Já faz um tempo, recebi de uma leitora um belo livro sobre como as revistas adolescentes no Brasil veem e retratam a mulher negra. Usei um dos capítulos num curso de extensão sobre análise dos preconceitos na mídia, e foi muito produtivo.
Hoje quero publicar um post dessa autora falando um pouquinho desse seu projeto. Carolina dos Santos de Oliveira é historiadora, mestre em educação, participante do grupo de ações afirmativas na UFMG, e desde 2007 trabalha com a implementação da lei 10.639/03, que trata do ensino de história da África e cultura afro-brasileira. Ela também trabalha com estudos articulando raça, gênero e mídia. O livro Adolescentes Negras, resultado de sua dissertação de mestrado, está à venda na livraria da editora em BH, mas é possível comprá-lo por email direto com a autora: carolliva@ig.com.br . E, acredite, vale muito a pena.Hoje, quando lavo meus cabelo crespos e os deixo livres, percebo ao meu redor diversos tipos de olhares, desde reprovação até de admiração ("Que coragem!"). Mas para que hoje, já na casa do 30, eu possa me sentir bem com essa imagem, que reforça que sou uma mulher negra, o caminho foi longo.
Lendo revistas femininas desde a pré adolescência, descobri que eu não estava adequada aos padrões estéticos da revista, nem da TV, nem de nada...
A inquietação que surgiu nessa época me acompanhou pela vida. Mais tarde, como professora de história, vi a angustia de não se ver representada se repetir em minhas alunas. Vi também que as revistas estavam mudando: da total ausência de adolescentes negras, havia uma presença incipiente nas páginas. Surgiu nesse momento uma questão de pesquisa: como essa presença se apresentava? O que ela significaria?
Foi nesse contexto que iniciei minha pesquisa de mestrado em educação. Considerando o poder “educativo” da mídia e que ela não se constitui do “nada” -- ela se alimenta do que a sociedade lhe fornece e aceita receber, num processo de alimentação cíclica --, considerei que podia “ler” como as relações raciais e o racismo estavam se apresentando no início do século XXI.
O racismo cordial que impera no Brasil nos dificulta e às vezes impede de percebê-lo, e nisso reside sua crueldade. Sem percebê-lo, não existe; sem existir, não o combatemos. Através da análise de revistas femininas em geral e especificamente as voltadas para as adolescentes, foi possível ver essa cordialidade.
Trabalhei principalmente com a revista Atrevida, uma das maiores do Brasil para adolescentes. A princípio a revista não “racializa” suas leitoras, ou seja, não marca o pertencimento racial do seu público-alvo. No entanto, essa ausência de marcação revela que, seguindo o modelo de racismo no Brasil, ao falar de sujeitos brancos não é necessário mencionar seu pertencimento étnico, uma vez que esses são considerados os representantes naturais da espécie.
As adolescentes negras aparecem pontualmente em episódios em que são convidadas a “corrigir” e “educar” seus corpos em nome, segundo a revista, não apenas da beleza, mas da "saúde". As revistas femininas são publicações baseadas no entretenimento e não na informação; a novidade é o que interessa, e não os acontecimentos atuais. Por isso seu discurso é o de ser algo ou alguém pelo consumo. Com a imagem da mulher negra não é diferente. Essa adolescente negra é convidada a manipular e modificar seu corpo. Ela é sempre alertada de que pode melhorar, mas sempre com muito trabalho. Trabalho expresso em expressões comumente associadas aos cabelos crespos e corpos negros: lidar, domar, rebeldes, indisciplinados.
Na contramão de estudos realizados em diversas áreas, em que sabemos que as hierarquias raciais são socialmente -- e não biologicamente -- produzidas, a revista insiste em “biologizar” as diferenças e trazer soluções para a correção dos problemas com “neutralidade científica”.
Existem muitos exemplos em diversas edições da revista pesquisadas e de outras também, seja com a presença de mulheres negras, seja na sua ausência. Devemos ficar atentas para que esse discurso inclusivo emergente não nos seduza e deixe enganar, como se o racismo estivesse superado.
A inclusão de imagens e discursos sobre as adolescentes e mulheres negras representa sim um avanço no que diz respeito a relações raciais no Brasil, mas representa um processo semelhante ao que ocorre na própria sociedade em que a revista está inserida. Um processo cheio de avanços e recuos, carregando as ambiguidades do racismo brasileiro e do mito da democracia racial. Um processo que, pelo tamanho de seus passos, ainda será longo.
Durante minhas pesquisas percebi que para além da questão racial nos deparamos com a questão de gênero, uma vez que as publicações determinam padrões estéticos e de comportamento que as mulheres em geral deve seguir.O resultado dessa análise é meu livro Adolescentes Negras, no qual pretendo levar xs leitorxs a aguçar o olhar para os lugares determinados para mulheres negras na nossa sociedade. Assim, podemos começar a pensar em como mudar essas perspectivas.
Posso dizer que hoje tenho o privilégio de contar com bonecas negras, referências positivas de mulheres negras para apresentar a minha filha e também ao meu filho. Mas não somos uma ilha. Sei que, apesar de todo o meu esforço na formação racial deles, não estamos blindados de sermos vítimas do racismo. Ainda precisamos avançar muito, todxs nós.
Existem muitos exemplos em diversas edições da revista pesquisadas e de outras também, seja com a presença de mulheres negras, seja na sua ausência. Devemos ficar atentas para que esse discurso inclusivo emergente não nos seduza e deixe enganar, como se o racismo estivesse superado.
A inclusão de imagens e discursos sobre as adolescentes e mulheres negras representa sim um avanço no que diz respeito a relações raciais no Brasil, mas representa um processo semelhante ao que ocorre na própria sociedade em que a revista está inserida. Um processo cheio de avanços e recuos, carregando as ambiguidades do racismo brasileiro e do mito da democracia racial. Um processo que, pelo tamanho de seus passos, ainda será longo.
Durante minhas pesquisas percebi que para além da questão racial nos deparamos com a questão de gênero, uma vez que as publicações determinam padrões estéticos e de comportamento que as mulheres em geral deve seguir.O resultado dessa análise é meu livro Adolescentes Negras, no qual pretendo levar xs leitorxs a aguçar o olhar para os lugares determinados para mulheres negras na nossa sociedade. Assim, podemos começar a pensar em como mudar essas perspectivas.
Posso dizer que hoje tenho o privilégio de contar com bonecas negras, referências positivas de mulheres negras para apresentar a minha filha e também ao meu filho. Mas não somos uma ilha. Sei que, apesar de todo o meu esforço na formação racial deles, não estamos blindados de sermos vítimas do racismo. Ainda precisamos avançar muito, todxs nós.
Tema instigante e que se reflete em muitas áreas. Para citar uma mídia que acompanho, a de banda desenhada/histórias em quadrinhos, recomendo um post um pouco vago, mas bem interessante: http://www.comicsalliance.com/2013/02/04/black-writers-comic-book-industry/
ResponderExcluirSobre a questão da participação feminina há o excelente e quase clássico já Women in refrigerators: http://en.wikipedia.org/wiki/Women_in_Refrigerators
Gostei muito de saber sobre seu livro e o comprarei assim que puder. Agradeço a dica.
ResponderExcluirSempre percebi essa falta de negros na mídia. E dificilmente as pessoas pessoas porque aqui no Brasil é tudo meio que disfarçado. Minha família é negra e sempre ouvi deles o como meu cabelo era BOM, por ser mais liso. E o deles era ruim.
Cresci vendo minhas primas e tias espicharem os cabelos e só se sentirem belas com os cabelos "domados" por horas. E fico triste em pensar que elas nunca saíram dessa situação. Isso é odiar a si mesmo, sem perceber.
