quinta-feira, 23 de novembro de 2017

MACHISMO NAS FACULDADES DE MEDICINA

Recebi ontem este email da N.

Boa tarde Lola, primeiramente gostaria de parabenizá-lá pelo seu maravilhoso blog. Mulheres como você são uma inspiração para todas nós! 
Lola, sou uma estudante de medicina de uma faculdade num estado do Sudeste e estou já no final do curso, o que quer dizer que já conheço bem como funciona a medicina e os hospitais. E cada dia mais me choco com o machismo dos professores e médicos, sobretudo dos médicos homens. 
Eu e minhas colegas de classe, que aliás somos a maioria, já escutamos que não devemos ser cirurgiãs porque cirurgia não é coisa de mulher, que devemos escolher áreas que não atrapalhem nossa vida (que, segundo eles, resume-se a casar e ter filhos). 
Na minha sala de aula somos na maioria mulheres, mas não chega a ser tão discrepante quanto na enfermagem. Nas salas de cirurgia ainda tem poucas mulheres e acho que é sobretudo por conta das pressões que nós mulheres temos de casar, ter filhos e ter de fazer tudo sozinhas. 
Uma vez, vi uma residente muito estressada desabafando no elevador. Ela tinha feito um plantão de 48 horas e quando chegou em casa seu parceiro tinha deixado a casa um lixo e ela que teve de arrumar. Lola, o cara conseguiu ferrar a casa em 48 horas. Ela trabalhou 48 horas seguidas e agora tinha de resolver isso! 
Já escutei de um colega de classe que ele só iria consultar uma urologista mulher (como todos sabem, urologista é médico que trata vias urinárias e órgão genital masculino) se ela fosse muito boa, porque óbvio que mulheres não podem entender mais do pênis deles do que eles, nem podem tratar impotência sexual. Mas ginecologista homem, tudo bem pra esse colega!
O pior de tudo é que o chefe aqui do hospital é casado também com uma médica, e todos o consideram o pica das galáxias, apesar de ele ser para mim um traste. E ela é sempre relegada ao segundo plano e vista como ruim. Já percebi que o relacionamento deles parece ser um pouco abusivo, do tipo: "Eu sou o foda, e você deve sempre me escutar". Uma vez ela questionou uma conduta dele de ter dado alta para uma paciente. Primeiro ele respondeu negando que tivesse sido ele (típico de homem). Ela lhe mostrou a assinatura dele e ele simplesmente virou as costas e saiu andando.
Eu moro com uma amiga também da medicina e o sonho dela é ser cardiologista. Recentemente ela estava passando por um estágio em cardiologia e o professor perguntou quem queria ser cardiologista. Ela e um colega levantaram a mão. A partir desse dia o professor a desconsiderou completamente, fazia perguntas "ao futuro cardiologista" e nem olhava na cara dela. Pode isso, Lola?
A verdade é que desde que entramos na medicina já nos dizem que tal e tal especialidade não é boa para mulheres. Quando insistimos, nos olham com maus olhos.
Estou desanimada. Como posso construir uma carreira na medicina sendo eclipsada assim pelos homens? Já escutei de residentes mulheres que desistiram da neurocirurgia por que eram deixadas de lado e obrigadas a buscar café para os homens. Eles riem das nossas condutas, desconsideram o que a gente fala e parece sempre que temos que provar algo.
Desculpe o desabafo, mas creio que você irá me compreender.
A luta continua! Não vou desistir. 


Meu comentário: Obrigada pela mensagem e pelo carinho, N.! O machismo nas faculdades de medicina é conhecido, e talvez por isso seria tão importante ter alguma disciplina sobre gênero na universidade. Até porque o machismo de colegas e professores médicos não afeta apenas as estudantes mulheres, mas as pacientes também. Afinal, se um colega ou um médico vê com preconceito uma aluna e a discrimina ou ignora, é bem provável que ele se comporte assim com as mulheres que ele terá que atender. 
E, se uma faculdade -- um lugar pra educar -- não apenas não modifica esses pensamentos e atitudes machistas, como também os incentiva, tem algo de muito errado nesses cursos (e na profissão). 
Mas são pessoas como você, N., e tantas outras que persistem, que iremos mudar esse quadro. Não tem volta!

34 comentários:

  1. Foi sim, eu estava la foi lindo, eu era a letra feia na receita do medico.

    ResponderExcluir
  2. Se a maioria na faculdades são mulheres então não se preocupem, logo os homens vão ficar em grande maioria nos canteiros de obras.

