No final de junho, estive na UnB (onde fui super bem recebida) para dar uma palestra, e acabei tendo a oportunidade de assistir a uma outra mesa redonda, também sobre Direito e Gênero. O nome era “Os desafios para o enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres no DF”, e as quatro palestrantes eram todas feras: a promotora Alessandra Morato, a advogada Maria Amélia, a psicóloga e diretora da Secretaria Psicossocial Judiciária do TJDFT, Marília Lobão, e a delegada chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, Mônica Ferreira. Como hoje começa o Combate Internacional à Violência contra a Mulher (são dezesseis dias de ativismo, que terminam 10 de dezembro, quando se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos; os posters que ilustram este post foram tirados daqui), nada melhor que finalmente dar forma às anotações que fiz naquela manhã de junho. Aprendi muitíssimo, e foi uma maravilha poder ouvir (e, no final, fazer perguntas para) essas profissionais.
A psicóloga Marília começou reclamando da falta de interdisciplinaridade que reina nas universidades atualmente. Quando ela se formou em Psicologia, no início dos anos 80, pôde cursar várias outras disciplinas, de Antropologia, Geologia etc. Hoje alunos de Direito parecem ficar apenas na área de Direito, o que é uma falha. Obviamente deveria haver maior articulação entre Direito e Psicologia e Ciências sociais. E é inadmissível que, hoje, o tema da violência de gênero não seja incluído nos cursos de Direito. Um dos resultados dessa lacuna na grade é que muitos estudantes, por mais bem intencionados que sejam, acabam se decepcionando com mulheres agredidas que não abandonam seus maridos. É comum um advogado perguntar a uma vítima de violência doméstica: “A senhora aqui de novo?”.
Que esse tipo de tratamento venha de leigos, vá lá. Mas não pode vir de gente que lida com violência doméstica. É preciso entender o ciclo da violência, que vai da lua de mel à tensão à explosão (quando ocorre a agressão, física ou verbal ou ambas), voltando à lua de mel, em que o marido se mostra arrependido e jura que não vai fazer aquilo de novo, e a mulher acredita. E todo o ciclo se reinicia.
E por que a mulher acredita e aceita continuar a relação? Por uma série de motivos. Segundo a delegada Mônica, é um mito que a mulher não se separa por depender economicamente do marido. Este é um dos fatores, mas está longe de ser o único. A mulher reata a relação porque é ameaçada de morte (e, considerando os índices de que dez brasileiras são mortas por dia pelo companheiro ou ex, ela tem razão em crer que a ameaça pode se concretizar), porque tem medo do que pode acontecer aos filhos, e porque geralmente não tem apoio dos familiares (que a aconselham a continuar com o marido). E também por ter baixa autoestima (ela acha que não arranjará outro homem por estar mais velha e com filhos, e, o que é mais triste ainda, que se tiver outro, ele a tratará do mesmo jeito; será como trocar “seis por meia dúzia), por ter esperança que o parceiro mude, e por se preocupar com o sofrimento dele. Mas o principal, principal mesmo, é que vivemos numa sociedade que nos diz que mulher sozinha não presta. O importante é ter um homem, mesmo que ele faça da sua vida um inferno.
A sociedade inteira se mobiliza pra condenar uma mulher sozinha. Como sabemos, mulher sem homem está sempre disponível. Casa sem homem não é respeitada. Revistas femininas vivem publicando matérias do tipo “Como segurar seu macho”. A mulher é educada pra acreditar que tem que casar. E, ao casar, por mais que o homem seja um agressor, a mensagem que permanece é “Sou infeliz mas tenho marido”. Portanto, quando a mulher toma a decisão de deixar o parceiro, ela não está apenas rompendo com ele. Está rompendo com todo um modelo de vida que lhe foi ensinado. Lenore Walker chama isso de Síndrome da Mulher Espancada, em que a mulher é colonizada por uma cultura patriarcal. O problema é tão persistente (são séculos de subordinação) que a psicóloga Marília diz que, se em cinquenta anos tivermos uma relação mais igual entre os gêneros, teremos sido vitoriosas. Mesmo que não vivamos pra ver isso.
Já a promotora Alessandra insiste: quer uma revolução já. Ela defende que seja mostrado às pessoas como o Ministério Público vem lidando com a violência doméstica. Segundo ela, o sistema funciona como uma verdadeira máquina de arquivamento. 98% dos casos de violência contra a mulher são arquivados. E não dá pra culpar um juiz (por mais que faça sentido a piadinha “faz concurso pra juiz; toma posse pra deus”), um promotor ou um advogado de defesa em particular. Não é o preconceito de um só indivíduo, mas de toda uma instituição. E o que Alessandra quer é que os autos sejam estudados, pesquisados, e as atrocidades dos juízes e defensores, publicadas. Porque (e essa foi uma das comparações que fez com que eu me apaixonasse pela Alessandra) se um humorista se vale da piada para validar seu pensamento, o jurista se vale do quê? Todo profissional tem uma linguagem própria para expressar seus preconceitos. Se não houver desagravo público, toda uma cultura que joga a culpa nas mulheres pela violência que sofrem prosseguirá. Para a advogada Ana Amélia, um dos problemas desse sistema é que juristas estão acostumados a lidar com leis e processos –- não com pessoas.
São duas as situações em que a mulher espancada passa maior perigo. Uma, bastante óbvia, é quando ela decide se separar. Como dessa forma ocorre um rompimento na relação de poder, a mulher corre risco de vida. A outra situação (pra mim surpreendente) é quando a mulher está grávida. Porque o marido ciumento tem toda a neurose de que o filho não é dele.
A Lei Maria da Penha está sendo muito positiva por fazer com que mais mulheres denunciem casos de agressão. Antes da lei, de cada dez mulheres agredidas, apenas duas denunciavam. Para Alessandra, o aumento no número de casos deve ser comemorado, pois significa que toda uma teia de silêncio está começando a se romper. Mas ainda é pouco. Para que a violência contra a mulher possa de fato ser combatida, não é só o homem, a mulher, ou o jurista que precisa mudar. É todo um mundo. Afinal, a violência doméstica é o reflexo de uma sociedade doente.
Que esse tipo de tratamento venha de leigos, vá lá. Mas não pode vir de gente que lida com violência doméstica. É preciso entender o ciclo da violência, que vai da lua de mel à tensão à explosão (quando ocorre a agressão, física ou verbal ou ambas), voltando à lua de mel, em que o marido se mostra arrependido e jura que não vai fazer aquilo de novo, e a mulher acredita. E todo o ciclo se reinicia.
E por que a mulher acredita e aceita continuar a relação? Por uma série de motivos. Segundo a delegada Mônica, é um mito que a mulher não se separa por depender economicamente do marido. Este é um dos fatores, mas está longe de ser o único. A mulher reata a relação porque é ameaçada de morte (e, considerando os índices de que dez brasileiras são mortas por dia pelo companheiro ou ex, ela tem razão em crer que a ameaça pode se concretizar), porque tem medo do que pode acontecer aos filhos, e porque geralmente não tem apoio dos familiares (que a aconselham a continuar com o marido). E também por ter baixa autoestima (ela acha que não arranjará outro homem por estar mais velha e com filhos, e, o que é mais triste ainda, que se tiver outro, ele a tratará do mesmo jeito; será como trocar “seis por meia dúzia), por ter esperança que o parceiro mude, e por se preocupar com o sofrimento dele. Mas o principal, principal mesmo, é que vivemos numa sociedade que nos diz que mulher sozinha não presta. O importante é ter um homem, mesmo que ele faça da sua vida um inferno.
A sociedade inteira se mobiliza pra condenar uma mulher sozinha. Como sabemos, mulher sem homem está sempre disponível. Casa sem homem não é respeitada. Revistas femininas vivem publicando matérias do tipo “Como segurar seu macho”. A mulher é educada pra acreditar que tem que casar. E, ao casar, por mais que o homem seja um agressor, a mensagem que permanece é “Sou infeliz mas tenho marido”. Portanto, quando a mulher toma a decisão de deixar o parceiro, ela não está apenas rompendo com ele. Está rompendo com todo um modelo de vida que lhe foi ensinado. Lenore Walker chama isso de Síndrome da Mulher Espancada, em que a mulher é colonizada por uma cultura patriarcal. O problema é tão persistente (são séculos de subordinação) que a psicóloga Marília diz que, se em cinquenta anos tivermos uma relação mais igual entre os gêneros, teremos sido vitoriosas. Mesmo que não vivamos pra ver isso.
Já a promotora Alessandra insiste: quer uma revolução já. Ela defende que seja mostrado às pessoas como o Ministério Público vem lidando com a violência doméstica. Segundo ela, o sistema funciona como uma verdadeira máquina de arquivamento. 98% dos casos de violência contra a mulher são arquivados. E não dá pra culpar um juiz (por mais que faça sentido a piadinha “faz concurso pra juiz; toma posse pra deus”), um promotor ou um advogado de defesa em particular. Não é o preconceito de um só indivíduo, mas de toda uma instituição. E o que Alessandra quer é que os autos sejam estudados, pesquisados, e as atrocidades dos juízes e defensores, publicadas. Porque (e essa foi uma das comparações que fez com que eu me apaixonasse pela Alessandra) se um humorista se vale da piada para validar seu pensamento, o jurista se vale do quê? Todo profissional tem uma linguagem própria para expressar seus preconceitos. Se não houver desagravo público, toda uma cultura que joga a culpa nas mulheres pela violência que sofrem prosseguirá. Para a advogada Ana Amélia, um dos problemas desse sistema é que juristas estão acostumados a lidar com leis e processos –- não com pessoas.
São duas as situações em que a mulher espancada passa maior perigo. Uma, bastante óbvia, é quando ela decide se separar. Como dessa forma ocorre um rompimento na relação de poder, a mulher corre risco de vida. A outra situação (pra mim surpreendente) é quando a mulher está grávida. Porque o marido ciumento tem toda a neurose de que o filho não é dele.
A Lei Maria da Penha está sendo muito positiva por fazer com que mais mulheres denunciem casos de agressão. Antes da lei, de cada dez mulheres agredidas, apenas duas denunciavam. Para Alessandra, o aumento no número de casos deve ser comemorado, pois significa que toda uma teia de silêncio está começando a se romper. Mas ainda é pouco. Para que a violência contra a mulher possa de fato ser combatida, não é só o homem, a mulher, ou o jurista que precisa mudar. É todo um mundo. Afinal, a violência doméstica é o reflexo de uma sociedade doente.
Um outro motivo que tenho visto, é que a mulher acha que a culpa pela motivação a agressão é dela. O agressor que percebe tal fato, normalmente, faz uma guerra psicologica contra a mulher.
ResponderExcluirAcho que divulgar os autos com absurdos proferidos por juízes, promotores e advogados seria uma boa forma de expor os absurdos que acontecem todos os dias com quem precisa de ajuda.
ResponderExcluirMelhor ainda se o nome do profissional envolvido possa ser citado.
Enquanto fui casada, meu marido me deu um tapa na cara. Levou o troco. E se transformou em ex. Mas não tivemos filhos, o que simplificou tudo. Mas com minha prima Daniela aconteceu o mesmo, e eles tinham filhos. Mas ela não se deixou influenciar por isso. O que é preciso é apoio da família. Um juiz expor um juízo dele de valor numa sentença é antiprofissional e ridículo. Mas nessa sociedade patriarcal e machista, mulher ainda é vista como objeto. Amo meu namorado, mas ele na casa dele e eu na minha. Casamento, só como convidada. Lamentável mulher que se sente diminuída por estar sozinha. Encalhada está quem está casada, pois não vai há lugar nenhum.
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirVisito o seu blog sempre, mas nunca comentei e hoje resolvi dar a minha opinião também.
Não são só as mulheres mais velhas, casadas e com filhos que se sentem emocionalmente dependentes de seus maridos, os provedores da casa, pais e homens maduros. Eu, com 19 anos, estudante, sofri tamanha violência doméstica, durante 2 anos seguidos, em que acreditava, se me separasse dele, não somente não conseguiria mais nenhum namorado, por ser tão feia, ridícula, magra, fraca, humilhada e desumana, como poderia morrer. O meu ex me fez acreditar que ele estava comigo por que me queria, mas, que, apesar dele me querer, ninguém nunca o faria. Nunca. Eu era digna de pena e que todos sentiriam pena de mim, menos ele. Durante 2 anos fui brutalmente agredida (eu dormia muito na casa dele, e, além do medo dele, em si, morria de medo da minha família descobrir tudo aquilo e ele ser preso. Afinal, a culpa era minha, eu que fiz por merecer tudo aquilo e quem pagaria seria ele).
Eu sou de classe média alta, meu pai é piloto de avião, minha mãe, funcionária pública. Estudei em escolas particulares, fiz cursos de inglês e morei fora. Mas nada disso serviu perante à doença mental e física que me assolou durante aqueles 2 anos inteiros, em que me vi presa a uma teia de aranha tão bem construída e elaborada, que não tive como sair por muito tempo.
Após muito sofrer (e entenda por MUITO um sofrimento indescritível, não só de dor física, como moral, mas também o medo, de todos os lados, a culpa, a ignorância, a doença), perdi 15 kg, fiquei muito doente, fraca e não conseguia mais fingir aos meus pais que nada acontecia, pq eles percebiam, mas como eu não dizia nada e tudo ficava entre 4 paredes na casa do meu ex, eles não teriam como provar. Teve um dia que fui brutalmente espancada no banho, nua, desprotegida e sem saber o quê proteger antes (seios? bumbum? barriga? cabeça? eu estava nua....), ele me chutou tanto que eu fui parar em um hospital, inconsciente. neste dia, o médico perguntou quem era o cavalo que tinha feito aquilo comigo e me disse que eu não poderia ter filhos mais. Eu não o denunciei (o que quase me custou a vida e hoje eu faria tudo diferente!), terminei com ele, meu pai foi atrás dele e quase o matou, por mto pouco não o fez. Só não puxou o gatilho, mas apontou a arma encostada na sua cabeça. Ele sumiu da minha vida, eu demorei anos para me reconstruir... ANOS. O meu namorado seguinte demorou muito tempo para encostar em mim (carinho), pq eu não deixava, não queria.
Após mtas coisas acontecerem (não dá para comentar aqui tudo o que houve), eu namorei, casei (terapia sempre) e consegui engravidar, como por um milagre de Deus. Tenho uma filha, um blog, uma casa, um marido que me ama sadiamente, que não me cobra e me respeita. Eu sou feliz. Muito feliz. Mas sempre tem aqueles dias em que olho pra trás, na rua, achando que tem alguém me olhando. Ou no mercado. Ou tem noites que vou dormir e flashes me invadem a mente. Se fosse hoje, eu teria denunciado na primeira vez (eu não deixaria acontecer, mas...), teria saído íntegra da história, com mais um agressor preso no país.
Mas como a maturidade vem após as experiências da vida, não posso me culpar de tudo ter acontecido pq eu deixei e fui permissiva. Eu fui, eu deixei e permiti, mas não foi só minha culpa.
Lola, gostei muito do post de hoje, pois sou aluna de Direito e tenho pensado em fazer meu TCC sobre violência doméstica ou sobre a mulher como sujeito de direitos. (No Código Civil de 1916 era tratada como relativamente incapaz, por exemplo).Ainda falta desenvolver a ideia.
ResponderExcluirLola, excelente texto. Coisa comum até entre feministas ficar essa pergunta do por quê essas mulheres continuam com seus agressores e manter o foco no que ela faz ou deixa de fazer. É como uma curiosidade mórbida em dissecar cada atitude dela como se fosse ela quem devesse explicações sobre o que lhe aconteceu.