Outro dia, passei por um situação de gênero quando fui comprar o presente do chá de bebê de uma amiga. Eu queria levar um presente de outra cor, mas só tinha azul ou rosa. No máximo um amarelinho.
Como era menino, levei um azul e outro rosa. E ainda corro o risco de não ver meu amiguinho usar o mordedor cor de rosa, por sabe se lá qual motivo.
As bonecas são o caso clássico de racismo, como naquele vídeo (de cortar o coração) em que as meninas apontam qual é a boneca boa e qual é a boneca ruim.
E além disso, agora a moda é falar que a mídia não é racista porque fulana que é branca pintada de preta está na novela tal.
Os traços são caucasianos, os cabelos lisos e a pela morena ou escura. E querem passar isso como representação da raça negra. Como assim?
Racismo na midia em geral não só contra negros, mas as demais etnias tambem realmente parecem não existir. Meninas de traços orientais, indígenas, árabes, albinas, trans etc. são ainda mais raras que negras.
ResponderExcluirApontar racismo em revistas para adolescentes é uma gota no oceano.
essas revistas são recheadas de machismo, racismo, elitismo (alguem já viu o preço das roupas anunciadas?), consumismo, padrão de estética, papel de gênero, etc. a lista é longa...
acho que a temática é ótima mas, sei lá, faltou números, estatísticas, exemplos, comparações para enriquecer o post.
Assim como dá pra fazer uma montagem de brancos na capa da Atrevida, também dá pra fazer uma montagem com pessoas mais escurinhas
ResponderExcluirhttp://www.taylorlautner.com.br/images/news/2011/10/03/taylor-lautner-atrevida-outubro-2011-1.jpg
1.bp.blogspot.com/-si59o71-V_k/T0bAlW4fStI/AAAAAAAACBI/gbJ9tnxUjKs/s1600/408925_389207851092814_100000108065446_1696165_1025035459_n.jpg
http://www.escala.com.br/revista1/R-ATRVA1DB220_977010476000100220c.gif
E quando fazem uma capa assim, dizem que ele é feio pra estar na capa
http://www.escala.com.br/revista1/R-ATRV203A_977010476000100203c.gif
"E além disso, agora a moda é falar que a mídia não é racista porque fulana que é branca pintada de preta está na novela tal."
ResponderExcluirComo eu odeio isso. Falam que não tem racismo e citam um ou dois dos únicos exemplos que existem, numa imensidão infinita. É como quem fala "olha o Joaquim Barbosa aí no STF, o Brasil não é racista e não precisamos de cotas." Porra, UM exemplo e acha que acabaram os problemas. É muita limitação mental. Dá vontade de falar: "cite mais 3 exemplos". No caso da atriz da novela tbm não tem mais de 2, só consigo pensar na Camila Pitanga e na Thais Araújo que são atrizes muito famosas que fazem papéis de mocinha.
Nem precisa falar de revistas.Veja qualquer novela e conte quantas atrizes negras tem.Mesmo em novelas que se passam no nordeste , onde pelo menos teoricamente, ha grande porcentagem de população negra.
ResponderExcluirMichelle Obama estava com cabelo alisado quando apresentou o Oscar de melhor filme, diante de milhões de telespectadores. Sem contar a mais jovem atriz a ser indicada ao oscar, Quvenzhané Wallis, que também estava com cabelo alisado. Com apenas 9 anos de idade.
ResponderExcluirExcelente o post e me deu muita vontade de ler o livro. em breve!
ResponderExcluirPaula, racismo existe mesmo na mídia toda, o tempo todo, contra todxs q ñ sejam brancxs.
Mas, pensa bem, num país onde a maioria é negra ou parda, é muito absurdo que não se exponha/fale/exiba pessoas negras e pardas. Né? Chega a ser antieconômico, já que a maior parte do público não vai se identificar com as carinhas/cabelos/corpos q eles estão expondo.
Imagina se no japão as revistas só exibissem mulheres/moças/meninas brancas? Seria ridículo, né? Pois é, aqui é ridículo.
Pior é que, como disse a autora, qd eles se tocam que estão perdendo público (porque pobre - maioria negra/parda - está virando classe média) daí eles resolvem colocar um pouquinho, mas ainda tendo o branco como padrão a ser atingindo.
Não é só ridículo, é cruel.
Uma coisa que eu percebo, não com a propriedade da autora do post, que chegou a escrever uma dissertação e um livro sobre o assunto, é que a presença de negras nas revistas adolescentes é bem menor se comparada as revistas para adultos, talvez por uma razão bem cruel: a identidade da pessoa na adolescência ainda está em formação e, assim, a negra chega idade adulta com uma imagem distorcida de seu corpo. O golpe final é dado quando ela se depara, nas revistas para um público mais velho, com exemplos de belas mulheres negras, mas com seus cachos "domados" (que ódio desse termo). E o pior, até mesmo revistas dirigidas para o público negro (não necessariamente para adolescentes) não fogem muito desse padrão:
ResponderExcluirhttp://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/110/artigo49715-1.asp
Nos torturem com babyliss por favor, para domar nossos cachos!!! Aff
Gente, eles estão repetindo o mesmo discurso racista que vemos em outras publicações por aí...
Patrícia.
Pode ser impressão minha (acho que não mas...)Quando raramente tem um negr@ na capa das revistas, eles dão um jeito dele(a) parecer mais branco. Tenho sempre essa impressão, parece que a cor da pessoa foi clareada/ modificada.
ResponderExcluirQuando pego diferentes capas com beyonce ou rihanna, por exemplo, e comparo em cada capa elas apresentam cores diferentes, nunca o natural/real.
Anonim@ 12:16
Eu canso de ouvir falar do Joaquim Barbosa como justificativa para ser contra as cotas.Um saco. E ai de nós se pedirmos outra justificativa ou outros exemplos.
Alguma emissora de televisão deveria fazer um teste, colocar só pessoas que sofrem algum tipo de preconceito, para ver teria audiência.
ResponderExcluireu lia muito essas revistas,agora tenho nojo.
ResponderExcluirem um página dizem q devemos nos aceitar e claro com uma foto de uma garota branca e na página seguinte uma matéria com uma dieta para gente fazer.
Eu sempre repudiei este tipo de publicação voltada aos adolescentes, mesmo quando era. Haviam publicações como Capricho, muito aclamada entre os anos 80/90 pelas jovens e o que era publicado por lá? Consumismo predatório, exclusão, como ser e agir para não ser tratada(a) com desprezo ou ser ignorada(o), imposição de padrões. Isso é muito estúpido, eu preferia ler livros ou quadrinhos a ser mais um rótulo em uma linha de produção, pois a postura de "jornalistas" deste tipo de publicação é esta e muitos jovens bebem nestas fontes pútridas. Hoje com o auxílio da tecnologia, internet preconceitos, individualismos e egoísmos são amplamente divulgados com o consenso de muitos, inclusive tratados como algo sem importância. Eu repugno este tipo de publicação ou mídia, mas muitas pessoas não. Tem um filme que assisti e trata bem deste tipo de coisa, mas mais voltada para o cyberbullying que é Odd girl out.
ResponderExcluirÉ a mais pura realidade, a falta das mulheres negras não estão só nas revistas adolescentes mais em toda a midia.
ResponderExcluirhttp://preconceitonapele.blogspot.com.br/
anônimo das 12:00
ResponderExcluir"Assim como dá pra fazer uma montagem de brancos na capa da Atrevida, também dá pra fazer uma montagem com pessoas mais escurinhas"
"pessoas mais escurinhas" OI??
Racismo? O que é racismo? É somente para negros? Fala-se em racismo e a primeiro coisa que aparece é o negro. Para tudo. Racismo é geral, abrange tudo. O negro pode ser tão ou mais racista que o branco. O próprio negro faz isso. Vide Ronaldo, o Fenômeno, suas namoradas são de qual cor? O Ronaldinho Gaúcho? Posso citar vários exemplos...Quem é racista?
