Assim que vi este artigo de Sarah Ditum no The Guardian, pensei no meu curso da pós-graduação.
Vou oferecer uma segunda parte da disciplina Utopias e Distopias Feministas no semestre que vem (veja aqui o cronograma inteiro da primeira parte, com links pros textos), e planejo incluir uma discussão sobre a segunda temporada da série de TV Conto da Aia. Então pedi pro querido Vinicius Simões traduzir o artigo, que agora compartilho com vocês.
Não concordo com tudo que diz Ditum (por exemplo, não acho que ficção, feminista ou não, deve apresentar soluções, e gostei pacas do romance Only Ever Yours). Porém, seu artigo rende ótimas discussões e, no mínimo, novas indicações de leituras.
Estou assistindo (e gostando) da série Conto da Aia, mas tem muita gente incomodada com a violência contra as mulheres. Como diz a chamada: "O Conto da Aia inspirou uma nova geração de escritoras cujos mundos distópicos são cada vez mais sombrios, tenebrosos e sádicos. Mas onde está a esperança?"
Vou oferecer uma segunda parte da disciplina Utopias e Distopias Feministas no semestre que vem (veja aqui o cronograma inteiro da primeira parte, com links pros textos), e planejo incluir uma discussão sobre a segunda temporada da série de TV Conto da Aia. Então pedi pro querido Vinicius Simões traduzir o artigo, que agora compartilho com vocês.
Não concordo com tudo que diz Ditum (por exemplo, não acho que ficção, feminista ou não, deve apresentar soluções, e gostei pacas do romance Only Ever Yours). Porém, seu artigo rende ótimas discussões e, no mínimo, novas indicações de leituras.
Estou assistindo (e gostando) da série Conto da Aia, mas tem muita gente incomodada com a violência contra as mulheres. Como diz a chamada: "O Conto da Aia inspirou uma nova geração de escritoras cujos mundos distópicos são cada vez mais sombrios, tenebrosos e sádicos. Mas onde está a esperança?"
A uma mulher, grávida por conta de um estupro, é negado um aborto. Ela é legalmente detida e submetida a uma cesariana forçada. Uma mulher com baixa renda quer deixar seu parceiro controlador, mas não pode, porque uma política de governo destinada a “impedir o colapso familiar” significa que todos os benefícios são pagos na conta dele. Uma mulher relata uma agressão sexual, mas a polícia não acredita nela, então a processa por fazer uma falsa alegação enquanto seu agressor continua livre para atacar mais vítimas. Meninas são sistematicamente preparadas para a prostituição e a polícia ignora seus agressores. Um homem se vangloria de que ele pode “agarrar” mulheres “pela boceta”: ele é eleito presidente. Tudo isso aconteceu na Irlanda, no Reino Unido e nos EUA na última década.
Como as mulheres do elenco do Saturday Night Live cantaram em sua resposta musical aos homens chocados com as revelações do #MeToo: “Bem-vindos ao inferno/ Isso não é novidade/ Nossa situação tem sido um incômodo desde que temos peitos”.
Do abuso teocrático de garotas nas regiões controladas pelo Boko Haram na África ocidental, até o assassinato da jornalista Kim Wall por Peter Madsen, inspirado na pornografia da tortura,
o mundo oferece uma variedade tão rica de pesadelos para mulheres que parece supérfluo para a ficção inventar mundos ainda vez mais horripilantes. Mas não importa: com a segunda temporada da aclamada adaptação de TV de O Conto da Aia, de Margaret Atwood, prestes a começar [em maio 2018], o apetite por distopias feministas não mostra sinais de diminuir, e as editoras mostraram-se mais do que dispostas a satisfazer essa demanda.
o mundo oferece uma variedade tão rica de pesadelos para mulheres que parece supérfluo para a ficção inventar mundos ainda vez mais horripilantes. Mas não importa: com a segunda temporada da aclamada adaptação de TV de O Conto da Aia, de Margaret Atwood, prestes a começar [em maio 2018], o apetite por distopias feministas não mostra sinais de diminuir, e as editoras mostraram-se mais do que dispostas a satisfazer essa demanda.
No livro Red Clocks, de Leni Zumas, o aborto é proibido nos EUA e um “muro rosa” impede que as mulheres voem para o Canadá. Em Future Home of the Living God, de Louise Erdrich, o aquecimento global parece ter precipitado uma crise reprodutiva: mulheres grávidas são mantidas em centros de detenção e mulheres férteis recrutadas para carregar embriões. The Growing Season, de Helen Sedgwick, imagina um mundo em que úteros artificiais se tornaram a norma. The Book of Joan, de Lidia Yuknavitch, se passa em uma Terra envenenada, comparada a um “preservativo espacial idiota”, onde um punhado de sobreviventes ricos sofre mutação até ficarem sem sexo.
No encantador The Water Cure, de Sophie Mackintosh, as mulheres têm sido atingidas por uma sensibilidade terrível que torna os homens tóxicos para elas. Gather the Daughters, de Jennie Melamed, indicado ao prêmio Arthur C. Clarke, é ambientado numa apavorante comunidade fechada em que os pais devem estuprar suas meninas pré-púberes para substituir o sexo reprodutivo -- uma medida de controle populacional.
O sofrimento vende, especialmente quando são mulheres que estão sofrendo e, como acontece com qualquer tendência, a pressão para cada nova iteração é superar o que veio antes. Os resultados, às vezes, escapam ao absurdo: em Vox, de Christina Dalcher, que será publicado em agosto, as mulheres são equipadas com pulseiras que emitem choques elétricos caso falem mais do que cem palavras por dia. E há mais por vir. Na Feira do Livro de Londres, em março, os grandes lançamentos foram histórias de coisas terríveis que acontecem com mulheres:
The Farm de Joanne Ramos, a ser publicada pela Bloomsbury no ano que vem, se passa em uma fábrica de barrigas de aluguel; Vardø, de Kiran Millwood Hargrave, sobre os julgamentos de bruxas do século XVII, foi adquirido pela editora Picador por uma soma de seis dígitos após uma guerra de leilão em 13 rodadas de lances. Na literatura jovem o mesmo fascínio prevalece: Only Ever Yours, de Louise O'Neill, publicado em 2014 [traduzido em Portugal com o título As Filhas de Eva], estabeleceu o tom, revisitando O Conto da Aia para o mercado adolescente.
The Farm de Joanne Ramos, a ser publicada pela Bloomsbury no ano que vem, se passa em uma fábrica de barrigas de aluguel; Vardø, de Kiran Millwood Hargrave, sobre os julgamentos de bruxas do século XVII, foi adquirido pela editora Picador por uma soma de seis dígitos após uma guerra de leilão em 13 rodadas de lances. Na literatura jovem o mesmo fascínio prevalece: Only Ever Yours, de Louise O'Neill, publicado em 2014 [traduzido em Portugal com o título As Filhas de Eva], estabeleceu o tom, revisitando O Conto da Aia para o mercado adolescente.