    ResponderExcluir
  3. Homens não vão mudar,afastem-se deles.

    ResponderExcluir
  4. Vou repetir o que disse em outro post.
    Mulheres passam o dia reclamando de homens, dai você vai ver na vida real...ta la ela agarrada com um.
    Qual a logica disto?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quem desdenha quer comprar

      O problema é que às vezes só consegue um cara de quinta categoria e aí fala mal "duzômi tudo" pra não admitir que não conseguiu atrair um decente

      Excluir
    2. E qual é a lógica sobre você querer exigir coerência da vida DOS OUTROS? Quem te deu superpoderes para viver ou julgar uma vida que não lhe pertence? Viva a sua e tá ótimo, pessoa!

      Excluir
  5. Isso vai mudar. N., vice tomou consciência dessa realidade de discriminação, partilhe essa consciência, convide colegas mulheres e médicas para refletir sobre isso. Acredito que isso pode e vai mudar, nas escolas de medicina, nos ambientes de outros cursos (sugiro você conversar com mulheres estudantes de enfermagem) e em todas as atividades profissionais onde há discriminação de gênero (quase todas). Como a Lola disse, isso vai mudar, não tem volta.
    Charlie

    ResponderExcluir
  6. Combatam isso sendo as melhores. Eh triste que você tenha que fazer muito mais esforço para ser reconhecida como competente que um homem. Mas humilhar um machista com a inteligência ainda eh o melhor remédio. Então estude. Se esforce. De o seu melhor e seja o que você quiser.

    Alicia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Machismo JÁ É complexo de inferioridade. Apareceu um machista no caminho? Ignore. Seu ar de superioridade é pura figuração. Nada emputece mais um machista que ser solenemente ignorado pois isso o traz à realidade de não fazer diferença na vida de ninguém e nem na própria.

      Excluir
  7. Heterossexualidade não tem nenhuma lógica mesmo. É como um vício em alguma droga pesada, destrutiva, mortal. Heterossexualidade, pode ser dito que é um tipo de doença.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Radicalismo é doença. Extremismo é doença. Psiquiatra já, pra ti.

      Excluir
  8. Olha não me surpreende nada o relato. De modo geral, a academia é movida a ego, pois é dali que os "melhores" são pinçados, recebendo todos os prêmios, láureas, e puxação de saco típicos. Junta isso com a faculdade de medicina, com o status social e econômico que o médico recebe e pronto: receita que atrai os narcisistas de plantão, sendo a reprodução do machismo apenas mais um sintoma daqueles que nascem com o rei na barriga.
    Fabi.

    ResponderExcluir
  9. a) Lola sou sua admiradora adoro seu blog e gostaria de sugerir um post falando da candidatura de Manuela d Avila.

    b) Machismo existe em todo o lugar mas temos que ocupar nosso espaço e lutar pelos nossos sobhos nao interessa o que os homens imbecis pensam

    ResponderExcluir
  10. Entendo o desânimo, mas é enfrentando e lutando que vamos mudar. Lute pela sua conquista, moça! Estamos do teu lado.

    ResponderExcluir
  11. Robinho é condenado a nove anos de cadeia por estupro cometido em 2013

    O jogador abusou de uma jovem albanesa, junto com cinco homens, em uma discoteca de Milão

    https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/23/deportes/1511457555_262473.html

    ResponderExcluir
  12. Essa residente do cara que deixou a casa imunda deveria mandar ele limpar, mesmo que ele faça tudo sob as ordens dela, mas ele que deveria reparar o estrago que ele fez. Ou então se tivesse a opção de ir dormir em outro lugar até ele limpar a casa ou pagar alguém p/ limpar. Não adianta nada criticar o machismo, ver o cara destruindo a casa e limpar tudo por ele sem questionar nada do porque ele deixou a casa imunda. Não faz sentido uma pessoa imunda com uma asseada numa mesma casa e o cara imundo usando o gênero para justificar imundice e falta de higiene. É infantilizar um brutamontes que não vai mudar nunca. Tem homens que morando só ou acompanhado sabem cuidar da casa sim, então não adianta nada criticar o machismo e escolher viver justamente com um machista típico, pois esse tipo não vai mudar nunca. A sociedade criou essa mania de infantilizar a mulher no espaço público e infantilizar o homem no espaço privado. Isso precisa acabar. Querendo ou não são as mulheres que vão ter que tomar iniciativa p/ acabar com isso, pois se depender desse sujeitos isso não vai mudar nunca.