ResponderExcluirè impressionante que SEMPRE quando se discute racismo/machismo/preconceito vem gente com comentário do tipo deste Nivaldo.
ResponderExcluirAcho um saco isso.
Além de não valer a pena discutir com quem é e não vai querer mudar seu preconceito, entendo que existem as pessoas que tem simples ignorância desta falsas simetrias mesmo.
Seria legal se tivéssemos um lugar permanente do "beabá" mais básico para estes assuntos, para não precisar SEMPRE explicar o mesmo.
Tipo uma página onde poderia ser direcionada e explicando coisas do tipo:
Porque que branco não pode sofrer racismo
Porque feminismo não é o oposto de machismo
Porque esquerda e direita não morreu..
etcetc...
abraço Lola
Afinal as feministas acreditam que oferta gera demanda ou que demanda gera oferta ?
ResponderExcluir'"pessoas mais escurinhas" OI??'
ResponderExcluirFalei assim porque as pessoas que eu postei aí são mais escuras mesmo ou de etnias "diferentes" (fora do padrão caucasiano), mas às vezes não são exatamente negras (e algumas estão obviamente "esbranquiçadas" pela revista), não consigo generalizar isso sem pareecer politicamente incorreto
Como podem ver mesmo às meninas caucasianas de cabelo liso são orientadas a respeito de procedimentos possíveis com a aparência, são estimuladas para alcançar um "ideal" vendido pela revista
E eu entendo que pra um negro é muito ofensivo que esse "ideal" se aproxime do "ideal branco"
Mas no fundo esse tipo de veículo estimula que todos sejam escravos de um padrão, e alcançar a "perfeição" nunca exige naturalidade
Ai Nivaldo sem comentarios seu comentario...racismo somente para negros? Citar jogador de futebol? Ahhh cala tua boca imbecil! Vai la dicutir mesa redonda de bola que vc ganha mais.Que escroto!
ResponderExcluirNivaldo vc eh racista, e pelo jeito jogador de futebol de campinho de bairro bem racalcado! alem de racista, preconceituoso e claramente amargurado com o sucesso dos outros! Vai se informar mais querido vai!
ResponderExcluirCada dia um louco novo no blog da Lolinha, ta dando medo.
Anônimo disse...
ResponderExcluirAfinal as feministas acreditam que oferta gera demanda ou que demanda gera oferta ?
26 de fevereiro de 2013 13:57
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Afinal os anônimos acreditam que vão ganhar alguma coisa por vir encher o saco ou são só burros mesmo?
@Nivaldo Brás
ResponderExcluirQuem é racista? Essa é uma pergunta muito boa. É a SOCIEDADE, Nivaldo! Brancos e negros inclusos!
Adoro a lógica do Nivaldo.
ResponderExcluirO racismo existe até entre os negros, logo, não é necessário combater o racismo.
Sério, Nivaldo, não nos abandone. O Mingall Man anda meio sumido e precisamos de alguém para nos fazer rir.
Lola,
ResponderExcluirLogo após ler o post da Corolina, eu vi um artigo que mostra um exemplo claro do racismo na midia. O artigo fala de uma revista chamada Numéro que fez um editoral "African queen" com uma modelo branca, loira, de olhos azuis, super bronzeada. E a desculpa da editora é que não tem modelos negras. Isto me fez lembrar quando atores negros eram proibidos de participar da tv, cinema nos EUA e eram representados por atores brancos pintados.
Dá uma olhada no artigo.
http://www.huffingtonpost.com/2013/02/25/numero-magazine-african-queen_n_2761374.html?utm_hp_ref=mostpopular
No final do artigo, eles colocaram fotos de várias modelos negras para ajuda a editora, né, tá mesmo difícil encontrar modelos negras.
Em geral, a mídia se recursa a enxergar os não brancos.
Lola, me desculpa e se vc não achar correto, não ficarei chateada se vc não publicar meu comentário.
ResponderExcluirNIVALDO, VAI SE FUDER.
Nivaldo, vá estudar um pouco. O racismo não é um mal do branco, é um mal da sociedade. Assim como o machismo não é exclusivamente do homem, é da sociedade inteira. Isso todo mundo aqui já sabe, você não descobriu a América. Agora o que você não pode querer, é culpar os negros pelos racismo, nem as mulheres pelo machismo. OS negros não são MAIS racistas que os brancos. Quais as origens do racismo? Quem esteve/está em posição de comando durante a maior parte o tempo e espaço em nosso planeta? Quem construiu o padrão de beleza? Pense um pouco Nivaldo. Pensar pode doer, mas compensa. Negros são os mais racistas? Brancos também sofrem com o racismo? Sério? Você acredira mesmo que um grupo social seria responsável por algo que só os prejudica? Se uma menina negra alisa o cabelo e tenta de inúmeras maneiras corresponder ao padrão de beleza eurocêntrico, isso é culpa dela? Faz com ela seja "mais racista"que os brancos. Agora me diga qual a possibilidade de um branco ser prejudicado pela cor da sua pele? Me dê um único exemplo. E na história? Quais são os casos de pessoas sendo consideradas inferiores por terem a pele clara? Me relate todos os que você conhece.
ResponderExcluirPense Nivaldo. Vai ler um pouco, pode te ajudar a não passar vergonha na internet. Saiba que fazer esse tipo de comentário é assinar atestado de burrice.
Mohana.
Nivaldo, vc me dá sono. Zzzzzzzzz...
ResponderExcluirDisseram aí em cima, mas não custa repetir: vá estudar.
Eu lembrei daquele vídeo que perguntam pras crianças qual a boneca boa e qual a ruim, Nivaldo vai falar que as crianças são racistas também
ResponderExcluirTentar argumentar, debater sobre temas como este é complicado, pessoas com preconceitos enraizados tem complexo de superioridade, posam de donos da verdade. Eu, particularmente acho perda de tempo. É como enxugar gelo. O jeito é ignorar tais tipinhos inúteis, vetar ou boicotar comentários de cunho preconceituoso.
ResponderExcluirTambém não basta mais representar negras/os com a velha concessão dos cabelos cacheados. Pois eu pelo menos percebo que a representação de cabelos CRESPOS na mídia é quase zero. Embora colocam crespos e cacheados no mesmo patamar de aceitação, o que eu não vejo bem como sendo verdade.
ResponderExcluira autora falou,falou e n disse nada,pq vcs feministas fazem caso de tudo?
ResponderExcluiralguém aponta uma arma e obriga vcs a alisarem o cabelo? é frescura demais.
E eu n sabia q só existia a raça negra no mundo,se um branco ou japones for xingada pela sua raça n é racismo .
ResponderExcluirśó vale pra negros?
Bela justiça a de vcs,pq negros foram escravizados o resto do povo pode ser xingado a vontade.
Na minha adolescência eu percebi que eram poucas as imagens com pessoas negras e quando tinha era algum ensaio "étnico", quando queriam simbolizar pobreza em cenários urbanos, algo para "domar" os cabelos... Dificilmente negros aparecem como pessoas, tinha que ter algum contexto de "preto", de animalesco, meras caricaturas. Fora outros tantos absurdos.
ResponderExcluirE se hoje em dia tem maior diversidade de tipos na TV é porque houve pressão para isso. Não foi de graça, não foi uma mudança "natural", nem por bondade e conscientização. Foi às custas de muito debate e pressão, tem resistência a isso até hoje, e isso é facilmente verificável pelo fato de ainda termos poucas pessoas tidas como "diferentes" (dos brancos-héteros-classe média).