O romance de 1985 de Atwood permanece como um marco porque seu poder de chocar nunca desapareceu. Limitando-se à tecnologia existente e aos eventos que já haviam acontecido, Atwood criou uma visão do totalitarismo patriarcal que radicalizou geração após geração de leitoras. Atualizado até os dias atuais em sua adaptação para TV, adquiriu nova ressonância. Encomendado antes da presidência de Trump, mas transmitido durante a mesma, O Conto da Aia se tornou um ponto de referência instantaneamente reconhecível. Feministas vestiram trajes de aia para protestar contra a legislação anti-aborto; estilistas enviaram roupas chiques de aias para suas passarelas.
No entanto, com a segunda temporada já sendo exibida nos Estados Unidos e prestes a começar no Canal 4 [Reino Unido], algumas espectadoras começaram a manifestar seu desconforto com os níveis de brutalidade no drama. A primeira temporada, aproximando-se bastante do romance, tinha um conhecido arco de dor para Offred. A segunda temporada, solta de seu material de origem, tem um potencial de desprazeres ilimitados em Gilead. A revista New York classificou-a de “uma horrível cavalgada incessante de pornografia da tortura feminista para rivalizar com nossos maiores autores misóginos”, e perguntou se havia justificativa para ser tão chocante, dado o assunto, ou se a série estava simplesmente sendo sádica.
O Conto da Aia efetivamente inaugurou a distopia feminista como um gênero, e à medida que a distopia feminista florescia, seu oposto -- a utopia feminista -- desaparecia. A obra do século XVII de Margaret Cavendish, O Mundo Resplandecente, o livro de 1915 de Charlotte Perkins Gilman, Terra das Mulheres, A Mão Esquerda da Escuridão, de Ursula K. Le Guin (1969), e The Female Man (1975), de Joanna Russ, todos ofereciam não-lugares onde ser mulher não significava mais ser inferior. Revisitar estes “e se...” é revigorante.
No mundo imaginário de Mão Esquerda de Gethen, por exemplo, não há seres humanos masculinos e femininos: em vez disso, todo indivíduo é capaz de ovular e inseminar, e assume cada papel dependendo da situação. Em tal mundo, escreve Le Guin, não há “divisão da humanidade em metades fortes e fracas, protegidas/ protetoras, dominantes/ submissas, proprietárias/ propriedades, ativas/ passivas”. É uma invenção que aponta para a crueldade das classes sexuais humanas existentes e a possibilidade de uma vida sem restrições de gênero.
No mundo imaginário de Mão Esquerda de Gethen, por exemplo, não há seres humanos masculinos e femininos: em vez disso, todo indivíduo é capaz de ovular e inseminar, e assume cada papel dependendo da situação. Em tal mundo, escreve Le Guin, não há “divisão da humanidade em metades fortes e fracas, protegidas/ protetoras, dominantes/ submissas, proprietárias/ propriedades, ativas/ passivas”. É uma invenção que aponta para a crueldade das classes sexuais humanas existentes e a possibilidade de uma vida sem restrições de gênero.
Um dos poucos romances que revisitaram esse escopo imaginativo nos últimos anos é O Poder, de Naomi Alderman. No romance de Alderman, as mulheres desenvolvem um órgão especializado chamado meada que lhes permite dar grandes choques elétricos, o que, por sua vez, permite que elas dominem os homens, do jeito que homens dominaram historicamente as mulheres. É gratificante entrar em um mundo em que as mulheres podem ser condescendentes com os homens com a autoridade alegre dos temidos, e as inversões do romance são deliciosamente reveladoras sobre o padrão masculino da nossa própria sociedade. É engraçado ler uma personagem feminina nobre dizendo a um homem servil que a ideia dele de um “mundo dirigido por homens” seria “certamente mais gentil, mais carinhoso e -- ouso dizer isso? -- mais sexy do que aquele em que vivemos”.
Mas quando um protagonista masculino, Tunde, descreve o que é ser a classe sexual inferior, é chocante ouvir essas palavras da boca de um homem. Somente quando você vê um homem sendo tratado como as mulheres são tratadas você entende o quão longe estamos da noção radical de que mulheres são pessoas. No entanto, O Poder não é exatamente um manifesto de mudança. Em um trecho do texto religioso do seu futuro matriarcal, O Livro de Eva, nos é dito: “A forma do poder é sempre a mesma”. Quando os homens têm poder, eles o usam sobre as mulheres; quando as mulheres têm poder, elas o usam sobre os homens. A perspectiva de uma sociedade que não é definida por um sistema de classe de sexo é uma impossibilidade nebulosa aqui.
Claro, essa crítica sugere que um romance tenha alguma obrigação de ser um manifesto para a mudança, o que levanta a questão espinhosa de o que significa para uma obra de arte ser feminista. Para Atwood (mentora de Alderman durante a criação de O Poder), este sempre foi um ponto de discórdia, e sua relação com o rótulo “feminista” e com o movimento em geral há muito tem sido incerto. Em um artigo opinativo de 2017 para o New York Times, ela respondeu à pergunta se O Conto da Aia é um romance feminista:
"Se você quer dizer um tratado ideológico em que todas as mulheres são anjos e/ou tão vitimizadas que são incapazes de fazer uma escolha moral, não. Se você quer dizer um romance em que as mulheres são seres humanos -- com toda a variedade de caráter e comportamento que isso implica -- e também são interessantes e importantes, e o que acontece com elas é crucial para o tema, estrutura e enredo do livro, então sim. Nesse sentido, muitos livros são 'feministas'”.
É uma resposta que engenhosamente se exime da demanda sufocante de fazer propaganda de seu romance, mas também não é tanto uma resposta quanto um deslize entre dois espantalhos feministas. O feminismo não é nem a afirmação de que mulheres são perfeitas, nem é qualquer coisa que por acaso seja sobre mulheres: é um movimento para desmantelar um sistema no qual os homens sistematicamente detêm o poder sobre as mulheres e as exploram economicamente, sexualmente e (como O Conto da Aia examina mais obviamente) reprodutivamente.
Parte desse movimento sempre foi chamado de “conscientização”, no qual mulheres compartilham suas experiências e afirmam a natureza do problema. O boom das distopias feministas parece se encaixar exatamente nessa descrição -- elas estão identificando problemas, às vezes com exagero satírico, e dando às leitoras o alívio do reconhecimento. Mas a conscientização é um primeiro estágio, apenas significativo quando forma a base para uma ação coordenada, e como a comentarista política e cultural Helen Lewis apontou, o feminismo contemporâneo mostrou incrível força na conscientização, mas muito menos convicção quando se trata de objetivos concretos.
Há campanhas vitais e sucessos notáveis (a campanha Revogue a Oitava Emenda, para remover as restrições brutais da Irlanda ao aborto, por exemplo, e o trabalho de Caroline Criado-Perez sobre representação feminina), mas enquanto movimentos de grande repercussão como o projeto Everyday Sexism (o machismo de todos os dias) e o #MeToo estabeleceram inequivocamente que temos um problema de sexismo e assédio sexual, eles ainda não se uniram em torno de uma solução. O mesmo dilema -- um senso aguçado do que está errado, um impasse quando se trata de formas de corrigi-lo -- caracteriza grande parte da atual literatura de distopia feminista.