    ResponderExcluir
  13. Ainda bem que vcs sabem que se depender de nós, não vai mudar nunca.

    Eu mesmo não pretende mudar. Não lavo um garfo na minha casa, e isso não vai mudar. Quando casei avisei para ela que eu era assim aceitou numa boa. Por que eu deveria mudar?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Fanfic do tempo que vovó era virgem. Tente outra vez, quem sabe sai alguma coisa melhorzinha...

      Excluir
  14. Entendo completamente.
    Sou capitão do Exército, e é muito desgastante e estressante ter que conviver diariamente com tantos dinossauros machistas. Além de militar, ainda sou engenheira, então convivo com muito mais homens que mulheres, e a grande maioria deles são uns machistas escrotos Bolsominions. Minha única alegria é quando tenho oportunidade de esfregar na cara de algum deles que sou mais inteligente que eles (a faculdade de engenharia do exército é a melhor do Brasil em quase todos os cursos, e é conhecida por ser muito difícil para ingressar, e mais ainda para se formar). Mas eu definitivamente cansei. Já comecei a estudar pra fazer um concurso e mudar de emprego, porque aguentar esses trogloditas todos os dias é muito complicado...

    ResponderExcluir
  15. ...Eu sabia de uma forma profunda, intuitiva e conclusiva que a chamada objetividade era uma invenção da necessidade febril dos homens de estar em todas as coisas "não mulheres", um fantasma gerado pelo pânico deles para encontrar suas próprias maneiras masculinas e superiores de verificar a verdade, uma maneira de estar no controle.

    Se a gênese de toda realidade é interna e subjetiva, todos os sistemas são sistemas internos, incluindo o patriarcado. O patriarcado não possui uma existência separada fora de nós; ele existe dentro de nós e nós o projetamos diariamente em nossa tela externa, em nosso porto do mundo, e depois interagimos com ele de forma a mantê-lo funcionando, já que nos ensinaram a acreditar que ele deve funcionar inevitavelmente.

    A parte maravilhosamente esperançosa disso é que a realidade estando dentro de nós obviamente a faz estar muito sob nosso controle. Tão sob nosso controle, de fato, que no instante que o patriarcado morre em nossos corações e em nossas mentes, ele morre em todos os lugares. Quando nós mulheres deixamos de acreditar que o patriarcado é muito forte, quando deixamos de ter medo dele, quando deixamos de acreditar que devemos fazer tudo através e em relação aos homens e ao sistema deles, quando deixamos de pensar no controle dos homens como poder, quando nós nos desprogramamos da crença de que não podemos construir um mundo novo sem primeiro obter a aprovação dos homens (tentando levá-los a legislar para nós, por exemplo), e quando deixamos de acreditar que temos que fazer qualquer parte de nossas vidas conforme a sociedade dita, então o patriarcado acaba. No instante que o suficiente de nós desprende-se do patriarcado e deixa de facilitá-lo, esse é o instante que a tirania cessará.

    - Sonia Johnson

    ResponderExcluir
  16. Esse exemplo do manchild que virou a casa do avesso em 48 horas e a GUERREIRONA foi lá limpar a merda é típico do que se espera das mulheres.

    Verdade seja dita, tem muita mulher que até reclama mas adora esse papel de mãe substituta na vida do parceiro, assume a coisa pra si, é a maior furada mas basicamente é um treinamento que a gente recebe desde a infância, estar sempre cuidado de homem e vencer isso nem sempre é fácil, nem sempre se tem exemplo disso em casa, na mídia, na educação geral.

    É preciso conscientizar as mulheres o quanto é roubada e que a gente deve subir a barra sim, subir o padrão, não aceitar qualquer bosta pra marido, parar de dar trofeuzinho pra gente que não tá fazendo nem a obrigação direito. Ser adulto NÃO É opcional, é dever, é plenamente exigível e deve ser exigido. A menos claro que você ame criar o filho crescido dos outros, fazer trabalho dobrado, triplicado, não ter tempo pra si enquanto o lindão fica lá jogando videogame e a casa virada do avesso, aí tudo bem né, a gente sempre aceita o amor que acha que merece.

