mas foi proibida pelo Femen Ucrânia, que encerrou suas atividades no Brasil. Sara começou então um grupo chamado Bastardxs, em julho de 2013. Não deu certo. Ela tinha que fazer atos cada vez mais chocantes para chamar a atenção, como se alçar com ganchos na pele e castrar um boneco de Bolsonaro. Mesmo assim, não conseguia um décimo dos holofotes que tinha no Femen.
Depois, seguiu um período perdida, em que gravou vídeos chorando dizendo odiar todos os homens, fez campanha para fazer parte do BBB (não foi aceita), gravou um comercial para o Dia dos Namorados com seu então noivo, um militar. Em 2015 ela já era cristã.
Em 2016 já voltara a ser uma fiel apoiadora de Bolso. Em 2018 tentou ser eleita deputada federal pelo DEM. Com pouco mais de 17 mil votos, não se elegeu. Mas foi chamada por Damares para ingressar no Ministério de Direitos Humanos. Agora está aí fazendo tudo que estamos vendo. A estratégia é a mesma do Femen: chamar a atenção a qualquer custo e ser presa.
Em 2016 já voltara a ser uma fiel apoiadora de Bolso. Em 2018 tentou ser eleita deputada federal pelo DEM. Com pouco mais de 17 mil votos, não se elegeu. Mas foi chamada por Damares para ingressar no Ministério de Direitos Humanos. Agora está aí fazendo tudo que estamos vendo. A estratégia é a mesma do Femen: chamar a atenção a qualquer custo e ser presa.
Sara nunca foi feminista e nunca deixou de ser de direita. Até quando estava no Femen fazia homenagens a Margaret Thatcher. Ela apenas se desviou momentaneamente do seu curso. Desde 2015 voltou às suas origens.
A novidade de hoje é que, mesmo que Sara saia da cadeia na sexta, quando se completam cinco dias da sua prisão temporária, esse breve período já terá servido pra alguma coisa. Ao preencher uma ficha na delegacia, Sara teve que ticar em "superior incompleto" como seu nível escolar. Isso chamou a atenção.
No primeiro semestre do ano passado, quando saiu a notícia de que Sara seria nomeada para um cargo no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, muita gente nas redes sociais questionou suas qualificações. Sara não gostou de ser considerada desqualificada e afirmou no Twitter que tinha "Graduação em Relações Internacionais, especialização em crimes na administração pública, experiência de 4 anos no campo da maternidade, conferencista internacional". Que se saiba, ela estava cursando R.I. em 2011, e trancou a faculdade particular à distância. Ninguém sabia se ela tinha voltado, se havia terminado. Mas quem precisa de graduação quando se tem "experiência no campo da maternidade"? Ô mães, fica a dica.
Falando sério! O UOL obteve, através da Lei de Acesso à Informação (maldita transparência!), o documento apresentado por Sara em maio de 2019 à pasta liderada por Damares. No currículo, Sara inclui no item "Formação", "graduação em Relações Internacionais, Uninter - 2019", e três cursos de extensão. Quanto a esses três cursos, não vejo problemas. São cursos, não diplomas, não títulos, e muita gente os inclui na categoria de "formação" do currículo. Mas percebam que, no Twitter, Sara havia dito ter especialização em crimes na administração pública". Curso de extensão não é especialização!
No seu site oficial, Sara diz ser "graduada em relações internacionais com formação especial em assessoria e marketing político, e pós-graduanda em ciência política". Aqui, várias mentiras. Ela não completou a graduação. Curso de extensão não é "formação especial". E ela estava cursando Ciência Política em qual instituição? Isso não está no currículo entregue ao Ministério. A Uninter disse que a graduação está em andamento.
Numa entrevista de abril do ano passado para a UOL, antes de assumir o cargo no Ministério, Sara disse que terminaria a graduação de R.I. no meio do ano. E também tinha outros planos: "Agora farei mestrado em bioética na Fundação Jerome Lejeune e uma pós em políticas públicas. Ainda estou escrevendo um livro. Falta ver a escolinha do meu filho, de 4 anos, e concluir a mudança para Brasília. O casamento sai no começo do próximo ano".
Seus planos não se concretizaram: ela não fez mestrado, nem pós em políticas públicas, não terminou a graduação, não escreveu um outro livro (apenas o primeiro, de 30 páginas), não casou (agora está com outro namorado). Ficou apenas cinco meses no Ministério, e foi exonerada em outubro. Recebia o salário bruto de R$ 5.685. Sua justificativa para sair é que ela queria liberdade para falar o que quisesse e que ganharia mais fora do governo. Num vídeo, ela disse que foi sabotada por funcionárias da pasta, todas feministas, que odiou estar na política, e que não queria mais isso pra ela, talvez só quando fosse velhinha.