Essa tendência se manifesta de algumas maneiras. A obra de Sedgwick, The Growing Season, questiona se úteros artificiais forneceriam a liberação definitiva dos papéis de gênero ou deixariam as mulheres ainda mais vulneráveis à coerção masculina. Com a reprodução terceirizada do corpo feminino, as mulheres não são mais estereotipadas em papéis de “cuidado”: um recepcionista homem é tão pouco memorável quanto uma executiva mulher.
Mas a violência masculina persiste, e os úteros externos oferecem um novo alvo para ela. “Nós inventamos uma nova forma de abuso. Demos aos homens o poder definitivo sobre as mulheres”, lamentou a feminista inventora da “bolsa”. Mas essas grandes ideias são deixadas de lado à medida que o romance muda para o modo conspiração/ suspense e, de certa forma enganosa, estabelece a gestação interna e externa como escolhas igualmente válidas. (Diz algo sobre como só a “escolha” é vazia como meta feminista que Sedgwick deva conjurar esse improvável equilíbrio para torná-lo convincente.)
Mas a violência masculina persiste, e os úteros externos oferecem um novo alvo para ela. “Nós inventamos uma nova forma de abuso. Demos aos homens o poder definitivo sobre as mulheres”, lamentou a feminista inventora da “bolsa”. Mas essas grandes ideias são deixadas de lado à medida que o romance muda para o modo conspiração/ suspense e, de certa forma enganosa, estabelece a gestação interna e externa como escolhas igualmente válidas. (Diz algo sobre como só a “escolha” é vazia como meta feminista que Sedgwick deva conjurar esse improvável equilíbrio para torná-lo convincente.)
O romance de Dalcher, Vox, acerta um pouco em relação a como a socialização feminina é simplesmente o processo de habituação das mulheres a consequências violentas -- a protagonista Jean observa com horror sua filha de cinco anos adquirir habilmente o silêncio feminino -- mas chega a um clímax que é tanto um ato de wishful thinking [auto-engano, "bem que eu queria"] como Cinquenta Tons de Liberdade, de EL James. Jean não só derrota o patriarcado, como também foge com um sexy linguista italiano. É uma espécie de vitória, mas não responde a nenhuma das questões levantadas por Dalcher sobre linguagem, poder e consentimento.
No livro de Erdrich, Future Home of the Living God, a fuga desesperada da narradora Cedar das autoridades que querem tomar seu bebê e controlar seu corpo é apenas um pequeno desvio da realidade de coerção reprodutiva para as mulheres nativas americanas, que sofreram esterilização forçada e a retirada de seus filhos (Erdrich, como Cedar, pertence à tribo Ojibwe). Não há como escrever uma conclusão satisfatória para essa situação.
Onde O Conto da Aia (o livro) evita tanto a salvação desonesta quanto o tormento desgastante, cortando abruptamente a história de Offred, Future Home insiste em uma desolação paralisante. A ferrovia subterrânea das parteiras que protegiam Cedar fracassa e termina com a captura dela e seu bebê levado embora: “Espero na minha cela pela próxima gravidez”, ela escreve para a criança que nunca conhecerá. “Onde você estará, minha querida, na última vez em que nevar na Terra?”
Onde O Conto da Aia (o livro) evita tanto a salvação desonesta quanto o tormento desgastante, cortando abruptamente a história de Offred, Future Home insiste em uma desolação paralisante. A ferrovia subterrânea das parteiras que protegiam Cedar fracassa e termina com a captura dela e seu bebê levado embora: “Espero na minha cela pela próxima gravidez”, ela escreve para a criança que nunca conhecerá. “Onde você estará, minha querida, na última vez em que nevar na Terra?”
Tal conclusão pode aparentar ser contundente, enquanto na verdade se regojiza na dor feminina. Erdrich se esquiva dessa armadilha, mas algumas distopias feministas não. Em Only Ever Yours, de O’Neill, garotas são criadas como “Evas”, escrupulosamente inculcadas na feminilidade para tornarem-se esposas agradáveis para os homens da classe dominante. Aquelas que fracassam são jogadas mais para baixo no sistema de castas de mulheres até que, no fundo do poço, são enviadas ao “Subterrâneo” para o extermínio. Em um trecho desgastante, a protagonista Freida é punida por uma infração sendo trancada em seu quarto, onde as paredes são telões que mostram repetidamente sua humilhação pública em cadeia nacional.
É uma cena que capta a auto-aversão da adolescente ampliada pelas mídias sociais, mas uma reflexão não é o mesmo que uma crítica. Ao ler isso, com o foco preciso no peso e na aparência, uma jovem pode ficar mais propensa a reforçar suas ansiedades do que a desconstruir o mito da beleza. O desfecho mostra Freida abraçando seu final no Subterrâneo com uma paixão quase erótica: “A agulha afunda na minha pele, o líquido sussurra, esquece, esquece, ao meu sangue… Estou pronta para não sentir nada, para sempre”. Ao contrário do que diz Atwood, feminismo não se trata nem de idealizar mulheres, nem de simplesmente representá-las, mas ambas as opções parecem muito mais preferíveis a um tipo de “feminismo” que oferece consolo na autodestruição.
Se a distopia verdadeiramente feminista deve retratar honestamente as lutas das mulheres sem sensacionalizar suas dores e dramatizar uma análise política sem cair em slogans pesados, então talvez tal coisa nunca possa existir. Afinal, uma das razões para Atwood ter cautela com o rótulo “feminista” é que muitas vezes ele é um padrão a mais aplicado apenas às mulheres escritoras -- um padrão que falhará, já que o propósito da maioria dos padrões aplicados apenas às mulheres é garantir que elas nunca serão boas o suficiente.
Mas há ficção que entende a opressão das mulheres, reconhece a subjetividade delas, tem a imaginação para testar como o pior dos casos pode acontecer e a esperança de que possamos encontrar algum tipo de futuro melhor no final. Uma distopia feminista, em outras palavras, deve conter um pouco de utopia feminista. Em Red Clocks, o horror do “Muro Rosa” (um cenário que é mais ou menos um fato para mulheres sem passaporte na Irlanda, ou mulheres em regiões conservadoras nos EUA que não têm recursos para o transporte através das divisas estaduais) é entrelaçado com uma comovente resistência feminina, à medida em que as personagens de Zuma aprendem a olhar umas às outras em busca de ajuda.
Há um vínculo que se estende não apenas entre mulheres, mas através do tempo: “Milhares de anos em desenvolvimento, aprimorados pelas mulheres nas obscuras dobras da história, ajudando umas às outras”, pensa uma.
A sororidade também é resgatada em The Water Cure, embora de maneira um tanto perturbadora. No final, suas personagens femininas matam um homem para proteger seu mundo fechado: elas o deixam na praia como uma mensagem para outros intrusos de que “aqui não é seu lugar”, e sua utopia ambígua utopia.
The Book of Joan, com seu estranho e contínuo sentido de tempo (a narradora, Christine, e seu adversário, Jean de Men, são reproduções da proto-feminista medieval Christine de Pizan e do autor hiper-misógino de The Romance of the Rose), não oferece exatamente progressismo: como você pode progredir quando a história está se autodesmoronando? Mas há algo de esperançoso na reivindicação que delimita uma volta ao reconhecimento da materialidade na política, e não à expropriação insustentável do planeta ou do corpo: “O corpo é um lugar real”, diz a rebelde Joan, enquanto comanda as sobreviventes terrestres em um exército. "Um território tão vasto quanto a Terra."