ResponderExcluirHá uma raiva velada contra elas que é generalizada. A culpabilização da vítima acontece em muitos níveis, não é só diretamente, mas naqueles comentários inocentes e que aparentemente serveriam para consolar e entender.
"Portanto, quando a mulher toma a decisão de deixar o parceiro, ela não está apenas rompendo com ele. Está rompendo com todo um modelo de vida que lhe foi ensinado."
Olha, isso é uma verdade difícil de explicar para quem tá de fora. É um crime muito íntimo e que exige muito mais que movimentar as pernas e sair porta a fora.
Sobre esses dois períodos mais perigosos para a mulher: quando ela se separa e quando está grávida. Muitos nem imaginam isso, mas mulher grávida ser agredida pelo seu companheiro é relativamente comum, assim como é comum apanhar com o filho no colo.
@DriCaldeira disse: "...Um juiz expor um juízo dele de valor numa sentença é antiprofissional e ridículo."
ResponderExcluirAlém disso, pode trazer problemas de segurança para ele e pra a familia dele.
Andi - peraí, como assim expor a família do juiz por ele considerar a mulher que apanha a facilitadora dessas agressões? Dá pra explicar? Quem vai atrás dele? A vítima?
ResponderExcluirLola
ResponderExcluirNão seria legal abrir o anonimo hoje, caso alguma pessoa queira desabafar mas não queira se identificar?
Acho os depoimentos super válidos.
=/ por favor trolls, respeitem o espaço, sei que vc's não tem muito bom senso mas façam uma força ok?
bjos Lola, desculpa a intromissão!
Também acho importante destacar a relação entre a violência doméstica contra a mulher com a violência doméstica contra a criança.
ResponderExcluir(Desculpa se estou sendo chata em constantemente no seu blog estar dando grande relevância às crianças, mas esta é minha "praia").
Enfim, não acredito que toda a violência contra a criança seja fruto do machismo, mas creio que toda a violência contra a mulher, além obviamento do componente machismo, há também a violência contra criança.
Na violência doméstica contra a mulher, tanto o agressor como quem sofre a agressão certamente foram crianças que viveram num ambiente de violência, foram agredidas, cresceram num ambiente onde as coisas se resolviam na base da palmada/porrada/surra, aprenderam que o mais forte deve respeitar o mais fraco, não aprenderam a controlar seus impulsos, não aprenderam o o corpo é algo inviolável, algumas crianças aprendem que merecem apanhar, baixo autoestima, etc.
Junta tudo isso com a sociedade machista que vivemos (como você bem esclareceu no post) e o resultado é esse: 10 mulheres mortas por dia e milhares de outras agredidas.
É um massacre!
E concordo com o Bruno. Temos que divulgar os absurdos proferidos pelos juízes, promotores e advogados.
Lola, e aquela conversa que algumas pessoas tem de que mulher que apanha é passiva pra vida e que só apanha porque deixa o marido dominá-la? E ainda argumentam de que se elas começassem a se impor mais, que bem capaz do marido parar de agradí-las...
ResponderExcluirOuvi isso recentemente, queria saber sua opinião.
@Dri Caldeira,
ResponderExcluirNão. Não foi o que eu quis dizer. Assim, um juízo, nunca é agradavél a todas as pessoas.
E algumas pessoas podem querer vingar-se do juiz. Sim, existem malucos para tudo.
Até.
Na blogagem coletiva, dois posts especiais pro dia 25:
ResponderExcluirhttp://scmcampinas.blogspot.com/2011/11/documentario-silencio-das-inocentes.html
http://scmcampinas.blogspot.com/2011/11/lei-maria-da-penha-direitos-da-mulher.html
Mas a página principal do blog ficou toda dedicada ao tema! Valeu!
Andi - mas um Juiz de Direito, togado, expôr publicamente um juízo de valor diante de um caso de violência doméstica, deve sim ser censurado e ter seu nome divulgado. Que diabo de Direito é esse que ele aplica? Ele julga o crime, mas acha que a opinião dele a respeito da vítima merece ser exposta? Não, de jeito nenhum, isso não é justiça. Isso é preconceito. Abs.
ResponderExcluirÉ dever do juiz ser imparcial.
ResponderExcluirA imparcialidade no julgamento é indispensável num Estado Democrático de Direito.
No entanto, na prática, infelizmente isto non ecziste.
É a primeira vez que venho aqui e já adorei. Excelente texto, dizendo tudo de forma direta! É pena que algumas mulheres ainda resistam a denunciar suas mazelas... Mas vamos sempre ajudar para que isso pare de ocorrer, não é mesmo?
ResponderExcluirAbraços!
Lola, parabéns pelo texto, já está sendo devidamente compartilhado.
ResponderExcluirQuem sabe se mais pessoa lerem parem de compartilhar links como esse abaixo. A matéria informa que na Espanha,uma comissão de igualdade e gênero está denunciando o feminazismo, veja só toda a contradição, que segundo eles, tem transformado as denúncias contra a violência doméstica em um negócio muito lucrativo. Só o título das matérias relacionadas dá o teor dos argumentos. http://www.alertadigital.com/2011/05/27/la-comision-de-igualdad-y-genero-del-movimiento-15-m-denuncia-la-industria-de-genero-denunciar-al-hombre-se-ha-convertido-en-un-negocio-en-espana/
Dri Caldeira, creio que o Andi está se referindo nessa história de segurança do juiz ao geral, ele pegou o seu ponto de criticar juizes que expõem seu posicionamento pessoal em suas sentenças, e colocou que isso, em qualquer tipo de caso, pode incomodar alguem que não gostou da sentença, que pode resolver se vingar do juiz, acho pouco provável num caso de violência doméstica, e praticamente impossível achar que a vítima o faria.
ResponderExcluirEm relação a imparcialidade do juiz, acho impossível gente, e o próprio direito deixa lacunas e contradições que não seriam resolvidas em casos concretos sem que o juiz assuma algum posicionamento, mas tem de haver limites, estamos cansados de ver casos que basta olhar os fatos para ver, legalmente, quem deve ser punido ou não, e na hora do julgamento ocorrer uma decisão que contraria a legalidade.
Dri e Dani, que triste o que aconteceu com vocês! Que bom que saíram dessa. Dani, recomendo procura uma terapia pra se livrar desse medo de estar sendo seguida, pra poder viver em paz de vez. Concordo com a Ginger: poderia abrir o espaço hoje para os anônimos darem seus depoimentos.
ResponderExcluirMe marcou uma história que li há muito tempo: em uma universidade, acontecia um congresso sobre violência contra a mulher. Debate vai, debate vem, uma professora da mesa começa a chorar e conta que ela e a filha eram espancadas pelo marido. Um murmúrio de espanto ecoou no auditório por que todos conheciam o marido, um respeitado professor da universidade. O clássico "por essa ninguém esperava".
Lola, você e a Alessandra Morato deram uma boa idéia pra uma dissertação! As sentenças dos juízes e promotores nos processos de violência doméstica. Dá pra fazer a dissertação em várias disciplinas. Mas tenho que correr antes que ponham fogo nos processos antigos alegando falta de espaço, uma idéia infeliz que muitos tribunais querem adotar.
"Não sou feliz, mas tenho marido" é título de um livro e de uma peça adaptada do livro que foi encenada anos atrás aqui no sudeste, com a Zezé Polessa. Mostram mulheres que passam anos mantendo um casamento falido.
livro
http://doisemxeque.blogspot.com/2011/04/nao-sou-feliz-mas-tenho-marido.html
peça
http://revistaquem.globo.com/Quem/0,6993,EQG1211838-3428,00.html
Tem um livro sobre violência doméstica, que na verdade é uma história em quadrinhos, recomendadíssimo. No Brasil se chama "Mas ele diz que me ama", e no original é "Dragonslippers: This is what an abusive relationship looks like". A autora é Rosalind B. Penfold. Ela conta a história de seu relacionamento de 10 anos com um homem que a violentava de diversas formas. O lance genial do livro é que mostra tudo que se passava na cabeça dela que a fazia continuar com ele. Ela era madura, estudada, independente financeiramente, tinha amigos, já tinha saído de um relacionamento antes... E mesmo assim continuava presa naquele inferno, por muitas razões. É realmente uma leitura fantástica.
ResponderExcluirAqui tem uma crítica/descrição do livro.
E aqui uma resenha publicada na revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, de Brasília.
A propósito, quem quiser, pode ver aqui como criar links (texto em azul para a pessoa clicar) nos comentários. :)
ResponderExcluirVi hj no UOL uma pesquisa dizendo que é possível sim um agressor se "recuperar". Eu acho pouco crível isso? Vcs concordam?
ResponderExcluirAssunto mais do que importante, urgente.
ResponderExcluirInfelizmente eu vi tudo oq foi dito acontecer quando era criança.
Principalmente a parte de culpar a vitima.
Ja comentei aqui, como uma tia aguentou anos de violencia domestica, até não aguentar mais e fugir...e assim ser xingada e classicada, como puta, traidora do lar, etc.
inclusive pela maioria das mulheres da familia do meu tio.
Minha mãe comprou uma briga feia por ser a unica a dar apoio a ela, mas nunca se intimidou diante da pressão.
Nunca esqueci dos ferimentos que ela carregava e do clima de odio que as pessoas dedicavam a ela.
Acho que por isso nunca aceitei esse papo idiota de quem quer minimizar essa atrocidade.
Tomando chá de porrada ele consegue mudar.
ResponderExcluir/poker face
Dri
ResponderExcluirEu acho que alguem que um agressor pode mudar, mas isso não é simples.
Passa por todo um processo de reflexão e desenvolvimento de empatia.
Agora, um agressor costumas...do tipo que agride a anos ou em mais de um relacionamento, ai fica cada vez mais dificil.
Lord Anderson - é, talvez. Mas sabe o que ajudaria? A criação de uma espécie de banco de dados de agressores. Funcionaria como pesquisa junto ao Procon. Um homem conhece uma mulher, e ela pesquisaria num banco de dados do Ministério da Justiça, se o nome dele consta em processos de agressão contra a mulher. Pode parecer uma bobagem, mas eu acho que ajudaria sim.
ResponderExcluirDani, fiquei emocionada com seu relato!
ResponderExcluirSua superação foi sensacional. Parabéns!
É impressionante como somos criadas para ter expectativas em nossos relacionamentos, crer em ilusões e contos de fadas além da conta!
Acho que isso contribui demais para que mulheres perpetuem relacionamentos infelizes (mesmo sem agressão física), e a aceitarem a dominação pelo outro.
Eu acho possível um agressor mudar, mas pouco provável. Isso sem contar quadros de psicopatia e sociopatia que são casos a parte.
ResponderExcluirEssa questão da empatia é mesmo um problema. Não sei como se estimula isso num adulto já com hitórico de violência. Terapia e afins só funciona se a pessoa estiver num momento da vida dela na qual ela reconhça a que tem um problema e queira mudar. Esse processo de reflexão é muito delicado e sofrido. Quem agride dificilmente está disposto a tanto. Muito mais confortavel é deixar tudo como está.
Situação ainda mais complicada se somar ao fato de que é comum que as mulheres agredidas pensem que o agressor vai mudar, que ele só precisa de tempo e compreensão, que o amor dela (ou o que ela pensa ser amor) vai ser capaz de vencer as barreiras dele.
Se já é difícil a pessoa mudar num momento de crise óbvia quando tudo conspira a favor, imagina quando está cercado de pessoas que só alimentam e minimizam este comportamento doentio, é praticamente impossível.
Recomendo um livro, muito triste, mas muito rico no quesito história de vida:
ResponderExcluirhttp://www.psychobooks.com.br/2010/08/hoje-eu-sou-alice-alice-jamieson.html
"Hoje sou ALice"
Alice sofreu abuso sexual de seu pai desde os 6 meses de idade até a adolescência;
a autora relata a jornada de uma vítima de transtorno de múltipla personalidade, que precisou lutar contra a anorexia, o álcool e contra nove personalidades alternativas que emergiram após ficarem adormecidas diante de uma infância cruel.
Dri Caldeira, no site da Polícia Federal é possível pesquisar os antecedentes criminais dos cidadãos:
ResponderExcluirAntecedentes criminais Polícia Federal
Mas duas questões:
1) Podemos saber de qualquer passagem pela polícia do cidadão? Digamos: o cara agrediu a namorada numa cidade do interior e foi registrado boletim de ocorrência. O nome do cara vai pra essa base de dados?
2) O site pede informações do cidadão como nome dos pais e CPF. Pra conseguir esses dados de alguém vai ser complicado. Ou temos mesmo que ser sinceras e dizer pros caras "Me dá seus dados pra eu pesquisar seus antecedentes na polícia"?
Ah, obrigado Elisa Maia! Muito melhor apresentar o link pronto.
ResponderExcluirTeresa - Ah, eu acho que deveria sim existir esse banco de dados. Como fazem com os criminosos sexuais nos Estados Unidos, um informe é distribuído pela vizinhança onde ele vai morar (ele é obrigado por lei à informar isso) para que a população saiba que tem um criminoso condenado por estupro, pedofilia, etc. E em determinados casos de agressão e tentativa de assassinato contra esposas e namoradas, dependendo do Estado, é feito o mesmo. Aqui deveria existir isso em casa delegacia, uma central, onde vc levaria o nome completo da pessoa e lá constaria a foto. Diante da confirmação q se trata da mesma pessoa, as informações seriam passadas. Mas se vc pensar naquela cabeleireira de Minas, q fez o BO contra o ex-marido e ainda assim, ela foi assassinada, mesmo a criação do banco de dados não vai inibir os crimes, mas é uma tentativa. Alguma coisa tem de ser feita!
ResponderExcluirLola,
ResponderExcluirTalvez vc curta esta e outras postagens do meu blogzinho hoje: http://blogjoelbueno.blogspot.com/2011/11/mulher.html
Não é muito elegante, mas não resisto a divulgar aqui. Afinal, está na pauta. Se você achar inadequado, pode deletar o comentário. Abç
excelente post...
ResponderExcluirsó faltou divulgar o nº para denúncias: 180
DENUNCIEM!
Vc tem razão, Ginger. Abri os comentários anônimos por hoje. Obrigada por me lembrar. (e desculpe a demora, mas hoje é super corrido, 4 aulas, e só consegui chegar perto do computador agora, depois de um breve período de manhã).
ResponderExcluirDani, meu deus, que relato sofrido o seu! Que bom que vc conseguiu superar tudo e está feliz. Mas imagino que deve ser realmente muito difícil se livrar do medo. Ótimo depoimento, querida, obrigada mesmo! Tomara que se houver alguma outra moça passando pelo que vc passou, ela se inspire nas suas palavras. Tem que denunciar sempre!
Ré_Ayla
ResponderExcluirMuito bem lembrado.
Temos que denunciar sempre.
Alias, queria muito que o pessoal que se diz defensor da familia, que faz marcha, que vive fiscalizando a vida e a sexualidade alheia começa-se a combater a violencia domestica com o mesmo afinco.
"Alias, queria muito que o pessoal que se diz defensor da familia, que faz marcha, que vive fiscalizando a vida e a sexualidade alheia começa-se a combater a violencia domestica com o mesmo afinco."