Não é crime nenhum traçar projetos e abandoná-los pela metade. O problema é que, ao escrever em seu currículo que tinha graduação, pode ter incorrido em falsidade ideológica. Isso já é ruim, mas é ainda mais sério.
Acontece que há requisitos exigidos para o cargo que Sara ocupou: ter idoneidade moral e reputação ilibada, ter perfil profissional ou formação acadêmica compatível com o cargo, e não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade.
Fora isso, o DAS nível 3 exige que a pessoa deve atender a no mínimo um desses critérios: possuir experiência profissional de no mínimo 2 anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão; ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança em qualquer Poder; possuir título de especialista, mestre ou doutor em área correlata às áreas de atuação do órgão; ser servidor público ocupante de cargo efetivo de nível superior ou militar; ter concluído cursos de capacitação em escolas de governo.
Fora isso, o DAS nível 3 exige que a pessoa deve atender a no mínimo um desses critérios: possuir experiência profissional de no mínimo 2 anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão; ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança em qualquer Poder; possuir título de especialista, mestre ou doutor em área correlata às áreas de atuação do órgão; ser servidor público ocupante de cargo efetivo de nível superior ou militar; ter concluído cursos de capacitação em escolas de governo.
A formação e experiência profissional de Sara não se aplica às exigências do DAS nível 3. Em outras palavras: Sara não poderia ser contratada. Não basta ser amiga da ministra. Existem "critérios técnicos" básicos a serem cumpridos.
Qualquer pessoa que está no serviço público sabe que, se você não entregar os documentos exigidos, você simplesmente não entra. Perdi a conta de quantas vezes nesses dez anos na universidade tive que apresentar meus títulos de graduação, mestrado e doutorado. Sara não apresentou seu diploma de graduação porque não tinha, nem tem, um. Quem permitiu que ela entrasse mesmo sem essa qualificação? Damares?
O UOL questionou o Ministério sobre a nomeação de Sara, que respondeu que "a referida ex-servidora apresentou toda a documentação que comprovava sua aptidão para o cargo". No entanto, quando a jornalista Constança Rezende informou que a faculdade não reconhecia a formação de Sara, o contato do Ministério disse que "estava verificando junto à área técnica". Depois não respondeu mais. A advogada de Sara tampouco.
Sara Winter apenas sofre de uma necessidade desesperada de aparecer e chamar atenção. O dia que todo mundo deixar ela falando sozinha, aprende a não dar show. E já foi presa por causa das ameaças ao STF. Vamos ver se um tempinho em cana ensina essa peste a ser gente.
ResponderExcluirEnsina nada. Vai amar o tempo na cadeia e sair linkando biografia de presos políticos famosos pra dizer que agora é tão importante quanto eles. E ainda vai usar o "martírio" pra tentar se eleger. Não duvido completar dois mandatos inúteis, se aposentar e dps virar "ativista anti-política" pra continuar chamando atenção.
ExcluirObrigada, Lola!!!!! <3 esse pandemônio seria mais difícil sem você.
ResponderExcluirEsta mulher retrata bem as características de algumas mulheres: agressividade, dissimulação, manipulação.
ResponderExcluirA forma como ela ameaça o ministro Alexandre de Morares é inequívoco. Os homens devem se conscientizar de que o correto não é revidar às ameaças e/ou agressões, e sim promover denúncias para que sejam presas assim como esta Sara.
Retrata característica de alguns seres humanos b
ExcluirNão precisa ser mulher, homem ou qualquer outra coisa pra ser desse jeito.
O Femen foi um produto midiático da contra inteligência ucraniana para encher o saco do Putin. Inclusive o pussy Riot
ResponderExcluirEncheu tanto que, quando o Putin putaço da vida (não resisti) invadiu parte da Ucrânia, tanto elas quanto o batalhão nazista ficaram com o rabinho entre as pernas.
ExcluirExcelente matéria!
ResponderExcluirTêm uma reportagem/documentário, de quase 1 hora só mostrando o tanto de dor de cabeça que o Femen deu para as mulheres islâmicas, quando uma integrante do femen esfregou uma cópia do Alcorão nas partes íntimas. Eu tinha esse vídeo salvo no YouTube, mas infelizmente ele já foi excluído, mas não dúvido que de pra achar em algum site.
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