Há um vínculo que se estende não apenas entre mulheres, mas através do tempo: “Milhares de anos em desenvolvimento, aprimorados pelas mulheres nas obscuras dobras da história, ajudando umas às outras”, pensa uma.
A sororidade também é resgatada em The Water Cure, embora de maneira um tanto perturbadora. No final, suas personagens femininas matam um homem para proteger seu mundo fechado: elas o deixam na praia como uma mensagem para outros intrusos de que “aqui não é seu lugar”, e sua utopia ambígua utopia.
The Book of Joan, com seu estranho e contínuo sentido de tempo (a narradora, Christine, e seu adversário, Jean de Men, são reproduções da proto-feminista medieval Christine de Pizan e do autor hiper-misógino de The Romance of the Rose), não oferece exatamente progressismo: como você pode progredir quando a história está se autodesmoronando? Mas há algo de esperançoso na reivindicação que delimita uma volta ao reconhecimento da materialidade na política, e não à expropriação insustentável do planeta ou do corpo: “O corpo é um lugar real”, diz a rebelde Joan, enquanto comanda as sobreviventes terrestres em um exército. "Um território tão vasto quanto a Terra."
E há o soberbo A Parábola do Semeador, de Octavia Butler (1993). Em uma Terra superaquecida e pobre em recursos num futuro próximo, onde as mulheres são mais um recurso a ser explorado, a protagonista Lauren lidera um grupo de peregrinas através de uma selva violenta com o sonho de começar algo novo. Esse algo é Earthseed: parte religião, parte projeto de colonização interestelar, “a derradeira mudança humana à beira da morte... um destino que é bom buscarmos se esperamos ser algo diferente de dinossauros de pele suave”.
Enquanto o mundo em que vivemos ainda não é um lugar para as mulheres, o feminismo precisa desses sonhos de coisas melhores. Enumerar nossas feridas, por si só, não nos levará a um lugar além do mal.
Enquanto o mundo em que vivemos ainda não é um lugar para as mulheres, o feminismo precisa desses sonhos de coisas melhores. Enumerar nossas feridas, por si só, não nos levará a um lugar além do mal.
Em todas as obras de distopias feministas, um ponto em comum e como se confirma que a maternidade e heterossexualidade foram transformadas em ferramentas de opressão as mulheres pelo patriarcado.
ResponderExcluirUma deveria ser desconstruída na forma como é vista se tornando mais coletiva entre as mulheres, a outra deveria ser abolida pelas mulheres.
É provável que a maioria dessas autoras não queira causar reflexão sobre a situação e a luta das mulheres em sociedades machistas, mas vender. Quando as séries Crepúsculo e 50 Tons começaram a fazer sucesso, o que mais tinha era gente escrevendo sobre a mesma temática, às vezes plagiando descaradamente, pra tentar ganhar dinheiro de carona. Esse povo viu que distopias feministas vendiam e começou a tentar pegar a mesma onda pra fazer uma graninha, apenas, por isso essas obras não tem nada muito mais sólido que sadismo e destruição pra oferecer.
ResponderExcluirE me pergunto quantos desses livros são comprados por misóginos de porão que batem punheta pra todo esse sofrimento e degradação femininas... preocupante.
Pra bater punheta pra sofrimento e degradação feminina nem precisa desses livros, é só abrir um site de pornografia
ExcluirPor que mulheres não param de reclamar de uma vez e constituam uma sociedade somente delas?
ResponderExcluirCriem empresas 100% femininas;
Contratem só mulheres para trabalhar;
Aproveitem que já são maioria em faculdades e tirem proveito intelectual disso;
Desenvolvam pesquisas e projetos voltados somente ao público feminino;
Aproveitem que são a maioria no empreendedorismo e trabalhem em função de agregar isto à vida de vocês e outras mulheres.
Enfim, vão trabalhar e parem de encher de choramingar! Que canseira!!
Que tal você ir trabalhar e parar de encher e choramingar aqui? Provavelmente é um mascul desocupado sem emprego e sem relacionamentorela não tem o que fazer e vem trollar em blog feminista. Que canseira! Ninguém merece mimimi de pirralho mascul. Ninguém te convidou então retire-se do blog. Aqui falaremos sobre feminismo. Não gosta? Cai fora! Quanto a sua opinião sobre o que devemos fazer fodasse! Olha como a opinião de um merda insignificante como você nos interessa (ironia)... Chega dá sono. Vai se fuder idiota.
Excluir14:27- Excelente observação!!! Deve ser por isso que elas não desgrudam logo.
ResponderExcluirOps, parabéns ao comentário das 14:51
ResponderExcluirEsse texto é um alívio porque andei lendo umas distopias supostamente feministas e não vou mentir não, achei uma merda.
ResponderExcluirÉ o tal negócio. Você não pode combater racismo sendo racista, não pode combater sexismo sendo sexista, não pode pregar tolerância sendo intolerante e não dá pra ser feminista sendo misógino.
E quando a gente fala de ficção, é um campo livre. É como a crítica que se faz a Game of Thrones: as pessoas acham super "idade média de tolkien", dragões, white walkers, gente com garganta cortada que volta a viver e lidera bando, tudo isso blz mas vai tratar bem uma mulher pra ver o que acontece? Não pode, não é realista, tem que ser estuprada.
Você NÃO PODE empoderar ninguém se nem na ficção esse empoderamento acontece desde o princípio.
Não adianta nada pagar de feminista descolada moderna se usa os mesmos recursos dos homens, ou seja, lembrando que a mulher tem um lugar na sociedade e que esse lugar é ser estuprada o tempo inteiro.
Até aparecer gente escrevendo melhor e com ideias mais arejadas, larguei mão disso aí. Não vou ler um negócio FICÇÃO que vai me fazer me sentir mal, sinto muito.
O melhor livro feminista que ja li, que inclusive é o melhor que ja li em todas as categorias, é Fanny, da Erica Jong. Não há palavras para descrever o quanto o livro é sensacional para uma jovem de 14, 15 anos.
ResponderExcluirA protagonista é a única protagonista mulher de um livro que:
Consegue abordar temas polemicos como machismo, feminicidio, incesto, satanismo e homossexualismo e ainda assim ser divertido à beça
Usar e abusar dos clichês de sessão da tarde
Tem uma protagonista muito feminina que apesar da aparente fragilidade, se não fosse a personalidade dela, jamais teria zilhoes de aventuras e desventuras como as que ocorrem no livro
Unico livro de epoca que tem protagonista que faz de quase tudo como se não tivesse limitações (tem, algumas ate tragicas, mas que só adicionam mais valor as aventuras dela)
Livro que mostra bem tanto os privilegiados quanto os marginalizados, com defeitos e qualidades de ambos os lados
Muuuita cena de sexo, e a protagonista pode pq pode, ue
Serio mesmo garotas, recomendo muito vcs lerem ou darem de presente a alguma jovem. Esse livro é foda! Denuncia a crueldade com a mulher muito bem (o livro é praticamente a mãe relatando a filha sua propria vida), em muitas formas, mas ainda sim consegue ser divertidissimo e dá orgulho de ser mulher. Eu recomendo muito, prefiro desses do que esses super tragicos por ai.