Por essas e outras, um belo dia eu simplesmente parei de consumir esses produtos. E me sinto bem melhor, o que só veio com amadurecimento. Mas é importante trabalhar hoje a questão da imagem e da representatividade social junto a crianças e adolescentes, pra depois não ter que ficar dependendo de crescer e ligar o f#d*-se. A autoestima não espera, ela se forma (ou deforma) e se reforça a cada instante. O melhor mesmo é mudar esse cenário.
O blog da Lola é mesmo maravilhoso! A gente aprende, se atualiza, se corrige, se informa, interage, faz amizades, conhece gente inteligente, interessante e engraçada. Mingall Man? Kkkkkkkk E como a gente se diverte! Graças aos mascus e cia.Então Lola, continue permitindo os comentários deles.
ResponderExcluirrelendo esse post, me lembrei de algo pitoresco que assisti uma vez.
ResponderExcluirEra um programa desses de beleza (acho que no GNT), tinha uma moça que tinha dificuldade em "domar" seu cabelo e sofria com sucessivos alisamentos.
O cabelereiro do programa apresentava a solução. Ia ajudá-la a valorizar seus cachos. Parecia uma proposta interessante, ia fugir dos tradicionais alisamentos/alouramentos.
Só que o processo para atingir esse objetivo começava exatamente com um alisamento, que foi seguido de um cacheamento artificial.
A mensagem foi clara de que o cabelo dela era entendido como ruim. Achei bastante desagradável e sempre lembro disso quando vejo alguma manchete no estilo "fulana valoriza seus cachos" e aparece com cachos que lembram o da moça do programa (fabricados no salão).
A opressão contra os negros em geral, e no caso, às mulheres negras, em relação ao padrão de beleza dominante (ou seja,padrão europeu) está em toda parte não só nas revistas adolescentes como nos demais tipos de revista, em todo o meio publicitário, mídia e etc. Sem contar o efeito que isso gera na sociedade afetando, inclusive, as crianças. E agravando ainda mais o racismo, claro.
ResponderExcluirE isso já é uma pressão muito cruel e constante... Sem ter arma apontada na cabeça como o tal Pedro, com seu comentário genial, disse acima.
"E eu n sabia q só existia a raça negra no mundo,se um branco ou japones for xingada pela sua raça n é racismo .
ResponderExcluirśó vale pra negros?"
Sabe o que eu detesto nesse papo? Brancos não são xingados pela sua raça
Aproveitando o post, vou contar uma cena que vi no último domingo. Sou professora de adolescentes na Igreja. E, à despeito do que muita gente pensa, adolescentes de igreja no geral são iguaizinhos aos que não são religiosos. Enfim, tínhamos terminado a aula e estavam as meninas – média de 13-15 anos – conversando. Uma delas, branquinha, loura, de olhos azuis (*não estou exagerando para compor a história, moramos em Brasília e a família é do Sul*) diz para a outra colega negra (*indiscutivelmente negra, sem qualquer atenuante, e seria assim considerada em qualquer lugar do mundo*) “Fulana, tudo que você veste fica lindo em você. Se eu usasse esta mesma blusa pareceria um botijão de gás, mas você é linda e elegante.”. As outras meninas, todas socialmente brancas, ou brancas mesmo, concordaram em coro enquanto a colega negra ficava sem graça e encabulada. Fiz uma intervenção perguntando se elas não se achavam bonitas e reforçando que todas elas eram bonitas. Elas concordaram e mais continuaram repetindo que a amiga negra era a mais bonita de todas e que parecia uma modelo.
ResponderExcluirEu fiquei feliz, afinal, o racismo é um fator que ajuda a rebaixar a auto-estima de meninos e meninas negros, mas, ao mesmo tempo, é possível ver como a padronização estética opera. Todas as meninas, salvo uma (*que é nova no grupo, tem mechas roxas no cabelo, piercings, e estava caracterizada como torcedora do Coríntias*), que não estava na conversa, estavam vestidas de forma absolutamente igual: jeans, sapatilha, uma blusinha leve. Todas tinham ou cabelos lisos, ou alisados. A mais magra delas todas, ainda que não a mais alta, era a menina negra em questão. O que remete ao texto e a forma como a inclusão se dá por formatação, corpos dóceis que precisam ser, em nome da “boa saúde” e outros argumentos de autoridade, levando a anulação das individualidades, ainda que todas essas adolescentes se achem – e até certo sentido sejam mesmo – únicas.
Em contrapartida, é necessário que não se caia no outro extremo de se tentar impor, e isso é uma das armadilhas presentes em muitos movimentos sociais, uma identidade visual ou comportamental como forma de resgatar, por exemplo, a negritude. Acusando moças que alisam os cabelos – sim, a pressão existe – de serem menos negras do que as que não o fazem, ou tentando defender que certos grupos devem abraçar uma herança religiosa ou cultural que é, em muitos casos, narrativa artificialmente inventada. O que me lembra o alerta feito por Chimamanda Adichie sobre os perigos de uma “História Única”.
Anonimo das 15:11
ResponderExcluir"Tentar argumentar, debater sobre temas como este é complicado, pessoas com preconceitos enraizados tem complexo de superioridade, posam de donos da verdade. Eu, particularmente acho perda de tempo."
Serio mesmo que é perda tempo e melhor deixar pra la? Então vamos fazer isso com todos os assuntos: preconceito, racismo, intolerancia, abuso, estupro, violencia contra a mulher, trabalho escravo, trabalho infantil! Que tal? Vamos! Que tal se conformar com tudo isso? Que mundo maravilhoso teremos!
Ahh faz favor viu! Vou parar de ler os comments desse blog pra não pegar nojo da humanidade!
Vou é parar de comentar e tentar argumentar com gente tão descrente e "cansadinha" de perder tempo! Esperava pessoas mais esclarecidas e menos pessoas sem noção comentando posts com assuntos tão legitimos quanto esse!
Reparem, não há um negro (NENHUM) na novela das sete "guerra dos sexos", nem em posições subalternas.
ResponderExcluirQdo era adolescente, década de 80, as revistas para minha faixa etária eram Carícia e Carinho. Não me lembro de ver modelos negras estampando suas páginas. O mesmo em relação a TV. A única atriz negra de destaque q me lembro é da Zezé Motta. Negros só em figuração, como empregadas domésticas ou em filme ou novela sobre escravidão.
ResponderExcluirHj já temos atrizes e modelos negras de maior destaque, mas os traços dessas mulheres são geralmente muito semelhantes aos traços das brancas. Nem parecem negras...
Com os homens já não acontece tanto isso. Temos atores negros de sucesso ( poucos é claro ) com rosto de fato de negros.
Chega até ser hipócrita. É como se a mídia implicitamente nos dissesse: Ok, vamos aceitar as negras, desde q tenham rosto e cabelos de brancas.
o negocio é lutar contra o palavreado baixo usado pra nomear o cabelo q a midia considera ruim
ResponderExcluirBrancos n são xingados por sua raça?ta de sacanagem!
ResponderExcluirComo é q eu fui zoado direto na escola por ser branco demais?
Era leite azedo,fantasma mas como n sou negro n é racismo...
Vi uma reportagem de um muleque de 6 anos ,sofrendo bullying na escola,o garoto ta traumatizado e n quer mais voltar pra escola.
A mãe denunciou na tv pq a diretora do colegio estava se lixando pro problema.
E adivinhei só,ele n foi perserguido pq era negro e sim japones.
É verdade, Pedro. Dá pra ver que vc foi muito perseguido na infância, e por isso se tornou essa pessoa pronta pra lutar contra os preconceitos. Vc poderia ter se tornado um troll amargo e chato que vem em blog feminista afirmar que machismo e racismo não existem, mas não. Reconhecemos o seu sofrimento. Aqui tem um post procê.
ResponderExcluirSuper recomendo o video que a Valéria citou sobre a Chimamanda Adichie: O perigo da história única, sobre estereótipos.