ResponderExcluirPois é... mas acho que os defensores da moral e dos bons costumes acham mais cômodo a manutenção do status quo - manter as mulheres sob controle, mesmo que por meio de violência parece ser melhor pra eles né...
dados da central de atendimento à mulher: http://www.observatoriodegenero.gov.br/eixo/indicadores/indicadores-nacionais/central-de-atendimento-a-mulher-ligue-180
Tem uma amiga da minha mãe que apanhou do marido durante os sete anos que ficou casada.
ResponderExcluirEla, grávida de gêmeos, levou uma surra e acabou perdendo uma das crianças.
Ele ameaçava matá-la e ela saiu de casa praticamente fugida, e registrou boletim de ocorrência.
Ela pedagoga (diretora de escola) e ele administrador de empresas.
Em toda classe social acontece isso.
Eu nunca fui agredida, mas passei por sofrimento psicológico causado por um ex-namorado.
Ele me xingava, me colocava defeitos, gritava comigo, me ameaçava, mentia e chantageava...
Eu simplesmente não tinha auto-estima.
Cada vez me envolvia mais naquela situação absurda, como uma teia de aranha.
Um dia tive forças e terminei tudo.
Dois anos depois, ele me ligou (nunca mais tínhamos nos falado) e ele me disse que ficou em depressão desde que terminamos.
Que iria se matar e que a culpa era minha, pois ele me amava e eu não quis continuar com ele.
Disse também que quase contratou uma pessoa para matar a minha mãe para se vingar de mim.
Depois desse dia ele nunca mais foi visto por ninguém, nem pela família.
A família moveu ceús e terras o procurando...
Tem 10 anos que está desaparecido, e não me sinto culpada.
O amor destrutivo pode tomar proporções incríveis.
Dani,
ResponderExcluirEntendo bem a sua dor.
Eu passei 5 anos em um relacionamento destrutivo, dos 15 aos 20 anos.
Como você, venho de família de classe média, estudei em colégios particulares, terminei a faculdade (graças a deus, por não estar mais com essa pessoa), cursos de inglês, etc.
Meu ex era um mestre na arte de manipulação. O primeiro ano de namoro foi maravilhoso, apesar de minha mãe ter dito várias vezes que ele não era um cara legal.
Com o passar do tempo, ele passou a minar minha auto-estima, me ridicularizando, me fazendo sentir feia, ruim, incapaz, um verdadeiro lixo. E eu deixei que ele fizesse isso comigo.
Lembro da primeira agressão: um tapa no rosto, com muita força. Eu lembro que olhei nos olhos dele e ouvi: Vagabunda só merece isso mesmo! E tudo que eu pude fazer era chorar, soluçando.
Eu cheguei ao ponto de pedir desculpas por tê-lo provocado e ser violento. Quantas vezes eu pedi pelo amor de Deus que ele ficasse comigo e não me largasse, porque só assim era feliz (felicidade - realmente depende do seu ponto de vista).
Um dia, houve um estupro. Hoje eu sei que foi estupro. Se eu disse não e ele abaixou minhas calças a força, é estupro. Mas no dia eu achei q ele estava no seu "direito" de ter o que queria.
Eu tinha horário para tudo: se atrasasse 1 minuto para voltar da escola e depois da faculdade, se não atendesse ao celular, se não mentisse para minha família quando eles iam viajar ou jantar e quisessem que eu fosse junto...tudo era motivo para agressão verbal e física.
Um dia eu cansei. Simples assim. Mudei de emprego (quantos empregos eu perdi porque ele disse que eu não podia trabalhar longe) e conheci outra pessoa.
E finalmente disse não! Para ele foi um baque, ele chegou a me perseguir, tive que trocar o número do meu celular e minha família me acompanhava ou me buscava de carro em todos os lugares. Ele ficou mais neurótico e possessivo. Um dia, eu atendi a ligação dele e ele passou duas horas contando de suas escapadas e puladas de cerca. E eu, ainda frágil, ouvi cada uma delas.
O tempo passou e muito mudou. Hoje, eu tenho uma postura natural totalmente inversa. Bato de frente, me imponho. Aliás, isso é uma das coisas que meu namorido mais gosta em mim. Não admito sequer falar alto comigo, mas tento tratar meu parceiro com o maior respeito e ele a mim.
Ele sabe de toda essa história. E me ajudou a analisar vários pontos dela e como fui influenciada por tudo isso. Sem julgamentos ou preconceitos.
Passei uns dois anos sem conseguir dar a mão para um homem. Esse ex apertava com força meus dedos quando queria que eu ficasse quieta ou queria me controlar. Meus dedos são tortos até hoje, mas não me incomodam. Não mais.
Dá pra sair dessa situação. Mas requer muita força de vontade e desejo de mudar. Hoje vejo que eu tinha medo da mudança, pois, de certo modo, estava acomodada naquela realidade. Eu não sabia que poderia ter outras, afinal, eu não merecia nada melhor. Mais crítico ainda, eu era adolescente, muitas coisas em formação e me faltava experiência. Minha família desconfiava, mas eu sempre escondi. Ou seja, a violência está presente em todos os lugares.
Quando eu tinha 10 anos minha mãe namorou um cara que batia nela. Eu via ela apanhar sempre. Às vezes ele me batia na frente dela, e ela não fazia nada, só olhava. Ela ficou com ele por dois anos e nunca fez nada para se proteger ou a mim. Ela não sabia, mas ele ia no meu quarto e abusava sexualmente de mim. Mas isso não é relevante aqui. O que importa é que ela nunca deixou ele.
ResponderExcluirQuando as pessoas falam em violência doméstica frequentemente pensam em pessoas de baixa renda ou mulheres que dependem dos maridos. Minha mãe era independente financeiramente, éramos classe média, ela tinha um bom emprego. Ela não precisava dele, mas continuava com ele do mesmo jeito. Por muito tempo, eu odiei ela. Hoje, penso que talvez ela tivesse medo dele. Quanto mais velha fico, acho que mais que medo, ela tivesse vergonha, que de todas as pessoas, isso tivesse acontecido com ela.
Lola,
ResponderExcluirQuero deixar um relato que vivenciei com uma amiga e que na minha opinião demonstra que, apesar da lei, muito ainda preciso ser feito, pois aqueles que aplicam a lei, não estão preparados/empenhados para fazer a coisa funcionar.
Minha amiga conheceu um rapaz e em um período de 20 dias eles ficaram três vezes, mas não ele não era o rapaz que ela queria ao lado dela e em uma conversa disse que não queria mais. Foi então que a vida dela se transformou em um inferno. Ele se dizendo apaixonado, disse que não aceitava e que ela teria que ficar com ele, mandava mensagens no celular (cerca de 100 mensagens por dia), algumas com declarações de amor, outras com ameaças que iam desde de fazer um escândalo na porta do trabalho até matá-la. Eu entrei na história pq um dia estávamos tomando um lanche e ele chegou, xingando, jogou as coisas que estavam na mesa nela, ameaçou e tal. Foi então que sugeri que ela chamasse a polícia e fizesse um boletim de ocorrência. OK. O policial que a atendeu foi irônico, deixando bem claro que tinha coisas mais importantes para cuidar e quando ela mostrou algumas mensagens ele chegou ao ponto de dizer: O QUE VC FEZ PRA ESSE RAPAZ PRA ELE FICAR ALUCINADO ASSIM? No outro dia fomos a delegacia (aqui na minha cidade não tem delegacia especializada), então o delegado disse que não tinha muito o que fazer e que se ele chegasse as vias de fato era pra ela ligar no 190.
OK. No mesmo dia, o rapaz arrombou a casa dela e quando ela acordou ele estava ao lado da cama com uma faca, dizendo que ela desgraçou a vida dele e ia pagar. Por sorte, eu cheguei nesse momento e com muita conversa fiz ele desistir da idéia. Assim que consegui com que ele fosse embora, chamamos a polícia e mais uma vez o policial disse que não podia fazer nada, que só com um flagrante. Por fim, acabei achando que a idéia mais idiota que tive na minha vida foi procurar a polícia, pois minha amiga além de assustada, agora estava se sentindo humilhada e exposta, pois, no sábado, o policial que a atendeu a abordou na rua e passou uma bela cantada.
Agora ela tem uma medida protetiva que, no papel, o proibe de chegar a 200 metros dela, porém, ela vive em pânico, pois e se ele chegar? Ligar para a polícia? Ouvir piadinhas?
A minha pergunta é: denunciar pra que? Para ser mais um número nas estatísticas, de mulheres agredidas ou pior - das vítimas fatais da violência contra a mulher?
Acho que é isto!
Sempre leio o blog, mas nunca comento justamente porque ainda não tirei um tempinho para aprender a criar uma conta ou postar de outra forma que não seja como Anônima. Porém, vontade de participar dessas riquíssimas discussões não me falta. Sou muito interessada em assuntos referentes ao comportamento humano, considero-me um pouco (?) feminista - talvez eu até seja mais do que imagino, mas confesso que ainda me sinto um pouco impregnada por alguns costumes/tradições da sociedade. Estou me descobrindo. Este blog é fantástico, embora eu discorde de muitos textos e de posicionamentos que acho um pouco radicais. Mas é isso que me fascina: as opiniões discordantes, as diferenças e ver que cada um, dependendo de sua bagagem intelectual/social, vê o mundo e as pessoas de formas diferentes. Quanto ao tema de hoje, graças a Deus não tenho depoimento pessoal sobre o assunto, nem relacionado a algum amigo ou parente; a não ser que eu desconheça (porque tem muita coisa velada, coisa que a gente nem imagina!). O que tenho a dizer é que observo muitas mulheres envolvidas em relacionamentos sufocantes, desgastantes, prejudiciais a sua autoestima. Com medo de acharem 'alguém melhor', permanecem em relacionamentos destrutivos, 'engolem' comportamentos que desaprovam e que fazem mal. Mas não podemos julgá-las, pois cada ser humano é muito complexo, cada um tem uma história, etc. Blogs como esse, que abrem espaço para temas polêmicos e discussões relevantes, com seres pensantes e preocupados com o próximo (com exceção dos trolls), são muito importantes e talvez, por enquanto, a melhor forma de abrir espaço para essas mulheres, aprisionadas pelo medo e paralizadas por algo inexplicável.
ResponderExcluirPerseguição contra ex-coordenados ou antecedentes não ajuda em nada na reintegração social, qualquer divulgação de dados serve apenas como a perpetuação da pena. Se o caso é grave, como de alguns condenados por crimes sexuais, então a pena deve ser perpétua e com tratamento psicológico.
ResponderExcluirVocê pode até dizer que a vítima não vai se recuperar, mas se ele foi solto também tem direito de ter sua segunda chance.
Temos também o caso de homens vítimas do machismo a perpetuação da violência que muitos sofreram em casa, ou o ideal de que bater é um modo de proteção e preocupação, o "modo do homem ama".
Por fim em ambientes mais pobres ainda temos o homem que é descriminado e tratado como lixo em seu trabalho trazendo para casa todo o stress de ter que sustentar a (numerosa) família sozinho. (porque se acredita obrigado a isso)
Lola, ótimo post! Um assunto seríssimo, importante pra todos nós.
ResponderExcluirEmocionante os relatos.
Incrível como os trolls estão mais quietos hoje.
ex-coordenados = ex-condenados.
ResponderExcluirCorrigindo: "Com medo de NÃO acharem 'alguém melhor', permanecem em relacionamentos destrutivos (...)"
ResponderExcluirEi Lola, veja isso. Exemplo de machismo no futebol
ResponderExcluirhttp://blogdogersonnogueira.wordpress.com/2011/11/24/ex-assessora-do-remo-esclarece-sobre-saida/
Sobre essa relação de dependência, eu vi em minha família e trabalhando como voluntária na área também. Vi num site sobre psicologia e que resume bem este aspecto específico de algumas (não todas) relações:
ResponderExcluir"Que força permite determinada mulher ou homem, suportar ser tratado como coisa, por um parceiro perverso narcísico?
Não se trata de uma relação sado-masoquista como por vezes se julga, ou de alguém que no lugar de vítima, provoca as agressões. Trata-se de “um casal conduzido por um perverso narcísico que constitui uma associação mortífera: a maledicência, os ataques subterrâneos são sistemáticos". Esse processo só é possível pela exagerada tolerância da parceira, mas são as estratégias do perverso, que lhe provocam culpabilidade, medo e dúvidas.
O perverso narcísico não sabe ser de outro modo, enquanto a vítima tem possibilidade de escolher outro modo de vida."
"O paradoxo é o de que a vítima se enreda e se torna vítima, justamente por julgar-se forte, ao menos no fundo; por julgar-se capaz de superar o sofrimento advindo da agressão injusta, e obter, ao final, a grande recompensa de sua capacidade de resiliência, persistência e habilidade sobre o outro: recompensa que é, precisamente, o amor do agressor que até então acena com este amor seduzindo- a, mas na prática a desprezando mais do que supostamente a ama."
Acho isso interessante porque muitas vezes há uma incapacidade, pelo menos no início, de muitas mulheres em se enxergarem vítimas. Uma hora pensam que são elas que provocam a situação e o namorado/marido quando agride fez isso porque não ela não lhe deu outra alternativa ou então elas pensam que podem controlar o comportamento violento deles com doçura. A manipulação do agressor é muitas vezes sutil e a permissividade e alienação da vítima completam o quadro. Elas ficam numa eterna busca por uma reciprocidade que não existe. Para que ela possa sair disso precisa reconhecer que não há nada mais que obter daquela relação e daquela pessoa. Quanda a mulher finalmente entende essa dinâmica, o agressor já não tem mais poder sobre ela.
Eu acho que a impunidade é o maior problema nesses casos. A mulher tem o maior medo de denunciar e quando denuncia, acaba morta porque o cara não vai preso.
ResponderExcluirE o programa de proteção a testemunha é uma verdadeira prisão. Esse quadro precisa mudar.
quem tem como princípio não bater em mulher não deve temer um suposto cadastro de agressores.
ResponderExcluiro agressor mtas vezes é o bom vizinho, amigo, familiar...não passa por constrangimento algum. é só reparar nos depoimentos das vítimas, mtas vezes a mulher interioriza a culpa das agressões tb pq não há ônus social para quem comete a violência. embora a LMP tenha sido um grde avanço, não é consenso de q seja um problema social, de todos.
queria ver um agressor numa entrevista de emprego ter de falar sobre as agressões q cometeu, se participou de grupos, qual foi o processo pessoal pelo qual passou após ser condenado.
o cadastro poderia, inclusive, ter esse tipo de informação detalhada.
Drixz
ResponderExcluirE na maioria dos casos nem proteção ela consegue.
Tem uma quantia absurda de casos em que as mulheres fizerem boletim de ocorrencia, alertando a policia que estavam sendo ameaçadas, mas não foram ajudas em nada.
Ai no final acabam mortas ou torturadas.
Drixz,
ResponderExcluirEu acho que juntamente com a questão da denúncia, há também a questão dos tratamentos e da situação econômica.
Um dos relatos aí em cima é meu. Eu fiz muita terapia pra chegar onde estou hoje. E posso dizer que eu precisei de muita força e vontade para chegar até aqui. Só que eu tinha dinheiro para isso.
E aquela mulher que apanha do marido, tem 3 filhos e não trabalha? Como ela vai largar esse cara e tentar ser feliz? Por mais que haja ONGs e pessoas dispostas a ajudar, esse processo é complexo e longo. E depois que ela cuidar da coisa prática (alimentação, moradia, escola, trabalho), como ela vai ser reconstruir internamente?
A coisa é beeeeeem complexa.
Lola,
ResponderExcluirNem sempre só quem está fora da situação não consegue compreender pq a mulher continua com o agressor.