    E sobre esses professores, um bando de bosta também. Passei por vários assim e desde o começo tive consciência de uma coisa: eles ficariam lá enquanto eu seguiria em frente. Aconteceu exatamente isso, alguns já até morreram, então que se fodam, a autora é jovem, tem a vida pela frente e logo essa turma aí vai virar poeira.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é. Eu passei por isso. Eu e meu ex marido trabalhávamos exatamente o mesmo número de horas (ambos militares) e ganhávamos o mesmo salário (éramos do mesmo posto). Mas quando chegavamos de noite em casa, o lindão se sentia no direito relaxar e jogar video game com os amigos, enquanto sobrava pra mim lavar roupa, louça, cuidar da casa e etc (pelo menos filhos não tínhamos). Ainda tentei por 4 longos anos mostrar pra criatura que eu não era escrava, e manter a casa habitável era obrigação de ambos, mas ele não tinha o menor interesse em mudar. Até que me cansei, e ele virou EX. E eu ainda que saí como a malvada "tadinho, um rapaz tão bom, a louca exagerada largou dele s por causa de louça suja na pia..."

      Excluir
    2. Não precisa lavar a casa.

      Excluir
  17. Não há nada mais propagador do status quo do que a universidade, os imbecis da direita a considera um antro de comunimos, quando na realidade é um instrumento de continuidade do sistema, ou seja, é uma máquina de perpetuar, o racismo, a homofobia, a exclusão social, a depredação ambiental, enfim, o capitalismo como um todo.

    Há pouco efeito modificar da sociedade que venha das universidades, reparem só, fora do campo das ciências puras, poucas ideias tem surgido no âmbito acadêmico,é só repetição e repetição.

    Não há esperança, país colonizado e atrasado é assim mesmo. A moça terá de conviver com o machismo mesmo, o resto da vida.

    ResponderExcluir
  18. Será coincidência que os homens achem que sabem de tudo e, quando estão no campo da medicina, sejam eles que cometem as maiores barbeiragens e erros médicos?

    ResponderExcluir
  19. "Será coincidência que os homens achem que sabem de tudo e, quando estão no campo da medicina, sejam eles que cometem as maiores barbeiragens e erros médicos?'

    Então... Isso já é esperado... afinal, como "uzómi" são a esmagadora maioria dos cirurgiões e a esmagadora maioria dos erros médicos são cometidos em cirurgias...

    ResponderExcluir
  20. Será coincidência que os homens achem que sabem de tudo e, quando estão no campo da medicina, sejam eles que cometem as maiores barbeiragens e erros médicos?

    DE onde tirou isso?

    ResponderExcluir
  21. 13:24 DA vida real, meu amigo.

    Não, mascu do mato, é que a maioria dos erros médicos é cometido por babaquice e ego. E fazer merda por babaquice e ego é tipicamente coisa de 'ómi'.

    ResponderExcluir
  22. http://www.tribunadovale.com.br/saude/acoes-judiciais-por-erro-medico-aumentam-1600-e-mais-da-metade-e-consi/2226870/


    Sexo do paciente

    Dos processos que chegaram ao STJ, 61,72% foram apresentados por mulheres e 38,72% por homens.

    Sexo do médico

    Dos médicos acionados na Justiça cujos processos chegaram ao STJ, 93,5% são homens e apenas 6,5% são mulheres.

    Ranking de demandas em todos os TJs

    Levando em consideração todos os tribunais do país, ginecologia e obstetrícia também figuram como as campeãs em quantidade de processos, respondendo por 27% de todo o universo de demandas. O segundo lugar é ocupado por traumatologia e ortopedia. Em terceiro surgem cirurgia geral, clínica médica e cirurgia plástica.

    ResponderExcluir
  23. Fazia séculos que não comentava aqui .
    Como sou médica há quase 20 anos, vou deixar minha experiência aqui :