ResponderExcluir"Então é assim que se cria uma única história. Mostre um povo como uma única coisa, apenas uma única coisa, repetidamente, e será o que eles se tornarão.
É impossível falar sobre a única história sem falar sobre poder. Há uma palavra da tribo Igbo que eu me lembro sempre que penso sobre as estruturas de poder do mundo, e a palavra é "nkali". É um substantivo que livremente se traduz como "ser maior do que o outro". Como nossos mundos econômicos e políticos, histórias também são definidas pelo princípio do "nkali". Como são contadas, quem as conta, quando e quantas histórias são contadas, tudo realmente depende do poder. Poder é a habilidade de não só contar a história de uma outra pessoa, mas de fazê-la a história definitiva daquela pessoa.
O poeta palestino Mourid Barghouti escreve que se você quer destituir uma pessoa o jeito mais simples é contar sua história, e começar com "em segundo lugar...". Comece uma história com as flechas dos nativos americanos, e não com a chegada dos britânicos, e você terá uma história totalmente diferente. Comece a história com o fracasso do estado africano, e não com a criação colonial do estado africano, e você terá uma história muito diferente. (...)
Mas insistir somente nessas histórias negativas é superficializar minhas experiências e negligenciar as muitas outras histórias que formaram-me.
A única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história.
Há outras histórias, que não são sobre catástrofes e é muito importante, igualmente importante, falar sobre elas.
A consequência da única história é essa: ela rouba das pessoas sua dignidade. Faz o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada difícil. Enfatiza como nós somos diferentes ao invés de como somos semelhantes.
Histórias importam. Muitas histórias importam. Histórias tem sido usadas para expropriar e para tornar maligno. Mas histórias também podem ser usadas para capacitar e humanizar."
Palestra maravilhosa. Há muito o que ser extraído daí, desde manipulação da opinião pública para justificar guerras, controle da imagem do corpo feminino, "embranquecimento" na mídia, não aceitação do casamento homossexual, distorções mil sobre as motivações por trás das crises econômicas, e por aí vai. E também dá pra fazer um link interessante com o guest post do Ramiro sobre fatalismo e inibição do ativismo político. Sobre a falta de outras histórias sobre as quais se apoiar para que não se caia no discurso cansado do "é assim que as coisas são e nada vai mudar, só nos resta a conformação com a sociedade". Seja lá o que "sociedade" for e como poderíamos ressignificá-la.
quanta ironia lola ,o problema é que parece que vcs querem compensar o sofrimento dos negros negando o dos outros.
ResponderExcluirpq n falou nada do moleque japones? japoneses são brancos por isso n é racismo?
vcs dizem tanto q são contra bullying
,mas como eu fui humilhado por ser branco,nem bullying dever ser na
opinião hipocrita de vcs...
vcs me deixam enojado!
Brilhante!
ResponderExcluirMe senti contemplada!
Parabéns pelo post e pelo trabalho...
Sawl - The Rebel
ResponderExcluirGente, achei REVOLTANTE esta notícia!
Por isso que um país deve ser LAICO, quanto maior interferência de religião(qualquer que seja) mais há violência.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/02/garota-estuprada-nas-maldivas-e-condenada-a-100-chibatadas.html
Poxa, Lola, eu repudio o racismo, nao compro essa historinha idiota de q "ah, mas negro tb tem preconceito blablabla", mas assim como o Pedro eu tb era muito sacaneada por ser do Rio de Janeiro e branca. No Rio se vc nao for bronzeado vc está fora do padrão tb. Hj em dia nao moro mais no Brasil, porem todas as vezes em q vou de visita escuto pelo menos uma vez: "Nossa! Como vc está branca!"
ResponderExcluirAtualmente isso nao me afeta, mas qd eu era crianca sofria sim. Nao irei enquadrar isso como racismo, mas eu me sentia tao mal. Nao sei se isso é uma coisa específica do Rio por ser uma cidade de praia.
Que bonitinho! O Nivaldo chamou um amiguinho pra brincar.
ResponderExcluirPutz, como tem gente que acredita que devemos lutar por todas as causas ao mesmo tempo... E o que voces, que reclamam, estao fazendo pra melhorar algo?
ResponderExcluirsou do Rio e sempre me foi apontada a minha bracura tambem... principalmente pq os meus braços parecem uma mapa hidrografico :-O
ResponderExcluirtenho uma amiga ruiva que tb é apontada na rua (o cabelo dela parece o da Princesa Merida) e é chamada de perna de vela com frequência...
minha prima é noiva de um cara albino...o rapaz é visto como esquisito para baixo...
é claro que essas situações não chegam a 10% do que os negros passam, mas tb não se pode fazer da causa do racismo uma cenário todos X negros... é contra o "tamanho único" (aquele que nunca cabe em ninguem) que temos que lutar...
e cabelo "ruim" tem esse nome pela dificuldade de cuidar e arrumar... mesmo que deixa um afro tem trabalho, pq é um fio muito fino e sensível (uma amiga negra que me falou)
A história da anônima que se sente com comentários por ser branca... Esse relato me soa "familiar" pq tb sou carioca tb fui alvo de bullying na escola e inúmeras piadas por ser branca, mas sei q isso não é racismo. enquanto isso não prejudica nossa visão dentro da sociedade, discriminação etc não pode ser considerado. Bullying muita gente sofreu, por inúmeras razões, umas por racismo mesmo, ou por gordofobia, ou por alguma diferença física... e outros até por coisas super prosaicas como ter um nome diferente, ou usar um tipo de roupa. Agora, se não te param na rua e você é suspeito de tudo por sua cor, se a sua cor não faz você estatisticamente ser preterido junto a outros candidatos de outra cor... você não sofre racismo!! As consequências do bullying que eu levei no Rio, no subúrbio, sendo loira e branca são muito internas, hoje eu escureço o cabelo, não gosto de chamar atenção, pois quando era mas nova já passei por situações em que as pessoas me caçoavam gratuitamente. Mas não posso dizer se isso já me prejudicou num trabalho, ou se a mãe de algum namorado não aprovava a nossa relação por conta da minha cor. NÃO. Mas infelizmente essas situações são vividas por negros até hoje, 2013, e a gente luta pra que isso não ocorra. Piadinhas da família e dos outros são chatíssimas, mas aqui o buraco é infinitamente mais embaixo.
ResponderExcluirNossa, como cansa esse pessoal querer rebater o racismo histórico e atual que prejudicou e ainda afeta a vida de negrxs com historinhas de "mimimi, me chamaram de branquela demais".
ResponderExcluirAh, por favor, tá, dá pra parar de se comportarem como criancinhas?
Eu tbm sou muito branca e tive muito apelido por causa disso. Minha mãe chegou a sofrer racismo de uma chefe negra dela tbm.
MAS SÃO UMAS DROGAS DE CASOS ISOLADOS!
Nunca fui preterida em entrevista de emprego pela minha cor. Nunca sofri pressão pra "encrespar" meu cabelo na infância.
Não cresci sem referência, afinal a maioria das heroínas de filmes, novelas, apresentadoras de programa infantil, todas elas - são brancas.
A maioria das mulheres consideradas bonitas são brancas.
Nunca associaram a minha cor à pobreza, ignorância, marginalidade e serviços "inferiores".
Poderia continuar ad infinitum, mas talvez, talvez dê pra sacar.
Em vez de reclamar "mimimi, olhem pra mim, tbm sofro preconceito", por que vcs não criam vergonha na cara e encarem que sim, vcs estão inseridos em uma sociedade em que têm privilégios e lutem pra que isso seja erradicado?