Eu arrumei um namoradinho aos 15 anos, e dos 15 aos 17 ele me batia incansavelmente. Minha mãe sabia (e meu pai tb, mto provavelmente), o pessoal da escola (estudávamos juntos) sabiam (escola particular, classe média alta), a família dele sabia e NINGUÉM nunca fez qualquer coisa pra me ajudar.
O que todo mundo me dizia era q ele me amava mais do q eu a ele, por isso ele ficava nervoso.
Mas até hoje eu me pergunto o que me fez ficar nessa durante 2 anos... e eu não acho uma resposta. Não dependia financeiramente dele, ele não conseguiu minar minha auto estima, minha família fazia que não via, mas enfrentei minha mãe qdo decidi terminar com ele (sim, ela achou um absurdo e ficou sem falar comigo) depois de 2 anos, então poderia ter feito isso antes.
E acho que a resposta é que eu gostava dele. Gostava das fases boas. Gostava do nosso relacionamento quando td estava indo bem. Eu só não aguentei mais pq vivia em alerta, pensando qdo seria o próximo surto.
Mas temos que pensar que um agressor geralmente não agride 24 horas por dia, e pra compensar o que faz, ele é muito mais carinho e dedicado do que o normal. Não sei se é assim em todas as situações, mas na minha era.
E aí vem uma surpresa: no começo ele não aceitou, me perseguia, partiu pra cima de um amigo meu pq me viu com ele, me telefonava mil vezes por dia. Mas um dia ele cansou também, me ligou falando q ia procurar ajuda pra mudar e assim q estivesse bem, a gente conversava. E depois de uns 4 meses, fazendo tratamento psicológico, ele me liga e a gente volta a conversar. E voltamos a namorar.
Sim, voltei pra ele.
Ainda amava o cara incrível q ele era qdo o conheci e o namorei por mais 2 anos, e foram 2 anos maravilhosos, praticamente sem brigas.
Depois desses 2 anos terminou, pq o amor acabou. Mas foi sem dramas, brigas, gritarias ou agressões. Hoje ele é casado e feliz, e acredito que continue saudável.
Acho que a recuperação dele foi mais fácil pq era um adolescente ainda, começou o histórico de agressão aos 17 anos e aos 19 ele decidiu mudar. Não sei se com todos seria simples assim...
E, por incrível que pareça, meu trauma maior em relação a isso não é ter apanhado de um homem, pq até consigo ter orgulho de mim qdo lembro q dei um basta sem o apoio de ninguém (mesmo demorando um pouc). O maior trauma é em relação a minha mãe e sua postura diante da situação. É isso que nunca, jamais, vou esquecer.
Vic
Querem revoltar-se, então vejam:
ResponderExcluirhttp://terratv.terra.com.br/Noticias/Mundo/4201-391538/Afega-vai-se-casar-com-estuprador-para-escapar-da-prisao.htm
Não sei vcs, já chorei muito com esses depoimentos. E um lado meu, bem violento, bem animalesco aflorou. Me dá vontade de pegar uma pistola e justiçar essas pessoas. Sei que é errado, mas o ódio tá falando mais alto.
ResponderExcluirOi Lola, sou fã do seu blog e sempre leio. Tenho um blog de quadrinhos e tenho tentado fazer alguns que discutam gênero, ainda mais nessa onda de que piada tem que ser impoliticamente correta pra ser engraçada... o legal é mostrar que piada pode ser mais um meio/plataforma de desmascarar e criticar a sociedade, em vez de reafirma-la... só que é mais dificil fazer piadas críticas do que senso-comum, e seus posts sempre me ajudam nessa tarefa!
ResponderExcluirCriei uma personagem chamada "tia solteirona", mas só fiz um desenho até agora: http://crocomila.blogspot.com/2011/09/minha-tia-solteirona-quando-eu-crescer.html
Apesar do seu texto de hoje não ser diretamente sobre isso (alias desculpa atrapalhar o fluxo de comentários e relatos emocionantes) gostei do gancho que vc deu acerca do tema, da necessidade da mulher se casar pra sentir-se completa. Procurei posts sobre o tema no blog mas não achei (a não ser o guest post da Carola)... vc me indica alguns, ou quem sabe fica uma sugestão de tema para escrever: a tia solteirona!
Hoje aconteceu o lançamento nas ruas da campanha 'quem ama abraça' da qual participei pela AMB do Rio, e muitas mulheres que estavam passando pelo local em que estávamos nos procuravam para darem testemunho, vários casos de todo tipo d violência contra a mulher e todas disseram que se sentiam envergonhadas e culpadas pelo que sofriam e isso fez com que demorassem a abandonar o cara, além dos casos em que elas tinham medo do que poderia acontecer ou então que o homem depois implorava perdão. O que mais marcou foi todas falarem que não tinham onde ir para falar sobre isso, nem antes e nem agora, e que agradeciam o espaço e por estarmos olhando pelas mulheres que sofrem essa violência ainda hoje.
ResponderExcluirÉ estranho e revoltante ouvir tudo isso, e ler os relatos de mulheres agredidas aqui. Revoltante também foi um cara durante o lançamento de uma campanha pela não agressão a mulher dizer que isso era bobagem, que não acontecia ou que se acontecia era por a mulher deixar. Fora os que se achavam engraçados por passarem correndo gritando que mulher merece apanhar e uns outros babacas rirem, afinal, é tudo humor.
Mas não vou manchar a belíssima campanha pelos poucos retardados, pois, afinal, foi 'gratificante' poder dar voz a essas mulheres e sensibilizar pessoas sobre essa chaga que é a violência contra a mulher.
Essas mulheres que sofreram violência e superaram são sobreviventes, são guerreiras e devemos admirá-las e aprender com elas, pois, fico pensando, que é muito fácil eu, que nunca sofri esse tipo de violência, por exemplo, dizer que jamais aconteceria comigo, que não permitiria etc quando na verdade a gente não sabe como vai reagir diante do choque que é sofrermos violência de alguém que deveria ser nosso parceiro - imagina o terror que deve ser.
No machismo em que vivemos hoje, a mulher tem que ser muito corajosa para quebrar o ciclo, pois ela tem que fazer isso sozinha e ainda sofrer julgamento por ser vítima, ou por ter demorado, ou por ter voltado, ou por ter colocado alguém na cadeia só porque não pagou a pensão dos filhos, ou porque pôs na cadeia alguém só porque deu uma porrada nela (o que é uma porradinha, né?) etc.
Mas é isso, temos que falar, gritar, meter a colher, até que possamos olhar para trás e pensarmos "nossa, como éramos animalescos, imagina um companheiro maltratar, humilhar, bater ou matar uma companheira e, pior, ainda sair impune ou ela ser a culpada por isso!"
Lola, adoro seu blog e sei que demanda um tempo que nem sempre você tem. Mas gostaria de lhe pedir, estando ao seu alcance, que fosse feito um pouco de "censura" nos comentários aqui. Digo isso porque vejo aqui pessoas abrindo suas vidas, contando suas histórias de dor, e, enquanto isso, outras, como Flasht, idiotas,tecendo comentários maldosos, fazendo pouco caso, ofendendo mesmo. Enfim, só um desabafo de alguém que ficou emocionada com os relatos e extremamente ofendida com as ofensas. De qualquer forma, obrigada!
ResponderExcluirFlash t, por motivos extraordinários vou responder seus comentários.
ResponderExcluirO sujeito em questão continua tendo responsabilidade sobre seus atos.
Assim como a vítima tem as suas, guardadas as devidas proporções. E é justamente entendendo e assumindo as rédeas da própria vida que ela tem possibilidades de sair de uma relação não saudável, enquanto o agressor constuma estar mais acomodado e/ou satisfeito.
Não é uma questão de demonizar e santificar ninguém, são dinâmicas dentro do relacionamento.
Isso, de maneira alguma, não serve de desculpa para a pessoa que agride e muito menos serve de atestado de culpa para quem é agredido.
Além do que, isto é apenas UMA possibilidade dentre muitas.
E tem que tomar as dores sim. Este é um problema social. Nossa cultura abre caminho para que essas relações doentias aconteçam e se perpetuem. A educação, a impunidade, a conivência tem papel muito importante na disseminação desses valores.
Flasht,
ResponderExcluirHaja tempo livre, não? Aproveita e vai estudar um pouco de português, que a coisa está feia...
Primeiro, como eu mesma disse no meu relato, ninguém tem o direito de me julgar e me chamar de vagabunda. Portanto, por favor, fiquei quieto. Não venha em um espaço desse julgar a minha adolescência. Vc é um mero troll, só isso. E pelo jeito, um ser humano bem patético. Vai fazer terapia, faz muito bem, sabia?
E lembre-se: agredir alguém é uma agressão a si próprio. Olha o ódio que você reprime...deve ser muito ruim sentir tudo isso.
Por outro lado, é bom perceber o quanto eu estou fortalecida com relação a tudo isso.
Obrigada aos que postaram mensagens de carinho e solidariedade.
Carol, também me ofendeu!
ResponderExcluirabs
Jussara
Flasht - ai eu sei disso. Mas é doloroso demais ler e eu compreendo perfeitamente mulheres que não saem dessa situação. É uma espécie de Síndrome de Estocolmo.
ResponderExcluirCorrigindo: "Isso, de maneira alguma, serve de desculpa para a pessoa que agride"
ResponderExcluirFlasht, a mulher que apanha calada é culpada por se deixar levar pela situação. A mulher que tenta se afastar é a vadia que está deixando um pobre rapaz apaixonado sozinho.
ResponderExcluirImpressionante como você não percebe as contradições nas coisas que você diz.
Flasht, vc entra pra tumultuar, mas só consegue nos fazer rir.
ResponderExcluirEu não choro por bobagens feito vc, só por coisas relevantes. E relevância vc talvez tenha somente para sua mãe.
ResponderExcluirOk, vou passar a deletar os completamente inúteis e abjetos comentários do Flasht. CANSEI. Num post tão sofrido como este, cheio de depoimentos comoventes de mulheres que foram agredidas e conseguiram sobreviver e superar a dor, vem um IDIOTA despejar um monte de asneira misógina. Ao invés de refletir e pensar sobre o que causa a violência doméstica e, como homem, considerar o que ELE pode fazer pra combatê-la, ele decide combater as vítimas e seus relatos. É de uma estupidez infame e não acrescenta absolutamente nada a este blog. E nem é engraçado.
ResponderExcluirAlém do mais, Flasht é um mentiroso. Ele usa todo o vocabulário repulsivo que só os mascus usam. Tem que ser mascu pra usar esse tipo de palavras: mangina, ver a mulher que já transou como "resto", chamar de vadia e vagaba, e por aí vai.
O Flasht não vai mudar. Pelo menos não através deste blog. E como caras como ele só fazem com que nós percamos a fé na humanidade, é melhor deletá-lo. Adeus, Flasht. Vai brincar com seus outros amiguinhos trolls também expulsos daqui. Vcs são um atraso de vida.
Complicado porque minha família tem histórico de violência doméstica. Não sei se chegou a física, mas a violência moral - tão destrutiva quanto - sempre foi enorme.
ResponderExcluirUma tia minha é completamente controlada/dependente do marido: ele minou por completo a autoestima dela, a colocou contra a família ("só tem puta na sua família" - referindo-se à minha mãe e minha avó), ela tem e teve problemas seríssimos de saúde por isso, como bulimia e distúrbios hormonais. Atualmente está em tratamento pesado contra depressão.
Quando ela ficou grávida de um filho temporão, foi o inferno na terra - era acusada de ter sido infiel e do marido não ser o pai da criança.
Recentemente ela pediu o divórcio, mas a chantagem emocional dele - utilizando-se também dos filhos, claro - foi tão forte que minha tia aceitou voltar.
A estratégia dele hoje? Tornar minha tia alcoólatra, levando-a para beber (mesmo com os milhares de remédios tarja preta) para humilhá-la e tirar sua autoridade diante dos filhos.
oi, lola, aproveito que vc deixou os anônimos aqui hoje... eu quero dizer que VÁRIAS vezes quis comentar aqui e não podia pq eu só queria comentar anonimamente. eu admiro vc demais há muito tempo já. não vou ler este post e nem os comentários pq me lembrar de certas coisas me faz mal. nunca apanhei de companheiro nenhum (já sofri violência de o cara tentar me minar e quase me bater, mas não conseguiu. no entanto, por mais que eu fique com uns e outros, não consigo mais namorar), mas outras coisas já aconteceram. será que essas "outras coisas" fazem parte de ser mulher? eu sei racionalmente que não. mas tem dias que canso de lutar e fico chorando e pensando que eu odeio ser mulher e que a vida plena nunca é permitida pra gente. tem dias simplesmente que não quero lutar, não quero levantar bandeira, quero simplesmente ser. ser e sem dar explicação, ser e... só ser. meu deus, em que anos vivemos? sabe? qdo eu penso nisso, parece que tudo já foi dito, estudado, pesquisado... e nada mudou. continue sendo como vc é pq é lendo gente como vc que me sinto menos sozinha e querendo acreditar que vale a pena. um beijo enorme.
ResponderExcluirNão vou me dar o trabalho de responder a um troll, que culpou o fato da minha mãe ser mãe solteira como justificativa para ela apanhar, mas quero usar isso como gancho, porque vou responder à Liana, que deu uma resposta tão completa à minha.
ResponderExcluirLiana, acho que talvez, o fato da minha mãe ter ficado com esse cara tenha muito a ver com isso. Ela era uma mulher "forte". Ela se julgava forte. Ela era mãe solteira, cuidava does filhos, da casa, da vida, de tudp. Ela trabalhava, ela era independente. Acho que quando ela se viu nessa situação, ela realmente teve dificuldade em se ver no papel de vítima, porque como uma mulher como ela, que sempre tinha tido controle de todas as situações de sua vida, tinha acabado numa situação de violência doméstica? Acho que isso teve um papel fundamental no porquê de ela ter ficado com ele.
Na verdade, nunca conversamos sobre isso. É como se ele nunca tivesse existido nas nossas vidas. Ela namorou com ele dois anos, eu não lembro como o relacionamento deles acabou, mas sei que ela não denunciou ele. Acho que, talvez, ele ameaçasse ela, porque ele me ameaçava. Quando ele ia no meu quarto e abusava de mim, ele dizia que se eu não fizesse o que ele queria, ele ia matar a minha minha família. Eu realmente acreditava que ele ia. Ele era violento, e, pelo menos para mim, não mostrava uma face gentil e carinhoso nem se desculpava, só me metia medo.
Então, por muito medo, tive, e ainda tenho sentimentos conflitusos em relação à minha mãe. Como adulta, entendo que ela estava numa situação impossivelmente difícil, que talvez sua vida estivesse sendo ameaçada, talvez a nossa vida, que ela tinha medo, que ela tinha vergonha. Como a criança que estava sendo abusada, estuprada, eu precisava da minha mãe para me salvar, e ela nunca fez isso, ela continuou com ele, e embora a adulta racional em mim esteja trabalhando para perdoar isso, a criança ainda guarda muita mágoa. A gente tenta...
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ResponderExcluirÓtimo texto.
ResponderExcluirComo já foi abordado no depoimento de uma anônima, muitos profissionais não estão preparados para lidar com a mulher agredida, violentada.
Aliás, muitas vezes, o depoimento para a autoridade policial é uma nova violência para a vítima.
No momento em que a mulher está mais fragilizada, ainda tem que se deparar com questões:
-Mas o que você fez para provocar?
- O que estava vestindo?
Infelizmente, os péssimos profissionais criam obstáculos para a denúncia da vítima.