Curiosidade, a autora escreveu esse livro como resposta a um livro pornografico famoso, chamado Fanny Hill. No entanto seu livro mais conhecido é Medo de Voar.
Agora a opinião da mulher passa a ter valor porque o mercado considera seu poder de compra pessoal e influência sobre o consumo familiar. Vamos exercer esse poder Não consumindo esse tipo de lixo de literatura pseudo-feminista, misógina e ofensiva. Quando a mulher realmente ( ela já começou) se der conta do enorme poder que a recusa do consumo de um produto tem sobre o mercado ela vai ver mudanças. Já estamos vendo essas mudanças (nas propagandas , no tratamento dentro do mercado de trabalho, etc) . Só nós podemos mudar a nossa realidade
ResponderExcluir16:58 tá bom que são mulheres quem só sabem despejar ódio, mascu, até parece...
ResponderExcluirA vida desses sujeitos mascus é vir aqui trollar, esses caras perdidos pq eles não tem mais nada pra fazer nada vida. não estudam , não trabalham, não fazem nada por ninguém e nem por eles. Esses caras são tão infelizes e entediados assim em seus forums, chans e blogs de mascus? Que sujeitos insuportáveis!
ResponderExcluirE vc então revoltado com o assédio p/ o repórter da rede globo, vá la nos seus forums de mascus e chans fazer uma campanha para se juntar ao repórter e denunciar essas mulheres por assédio. Quem está te impedindo mascutroll? As feministas é que não. Vai fazer alguma coisa por esse repórter em vez vir aqui trollar. Não enche mascu, ninguém te suporta.
Crepúsculo e 50 tons são distopias feministas? Sempre achei bem machistas.
ResponderExcluirNão, 18:20, eu só usei essas duas séries como exemplo do fenômeno que creio estar acontecendo agora com as distopias feministas. Quando Crepúsculo e 50 tons foram lançados e fizeram sucesso, um monte de gente começou a escrever romances paranormais com vampiros e lobisomens; um exemplo disso é a série Irmandade da Adaga Negra, a autora começou a lançar suas próprias histórias de vampiro na época em que Crepúsculo estava vendendo pra pegar carona no sucesso do gênero. O mesmo aconteceu quando 50 tons fez sucesso, um monte de gente escreveu histórias com temática BDSM pra aproveitar o boom e vender. Imagino que é o que está acontecendo com esse novo gênero, O Conto da Aia começou a fazer sucesso e as pessoas começaram a tentar escrever imitando o estilo distopia feminista pra vender seus livros. E sim, Crepúsculo e 50 tons são machistas. Muito.
ResponderExcluirSó rindo da cara dos mascus reclamando que se nossas vidas não girarem ao redor do que eles acham ou deixam de achar desejável 24/7 é ódio contra homens. Não dá nem pra dizer que eles são infantis, porque crianças de 6 meses que ainda cagam nas calças são mais maduras do que eles.
Só uma correção. Crepúsculo não foi quem começou a moda de romances de vampiros. A série da Irmandade da Adaga Negra é anterior ao lanclançam do filme de crepúsculo e os dois orprimeir livros foram lançados (em ingles primeiro, claro) quase na mesma época. O lucro 1, Dark Lover, é de 2006. Lembro que comecei a ler a série de livros nessa época, ainda em inglês, e nem tinha ouvido falar em Crepúsculo. O filme mesmo de Crepúsculo, só sai em 2008.
ExcluirEu assisti o 10. episódio da 2. do The Handmaid's Tale. Foi de longe o mais sádico de todos. E eu achei até então que já tinha visto o pior...
ResponderExcluirSó pra constar: Num post anterior, eu comentei que senti profunda compaixão pela personagem Serena Joy. Bom, retiro o que eu disse...
Aliás, retiro tudo o que eu disse sobre mulheres que oprimem mulheres direta ou indiretamente, que são coniventes com a violência de gênero e que ganham com isso.
Elas não são melhores que homens nesse quesito.
E sabemos que o mais aterrorizante dessas distopias é que elas por demais reias...
Jane Doe
Saudades de quando nessa caixa tinham discussões bacanas.
ResponderExcluirEnfim, vou tentar.
Estou numa fase em que tenho muita dificuldade de ler coisas que envolvam sofrimento demais. Vcs já tiverem uma fase mega sensível assim? Será que é normal?
Desisti de Game of Thrones e estou fugindo de desgraças no geral. Queria muito ler utopias, tô precisando.
Eu tbm estou numa fase muito sensível com violência e covardia, só vejo algo assim se for de surpresa, se eu não esperava antes. Mas se eu sei que haverá umas cenas bizarras, eu evite ver algo.
ResponderExcluirEu desisti de Got logo no 1º ep.
ResponderExcluirAninha e 19:16 acho que é normal isso. Estamos cercados de violência por todo lado, todo dia é agressão, roubo, assassinato, estupro. Ninguém é poupado, o sofrimento é generalizado, tá difícil ver uma saída e a situação no Brasil particularmente vai de mal a pior, todo mundo está desesperado, sem emprego, sem perspectivas, até voltamos pro mapa da fome. Creio que tanta coisa ruim satura a cabeça e nos deixa pra baixo, então precisamos do oposto quando o dia acaba e é hora de desanuviar. Eu que nunca fui fã de comédia, não costumava assistir nem de graça quando passava na Sessão da Tarde, em plena crise tô pagando R$ 12,50 pra dar umas risadinhas bestas no cinema porque a outra opção é deitar em posição fetal e ficar esperando a morte chegar... só pra ver o quanto eu sou otimista...
ResponderExcluirO tipo de história que aquece o meu coração feminista são aquelas tipo o filme da Mulher Maravilha, ou mesmo o último Mad Max, em que mulheres são retratadas como pessoas. E olha que ambos se passam pelo menos em partes em contextos que veem mulheres como seres inferiores! Hj em dia está melhorando em alguns lugares e tudo, mas quando eu crescia lendo, na maior parte das histórias uma personagem só era mulher se isso ia implicar nela ser um objeto sexual, reprodutivo e/ou servil. É exaustivo chegar nessas distopias e ver isso de novo, só que exagerado.
ResponderExcluirTem um post da vida que dizia tipo "foi um choque descobrir que eu detestava mulheres porque cresci assistindo personagens criadas por pessoas que odeiam mulheres". E parte desse ódio se mostrava na redução da mulher aos ovários e potencial de atrair homens.
Uma boa história não precisa nos fazer nos sentir bem nem nada assim. Mas é como se, de alguma forma, ainda estivéssemos contando as mesmas - e se eu pessoalmente já estava enjoada delas, porque ficaria mais interessada nelas ainda piores?
Gostaria de ter mais lugares para ver mulheres como pessoas. Mas é como se nós, enquanto cultura, ainda não estivéssemos conseguindo visualizar direito como isso seria, então não tem como isso aparecer nas ficções. A gente só escreve o que a gente consegue imaginar.
concordo plenamente com esse texto
ResponderExcluirGOT não é tão machista quanto pensam, se empoderou muito desde a 5ª temporada
ResponderExcluirEscrevo quase 24 horas depois de assistir o episódio 10 da segunda temporada de The Handmaid's Tale (sem spoiler, mas quem assistiu imagina o sentimento agora).