    - Havia piadinhas , “ hinos “ , brincadeiras e rituais de cunho machista .
    - Havia UMA vaga de residência de cirurgia plástica . Quando o candidato que tirava a maior nota era mulher , eles davam nota baixa na entrevista e colocavam o homem melhor colocado . Num dado ano, a maior nota de TODAS as provas de residência foi de uma moça que prestava cirurgia plástica Com essa nota , ela entrava na vaga que quisesse .. Não a deixaram entrar e colocaram um homem .
    - Havia piadas que mulher não servia pra cirurgia, ortopedia , etc. Diziam que a gente tinha que fazer dermatologia , pediatria ou quando muito psiquiatria . Detalhe : homem que queria fazer essas áreas que citei era quase automaticamente classificado como “ gay “.
    Um adendo, que quando perceberam que a dermatologia dava muito $$$ ( desde que se enfatIzasse a estética e não as doenças de pele ) , começou a chover candidatos homens para essa cadeira , e o preconceito contra homem dermatologista diminuiu bastante .
    E na minha turma uma moça prestou e passou em ortopedia . Ela era muito popular, muito amiga da molecada, da turma da bagunça . Então não parece ter tido grandes problemas durante a residência médica .Como eu não era muito amiga dela, pode até ser que ela tenha sofrido machismo , mas se sofreu , não me contou.
    Conclusão :mulher ficava mais nas áreas clínicas ou consideradas “ café com leite “( dermatologia , saúde pública etc ) . Homens fiacavam mais na cirurgia . Em anestesia era meio a meio . Homens normalmente procuravam áreas que não eram cirúrgicas quando viam que “ dava $$ “ . Claro que havia exceções , mas o perfil dos médicos da faculdade que cursei era esse .
    - quanto a moça fazer 48 horas de plantão durante a residência , eh proibido fazer mais que 24 horas de plantão pelo conselho de medicina , pelo risco de fazer uma bobagem depois de tantas horas sem sono e sem se alimentar direito .muitas vezes os residentes são obrigados a fazer essa jornada exaustiva , senão são ameaçados de serem expulsos e banidos do programa ; ou são intimidados de outras formas, dizendo que se não fizerem essa carga horária não tem outra pessoa pra atender etc. pela lei e estatuto da residência médica , havia o direito de uma folga de meio período após 24 hs de plantão , e a uma folga semanal . Se isso é cumprido ? Bem ....

    Esses são meus comentários

    Maria Valeria


    ResponderExcluir
  24. Dica rápida de beleza para as mulheres: diminua hoje mesmo linhas de expressão, olheiras e bolsas debaixo dos olhos parando de fazer trabalho emocional para os homens



    PS: não fazer serviços domésticos gratuitos para eles também ajuda a melhorar seu bem estar físico e mental, sua qualidade de vida e sua aparência, e acima de tudo: você terá mais tempo e disposição para si mesma!

    ResponderExcluir
  25. Kasturba, pro comentário de ontem as 09:44 :


    Sempre assim . Sempre chamam a ex de “ ex louca “ . Se aparecer um pretendente que fale assim da ex, , saio correndo . Pela minha experiência e pelo que observo, dentro de alguns anos a próxima “ex louca “ será você .
    To fora .

    Maria Valeria

    ResponderExcluir
  26. Compreender o heterossexualismo envolve analisar a relação entre homens e mulheres em que ambos homens e mulheres têm um papel. Heterossexualismo é os homens dominarem, desabilitarem e des-qualificarem as mulheres de várias formas, desde o ataque direto ao cuidado paternalista, e as mulheres desvalorizarem (de necessidade) as ligações entre as fêmeas, além de encontrar conflitos inerentes entre compromisso e autonomia e consequentemente valorizar a ética da dependência. Heterossexualismo é uma maneira de viver (que praticantes reais exibem em maior ou menor grau) que normaliza o domínio de uma pessoa em um relacionamento e a subordinação de outra. Como resultado, ele mina, prejudica a atividade feminina.

    O que eu estou chamando de heterossexualismo não é simplesmente uma questão de homens terem intercurso sexual com mulheres. É um modo de vida inteiro que envolve um equilíbrio delicado, embora às vezes indelicado, entre a predação masculina e a proteção masculina de um objeto feminino de atenção masculina. Heterossexualismo é uma relação econômica, política e emocional particular entre homens e mulheres: os homens devem dominar as mulheres e as mulheres devem se subordinarem aos homens de várias maneiras. Como resultado, os homens presumem o acesso às mulheres, enquanto as mulheres permanecem fixadas nos homens e não conseguem sustentar uma comunidade de mulheres.

    Em quase todo o mundo, as mulheres não podem aparecer publicamente sem que alguns homens avancem sobre elas, presumindo acesso a elas. Na verdade, muitas mulheres vão pensar que algo está errado se isso não acontecer. Uma mulher simplesmente é alguém para quem esse tipo de comportamento é considerado apropriado. Quando uma mulher está acompanhada por um homem, no entanto, ela geralmente não é mais considerada um alvo de avanços.