Nestes casos, é preciso que a mulher rompa com o silêncio e denuncie também a autoridade.
Lola nunca será fácil explicar porque uma mulher se sujeita a violência, porque como vc mesma disse não é um motivo apenas, ela geralmente esta presa a uma teia, que com o passar dos anos mais a prende.
ResponderExcluirÉ família, religião, filhos, bens, vergonha, dó, pena, gratidão, raiva, ódio, medo, sobretudo o medo, é fácil falar vá e denuncie, sendo que a mulher sabe muito bem, pelo histórico do homem que esta envolvida até onde ele é capaz de chegar.
Infelizmente eu vivi e ainda vivo uma situação como essa, no post anterior que vc citou , tem a frase que pra mim ainda resume muitas historias como a minha e de milhares de mulheres “Eu tinha de conseguir conviver com aquele homem, caso contrário não sobreviveria.”
Eu aprendi a conviver com ele, hoje não tolero mais nenhum tipo de violência ou manipulação da parte dele, consegui fazer arranjos, pra que eu tenha um pouco de liberdade, é um equilíbrio muito delicado a maneira como eu vivo, pra mim não é a situação ideal, mas é a possível.
Que falta faz uma boa psicologia profunda...
ResponderExcluirOntem eu ouvia dizer que em matéria de segurança veicular, estamos 20 anos atrasados em relação aos EUA e à Europa, mas em termos de psicologia espiritual estamos mais de 50 anos atrasados...
A psicanálise secular só faz uma coisa na vida, qual seja, liberar a sexualidade de seus pacientes. Lidar com a culpa inconciente que jogamos no agressor para nos transformarmos em vítimas inocentes eles não lidam nem nos livram. Lástima...
Chorei muito lendo os depoimentos aqui. E não deixo de ficar chocada em perceber como agressões são muito mais comuns do que a gente pensa.
ResponderExcluirEu, infelizmente, só me dei conta do quanto era corriqueiro depois que aconteceu comigo. Dos 18 aos 21 anos tive um relacionamento muito instável, com brigas que terminavam comigo me sentindo culpada por as coisas não andarem bem.
Éramos estudantes universitários, e meu namorado era um cara muito popular, bem articulado, engajado. Nossas brigas eram cheias de chantagens e ataques a minha autoestima, mas eu não me dava conta da violência psicológica que sofria. Afinal, isso não era condizente com nosso perfil intelectual e engajado.
Ingenuidade...
Ao longo dos 3 anos de relacionamento as coisas foram ficando cada vez piores. Eu ouvia boatos sobre ele ter sido agressivo com outras meninas (tentávamos manter um relacionamento aberto, que só servia, no fim das contas, pra ele, é claro). Mas o fato é que eu não acreditei nessas histórias (que hoje penso serem reais), até o momento em que, cansada de tantas brigas, deixei de gostar dele e resolvi terminar o namoro.
Por alguma razão eu tinha muito medo que ele sofresse. Ele era negro -- um dos poucos, como o habitual em universidade pública como a nossa-- e vivia dizendo que se sentia à margem naquele ambiente. Ao terminar o namoro eu me sentia culpada por abandoná-lo em meio a hostilidade.
E o que aconteceu foi que ele me julgou exatamente por isso, como se eu estivesse abandonando uma luta. E não aceitou o fim do namoro. Me ligava de madrugada dizendo que eu havia acabado com a vida dele. Até que, dias depois, nos encontramos numa festa na universidade. Nesse dia, apesar da calma que eu tentei manter, ele me acuou, quebrou meu celular, meus óculos, me deixou com os braços cheios de hematomas por ter me segurado com força. E me ameaçou de morte.
Fiz um BO, que não fez eu me sentir mais segura. Morava sozinha, e de tanto medo que sentia dormia trancada no banheiro, que me parecia o lugar mais seguro da casa.
Por muito tempo ele me enviou emails, ora com declarações de amor, ora com ameaças a mim e a minha família.
Se passaram 3 anos, e não posso dizer que não tenho mais medo dele. Mas me recuperei, aprendi sobre a vida, sobre confiança, sobre amor (e a dependência exacerbada dele, a necessidade de encontrá-lo, de encontrar um homem, que nosso mundo coloca nas mulheres), sobre ser mulher. Nunca mais me relacionei com nenhum homem que tivesse algum traço de agressividade, como ele demonstrava desde o início.
Mas algumas coisas ainda me intrigam. Ele segue sua vida, com seus engajamentos políticos. É admirado, tem amigas que se dizem feministas. Me pergunto se elas nunca souberam das mesmas histórias que eu...
E também sempre me lembro do dia da agressão, na festa lotada de gente. Enquanto ele me acuava, segurando meus braços, me humilhando enquanto eu chorava e gritava ofensas, um grupo passou por nós. Olharam, riram. Devem ter achado que era algum casal barraqueiro. Mas ainda acho estranho isso acontecer dentro de uma universidade, onde, a princípio, circulam pessoas esclarecidas. Será que eles não perceberam a situação como violência? Será que eu também não teria feito nada no lugar deles?
Perguntas que talvez eu devesse deixar pra trás, mas que ainda remoo...
Nossa gente.
ResponderExcluirQue depoimentos...
Puxa vida parabéns para todas que conseguiram superar.
Flasht não é Troll, troll é pouco para alguém que faz chacota de abuso infantil.
Escória é o termo mais correto pra ele.
Anônima de 19:45
ResponderExcluirEsse sentimento confuso em relação a mãe numa situação de violência familiar é bem comum, principalmente quando envolve abuso sexual.
Eu acho que é normal direcionar para a mãe esse sentimento de insegurança. As pessoas na família assumem papéis, quase sempre sem que se deem conta disso. O da mãe costuma ser acolher e proteger os filhos de todos os males. Então quando algo dá errado, é ela, acima de todos os outros possíveis responsáveis, que vira depositária dessa culpa. Quando temos sentimentos difíceis de serem resolvidos, muitas vezes elegemos bodes expiatórios, é um rótulo, uma simplificação. Nos é muito conveniente, na qualidade de crianças feridas, elegermos nossa mãe como culpada por tudo o que nos acontece de ruim, acho que esse é um movimento natural.
Como quando a criança tenta contar para a mãe que sofreu abuso e ela não acredita, ou finge que não acredita. A rejeição da mãe parece doer mais que o abuso em si. Eu acho que, do ponto de vista da criança, não ter o apoio da mãe é como estar completamente sozinha e desamparada no mundo, afinal é ela quem personifica a noção de acolhimento. Sem isso, o que sobra? Acho que é por isso que dói tanto e parece ser mais devastador que ser agredida por outra pessoa.
Antes isso era uma coisa que não passava pela minha cabeça.
ResponderExcluirA noticia que eu tive foi da mae de uma aluna que apanhava do marido e com as tres filhas fugiu para outra cidade e, do nada, refez a vida. Tomar uma decisão dessas não é fácil. Imagina o sentimento de insegurança dessa mãe com tres filhas em uma cidade estranha e o quanto ela teve de suportar.
Mas eram historias dos outros e, por mais esforço que eu fizesse, só fui compreender quando vivi uma situação assim.
E, sabe? hoje eu entendo o quanto é dificil romper com uma situação dessa.
Minha história não teve agressão física, mas muita agressão psicológica e moral. O começo foi bom, embora já viesse com uma notícia ruim. O cara tinha transtorno bipolar (hoje corro de diagnóstico desse tipo) e fui ao psiquiatra com ele. O psiquiatra perguntou se eu estava acompanhando e, quando eu disse que sim, ele me prescreveu lexotan. Eu não era a paciente e nunca tinha tomado remedio controlado na minha vida. Achei aquilo absurdo e só fui entender quando presenciei as crises de raiva, em que aconteciam as agressões. Eu chorava muito e acabei tomando o remedio. Só assim suportei, teria caído em depressão de tanta humilhação, não fosse o remedio.
O fato é que as crises de ciúme do dito cujo começaram a extrapolar e ele passou a agredir meus amigos e amigas. Ele ameaçava, dizia pra eles ficarem longe. Comecei a ter vergonha dele perante meus amigos. Eu chorava com o afastamento dos amigos, mas achava que era melhor assim. O pensamento era que eu conseguiria segurar a minha onda, se a agressão era comigo, mas eu não tinha o direito de fazer com que meus amigos fossem agredidos por ele. Alguns amigos ele conseguiu afastar. Os outros, eu me afastei para poupá-los. Vê que loucura? Rapidamente eu estava sozinha, sem ter com quem conversar. E EU SEI que conversar não adiantaria, porque eu tinha consciencia da enrascada em que eu tinha me metido. Eu sabia que era uma situação péssima e tudo que eu queria era conseguir me livrar daquela situação e me reconciliar com meus amigos. Mas eu não conseguia. Passei a evitar meus amigos 1. porque não queria que nada de mal acontecesse a eles e 2. porque tinha vergonha de estar com um espécime daquele. Sabia que não era bom pra mim e não conseguia me desvencilhar daquilo.
Foi quando comecei a fazer terapia e o espécime chegou a ameaçar minha terapeuta. Comecei a falar o menos possível com ele. Minha sorte foi que ele tinha um relacionamento mal resolvido e a ex dele reapareceu. Era a desculpa que eu precisava para me afastar. Consegui, por algum tempo. Ele mudou de estrategia e tentou se matar colocando a culpa em mim. Foi a ultima noticia que eu tive, me mudei de cidade (mudar de cidade é pra quem pode, eu sei) e nunca mais fui achada. Esse inferno durou mais de um ano.
Quem nunca passou por isso pode, no mínimo ter empatia por quem passou. Esse tipo de situação é muito dificil e dolorosa...
Lola, parabéns, mais uma vez.
ResponderExcluirEsses relatos de violencia doem em mim. Eu posso sentir a opressão. O terror psicológico é muito sério e capaz de manter situações deploráveis por anos.
A moça que trabalha na minha casa me contou rapidamente que fugiu de um marido com quem viveu por 15 anos e que, segundo ela, a espancava e dormia com uma faca sob o travesseiro. Mas a sua história de opressão e medo começa antes disso. Essa mulher, nordestina, veio pro Rio porque foi expulsa de casa pelo pai. Disse ela que transou sem saber o que estava fazendo, pois até aquela idade nunca tinham lhe contado como nasciam os bebes. O pai deixou ela amamentar até os 3 meses e depois a mandou embora, ficando com a bebe. Ela,que era uma criança, vem parar em outra cidade sozinha e a primeira coisa que faz é arrumar um homem pra se proteger do mundo. Esse homem que bateu nela por 15 anos.
Perguntei pra ela como aguentou passar por isso e ela me disse que não tinha ninguém e pra não ficar só tinha que aguentar toda a dor. Ela tem um olho que fica parado, meio vesgo, fruto da pancadaria.
Uma vida marcada pelo patriarcalismo na sua expressão mais cruel. Eu percebo algumas marcas deixadas nela por tanta dor. Por exemplo, os sustos. Ela se assusta mais que o normal, qualquer susto e ela grita como se estivesse morrendo, um grito de desespero.
Esses trastes tem que pagar por transformar a existencia de outras pessoas em um martírio. E nós temos que aprender a nos dar valor sem um homem ao lado. Sou de classe média, tenho estudos e não apanho, mas tenho que admitir que padeço do mesmo mal que a minha empregada. Gosto mais de estar na companhia de um homem do que na minha própria. Já sustentei relacionamentos terríveis por conta disso.
E vou parar de contar e ler essas coisas que já chorei demais
tatiana
Ia comentar como anônimo, mas chega de ter medo.
ResponderExcluir"E por que a mulher acredita e aceita continuar a relação?"
Concordo que a dependência econômica não é o único fator, até porque, como vimos nos depoimentos muitas mulheres não dependiam economicamente do marido ou namorado.
Gostei quando explicou o ciclo da violência, é exatamente assim, está tudo perfeito, ele é o namorado mais fofo e lindo que existe, ai ele explode, e fica tudo uma merda, mas logo depois volta a ficar tudo bem. E muitas vezes a gente acredita que essa vai ser a última explosão como ele promete, mas nunca é...
No meu caso continuei com um namorado violento porque ele dizia que iria se suicidar! Eu tinha muito medo de ficar com essa culpa pro resto da vida. E mesmo não suportando mais a ideia de continuar com ele, mesmo tendo nojo em todos os momentos que ele encostava em mim (até nos momentos que encostava pra fazer carinho) eu continuava com ele. E o namoro durou quase 2 anos.
Primeiro a agressão era verbal, depois começou o terror psicológico, até a primeira agressão física, estávamos na cama conversando e acabamos discutindo por algum motivo e ele me empurrou bruscamente, eu cai da cama, em cima do notebook dele, que quebrou. E lógico que a culpa foi minha, paguei pelo conserto. Sim, paguei por ter sido agredida.
E assim se seguiu mais de um ano de muitas agressões verbais e algumas (poucas 'graças a deus') físicas, e o que me doía mais eram as ameaças, me afastei de todos os meus amigos homens pois ele dizia que iria bater neles... Mentia sobre meus ex's namorados, pois ele dizia que iria mata-los, se terminasse ele me bateria muito, se mataria. E como sempre me colocava pra baixo, eu tinha medo de terminar e ficar sozinha, pois nunca mais outro cara iria querer ficar comigo.
Quando eu tentava contar pra alguém não acreditavam, pois ele era super calmo aparentemente (ironicamente seu apelido era monge) e eu sempre fui pavio curto.
Até que um dia cansei, vi que se ele realmente se matasse a culpa não seria minha, nem um pouco, é um desequilíbrio dele, não meu. Fui "preparada". Terminei com ele num shopping pra que nada me acontecesse, e depois fui pra casa, pra minha surpresa ele passou lá, aceitei conversar, mas no corredor do prédio e não dentro do meu apartamento. Mesmo assim ele tentou me bater, veio com tudo pra me da um murro na cara, eu consegui desviar, ele bateu na parede, mas depois me segurou pelos meus braços, me levantou, ficou me sacudindo e me jogou contra a parede, só parou porque uma vizinha passou e viu (mas não, ela não fez nada, só fingiu que nao tinha nada demais acontecendo).
Consegui fazer ele ir embora e assim que entrei em casa contei o que tinha acontecido pra minha mãe, que não acreditou, "não deve ter sido tudo isso", e até hoje me acha uma babaca por ter terminado "tão friamente" com um cara tão legal. Que ela faz questão de trazer constantemente aqui pra casa.
Já achava terrível o que tinha me acontecido, e lendo os depoimentos aqui no blog, vi que isso não é nada perto do que muita gente já passou, mas mesmo assim precisava desabafar, precisava que pelo menos uma vez acreditassem em mim. Ninguém sabe de tudo, já contei uns fatos isolados pra algumas amigas, mas tudo é a primeira vez, e me fez bem.
Só queria fazer um observação sobre o depoimento da Dani, no final ela colocou que a culpa não era SÓ dela. E eu discordo Dani, a culpa não foi sua em NADA!
E muito obrigada Lola, por esse blog excelente que ajuda tantas mulheres! (e homens tbm né)
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ResponderExcluirSobre violência doméstica, recomendo o filme espanhol "Te doy mis ojos" ("Pelos meus olhos", em português).
ResponderExcluirVemos o lado da esposa agredida e o do marido agressor. A mulher sofre, quer terminar o casamento, mas o agressor propicia alguns momentos de trégua, assim,a mulher tem esperança de que o relacionamento pode melhorar.