ResponderExcluirE, há poucas horas, eu revisitava a fala da Farida Khalef, cuja autobiografia tem o título, em português, "A menina que venceu o Estado Islâmico", e que foi submetida a todo tipo de violência por um grupo armado que utiliza uma interpretação oblíqua de um livro considerado sagrado (ops!).
Um amigo do teatro uma vez me disse "pra que eu quero ver sofrimento no palco?" Eu digo hoje da importância de autoras como Margareth Atwood, mas de como o mercado - editorial, audiovisual, da moda, tem sede de transformar tudo em produto (e como o sofrimento vende, ainda mais de grupos sempre preteridos - seja mulheres, mulheres lésbicas, mulheres transsexuais, mulheres negras, ...)
A própria Margareth chegou a escrever recentemente sobre o rapto de crianças pelo presidente dos Estados Unidos "é por isso que eu não coloquei nada no #TheHandmaidsTale que não tivesse acontecido em algum lugar ... incluindo o roubo de crianças de seus pais. crível? infelizmente sim."
O desafio agora é dar o passo além da Margareth - um dos perigos é tropeçar e transformar o sofrimento humano em vendas na Amazon, estimativas de assinantes e prêmios Emmy.
Eu não curto distopias, principalmente essas distopias feministas. Exatamente porque sou feminista ja basta ver as tragédias das mulheres no mundo real contra as quais temos que lutar. Eu não sei como alguém tem estômago para assistir o conto da aia. Este eu parei no segundo episódio. Estou com anon 20:54 e prefiro assistir filme da mulher-maravilha. Vi várias feministas incomodadas porque Gal Gadot é magra demais e não representa as mulheres reais. Pois eu não me incomodei nem um pouco. O corpo de Gal é o de uma mulher real, um tipo de mulher e não é o meu tipo. No entanto gosto do meu corpo o suficiente para não me sentir incomodada com os corpos de outras mulheres. Vi críticas também por se tratar de um filme de heroína com superpoderes que não existe na vida real. Isso também não me incomodou. Ver uma mulher poderosa sempre é inspirador. Entre assistir uma ficção sobre uma heroína poderosa e uma sobre tortura de mulheres eu sempre optarei pela primeira. E lendo o comentário da Aninha digo que eu também tenho filtrado informações ruins há algum tempo. Cansei de ver tanta desgraça. Faz muito bem quem evita coisas negativas. A gente se sente bem melhor.
ResponderExcluirApresentar um problema propondo soluções é muito construtivo.
Também estou de saco cheio de tanta violência contra a mulher. Como se não bastasse toda a violência machista que vemos no dia a dia e nas notícias, ainda temos mais um nicho de literatura que se autodenomina "feminista" mas parece escrever para o deleite de homens misóginos. Para mim, isso só naturaliza ainda mais esse tipo de violência, assim como filmes têm feito desde a popularização da sétima arte.
ResponderExcluirNão é só por conta de machismo que não gostei de Got, foi por outros tipos de violência encontradas na série tbm. Eu tbm sou mais ver Mulher Maravilha e Mad Max. Ninguém precisa ser uma bombada, panicat ou mulher-fruta para ser uma mulher real e empoderada. Tem mulheres com esses tipos físicos que se tornaram símbolos de feminismo e tbm gordas, que são muito machistas. Nunca me identifiquei com o ''feminismo'' dos glúteos, que foi bastante propagado por aqui. Concordo que essas distopias mais parecem para agradar homens misóginos e sádicos.
ResponderExcluirO corpo da Gal Gadot é tão real quanto o meu, o seu, o de qualquer muulher porque é o corpo DELA, o único que ela tem e o único que ela vai ter até o dia da morte.
ResponderExcluirE não vamos esquecer aqui que o "sexo fragil" estava GRÁVIDA durante as filmagens, tem mais essa.
O filme tem muitas coisas legais mas sempre que tentam enfiar interesse romântico nas tais personagens femininas fortes (odeio esse termo, é engraçado que precisa apontar a força quando no homem ela é sempre presumida ainda que o personagem seja um bostão), é cagada.
De resto, fecho com quem falou que prefere ler e consumir coisas onde mulheres não estejam sendo sistematicamente estupradas.
Só queria fazer uma observação sobre o interesse romântico de personagens femininas. É bom a gente não esquecer que personagens masculinas também são quase sempre apresentadas tendo interesse romantico. Então não vejo problema na mulher-maravilha ter um par romântico. Acho que o problema seria se a única coisa que fosse mostrada no filme fosse esse interesse romântico, mas não foi assim. Achei o filme bem equilibrado. O que eu acho é que os filmes devem mostrar as mulheres realizando outros feitos que não seja apenas o de ser a namorada de uma personagem masculina.
ExcluirTudo bem porém isto contrasta com a crítica de muitos sobre o filme dela ser feminista, afinal interesse romântico de mulher em homem pode ser tudo menos feminista.
ExcluirQue eu saiba existem várias feministas casadas com homens e aqui no ocidente se casa por interesse romântico em alguém. Embora o feminismo não tenha a ver com romance não existe proibição de feministas viverem romances, logo o fato da mulher-maravilha ter um romance com um homem não faz com que o filme deixe de ser feminista. A historia da personagem mulher-maravilha está ligada ao feminismo há inclusive filmes sobre isso. Agora não sei se estou certa, mas parece que a mulher-maravilha é bissexual.
ExcluirInteresse romântico em homem só significa uma coisa: que a mulher não é lésbica. Não que ela não é feminista.
ExcluirEu nem vou mencionar o nome do livro aqui pra não dar ibope. Mas na teoria é uma obra "feminista" de autoria idem. No terceiro estupro eu parei de ler porque a coisa era absolutamente fetichizada nos mínimos detalhes a ponto de ser altamente crível que na realidade um homem escreveu aquilo porque o male gaze tá todinho lá. Ah tenha dó né? Já temos condições plenas de melhorar tanto como produção de conteúdo quanto como consumidoras também. Meu dinheiro, essa autora não pega mais.
ResponderExcluirObrigada pela correção Unknow. Pensei que Adaga Negra fosse posterior a Crepúsculo porque só o vi ser vendido por aqui depois que Crepúsculo começou a fazer sucesso. Mas conheci várias outras séries que se aproveitaram do sucesso da saga e não duvido que o mesmo esteja acontecendo agora.
ResponderExcluirAs mulheres são as oprimidas e exploradas da história exatamente porque têm a capacidade de engravidar/engravidam/a reprodução da espécie acontece no corpo delas e a partir delas... e porque os homens são dependentes das mulheres em vários níveis, daí usam desde violência física a manipulações emocionais e psicológicas para controlar as mulheres e dominarem tudo.
ResponderExcluirDominação econômica e através de leis, costumes e religiões, por exemplo, são formas de manipulações psicológicas e emocionais. Se as mulheres desobedecerem em massa todas as leis e costumes culturais que os homens criaram e que elas acham desnecessários, ultrapassados, inúteis, prejudiciais, ou simplesmente não se importam em respeitar e obedecer, todo o sistema de controle masculino desmorona, vem abaixo.