    Heterossexualismo tem certas semelhanças com o colonialismo, particularmente em sua manutenção através da força quando o paternalismo é rejeitado (ou seja, a intensificação da predação masculina quando as mulheres rejeitam a proteção masculina) e em seu retrato da dominação como natural (os homens devem dominar as mulheres tão naturalmente quanto os colonizadores devem dominar os colonizados, e sem qualquer sentido deles mesmos oprimindo aqueles que dominam, exceto em tempos de agressão aberta) e na des-qualificação das mulheres. E, assim como são os colonizadores que não podem sobreviver como colonizadores sem os colonizados, são os homens que não podem sobreviver como homens (protetores ou predadores) sem mulheres.

    ResponderExcluir
  27. Maria Valeria, tbm sou medica, mas nao com tanta experiencia. Ate agora, o que percebi foi exatamente igual, mas com uma quantidade menor de machismo. Ate fiquei feliz quando li seu texto, pensando ter ocorrido uma melhora na nossa area, por menor que seja. Me formei querendo ser neurocirurgiã, mas quando percebi o estilo de vida que levaria, pensei ser melhor outra area, ja que não queria viver dentro de um cc. Mas há pouquissimo tempo atras, o Brasil possuia somente UMA neurocirurgiã, e eu acho que sei o motivo. Na Europa (pelo menos em todos os paises em que estive), como existem vagas para todos alunos e ainda sobram, para entrar em uma residencia, basta mandar uma "carta" solicitando uma vaga, e pronto! Vc começa no serviço de residencia. No Brasil, todos os problemas de falta de hospitais e investimento pobre na saude (que leva ao desvio de atendimentos em atenção basica para atendimentos hospitalares), faz com que não existam vagas a todos os alunos que se formam. Isso somado ao fato de vivermos e convivermos com medicos que se consideram reis somente pelo fato de terem nascido homens, leva a situação em que vivemos. Uma colega minha que fez neurocirurgia, me contou que no serviço dela o chefe nao aceitava mais mulheres, pois permaneceu por um ano com 1 residente a menos, pois um residente (que era mulher) desistiu no meio do ano. Pq não melhorar o serviço com mais residentes? Pq não tentar reduzir a carga horaria? Nao...na verdade o problema era ela ser mulher e não o resto todo, devem pensar. Um absurdo! A residencia de neurocirurgia dura CINCO anos! E la vc trabalha com somente DOIS residentes por ano! Para atender a todos os traumas, todas as demencias, todos os pacientes oncologicos, etc. COMO ate hoje, NG pensa em mudar isso, eu não sei...mas ainda funciona assim! Quando vc encontra os residentes pelo hospital, parecem zumbis, trabalham por 100-120 horas semanais! Tem ate residentes que demaiam durante a cirurgia por hipoglicemia (baixo açucar no sangue) pq nao se alimentam a dias;nao da tempo. Mas, na verdade, a culpa era pq a residente era mulher! Aff... Quando realizei uma prova logo formada, para neurocirugia, pos a entrevista, um concorrente veio me perguntar se eu estava preparada para nao fazer mais unha e nao ir mais a academia devido a residencia. Na cabeça dele, é claro que uma mulher não consegue viver sem essas coisas.
    Infelizmente, até hoje, na matricula para residencia medica, existe uma unica pergunta que é feita juntamente a seus dados: voce possui filhos? Isso quer dizer, que se eu tiver filhos não posso entrar? Não posso cursar? Pq eu sinceramente DUVIDO que na hora de escolher entre um ou outro candidato, vão escolher que tem filhos. DUVIDO! E toda vez o q eu me pergunto é: se as pessoas estão me dando a opção de me candidatar a residente em qualquer area, pq eles não fazem de forma democrática a atender as necessidades de todos que prestam a prova? Pq o conselho federal de medicina até hoje TAPA OS OLHOS para tudo que ocorre não somente nas residencias, mas tb nas universidades? Pq ate hoje eu escuto alunos de medicina falarem sobre areas para mulheres? É incrivel como AINDA temos que ouvir essas coisas! Já somos maiorias no curso e AINDA somos tratadas assim!
    Eu fiquei e ainda fico muito feliz com as colegas de profissao que optam por areas cirurgicas (na minha sala foram somente 3 das 37 mulheres de 60 alunos), pois somente entupindo os serviços com mulheres que conseguiremos mudar essa visao absurda.

    ResponderExcluir