Que post bom, Lola. É mesmo de cortar o coração a experiência da Dani (10:48)
ResponderExcluirEu sei de uns casos escabrosos acontecidos nos EUA inclusive um deles a mulher cortou o pênis do machão violento e jogou o pênis fora. Qdo a ambulância chegou foi um tal de procurar o pênis pra fazer implante. Acharam o pênis e o fdp foi tão descarado que tempos depois fazia filme pornô pra mostrar como estava funcionando bem!!!
Os casos de violência doméstica que ocorrem nos EUA são tenebrosos - contra mulher e contra crianças. Não vou contar aqui pra não parecer estar competindo com as experiências pessoais aqui relatadas. Gostaria de salientar que além das brilhantes mulheres que Lola relata no post, se homens advogados, promotores e juizes não se empatizarem com a vítima ficará muito difícil atenuar esse grave problema social.
Espero não ter comentado nada que possa dar margem a alguma polêmica.
Não sei o que comentar à não ser que o meu horror ao ler esses casos é enorme e que eu desejo, de coração, toda força às comentaristas agredidas desse post.
ResponderExcluirOi Lola,
ResponderExcluirSempre presenciei meu pai espancando minha mãe, lembro que com 6 anos pedi desesperada para ela ficar grávida pq não aguentava sozinha(e na minha cabeça de 6 anos eu poderia ter um irmão bem forte que nos salvasse)
Veio um irmão e então compreendi que a idade dele nunca alcançaria a altura e força necessária para nos salvar.
Meu pai batia por nada, por causa da comida, da roupa, do humor dele, por que era Agosto e a mãe dele morreu em Agosto.
Minha vida era um inferno eram surras de marcar, quebrar, sangrar até que ele começou a bater em mim tb, quebrando, marcando e sangrando, todos os dias me acordava xingando de vagabunda, piranha, às vezes jogava algo no meu rosto, um tênis, um enfeite do quarto e até uma panela de pressão e eu levantava já assustada, até que um dia pulei da janela do sobrado e fugi, meu irmão que ele não relava a mão me ajudou, jogando meu tênis (sai com medo de pijama - shorts e camisa e descalça) fui para casa de uma tia e pedi ajuda ela olhou para mim e disse: mas pq seu pai não gosta de vc? vc estava com esse shorts curto na casa?
Vivi outro inferno nessa casa tinha 14 anos, fui na delegacia e não fizeram nada pq era sábado e tinha mtas ocorrências mais importantes, voltei domingo e não fizeram pq era domingo e tinha que ir na delegacia da mulher na segunda, na segunda a delegada me disse - tem certeza que quer destruir a vida do seu próprio pai e ele pode ficar com mais raiva de vc.
Veio um tio (irmão da minha mãe) de Minas para SP e disse que eu estava causando um inferno na família, que era rebeldia de adolescente, que eu não me portava corretamente, minha tia então disse que eu não podia mais ficar na casa dela. Fiquei na rua por 3 dias e não aguentei voltei para casa. Até que a violência foi mais grave qdo eu tinha 17 anosele tentou a violência sexual e não sei de onde tirei forças mas consegui sair correndo e meu irmão já estava com a chave na mão abrindo a porta da rua, chorando e me pedindo desculpas detalhe ele só tinha 11 anos.Sai de casa e minha mãe envergonhada no outro dia tb saiu com meu irmão. Arrumei emprego implorando socorro em uma entrevista toda formal e nunca mais voltei.
Desculpem o texto longo, mas não resisti e fiz o desabafo
Lola, estou muito envergonhada de mim, comigo, da forma cm muitas vezes penso, cm é fácil quem está fora da situação apontar as pessoas, julgar...
ResponderExcluirMeu namorado e a irmã dele viveram em um tremendo caos!O pai deles era muito, mas muito violento!meu namorado não conta tudo, mas já falou coisas sobre ter que, com 9 anos de idade, tirar o pai dele de cima da mãe, a espancando. Ela já quebrou a janela e fugiu com os dois filhos no colo, após ter levado UM TIRO do companheiro. Ela apanhava dirariamente. Engfraçado que ele nunca encostou a mão nos filhos, mas agredia a mulher na frente deles, sem pudor algum.Mas era o tipo de pai que chamava o filho de "veado" e a filha de "puta, essa puxou a mãe". A mãe dele morreu quando ele tinha 15 anos e a garota 13, de câncer e mesmo no cama, convalecente, o pai a chingava e agredia verbalmente. Quando ela morreu, o pai os abandonou, os dois menores e eles moravam em casa de aluguel. Foram expulsos! A menina foi morar com um namorado da época, com quem vive até hj, mas meu namorado...Ficou na rua, Lola!Ficou na rua por mais de 2 meses! É por isso que hj eu tenho muito, mas muito orgulho dele!Do homem que ele se tornou!Ele jamais levantou a voz para mim, o coitado chega a ficar assustado com qualquer situação que envolva briga, se ver uma pessoa falando mais alto com outra, fica nervoso, quer acalmar os ânimos. A irmã dele é outra que coitada, é dócil, meiga, mas vê-se que traz muito medo dentro de si!
No início disse que tenho vergonha da forma que penso pq por muito tempo pensei que "mulher que aceita essa situação é pq gosta!". Lola, eu jamais poderei entender o que se passa na cabeça de uma mulher que vive nessa situação, mas hj vejo que não é o GOSTAR que a faz ficar, mas o medo, a vergonha, a submissão,as chantagens...Meu namorado diz que uma vez sua mãe conseguiu se separar do pai, mas que um amigo em comum a faz voltar. E eu, na minha mente, a julgava. Mas hj vejo que ninguém sabe cm ocorreu, nem ele, já que era só uma criança.
A vontade que estou agora após ler esses relatos é de ligar para ele e pedir perdão, pedir perdão pela memória de sua mãe, perdão pelo tanto que ele sofreu, perdão por mesmo que ele não soubesse, pensar da forma que pensava.
Lendo e perdoando...
ResponderExcluirGente, sou mais uma chorando aqui. Que histórias assombrosas que vcs viveram. Muita vontade de abraçar todas vocês. Principalmente vcs que conseguiram tirar forças não sei de onde e SOBREVIVER.
ResponderExcluirE como tem padrões que se repetem, né? O comportamento do agressor começa por minar a autoconfiança da mulher e separá-la de todos os amigos e parentes. Só depois começa a agressão. E aí a mulher já não tem pra onde ir.
É fácil criticar sem nunca ter passado por nada minimamente parecido.
Vcs são todas guerreiras. Sobreviventes. Muito fortes mesmo, e tenho o maior orgulho de vcs por terem saído do inferno.
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ResponderExcluirEu até hoje não consigo entender como se chega a este ponto. Acho que precisa haver um trabalho para ensinar as mulheres a perceber os inícios do ciclo de violência e quebrá-los antes que a coisa vá muito adiante.
ResponderExcluirEu conheço um caso de uma grande amiga minha na faculdade que namorava um cara que eu conhecia de longa data e sabia não prestar. Apesar dos avisos ela casou com ele e apanhou. Vinte anos depois ele ainda controla a vida dela nos mínimos detalhes. Eu não consigo olhar na cara dele e ele sabe. E evita que ela se encontre comigo.
Eu escapei desse tipo de situação duas vezes. A primeira vez na faculdade. Tinha uns 19 anos, vinha de um semi relacionamento com um babaca e comecei a namorar um cara que todo mundo gostava, educadíssimo. Ele me levava e me buscava a todas as aulas. Eu não podia conversar com amigos meus que ele ficava de cara feia e arranjava motivos para a gente ir embora. Até que um dia ele quis regular a minha roupa dizendo que eu parecia "umazinha". Aí eu pus o dedo no nariz dele e disse que ninguém me dizia o que vestir, nem meu pai que me sustentava. Falei quase gritando no meio da UnB. Nunca tive medo de escândalo. Ele pediu desculpas mas continuou a piorar com os ciúmes. Uns 15 dias depois terminei. Ele que era todo arrumadinho começou a fazer cena de largado em depressão, pediu para voltar, ameaçou e botou os amigos no meio. Fiquei firme e disse que não. uns 15 dias depois ele se aprumou e me pediu desculpas. O pior foi minha mãe ter brigado comigo por terminar com um cara "tão bonzinho." Ela não sabia de nada. Fiquei sabendo anos depois que a nova namorada deixava ele controlar. Uma lástima...
A outra vez foram anos depois, eu já divorciada do meu 1o marido. Namorei um muçulmano que chegou a me pedir em casamento. Uma vez na rua, me deu um puxão no braço por que um cara olhou para a minha bunda. Eu virei para ele, de novo com o dedo no nariz dele, e disse que nunca mais fizesse isso por que senão quem batia era eu. Ele me acusou dizendo que era minha culpa que o cara olhou. Eu disse para ele ir bater no cara e desafiei. Foi uma cena feia e os amigos olhando de longe tentando apaziguar. Fui embora e larguei ele lá. Aí ele veio pediu desculpas etc etc. Depois disso nunca mais tentou mandar em mim. Mas também terminei porque vi que isso iria ser um problema no futuro. Sofri, mas ficar sem homem nunca foi problema.
Enfim, tive sorte de perceber o problema da violência cedo e terminar antes que virasse um problemão. Acho que isso era o que as mulheres deveriam fazer em muitas das situações. Terminar na primeira demonstração de violência, mesmo que não seja física. Dói terminar quando ainda se ama, mas a gente tem que amar primeiro a gente mesmo. Certas situações não tem jeito mesmo, o cara é tão desequilibrado e disfarçado que a mulher não percebe até ser tarde demais. É difícil saber quando. Mas para mim é pagar para ver.
Talvez seja pelo fato de ter sido criada em uma família onde as mulheres não toleravam violênca nem verbal nem fisíca dos homens. Minha avó que largou o marido novinha e com uma mão na frente e outra atrás ensinou isso para as filhas. Uma das filhas dela mandou o marido para o hospital qundo ele ameaçou bater nela. Quando a violência é corriqueira em casa, acho que as pessoas se acostumam e acham normal. É muito triste...
Mulheres, estou chocada com os comentários. Percebe-se que é uma prática muito comum, acontecendo com muitas mulheres. Doeu-me ler cada um deles, estou com um nó na garganta.
ResponderExcluirSei que não chega perto da violência que vocês sofreram a violência que sofri dos 15 aos 20 anos, por parte de um irmão drogado, mas gostaria de chamar a atencão para reacões quando o relatei aqui. Algumas das comentaristas, sempre presentes, vieram logo me dizer "Ué, mas maior de idade, porque não vai embora?". Ou seja, sempre as pessoas estão culpando a vítima. Também passei pelas delegacias, inclusive da mulher, e tive meu caso diminuído, fui motivo de chacota, não deram importância. Nunca havia me sentido tão desprotegida e sem saber a quem recorrer.
Até hoje, ver alguém elevando a voz, discussões, gente brigando, me deixam extremamente nervosa, tenho vontade de chorar, de sair logo dali. Espero que um dia essas marcas se apaguem.
E uma das coisas que mais me revolta nisso tudo é a reação da família e de amigos! De culpar a mulher pela violência! Como, cara como?? Eles deveriam apoiar a mulher. Como ser amigos de um marginal que bate na mulher?
ResponderExcluirNão dá para entender como as pessoas podem achar justificativa na violência do marginal.
Uma das amigas da minha mãe largou o marido, mas arranjou um outro cara antes. Acho que ela precisava de apoio. Todo mundo sabia que ela apanhava. Eu era muito nova, mas adorava ela e lembro que volta a e meia ela aparecia com uns óculos escuros enormes e não tirava, mesmo na sombra. Só liguei os pontos anos depois mais velha. Aí ouvia, no ciclo dos amigos, alguém falando que ela não prestava e botou chifre nele e que tinha deixado ele amargo, sofrendo etc. Um dia revoltei e falei que se tivesse homem de verdade entre os amigos e tivessem parado com a violência isso não teria acontecido. E que as "amigas" deveriam ter vergonha de falar dela desse jeito. Minha mãe quis sumir e meu pai me olhou feio, e foi um clima, mas não arrependo. Como o marido é o probrezinho nessa história? Como?
Não soube mais dela, mas espero que esteja bem.
Denise, tbm fico muito revoltada com isso!
ResponderExcluirme lembro tbm de uma amiga da minha mãe, a Joana, que era maravilhosa, simpática, cheia de vida, mas que apanhava sempre do marido! Uma ves ela foi estuprada por um cara da rua!Imagina que coisa mais horrível!Ela foi pro trabalho chorando, as amigas lhe deram banho, todas as amigas choraram com ela e ela estava com medo de voltar pra casa não pelo caminho, mas pelo marido!Quando ela chegou, ela APANHOU do marido por ter "dado pra outro".É inacreditável uma história dessas...
E muita gente falou que ela devia ter "gostado", que o cara fez certo, pois limpou a "honra" (que lixo de honra um verme desses tem????) dele.
Fiquei feliz da Lola ter aberto os posts anônimos. Amig@s meus frequentam o blog, nunca entrei em detalhes sobre o que me aconteceu, e ainda me sinto desconfortável, não sei se um dia vou ter coragem de dizer de cara limpa. A vergonha é muito grande, ainda não tenho coragem de assumir que eu fui agredida.
ResponderExcluirFui universitária, estudava numa das melhores universidades do país, independente financeiramente, e me achava bonita. Me apaixonei por um tipo bom moço, cavalheiro, educado, rico, lindo demais. Tivemos um relacionamento de uma década, e nesta década, ele me tirou tudo, principalmente meu amor próprio. Eu sofria tal violência psicológica que minha auto-estima foi minada, me tornei reflexo daquilo que ele dizia que eu era, engordei mais de 15kg, fui jubilada da universidade.
Ele me acusava o tempo todo de trai-lo com todo mundo, então larguei meus amigos, não contava pra minha família o que estava acontecendo, passei a depender do ex psicológica e financeiramente, na minha mente, ele era a única pessoa que ia me amar, porque eu era feia, burra, inútil, vagabunda, enfim, não saberia, ainda hoje, dizer como isso aconteceu.
Dei o basta no dia em que ele ameaçou me agredir, criei coragem de levantar a voz, sai correndo do carro dele e fui pra casa sozinha, de madrugada, correndo pela cidade como uma doida até chegar na minha casa.
Ainda estou colando os meus cacos, tentando recuperar a imagem que um dia já tive de mim, mas está muito difícil. Ainda não consigo deixar nenhum homem chegar muito perto de mim, nem fisicamente, nem emocionalmente. Nunca mais consegui ficar com ninguém. Contei tudo pra minha mãe, que me apoiou (ela se divorciou do meu pai depois de ser espancada e estuprada por ele), me ajudou a resolver as questões financeiras, me trouxe pra casa dela, me ajudou a trocar de celular, de e-mail, e quando ele conseguiu o número da casa dela, meus irmãos disseram que se ele ligasse outra vez, iam comigo na delegacia. Ele só parou de me perseguir e ameaçar por medo da Lei Maria da Penha.
Agradeço todos os dias por ter uma mãe e dois irmãos maravilhosos, que me apoiaram muito. Agora estou um pouco melhor, tentando descobrir se, mesmo tendo sido jubilada, posso usar os créditos que cursei na primeira faculdade pra diminuir o número de matérias a cursar, no mesmo curso, mas em outra faculdade, já que ano que vem vou fazer o Enem e tentar voltar pra faculdade, cursando em outra Federal, no mesmo curso, que eu costumava amar de paixão antes de tudo isso me acontecer.
Não é fácil, mas a gente realmente precisa de apoio pra se recuperar, descobrir quem somos. Tem dia que é difícil, tem dia que nem tanto, mas isso deixa na gente um traço de medo com o qual é muito difícil conviver.