Realmente TB acho um exagero essa literatura altamente descritiva sobre tortura e violencia contra a mulher. Porém acho que a forma mais eficaz de lutar contra isso é nao consumir esses produtos. Parei de ver a seire GOT justamente por causa disso. Mas mesmo com toda a violência a serie é um sucesso, inclusive entre as mulheres
ResponderExcluirO seriado só está dialogando com uma parte do que acontece aqui fora e que não é nada distópico e sim uma terrível realidade cruel...(que muita gente quer fingir que não existe)!
ResponderExcluirO que eu mais curto na segunda temporada foi momentos que colocaram os abusos horríveis que elas sofrem contra o machismo diário que elas sofriam na nossa sociedade. Mostrar a Emily nas colônias e mostrar um aluno dela mainsplaining para outra aluna. Mostrar a June em Gilead e depois mostrar a enfermeira que insiste em chama-la pelo sobrenome do marido e a julga por trabalhar fora. É um lembrete foda que esses comportamentos são parte da mesma estrutura e um argumento contra o "isso não poderia acontecer aqui".
ResponderExcluirContinua não sendo feminista mulher ter interesse (de qualquer tipo, aliás) em homem.
ResponderExcluirQue mulheres tenham interesse em homens é prova de sua opressão, de sua subordinação e de impotência, é um sinal de falta de poder e de falta de liberdade, de submissão.
Quando as mulheres forem finalmente poderosas, autônomas, livres, independentes em todos os sentidos da palavra, inclusive psicologicamente e emocionalmente, elas se concentrarão cada vez mais em seus próprios projetos e acabarão percebendo a total banalidade, inutilidade e nulidade dos machos.
Até entendo o que vc quer dizer, mulher não precisa de homem nenhum pra ser completa ou feliz e todas deveriam ter noção disso. Mas falar pra não se relacionar com eles já é cagar regra. Como a Cher disse, homens são como sobremesa: desnecessários, mas deliciosos.
ExcluirNem tudo que uma feminista faz é feminista, viu? Tem muita feminista no mundo que faz coisas que não são feministas, não é só pq é uma feminista fazendo que qualquer coisa vira feminista automaticamente.
ResponderExcluirQuem está "cagando regra"? Só estamos dizendo que interesse por homem não é feminista, porque não é mesmo. Apenas isso.
ResponderExcluirEstá cagando regra sim porque implicitou (na parte "de qualquer tipo, alias") que mulher que se relaciona com homem não é feminista. O que é ridiculo. Ninguem escolhe orientacao sexual. Simone Beauvoir era hetero e se relacionou com homem e fez mais pelo feminismo que muita lesbica out asexual por ai. A propria Lola é casada com um homem. Joana Darc lutou ao lado de homens na guerra contra a Inglaterra. Então menos.
ExcluirSe homens são tão deliciosos assim, por que mulheres hétero são o grupo que tem menos orgasmos de todos? Mais de 70% - quase 80% das mulheres que fazem sexo com homem não tem orgasmos quando fazem sexo com eles. Mulher se masturbando ganha muito mais do que perdendo tempo e se desgastando a toa com homem.
ResponderExcluirE só porque a maioria, de acordo com esses dados que tu tirou não sei de onde, não tem prazer com homem, isso significa que a minoria tem que parar de se relacionar com eles também? É cagar regra sim. Mulher deve ter liberdade de escolher com quem ela vai transar.
ExcluirEita, estão heterossexualizando totalmente a Simone de Beauvoir que era bissexual e se relacionava com outras mulheres enquanto tinha um relacionamento aberto com o Sartre? Hahahahaha o apagamento da homossexualidade e defesa da sagrada e santa heterossexualidade tá a toda por aqui, pelo visto... Corre, cambada, segura a heterossexualidade senão ela cai e se quebra. Se cair já sabe, né? Se quebra tudo e ficam só os cacos, que podem facilmente virar poeira e sumir... porque parece que não tem coisa mais frágil e necessitada de defesa e proteção que a heterossexualidade.
ResponderExcluirEstão se fazendo de desentendidas e de tontas ao insistir em não querer entender que heterossexualidade não é feminista, mas que as héteros podem sim ser feministas, mesmo não sendo feministas no exercício de sua sexualidade. Isso não significa que não sejam feministas, só significa que o feminismo delas não vai longe o suficiente e que tem umas contradições e incoerências básicas, mas isso já é de praxe na humanidade inteira, pessoas tem incoerências e são contraditórias mesmo, suas bobas com medinho da verdade com esse papo besta de "não cague regras pra mim bláblábláblá" como se alguma feminista quisesse ou pudesse mandar nessa sexualidade colonizada tosca de vocês. Se enxerguem, sejam menos tolas egocêntricas e parem com heterossexismo.
ResponderExcluirEu discordo de boa parte do texto, acho as distopias importantes. A dor também precisa de representação, e é menos traumático analisar dores imaginárias do que lidar com as reais. Não tem jeito, para se combater o mal, primeiro é preciso entendê-lo, ser capaz emocionalmente de lidar com ele. Nesse sentido, as distopias são importantíssimas: elas destacam que as opressões são construídas, portanto, podem e devem ser mudadas. Não há nada de natural no sofrimento das mulheres, e as distopias são o sub-gênero que melhor mostra isso.
ResponderExcluirSobre os problemas apontados no texto, alguns também são problemas de obras otimistas. Gente, tudo o que o sistema econômico toca, vira mercadoria. Não importa se o conteúdo é distópico, utópico, machista ou feminista, pode ser vendido? Será economicamente fagocitado. Mulher Maravilha e Mad Max: estrada da fúria, por exemplo, são dois grandes produtos de venda, com atrizes com corpos reais e, infelizmente, completamente dentro do padrão de magreza que é o 'ideal'de venda para toda a indústria da beleza. Nesse sentido, não são críticos do mundo como ele é, ao contrário, heroísmo é só para quando você estiver magra,e se você for branca, aí você pode salvar o mundo. E tome defesa tacanha desse padrão por aí, 'basta você ter autoconfiança e aceitar seu corpo - magro; que você vai gostar dos dois filmes'. Esse é o problema de filmes otimistas em contextos de opressão: mascaram a dominação e tornam problemas sistêmicos, mera questão de disputas individuais.
Prefiro, nesse sentido - criticar o mundo como ele é -, qualquer uma das distopias citadas no artigo a esses dois filmes, em particular.
Sobre a questão da representação, penso que a autora foi mais certeira. Rola fetiche sádico em muitas dessas distopias? Ah, rola. Contudo, nada pior do que distopias com opressão de mulheres escritas por homens, se alguém quiser saber. Se alguém quiser uma reprodução fiel do quão sádica, cruel e miserável a misoginia pode ser, leia 'O remorso de Baltazar Serapião', e olha que nenhuma das críticas literárias que li se dá ao trabalho de problematizar o machismo inerente de todos os homens retratados no livro.