Pedro, não quero desmerecer o seu sofrimento, pois cada um sabe a dor que sofreu. Quando eu estava na escola, tinha muita acne no rosto, e fui xingada por isso. Não chegou a ser bullying, mas me machucava um pouco, eu era adolescente e bem mais frágil do que sou agora. Isso não significa que eu tenha sido vítima de algo tão sério quanto o racismo. No mundo em que vivemos se você não for homem, branco, rico, lindo, magro, heterossexual e mais alguma coisa que eu devo ter me esquecido, você sofrerá algum tipo de preconceito. Isso realmente dói e é significativo. Mas imagine o que eu sofreria se além da acne eu também fosse negra e lésbica? Estou certa de que eu sofreria muito mais, talvez o fato de eu ter o rosto coberto de espinhas nem fosse mencionado durante as ofensas que me seriam dirigidas. Consegue entender? São situações muito diferentes. Você deveria usar a sua experiência para ter um pouco mais de empatia. Uma pessoa muito branca pode até ser xingada, o que é horrível, mas não vai apanhar de policiais, não será tratado como bandido, não terá sua inteligência comparada com a de um macaco.Não por ser branca. Ou você acha que sim? A pele branca é SIM considerada mais bonita que as outras, existem cremes "clareadores" da pele. Você já viu algum creme escurecedor? O bronzeado é algo completamente diferente, sinal inclusive de status, significa que você tem tempo e/ou dinheiro para ir a praia...
ResponderExcluirAh! Só para vc saber: para os padrões eurocêntricos de beleza (Sim! Isso existe! O que vc acha bonito é construção social, acredite vc ou não) um japonês não é uma pessoa branca, é um oriental, um "amarelo". Orientais sofrem muito preconceito.Homens orientais não são considerados bonitos e as mulheres aparecem em algumas revistas sempre representando o "exótico", ou servindo para alimentar fetiches... Uma pessoa com genótipo oriental pode ser chinês, vietnamita ou coreano, se estiver no Brasil será chamado de "japonês." O cara pode até ser brasileiro e nunca ter pisado no Japão!Isso é um desrespeito à diversidade e à identidade, e não é novidade para ninguém. Agora, porque japoneses sofrem com preconceito não podemos lutar contra o racismo? Devemos lutar contra qualquer tipo de preconceito. E no caso do Brasil, o racismo é particularmente grave, negros e pardos são a maioria da população. Esse país conviveu com a escravidão durante 350 anos. Você acha mesmo que isso não afeta o que a nossa sociedade é hoje? O racismo é um dos problemas mais graves da nossa sociedade e não se resume a ofensas entre escolares. Leia o post que a Lola te recomendou. Também procure no youtube o vídeo “teste das bonecas”. O vídeo não é brasileiro, mas serve para pensar. Vc pode gostar da experiência...
Mohana.
Olha eu de novo aqui depois de anos :D
ResponderExcluirLola, estava pensando nisso faz pouco tempo. Eu como garota parda mal vejo mulheres como eu nas revistas, na mídia, sei lá o quê. Chegou ao ponto de uma outra menina (branca, mas lésbica, pra você ver como sofrer de um preconceito não te torna ativista pra lutar contra os outros) dizer que eu parecia um moleque favelado. Meu cabelo é cacheado, cheio e grosso, e a minha cabeleireira vive me dizendo pra fazer chapinha porque "tem que se cuidar", oi??? Nem que fosse questão de querer ~domar~ meus lindos cachos, mas eu vou pra outra cidade todo o dia pra estudar, suo feito um porco feio e ainda querem que eu faça isso todos os dias pra ~ficar bonita~??
Anônima do 20:41, isso não é exclusivo pra gente branca. Todo mundo tem melanina, pardos de pele clara também ficam "muito brancos" se ficam meses sem ver a luz do sol. Mas o Rio também é uma cidade praiana, é verdade, duvido que em Sampa você ouvisse as mesmas coisas. De qualquer jeito, fica aquela coisa, né: comentários de "pqp como tu tá branca" são o que você ouve (e eu também penso isso de gente MUITO branca, porque eu vivo num lugar predominantemente de pardos/negros e é da minha realidade raramente ver gente muito branca -- óbvio, é uma zona mais pobre), mas pessoas não-brancas ouvem coisas piores e até mesmo sofrem crimes de ódio, são negados empregos, essa coisa toda. Apesar de te machucar -- e machucar outras pessoas não-brancas de pele clara -- a gente tem que levar em consideração que não-brancos de traços ou pele mais longe do standard branco sofrem umas coisas bem piores.
Ano da 20:41
ResponderExcluirvocê sofreu preconceito por ser branca, mas isso não é racismo.
Esta é a diferença gente, racismo não é uma discriminação indiividual, é um sistema de opressão histórico e estruturado na sociedade.
Por isso que um branco, pode até sofrer (um monte até) , ser ridicularizado como branco cor de leite e tals, mas isso não é racismo.
O termo racismo, por se basear numa suposta "raça" (cor da pele) dá margem a entender que todo preconceito de cor é racismo. Mas não minha gente. Vamos tentar não confundir as coisas.
racismo no Brasil só de negros e índios. O que branco "pode" sofrer é preconceito, mas não racismo.
galera,
ResponderExcluirvamos refletir um pouco, né?
quem tá aí reclamando da pentelhação em cima dos brancos...
quando adulto, no trabalho, faculdade, grupo de conhecidos... é simplesmente chateação.
na escola pode ser enquadrado como bullying (e, por isso, é muito ruim e deve ser combatido).
mas NÃO É RACISMO!!!! NÃO É PRECONCEITO RACIAL!!!
não é possível equiparar essas situações.
e não anônimo. não é coisa do rio. é coisa de todo lugar em que as pessoas são mais bronzeadas. nunca morei no rio, mas também fui muuuito pentelhada (não na escola, já que todos eram brancos), mas nas famosas "cantadas de rua". "hummmmmm, imagina bronzeada!", na faculdade (ainda eram os "cambitos brancos"), em lugares com praia (eu detesto tomar sol), sempre essa pentelhação. que é só isso mesmo, pentelhação, encheção de saco, pegação no pé, mas não é racismo (aliás, tá muito longe de ser racismo, já q o branco-caucasiano é o padrão).
vamos lá, né gente!!
sei que foi ruim, pedro, mas não foi racismo. foi bullying e seus professores tinham q ter tomado providências. e é um tratamento que surge decorrente justamente do preconceito contra o negro. é a contraparte dele.
ps. galera tb implicava com meu cabelo desarrumado. ou por eu ser alta. ou por ser distraída. putz! lembrando agora, já fui pentelhada pra caramba, hahahahaha!! o cabelo foi outra fonte eterna de chateação, especialmente na adolescência. mas até nisso sou privilegiada. eu POSSO TER o cabelo desarrumado, despenteado, bagunçado do jeito que for, que ele nunca será qualificado como cabelo "ruim". e pra dizer a verdade, eu sempre levei essas chateações de boa, justamente pq são apenas chateações. como eu disse, cresci num ambiente mais crítico, vamos dizer assim, e aprendi rapidinho sobre os meus privilégios.
O livro Adolescentes Negras da Carolina, é realmente uma obra que veio preencher uma lacuna que havia sobre as questões raciais no Brasil e o papel da mídia.
ResponderExcluirUma obra que conduz a questionamentos e respostas , respostas estas que a sociedade insiste em negar, mas esta presente no seio da sociedade racista. Sugiro como uma grande leitura.
mimimi eu sou branco e sofro muito racismo.
ResponderExcluirSó para ilustrar que outras etnias sofrem racismo, mas esse nem se compara ao sofrido pelos negros:
Sou asiática de classe média, já fui chamada de japa e zuada na piscina por ter a barriga muito branca, por outro lado ninguém nunca duvidou da minha capacidade intelectual e da minha índole, afinal todo asiático é honesto e inteligente, né?