Espero que possamos romper cada vez mais o silêncio em torno da questão da violência doméstica, e que as pessoas tomem consciência de que a mulher agredida precisa de apoio moral, daquela mão amiga que a segure pra que ela tenha forças pra seguir em frente e entender que aquilo nunca vai parar a menos que ela rompa o ciclo. E só dá pra fazer isso se ela receber o apoio da família, da sociedade e tiver a certeza de que a culpa nunca é dela.
A "National Domestic Violence Hotline" elaborou uma lista de perguntas que uma pessoa deve fazer sobre seu relacionamento se desconfia que ele parece abusivo:
ResponderExcluirSeu parceiro...
- Tenta te por para baixo?
- Olha para você ou age de maneiras que te assustam?
- Controla o que você faz, com quem você conversa ou onde você vai?
- Impede você de ver seus amigos e familiares?
- Tira seu dinheiro, faz você pedir dinheiro ou recusa a dar dinheiro a você?
- É o responsável por todas as decisões?
- Diz que você é uma mãe ruim ou ameaça machucar seus filhos ou levá-los embora?
- Impede você de trabalhar ou estudar?
- Age como se o abuso não fosse grande coisa, sua culpa ou nega que faça isso?
- Destrói suas coisas ou ameça matar seu bicho de estimação?
- Intimida você com armas de fogo, facas ou outro tipo de arma?
- Empurra, dá tapas, enforca ou bate em você?
- Tenta te forçar a retirar as acusações?
- Ameaça cometer suicídio?
- Ameaça te matar?
Qualquer resposta afirmativa a uma dessas perguntas pode indicar um relacionamento abusivo.
-
Algo que pensei ao ler esse tópico e os comentários e notando que em muitas situações as pessoas ficam sem ter para onde ir, é que deveria haver em todas as cidades um tipo de abrigo público, com segurança e atendimento médico e jurista para vítimas de violência doméstica. Algo mais efetivo que a Delegacia da Mulher e que realmente ofereça asilo e socorro para as mulheres agredidas e seus filhos.
Ah, o link de onde retirei as perguntas: http://www.thehotline.org/is-this-abuse/am-i-being-abused-2/ (em inglês)
ResponderExcluirEssas histórias são duras demais de ler.
ResponderExcluirO caso da minha família não chegou a extremos físicos, mas teve muita tortura psicológica. Meu pai ameaçando bater na minha mãe quando ela estava grávida do meu irmão, ameaçando a ela e os filhos com um espeto de churrasco, jogando panelas no chão, quebrando meus brinquedos e depois me batendo por eu tê-los quebrado (!!!), trazendo a amante para dentro de casa e minha mãe sendo obrigada a serví-la, a família sendo obrigada a viajar junto com a amante, namorando pela internet na frente de todos...
Meu pai proibia minha mãe de trabalhar fora, ela só pôde trabalhar como secretária dele, e ele a humilhava na frente de todos os pacientes (ele é médico) e alguns a perguntavam como é que ela ainda trabalhava lá.
Os filhos e minha mãe andavam com farrapos, enquanto que meu pai só comprava roupas de marca caríssimas, sapatos italianos. Eu lembro que eu tinha duas calcinhas, tinha que esperar uma secar para lavar a outra. Tinha também só duas blusas e nenhuma roupa de frio e andava com um tênis boca de jacaré. Minha mãe tinha que ficar mendigando dinheiro do meu pai (ela trabalhava de graça como secretária dele, e depois de alguns anos, quando ele resolveu pagar uma mixaria para ela, era o dinheiro dela que ia para a nossa alimentação. Não sobrava para mais nada), e ele fazia uma série de questionamentos antes de pensar se ia dar ou não. Eu me lembro da cara e da voz da minha mãe pedindo o dinheiro, chegava a doer de tanto que ela tinha que se rebaixar. Ele sempre acusava a minha mãe de estar roubando dinheiro dele e dizia que nós estávamos "afundando o barco dele", que ele estava endividado por nosso culpa. Ele trocava de carro todos os anos, carros inclusive importados, pegava empréstimos enormes para isso, mesmo já endividado, depois fazia terror com a gente, de que o banco pegaria a casa e que a culpa era da gente, que não parava de consumir o dinheiro dele.
Todos os domingos íamos à praia e como sempre dava confusão, eu fiquei sem ir a praia durante vários anos, pelo trauma. Pré-adolescente, eu depilei minha perna, mas a lâmina fez um pequeníssimo corte. Quando ele viu aquilo, ele começou a gritar e humilhar a todos, que a gente só queria acabar com ele, pegou o carro e foi embora e deixou a gente na praia, sem dinheiro para pegar um ônibus.
Lembro de uma época que minha mãe não conseguia respirar. Ela chorava e ia ao médico, mas o médico idiota não diagnosticava nada. Meu pai passava o tempo todo dizendo que a razão do problema era por ela estar tendo um caso com não sei quem. Anos depois é que eu liguei os pontos e entendi que minha mãe tinha somatizado.
Meu pai também fazia de tudo para afastar minha mãe dos parentes. Meu pai era tão cínico, quando minha avó morreu de câncer, minha mãe voltou do enterro (era em uma cidade distante) e ele disse, “por que você está tão abatida?”. Foi a primeira vez que vi minha mãe reagindo com raiva. Ninguém na família da minha mãe jamais gostou do meu pai, eles se casaram porque minha mãe engravidou de mim, mas mesmo assim todos achavam que era melhor ter um marido do que não ter nenhum.
Meu pai teve um filho com outra mulher, meus pais se separaram; alguns anos depois, se juntaram novamente. Recentemente minha mãe se separou dele pela segunda vez, por conta de outro caso, espero que seja realmente a última vez. Hoje em dia ela tem emprego e amigos e está diferente, não vive mais em estado de negação.
Tem muito mais coisas terríveis que meu pai fez, mas muitas eu “bloqueei”, “esqueci”, porque a lembrança é dolorosa. A sensação era que tínhamos um inimigo dentro de casa e estávamos à mercê dele. Nunca pudemos confiar ou contar com meu pai para nada.
Não passo um dia em que eu não lembre da minha infância e da minha adolescência.
Lendo os outros relatos, consegui avaliar pontos importantes do que aconteceu comigo:
ResponderExcluir-Afastar amigos e família: isso foi algo gradativo, mas muito forte para mim. Tanto que até hoje eu não tenho muitos amigos. Conhecidos muitos, sempre fui muito sociável. Mas amigos, mesmo, não. Eu não tenho contato com as pessoas da escola e faculdade por causa dele, que me proibia de fazer qualquer coisa a não ser frequentar as aulas. Não criei vínculos e até hoje isso é muito difícil para mim.
-Dependência de ter um companheiro: logo depois dele, eu engatei dois namoros, com dias de diferença um do outro. Eu não sabia ficar sozinha e hoje percebo que, se não tivesse conhecido outra pessoa na época, talvez o sofrimento teria sido mais longo. Como a auto-estima ficou ferida, não?
-Ao contrário de muitos casos, ele dependia financeiramente de mim! Não por completo, mas o tênis caro, aquela blusa legal....tudo que eu ganhava, ele também gastava. Era pouco, mas era meu. Até nisso eu me deixei manipular.
-Ciúmes: todos tem o mesmo padrão. Ciúmes descabido, exagerado, inventado, querendo controlar roupa, o que você fala, com quem você fala. Acusações malucas, sem sentido, que só existem na cabeça dele. E que acabam em brigas ou agressão.
-Interessante observar relatos de pessoas que eram jovens como eu, na época. Você é jovem, está em processo de amadurecimento e precisa lidar com tudo isso. Acho que é nisso mesmo que eles apostam, na sua ingenuidade, despreparo para lidar com isso.
-O ciclo do carinho-agressão: a família do meu ex me tratava super bem, me sentia tranquila na casa dele (até pq não ia acontecer nada por lá). Quando ele não estava surtado, me prometia rosas, flores e pôneis coloridos. E eu acreditava.
-A indiferença ou medo de envolver das pessoas à sua volta: impossível sua família e amigos não saberem. Eles sempre sabem, ou no mínimo, desconfiam. Não quero julgar ninguém aqui, mas comigo, ninguém mostrou interesse em ajudar.Claro, quando eu pedi, não foi negado. Mas em agressões ou brigas em lugares públicos, todos fingem que não estão vendo. Até hoje, somente uma vez uma pessoa interferiu. E ainda bem que o fez, porque eu acho que teria perdido os dentes naquele dia.
Eu já abordei uma amiga quando suspeitei de agressões. Sentei, expliquei que estava junto e o que ela precisasse, eu a ajudaria. Demorou, mas quando ela criou coragem para quebrar o ciclo, eu a apoiei. Doeu muito, revivi situações difícieis, mas como eu poderia ignorar algo que eu sei ser tão dolorido e angustiante?
Lola, importante essa reflexão.
ResponderExcluirEu até hoje não consigo entender os sutis mecanismos que impedem que uma mulher consiga sair duma relação de violência.
Tendo trabalhado com vítimas de violência doméstica eu sempre as aconselhei a sair desses relacionamentos.
Pura hipocrisia pq eu mesma já estive em relacionamentos com homens agressivos.
O primeiro deles, meu namorado dos 13 aos 15, além de violência psicológica, tentou me agredir fisicamente um vez. Eu escapei por pouco mas ele quebrou a mão em sete pontos diferentes por causa do soco que tentou me dar e que por sorte pegou na parede. E depois disso tudo ainda passamos um tempo juntos. A relação acabou por iniciativa dele, e eu fiquei arrasada.
O segundo era mais sutil. Nunca chegou a me bater mas levantava a mão pra mim, em ameaças veladas. Em algumas brigas me apertava os braços e me arranhava. Meus amigos viam e questionavam. E eu mesma acreditava que não era um problema nem nada muito grave. Afinal, a briga tinha sido feia e ele tinha se excedido né.... Afinal de contas, quem não se excede de vez em quando, eu pensava.... A relação também acabou por iniciativa dele.
Hoje eu vejo a sorte que tive de ter saído incólume dessas duas relações sem que a iniciativa tivesse que partir de mim. E luto pra mudar minha própria mentalidade e ajudar a quem eu veja que passa pela mesma situação.
A violência física que não chega a ser extrema nem por isso é menos violenta, mas acho que estamos tão acostumados com violência (eu fui criada na base do tapa, por exemplo) que a gente acha que um agarrão mais forte, um tapa, um empurrão, não é violência. Que violência é só quando bate até quebrar (me lembrou daquele caso de Portugal que vc postou há algum tempo), quando deixa marca, quando deixa roxa.
É uma mentalidade que precisa ser mudada.
Esses últimos comentários com certeza são do Flasht!
ResponderExcluirAcho melhor excluí-los: são ridículos e grosseiros!
Anônimo, seu nível de auto-ódio está estratosférico :))... Você pode pensar que está se divertindo, mas não está. Seu sangue está jorrando por esse blog afora, suas lágrimas estão alagando a tela dos seus posts; suas ofensas não vão além da tragédia de sua própria existência. Não tenho pena de você, porque não estou no mesmo pesadelo em que você se encontra. Quando você se cansar de sofrer, diga prá você mesmo: deve haver outro jeito...
ResponderExcluirTc
Eu tive dois namorados metidos a besta comigo. Os dois eram muito ciumentos, tinham boa posição social, se vestiam com apuro, tinham boa aparência e me irritavam com o ciúme doentio.
ResponderExcluirCom o primeiro deles qdo eu disse que estava terminando o namoro por conta dele não me dar sossego e me seguir e me espionar, ele me pediu em casamento. Eu disse que nem louca me casaria com um cara que já na fase do namoro estava me dando dissabor. Então, ele me disse que se suicidaria. Eu respondi que não falhasse na tentativa de suicidio pq se ele falhasse iria morrer na cama de um hospital gritando meu nome e a vitória seria minha pq se ele não morrese iria passar carão depois... Escrevi uma carta contando toda minha experiência com ele, li a carta pra ele por telefone, e disse que a carta seria entregue a um bom advogado caso algo estranho acontecesse comigo e então a polícia teria uma pista. Deixei claro na carta o local de emprego dele (engenheiro, trabalhava para o Governo do Estado de São Paulo).
Com o segundo assim que percebi as características do primeiro se repetindo, eu terminei o namoro porém não sabia que o fdp tinha roubado uma chave extra do meu apto. e mandado fazer uma cópia. Algumas vezes eu e minha colega de apto. achávamos que alguma coisa havia sido mudada de lugar nas nossas gavetas, a gente achava meio estranho mas pensava que talvez nossa faxineira tivesse se equivocado na hora de guardar as coisas e nunca fizemos caso. Numa segunda-feira de manhã qdo minha colega de apto. tinha saído pra trabalhar e eu ainda estava me aprontadno pra sair pro trabalho, a porta da sala se abriu e quem entra?!! O dito cujo!!! Ele estava usando uma jaqueta marron de couro, tirou uma faca do bolso interno da jaqueta, apontou pra mim, me levou pro quarto, me empurrou pra cama, e disse que ia me matar porque não viveria sem mim. Fiquei nesse quarto 'negociando' baixo a ameaça de morte com a faca apontada pro meu pescoço (até cortou um pouco no decote do meu vestido) por mais de quatro horas, até passando do meio-dia.
Encurtando o relato, lá pelas 13horas estávamos na delegacia, ele gritando feito um desesperado "eu amo essa mulher" e TODOS os homens da delegacia iam ver a mulher... (EU)... o covarde ficou preso e foi deportado de volta à Europa. Me enviava cartão postal, me telefonava, me enviava carta com dinheiro da Suíça pra eu comprar presentes.
Bem, o trauma fica. No meu prédio havia um advogado cujo irmão era delegado e esse rapaz me dava cobertura, me orientava pra eu me precaver caso alguém me ameaçasse. Nunca tive nenhum problema de retaliação/vingança. Apenas o inconveniente dos telefoneas e cartões postais e cartas que o infeliz me enviava, tudo isso no endereço do meu trabalho e tb me telefonava pro trabalho como que a história não tivesse fim diante dos meus colegas de trabalho. Depois de um tempo eu saí do emprego, me mudei de endereço e fim de conversa.
A mulher não pode ceder ao primeiro sinal de violência seja verbal ou física pq marido violento já dá o ar da graça durante o namoro, pois ninguém fica assim violento do nada, da noite pro dia. Seria muito útil reunir relatos assim como temos aqui e fazer uma publicação pra ser distribuída em delegacias ou centros de ajuda à mulher. Publicar os relatos e como proceder diante da agressão. Os relatos que estamos lendo aqui são mesmo revoltantes... pais e maridos!!!
22:59 (caso que citei no meu comentário) desculpem-me, mas o texto não aparece em português... fica a critério da Lola.
ResponderExcluir"The Bobbitt case was one of the first cases that brought public attention to the subject of marital rape.[19] The case also brought attention to the issue of domestic violence. Within days of the incident, domestic violence and feminist groups rallied around Lorena . . . "
http://en.wikipedia.org/wiki/John_and_Lorena_Bobbitt
Lola,
ResponderExcluirSou de uma família conhecida (e rica)em Bsb (obrigada pela oportunidade de abrir para comentários anônimos).
Estudei na Escola Americana, morei fora, e, na visão de todos, tive (e tenho) a vida perfeita.
Só que a vida perfeita esconde as violências que sofri dentro de casa.
Meu pai é o tipo galanteador. Fala mansa, controlada, sempre rindo, sempre de bom humor.