Todavia, dizer que os homens fazem pior com o nosso sofrimento, não é de muita serventia. Distopias têm muito potencial de crítica que entende como o mundo é, e consideram que é preciso mostrar o quanto o normalizado é moralmente inaceitável, mas têm pouquíssimo potencial de crítica para oferecer quando se trata de imaginar o mundo como gostaríamos. Nesse aspecto, fico com Mulher Maravilha e Furiosa Mad Max, embora eu prefira os dois novos filmes de Star Wars (Rey, Leia, Rose e a Holdo - só amor) e as Dora Milaje de Wakanda (para mim, colocaram as amazonas da ilha paraíso no saco, mas se a DC e a Marvel quiserem fazer um crossover no cinema, com uma história das Dora Milaje e das Amazonas salvando o mundo, eu vejo).
E, pelo menos para mim, e o meu xodó por pensamento crítico, não dá para fazer só a crítica do diagnóstico de como o mundo é ferrado, crítica tem que ser capaz de mostrar um futuro melhor. Acho que nesses termos, há sim que considerar os impactos negativos das distopias.
Lola, obrigada pelo artigo!
A distopia não mostra o mundo como ele é, mas como pode ser. Só que a distopia mostra um futuro sombrio. Nao curto. Acho que os problemas femininos do mundo rela real são suficientes para me sensibilizar. A violencia dessas distopias é extrema. Algas mulheres na vida rela passam por elas. Já estou sensibilizada em relação a isso mas assistir essas distopias é muito desagradaved.
ExcluirE tome defesa tacanha desse padrão por aí, 'basta você ter autoconfiança e aceitar seu corpo - magro que você vai gostar dos dois filmes.
ExcluirMeu corpo não é magro como o dela, mas tenho autoconfiança e gostei dos dois filmes. Será que vai ter que tirar todas as mulheres magras dos filmes para que nenhuma mulher se sinta pra baixo? Isso seria discriminação com ultramagras. E nem todas as mulheres representadas em filmes são magérrimas. Há muitos tipos físicos representados em filmes. De fato a poucas mulheres muito gordas ou obesas. Isso é o que deveria mudar e não ficar criticando a mulher-maravilha porque ela não é real. Ela é real e poucas vezes eu saio na rua sem ver pelo menos uma mulher magérrima.
Tadinhos dos homens, gostar deles não é feminismo. Nem tudo é sobre amar e adorar homens, nem tudo no universo é sobre homens, e agora?! Oh, quem poderá defendê-los?!! Kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirVixe, o radi chato atacou de novo. Adora dizer que toda heterossexual, tadinha, é só meia feminista - no site onde uma mulher feminista, que por acaso é heterossexual e casada - labuta para pautar feminismo. A cara do dito? Nunca vimos - e eu dispenso por completo, mas esse modo operanti covarde (escolher um comentário curto, recusar o título de feminista da comentadora, dizer que ela é incompetente para a militância feminista, terminar xingando a mulher por que ela não é lésbica) é bem conhecido.
ResponderExcluirAnos das 20: 57 e das 03:58, fiquem de boa. A heterossexualidade de vocês, como é evidente, é um problemão só para esse imbecil mesmo. Vai por mim, a maioria das feministas que eu conheço preferem não fazer política com esse tipo, até por que, evidências em contrário, não é em coletivo feminista que ele milita, muito menos defendendo mulheres.
Marcia.
Eita, demorou.
ResponderExcluirRápido! Mais rápido!
"economicamente, sexualmente e (como O Conto da Aia examina mais obviamente) reprodutivamente."
ResponderExcluir"econômica, sexual e (como O Conto da Aia examina mais obviamente) reprodutivamente."
NINGUÉM mais lembra dessa regra?? Que inferno.
Anon das 17:32, e eu não saio na rua sem ver uma mulher média, gorda ou obesa. Agora qual é o único padrão representado na telas? Enquanto for o dos corpos magros e suas variações de centímetros, não acho justo que apenas o corpo magro possa assumir a representatividade de todas as mulheres heroínas. Não tem nada de errado com o seu gosto pelo filme, eu também gostei, só que não acho satisfatório no quesito representatividade. Nossos gostos individuais, infelizmente, não invalidam os usos ideológicos de um padrão.
ResponderExcluirAnon 16:45, sim, da perspectiva de que distopia é um gênero literário de fantasia, você está coberta de razão. Eu quis dizer que as distopia projetam a ideia de que o mundo é um lugar hostil para mulheres. E, nesse sentido, da sua perspectiva interna, retratam o mundo como ele é (não é a verdade histórica, é o que a narrativa assume como linha para conduzir a história, são extrapolações de situações reais e generalizadas). O que não falta é livro jornalístico de histórias de vida muito mais assustadoras e cruéis do que muita distopia que foi citada aí. Já leu 'As boas mulheres da China'? A Vida Imortal de Henrietta Lacks, também é tão triste...
Sobre as Utopias, eu gosto de A mão esquerda da Escuridão, mas oh: apesar de existir uma civilização inteira que pode trocar biologicamente de sexo muitas vezes durante à vida, há papéis de gênero marcados. Por exemplo: sempre que qualquer personagem está em posição de poder político, ou decide enfrentar um perigo, chuta qual é o gênero dele? Masculino. Nhé, nesse sentido, falhou em superar a divisão clássica dos papéis.
Anon das 23:37 muié, qui é qui si inporta? Quantú elitismo e capacitismo só porquê ocê nun sabí responde os argumento qui dizcorda? Num escrivi nas réguas gramaticais, mais cê entendeu direitin. Correção de escrita só é necessária quando solicitada e se você é professora de português. No mais, é arrogância inútil.
Marcia.
Sim, Márcia. Foi o que eu falei. Que há mulheres na vida real que passam pelos horrores que são descritos nas distopias e que estou sensibilizada para isso e, portanto, não gosto de ler distopias porque já conheço e estou sensibilizada para todos os casos de injustiça do mundo real.
ExcluirQuanto ao padrão de beleza em filmes o que eu disse foi que é preciso mais representação de mulheres gordas e obesas, mas nunca de retirar dos filmes as malhadas e ultramagras porque elas também são reais e tirá-las dos filmes porque algumas mulheres se sentem mal em vê-las não faz o menor sentido. Não sei se vocês perceberam mais a representação de corpos "perfeitos" em filmes não acontece só com mulheres mas também com homens. Não fiz defesa tacanha dos filmes. Mas quis deixar claro que eles não me incomodam. Já me incomodaram, mas hoje não me incomodam. As mulheres também precisam aprender a questionar e não internalizar aquela beleza que está sendo representada ali como a única. Nós podemos aprender a fazer isso e ensinar outras mulheres. Nós precisamos ser menos sensiveis também. Pois vai demorar até que isso mude, se é que algum dia vai mudar. A "beleza" só vai deixar de ser vendida quando muita gente decidir parar de comprá-la e perceber que ela é uma ilusão e uma idiotice. Perceba isso e você não vai ser atingida tão facilmente por estas imagens.
A questão é que não vejo um uso ideológico aí, mas que isto é vendido porque as mulheres, sim as mulheres, compram esses padroes. Não lembro agora qual foi a empresa, mas uma empresa falou que decidiu colocar imagens de mulheres 'reais' e suas vendas caíram, quer dizer, as mulheres optam por ver essas imagens, tentam burramente ficar iguais a elas, adoecem e depois falamos de uso ideológico? As mulheres precisam parar de se comparar. Isso PODE ser feito individualmente.
ExcluirTá se achando a cacetuda.
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