Por outro lado meu namorado, que é negro, foi abordado quando estávamos conversando num canto em uma festa, o segurança queria saber se ele estava “me importunando”, na minha família já perguntaram se eu tinha certeza se queria ficar com ele, ele já foi chamado de macaco por um professor e questionado se teria dinheiro para comprar os livros da faculdade. Essas são só amostras de racismo que eu presenciei, das outras ele nem gosta de falar. Mas pensando bem, ser chamada de “barriga branca” realmente foi muito mais doloroso...
É, ser chamado de branquela e leite azedo e não conseguir atingir o bronze do verão está NO MESMO PATAMAR de sofrer racismo por ser negro, com todas as nuances que estamos cansados de saber e que não vou falar pra não ser repetitiva. Exatamente igual.
ResponderExcluirE falo isso do alto da minha pele branca amarelada, de quem toda semana ouve conselhos para ir tomar sol.
Caso não tenha sido clara, fui sarcástica.
ResponderExcluirass: branca amarela
Vocês querem ver gente racista e preconceituosa? Vão morar na Itália. Lugar onde brasileiro é taxado como macaco e a mulher brasileira é taxada de prostituta. Os babacas descendentes de italianos se acham os superiores aqui no Brasil, discriminam negros, nordestinos e asiáticos, mas na Itália são motivo de vergonha para os Italianos e são tratados ou como animais ou como bobos da corte.
ResponderExcluirVideo de Seu Jorge sobre racismo na Itália:
http://www.youtube.com/watch?v=uG9PhJLSVys
O país é a escória da Europa e os italianos são motivo de desdem nos EUA. Só no brasil que os turcos que pensam que são europeus se acham os tais.
ResponderExcluirLiana,
Comentário excelente! Essa palestra da Chimamanda é muito boa e a ligação que vc fez com o post do Ramiro, muito apropriada.
Há muito mesmo o que extrair desta reflexão. A dificuldade em ampliar a história, desfazer estereótipos, mesmo reconhecê-los.
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E o Hugo disse algo interessante, tb. A aceitação de cabelos crespos é zero. O negócio é cacheado. Primeiro alisa-se tudo e aí sim, pode-se cachear o cabelo, td muito certinho. E aí vale pra todos os tipos de cabelos. Cachos sempre artificiais.
Eu acho o cabelo cresço muito interessante porque ele tem estrutura e possibilita muitas formas diferentes de arranjá-los. Considero maquiagem/roupa/cabelo formas de expressão. Mas a tendência é seguir a tendência e aí fica todo mundo igual, pasteurizado. É só olhar para as pessoas nas festas e baladas. Sempre todo mundo muito igual. Com essa obrigatoriedade de pintar o cabelo, então!! Cor e corte de cabelo, td igual.
Notei aqui em são paulo q a galera tá se permitindo sair do padrão “homens carecas/mulheres alisadas”. Encontro muitas mulheres com cabelos bem interessantes, ao natural com cortes bacanas e, às vezes, uma brincadeira com cores. Para homens tb. Noto homens variando o estilo careca ou quase careca. Agora falta chegar até as revistas e a tv.
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Tem um filme, “Vista minha pele”, que usa a paródia para discutir preconceito racial, invertendo os papéis. O q vcs acham? É uma boa forma de abordagem?
http://www.youtube.com/watch?v=6Nlt-Q5iuYE
O cabelo aparece como elemento a ser “domado” segundo o padrão.
anon 2317,
ResponderExcluirfiquei chocada com esse relato do Seu Jorge!
ResponderExcluirdecide aí, cara
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“a autora falou,falou e n disse nada,pq vcs feministas fazem caso de tudo?
alguém aponta uma arma e obriga vcs a alisarem o cabelo? é frescura demais.
E eu n sabia q só existia a raça negra no mundo,se um branco ou japones for xingada pela sua raça n é racismo .
śó vale pra negros?
Bela justiça a de vcs,pq negros foram escravizados o resto do povo pode ser xingado a vontade.”
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ou vc acha legítimo reivindicar algo ou vc não acha. uma hora tá reclamando que feministas fazem caso de tudo. outra hora vc quer que o seu caso seja levado em consideração.
qual é a sua?
tá reclamando do quê? tá fazendo caso disso por quê?
só o seu problema é importante? o post tem um tema: representação negra em revistas adolescentes. percebeu?
além disso são pessoas como vc que estão preferencialmente retratadas nas revistas. no entanto vc acha q o bullying q vc sofreu está no mesmo patamar do preconceito racial contra negros.
vc cresceu no mesmo lugar do gunnar? foi colega dele? o q aconteceu nesse lugar para q as pessoas tenham se tornado tão racistas assim? vc é supremacista branco?
“o resto do povo pode ser xingado a vontade”
PROVE que a autora ou qualquer pessoa aqui disse isso.
vc sofreu bullying na escola por ser branco e seus colegas negros. é isso?
acontece q no mundo real, fora da escola, vc era identificado imediatamente como pertencente ao padrão. ao ligar a tv, ir ao cinema, abrir jornais e revistas, na política... eram pessoas como vc que vc encontrava. na escola, neste pequeno, minúsculo pedaço do universo, vc foi hostilizado por seus colegas. e fora da escola? e no cotidiano? e na faculdade? e nas viagens? e no mundo? continuou sendo hostilizado ou já conseguiu perceber q é identificado como o padrão?
a pergunta a se fazer é por que vc não consegue esquecer isso, sendo vc a encarnação do padrão? a única resposta q consigo formular é um racismo extremado. normalmente considero mais apropriado falar em preconceito racial pra realidade brasileira. mas no seu caso e dos seus colegas supremacistas brancos, a palavra correta é racismo mesmo, dos mais profundos. diria incurável.
Para Pedro, o pobre menino branco:
ResponderExcluirhttp://www.isaude.net/pt-BR/noticia/28258/ciencia-e-tecnologia/tv-afeta-negativamente-auto-estima-de-criancas-exceto-meninos-brancos
E anônimo das 23:17 - preconceituoso e xenofóbico você, hein?
@Aoi Ito
ResponderExcluirBem-vinda de volta! Acabei de comentar com a Lola no twitter que estava sentindo falta dos seus comentários e você aparece...
Sobre o post, essa imposição midiática de cabelo liso é péssima, mas há, por sorte, algumas iniciativas bacanas de quem rema contra essa corrente:
Josimar Schulle,citando a linda Elisa Lucinda;
Digo Porque Vi;
So Shopahlic.
Não preciso morar na Itália para ver gente racista e preconceituosa. Vejo gente assim aqui no Brasil todos os dias. Infelizmente.
ResponderExcluirRealmente não dá pra comparar racismo com pentelhação de ser muito branquela. Eu fui uma adolescente gordinha, super branca e com a cara cheia de espinha. Mas nem por isso deixei de ser a nora dos sonhos de ninguém.
ResponderExcluirEu acho que senti um pouco do que os negros sentem (bem pouco, mas foi horrível o suficiente para eu mudar a minha visão) quando aos 17 anos me apaixonei e comecei a namorar um judeu ortodoxo. Era uma coisa surreal porque ele deixava bem claro que a família dele nunca me aceitaria. A gente tinha que se encontrar escondido. Enfim eu me sentia péssima porque era uma discrminação em cima de algo que estava fora de mim e que eu nunca poderia mudar. Todo mundo pode ficar mais bonito, mais trabalhador, mais inteligente, mais rico. Mas ser discriminado por algo que você nasceu e que nunca poderá mudar, nem fazer os outros aceitarem é algo bem diferente.
Renata
@Valéria Fernandes
ResponderExcluir"Acusando moças que alisam os cabelos – sim, a pressão existe – de serem menos negras do que as que não o fazem"
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Concordo que negras que alisam o cabelo não devem ser discriminadas, porém, críticas direcionadas à ditadura do cabelo liso devem continuar. Não se trata apenas de uma opção das meninas, e sim um padrão de beleza imposto. A Lola já fez um post justamente sobre isso: "Aceitar nosso cabelo, um ato político."