Eu era filha única e, na rua, ele me paparicava, me chamava de princesa, comprava o que eu queria.
Em casa era outra história.
Levava surras com cintos grossos, que marcavam minhas costas. Apanhei desde os 2 anos de idade até o dia em que ele saiu de casa, quando eu tinha doze (e uma irmã recém nascida).
Qualquer coisa era gatilho para a fúria dele. Desde um guardanapo no chão, até uma nota que não fosse 10. Uma vez tirei 8 numa prova que valia 8. Apanhei feio.
E enquanto isso ele dizia "dói mais em mim do que em você!!"
Como assim? Quem estava apanhando era eu!
Depois que ele foi embora, sempre que me via falava algo para me agredir. Falava que eu era gorda (pesando 50kg e tendo mais de 1.60m, burra, feia...). Falava que ninguém gostava de mim, que eu não servia para nada. Essas coisas.
Engraçado que o "valentão" nunca agrediu fisicamente as esposas (está na terceira). Só as filhas (ele tem mais uma filha do segundo casamento... mas essa apanhou só uma vez, aos dois anos, e a minha madrasta proibiu meu pai de levantar a mão para a criança novamente).
Quando eu era criança, achava que a agressão a filhos fosse uma coisa normal. Só na adolescência aprendi que é uma aberração e, mais tarde, vi que a violência que sofri é CRIME.
Ainda assim, basta olhar para o lado e você descobre que outra pessoa passou por algo pior.
Uma amiga minha, filha de médicos, tinha a mãe agredida frequentemente (desta vez o pai preferia descontar a raiva na esposa). As brigas eram terríveis e, um dia, ele apontou a arma para a cabeça da filha mais velha, ameaçando todas (3 filhas e a mulher) de morte.
Sei que ela se separou do marido que, em pouco tempo, casou-se com outra mulher.
Essas histórias são antigas, mas as cicatrizes marcaram para sempre. O pior é que temos cicatrizes que ninguém vê. E quando falamos que fazemos tratamento, tomamos remédio para controlar depressão, enxaqueca, ou a somatização escolhida pelo nosso organismo, as pessoas falam que somos "pobres meninas ricas", de forma debochada, pois quem vê de fora, não sabe o terror de ser agredida por quem deveria te amar.
Não sabe o que é ser levantada de uma cadeira pelo pescoço, pelo próprio pai que, com uma mão segura você a centímetros do chão e com a outra enche a sua cara de tapas.
Uma coisa é certa. O ciclo da violência termina em mim. Se tiver um filho, nunca permitirei que ele seja agredido.
No mais, tive sorte. Exceto por um namorado que me fazia sentir menor do que era, todos me trataram com respeito, carinho, amor.
Minhas amigas e eu somos SOBREVIVENTES e não vítimas. Assim como todas aqui.
A gente encontrou forças para sair desse ciclo.
Nós não estamos sozinhas.
Para quem mora no DF, vale a pena conhecer o projeto do MPDFT contra a violência à mulher.
Bom, agora que eu parei de chorar, espero que esses post cheguem às mãos das autoridades competentes. Tenho muita esperança que por termos uma mulher no poder agora que ela tb seja tocada por esses depoimentos. Muito enriquecedor, mas até pra dizer isso me sinto constrangida, pois há custa do sofrimento de todos os anônimos q tiveram a coragem de abrir seus baús trancados com seus medos a tanto tempo estou dando valor à minha vida e ao homem que tenho comigo agora. Obrigada mil vezes à todos vcs!
ResponderExcluirE quem ainda prega "segura seu peru a todo custo"? http://www.youtube.com/watch?v=4dsc3EsO_mk
ResponderExcluirEssa Sarah Sheeva presta um desserviço. Revoltante!
Lendo o post, lembrei de um filme que me pegou de surpresa neste ano. Não sei se você o conhece, Lola - chama-se "Amor?" e é do João Jardim. Talvez você já o tenha visto, já tenha até falado sobre ele aqui, mas, como não sei ou não vi, comento assim mesmo. :)
ResponderExcluirEle não trata exclusivamente de violência contra a mulher; trata de relacionamentos violentos entre pessoas(ou seja, hetero ou homo), segundo o ponto de vista de um dos participantes, carregando consigo o tempo inteiro o questionamento-título; é formado por 8 histórias baseadas em relatos reais, relatos gravados e contados por atores(globais, o que me faz gostar um pouco menos, mas paciência). Aqui o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=hDckZziiWS0
Quando o vi, gostei muito, muito mesmo. Mexeu bastante comigo por também tocar nas minhas próprias experiências com violência em relacionamentos e por tê-lo visto em companhia do meu namorado, que saiu da sessão dizendo-se envergonhado - há muito tempo, ele teve comportamentos violentos comigo(nunca me agrediu como nos casos que vi por aqui, mas já me machucou segurando com força, já gritou, assustou, etc) e, após o filme, apesar de todo o tempo passado, me pediu novamente desculpas, alegando que fora um idiota comigo por muito tempo e que se sentia muito feliz por ter mudado, por estar comigo novamente(já havíamos terminado no passado) e por não ter mais nenhum comportamento ridículo e violento como os que tinha ou como os que verificara no filme. Já faz um bom tempo que estamos juntos e eu fico feliz por ver que ele realmente se tornou outra pessoa, capaz de controlar a passionalidade em excesso e de lidar melhor com a raiva. Um caso raro, acho, infelizmente.
Liana, só agora pude votar e vi teu post, e acho que é a mais pura verdade. Acho que para nós, crianças que passamos por abuso, é mais difícil, pelo menos a longo prazo não ter sido ajudadas, do que o abuso em si. Você falou:
ResponderExcluir" A rejeição da mãe parece doer mais que o abuso em si. Eu acho que, do ponto de vista da criança, não ter o apoio da mãe é como estar completamente sozinha e desamparada no mundo, afinal é ela quem personifica a noção de acolhimento. Sem isso, o que sobra? Acho que é por isso que dói tanto e parece ser mais devastador que ser agredida por outra pessoa."
Eu nunca cheguei a contar para a minha mãe que o namorado dela ia no meu quarto e me estuprava, porque ele ameaçava matar minha família. E eu não tinha a menor dúvida que ele faria isso. Mas, muitas vezes, ele me batia na frente dela. Uma vez, ele me jogou na parede, eu bati a cabeça, e fiquei desacordada. NA FRENTE dela. E ela não fez nada. Nunca. Hoje, esse homem não está mais na minha vida há muito tempo. O abuso já passou. Ele era uma pessoa muito, muito doente. Eu odiava ele. O que ele fez comigo me afeta num nível muito menos pessoal do que o fato de que eu não era importante o suficiente para a minha mãe fazer alguma coisa por mim. O sentimento que eu não tenho valor nenhum, vem muito mais da negligência dela, do que do abuso dele. Porque ele não tinha, social, moralmente, sei lá, nenhuma "obrigação" comigo. Mas a minha própria mãe?
Alguém perguntou como as coisas chegam a esse ponto... eu realmente não sei. Eu olho para a minha mãe hoje e nem imagino como ela deixou a situação chegar lá. Não quero dizer a profissão dela, mas ela é educada, tem mestrado, doutorado, ela tem uma família que não julga que dá apoio, uma boa situação financeira. E ainda assim, acabou numa situação como essa. Acho que não existe um padrão de "como deixa as coisas chegarem lá". Acontece. Infelizmente, acontece :(
Li praticamente tudo, e as descrições que vi me parece que tem tudo a ver com um livro que li recentemente, "Mentes Perigosas" de Ana Beatriz Barbosa Silva, onde ela fala sobre a personalidade psicopata. O fato é que que a maioria dos psicopatas não chegam a comenter crimes bárbaros, mas pelo fato de não possuírem empatia não se importam com os sentimentos de ninguém, não tem noção do que significa sofrer de fato, e são essas pessoas que veem os outros como simples instrumentos de sua satisfação e exercício de poder.
ResponderExcluirO interessante no livro é que ela dá dicas sobre como reconhecer alguém assim antes de se envolver, embora seja difícil, porque são hábeis atores/atrizes, e mentem sem piscar porque não tem nenhum escrúpulo.
Tenho a impressão de que um grande problema é o fato de não termos uma educação coerente, que deixe bem claro que nenhuma violência é justificada. As vítimas de um(a) psicopata não tem culpa do que lhes acontece, porque a manipulação é feita conscientemente, e de forma muito habilidosa.
Recomendo a leitura deste livro.
Grande abraço
Mentes Perigosas
ResponderExcluirhttp://www.4shared.com/file/58581785/4f081763/Mentes_Perigosas_1995_DVDRip.html?s=1
link pra baixar o livro.
tenho dó desses sujeitinhos q vem aqui causar só pq não tem nada melhor pra fazer da vida
ResponderExcluirquebrar o ciclo da violência é difícil, tenho uma amiga que o marido bateu nela umas 3 vezes, na última eu falei "diz pra ele q ou ele pára ou eu me encarrego de fazer a policia aparecer na sua casa", o sujeito me conhece, sabe que eu sou maluca de fazer mesmo, parou
depois disso não aconteceu mais, mas é muita violência verbal, ela já não deixa mais ele xingar ela sem dar um troco no mesmo nível
mesmo que ela revide, viver numa relação de agressão mútua pra que?
meu medo hj em dia é esse clima de hostilidade recair sobre o filho deles, atualmente recém nascido, mas que pode crescer num ambiente agressivo.
Em se falando em "Violencia domestica", por que só se fala em favor destas certas mulher? Pois: "não existe mau sem causa"
ResponderExcluirFalar sobre violencia domestica contra mulher é sagrado?! e por que quando a mulher pratica violencia contra crianças e idosos não tem importancia?
larga de ser sexista!
Querem igualdade só em que lhes convem mas não querem iguldade am julgamento.
Fiz parte de um relacionamento muito ruim durante alguns anos. No meu caso, entrei nessa por conta de uma tremenda baixa auto-estima. Desde o início ele deu sinais que eu ignorei. Paguei o preço por não ter dado ouvidos à minha sabedoria interior. Sofri muito por não conseguir me expressar, me impor, sair daquela situação terrível. Foi preciso tempo para que eu criasse forças e tomasse posse de mim. Quebrei os laços definitivamente. Aprendi a me amar sobre todas as coisas. Tenho uma família maravilhosa e amigos maravilhosos. Não admito ter um parceiro diferente disso. Luto muito pela minha paz interior e não abro mão dela. Quem visa criar instabilidade na minha vida não é bem vindo.
ResponderExcluirAntes eu não me achava merecedora do amor de um homem. Aprendi o valor da auto-estima. Se eu não me amo e me respeito dou espaço para os demais agirem da mesma forma comigo. Meu recado para as mulheres é AMEM-SE, e PERDOEM-SE. Quem se ama não aceita o desamor. Perdoar a si mesma, pois fizemos o que estava a nosso alcance no estágio de maturidade emocional em que nos encontrávamos. Por favor, não se culpem. E não aceitem a culpa que eles tentam nos impor.
Sempre fui amorosa, ele era frio, eu achava que ia lhe ensinar sobre carinho, compaixão, etc. Que nada. Não sou responsável pela felicidade alheia, mas sou a única responsável pela minha felicidade. Ninguém muda ninguém. A mulher precisa assimilar isso. Nossa natureza feminina nos faz querer cuidar do outro, mas precisamos cuidar de nós em primeiro lugar.
Ficamos apavoradas pensando que se terminarmos ninguém mais vai nos querer. Eles detonam nossa auto-estima já em frangalhos para nos ter em suas mãos. Mas podemos nos recompor. Nós, muito mais do que eles, temos a chance de sermos realmente felizes.
Creio ser de grande valia a mulher entender a parte que cumpre na perpetuação da violência. Em muitos casos basta uma mudança no comportamento da mulher para cortar o ciclo vicioso, principalmente no começo do envolvimento. Por isso gostaria de fazer a indicação do livro "O Mal, o Bem e Mais Além", de Flávio Gikovate. Descortina a manipulação existente por trás do nosso comportamento generoso. Me vi descrita pelo autor, confesso que fiquei chocada pois a meu ver o ex era o único manipulador da história. Aprendi muito sobre mim lendo este livro, e me dei conta de que precisava mudar se quisesse um dia ter um relacionamento saudável.
Também sugiro "Quem Me Roubou de Mim", do Padre Fábio, "O Caminho Para O Amor", do Deepak Chopra, e os livros da Louise L. Hay que ensinam a mudar nosso padrão de pensamento. Geralmente quando estamos no fundo do poço tendemos a pensar muito negativamente sobre nós e sobre a vida em geral. Isso pode e deve ser mudado. Vai operar milagres na sua vida. Confie.
Creio ser de grande valia a mulher entender a parte que cumpre na perpetuação da violência
ResponderExcluirExato.Mas os comentarios e a autora do blog acham que a mulher não tem nada com isso que o monstro se revela do nada
Não inverta as coisas. Um agressor não deixa de ser agressor só porque a sua possível vítima aprendeu a ficar esperta e a cair fora ao menor sinal de violência. O errado da história ainda é quem agride e não quem é agredido.
ResponderExcluirdesculpem-me o equivoco... passei um link sem checar antes e não é pra baixar o livro e sim é um filme com Michelle Pfiffer, de 1995 e nada tem com o assunto de que tratamos aqui...
ResponderExcluirMeu tema de pesquisa é esse. Faço jornalismo e atuo mais na área da educação. Me interessei muito pela forma de abordagem que o jornal Super Noticia(Tablóide popular em BH,R$ 0,25 o custo.)da para os fatos. Inclusive o interesse começou vendo a capa do jornal: Sempre uma musa semi nua, exaltada, de um lado, e do outro uma chamada para alguma mulher que sofreu violencia. Entao penso que trata-se de uma mesma lógica, estampada na capa do jornal: mulher como objeto. Torço para que seja feita de propósito. Enfim, estou começando minha pesquisa nesse jornal, meu interesse se volta muito para a forma de abordagem, que pode ser rica, mesmo com todo o sensacionalismo. Vamos ver. Infelizmente encontramos uma visibilidade maior desses casos em jornais sensacionalistas.
ResponderExcluirE sobre essas duas representações das mulheres seguindo a lógica d eobjeto, penso que a diferença é uma só: enquanto uma ganha dinheiro, poder e certo reconhecimento com o corpo, milhares de outras levam porrada.
Vamos, que vamos!
Olá a todos! Ñ podia deixar de comentar pois já vivi tb esse drama ou... doença... seja o q for, é despresivel!
ResponderExcluirFiquei muitíssimo comovida com o relato da Dani. No dia contra a violência domèstica eu irei partilhar td o q vivi e dar um alerta para todos, assim como uma palavra de apoio. Vou-me "servir do facebook" para o fazer.
Se outras mulheres soubessem aos pontos q a violência xega, como eu vi, eu axo q sairiam dessa mt mais rapidamente ou até logo à 1ªagressão. Se todas nòs Vitimas (presentes ou passadas) soubessemos da ajuda q dispomos e dos meios q podemos utilizar pra sair desse inferno... Se eu soubesse nunca teria aguentado tanto tempo...
É muito importante dar a conhecer a quem está neste momento a passar por essa situação ou até a raparigas q até nem pensam em ter um relacionamento sério (pois tb acontece nos xamados namoricos) td sobre este problema, como sair dessa e acima de td como evitar uma situação dessas.
Link para o livro "Mentes Perigosas" (testado).http://search.4shared.com/postDownload/uh-W2h-Y/Livro_Mentes_perigosas.html
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