Portanto é sim necessário que o cabelo crespo tenha mais espaço na mídia, a começar com mais negras em destaque optando por não alisar o cabelo. Agora quando crianças aprendem desde cedo que cabelo liso é sinônimo de beleza, fica difícil derrotar essa ditadura, que com certeza fatura muitos milhões vendendo esse padrão racista.
Este anonimo que disse isso da italia tem razao, tambem estou morando aqui em Genova e a cada dia nos jornais tem textos sobre racismo e homofobia. No interior è bem pior, eles colocam folhetos nas lojas de pessoas chinesas escrito : fora poing poing, queremos o nosso trabalho", e teve um projeto que queriam onibus diferenciados para os estrangeiros falando que eles sao sem educaçao e coisas piores. Se bem que nem todos aqui sao iguais. Tentei falar sobre o racismo com alguns italianos mas a visao deles (nao sei como dizer) eles nuncam falam disso e para encerrar sobre este assunto, eles falam que "daqui alguns anos tudo sera melhor" è pronto final! Mesmo aqui ou no Brasil o racismo è terrivel!
ResponderExcluirIra
Sou branca, tenho cabelos cacheados (não chegam a ser crespos, mas são mais finos e sensíveis e têm mais cachos do que os ondulados como o da Giselle Bundchen), mas alisados. Namorei um homem negro e seus amigos diziam pra gente que ele estava dando o "golpe do cabelo", tentando "dar uma alisada" nos cabelos de nossos possíveis futuros filhos. Achava isso mega escroto, mas esse preconceito e essa suposta vantagem na "branquização" estão tão arraigados que ele parecia concordar. Achava, inclusive, que qualquer mulher de cabelos alisados (inclusive eu) eram mais bonitas e sempre me incentivou a continuar com os alisamentos...
ResponderExcluirrenpmelo, não discordo de que é necessário mais diversidade na mídia e que isso é fundamental para a auto-estima de diversas (ditas) minorias. Tenho certeza de que meu comentário foi claro quanto a isso.
ResponderExcluirAgora, aceitar ou não alguma coisa é também ato individual, de escolha. Não posso concordar com a imposição de um suposto padrão étnico ou que - e isso estava no texto de lola que você citou - alguém que tem cabelo liso s sinta "culpado" por isso.
Mau cabelo é crespo, cheio e armado. Uso bobs para manter as ondas, porque, bem, ele ficaria aberto e com aparência ressecada. Eu fui doutrinada desde a minha infância a ver esse cabelo como um problema. Sou assujeitada à necessidade de enrolar e enrolar. Minha mãe tinha cabelos lisos, longos, e adorava tacar tudo quanto é produto para "ajeitar" o meu cabelo, enquanto lamentava não ter "cabelo ruim" para poder brincar com o dela. Totalmente freak, mas essa é minha realidade.
Acho horroroso essa mania de alisar cabelos, mas acho tão horroroso quanto alguém dizer que uma NEGRA (*sempre as mulheres*) é MENOS NEGRA por isso. conscientização, sim, ditadura, não!
Fico super feliz que a Lola tenha aberto esse espaço para a discussão sobre meu trabalho! Muito bom ler os comentários, e são eles que nos fazem refletir e crescer. A Paula em um dos comentários pede mais informações e números, no livro é possível ter acesso a essas informações que não cabiam no guest post. A Patrícia comenta como a revista Raça, apesar de voltada para a classe média negra segue o mesmo padrão das demais revistas, também concrodo com ela , tem uma parte do livro que me dedico a essa publicação, percebo que cada vez mais ela se rende a publicidade, principalmente de produtos para modificar a aparência. A Moema cita o embraquecimento de celebridades para aparecer na mídia, geralmente mulheres que precisam ser "corrigidas" para aparecer na mídia.Nivaldo e Pedro, precisamos de pessoas que se manifestem assim para nos lembramos de como precisamos avançar, que estamos só começando, são faces do nosso cruel racismo cordial, são pessoas que mal leem nossos argumentos que já pensam logo como sustetar suas velhas opiniões. O Weber inclusive já respodeu a eles muito bem. O Hugo fala da tolerância do brasileiro com o cacheado, que seria a expressão da mestiçagem, também consigo ver dessa forma, usamos um "degradê de cores" como mais um expressão do racismo cordial, que o Bruno S de certa forma descreve com a história do programa de TV que valoriza os cachos alisando os cabelos!Surreal comparar o racismo com a exigencia de estar bronzeada no Rio de Janeiro. A Valeria coloca a questão de a valorização da negritude se tornar uma nova amarra. Acho que é um tema para pensarmos... embora, a pricipio tendo a pensar que não seja uma nova amarrar, mas uma liberdade. A Cora fala do filme "Vista a minha pele", filem que gosto muito e uso para sensibilizar as pessoas nas formações em que trabalho, é um exercício de se colocar no lugar do outro interessante, alguém tem mais filmes para indicar?
ResponderExcluirCora vc é mais uma que falou ,falou e n disse nada.
ResponderExcluireu n fiz caso,simplesmente falei da hipocrisia de vcs,n gostava nenhum pouco de ser zuado mas ja superei isso.
cansei de ler aqui varias pessoas dizendo q se um branco é xingado n é nada demais,pq negros foram escravizados mimimi...
A deficiência de pessoas negras é um problema generalizado na mídia, e nas publicações voltadas para adolescentes não seria diferente (infelizmente). Durante toda a minha adolescência me forçava a alisar os cabelos e quando cansava, o mantinha preso o tempo inteiro. E se ousava deixar os cachos ao vento era repreendida ou pela minha família ou por amigos.
ResponderExcluirComo exemplo, eu tinha uns 16 anos e estava em uma casa noturna na minha cidade. Estava com o cabelo solto e cacheado (não quis fazer escova, rs). Na pista de dança começa a tocar a famosa música da Banda Chiclete com Banana, "Meu cabelo duro é assim, cabelo duro de pixaim". Do nada, um grupo de pessoas desconhecidas começaram a puxar o meu cabelo. Dei uma olhada feia (bem no estilo raio laser) e me afastei, fui pular pra outro lado.
O quis mostrar com este episódio da minha vida, a mídia além de construir a auto-estima das meninas negras, constrói um pré-conceito de beleza na outras pessoas não-negras que prejudica a interação entre as pessoas, pois você nunca será considerada bonita, se estiver afastada do modelo de beleza caucasiano... Deprimente, mas é verdade.
A minha opinião é que a prostituição só existe porque vivemos numa sociedade machista, patriarcal que ensina que "as mulheres devem se valorizar" e os homens devem ser predadores.
ResponderExcluirSe as mulheres tivessem a liberdade para exercer a sua sexualidade, se a libido sexual feminina fosse vista como algo natural, se a mulher não fosse discriminada porque transou com não sei quantos, o mercado das prostitutas seria muitíssimo restrito.
A prostituição foi uma forma que os homens encontraram para resolver um problema deles e a mulher é novamente usada como objeto.
Monique se excita transando com estranhos? Ótimo, no mundo ideal ela poderia ter um bom emprego que pagasse tanto para ela quanto paga para um homem com essa oratória e esse carisma que ela tem e ela poderia transar com quantos desconhecidos tivesse vontade sem que isso fosse um problema, sem precisar se esconder num pseudônimo qualquer.
Ops Lola acho que publiquei no lugar errado, meu comentário era para o post da Monique, tem como você passar pra lá? Se não libera que eu copio e colo no lugar certo.
ResponderExcluircadê as negras? e as orientais tb? nós,orientais,sofremos a maior discriminação.é como se a gente nem existisse no Brasil
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