Estou publicando uma série de quatro textos sobre como a cultura do automóvel, predominante no nosso país e no mundo, é prejudicial a todos. Foi o Tiago (Nefelibata), um ciclista inveterado, que a escreveu. Esta é a terceira parte do seu belo guest post (leia ou releia as partes um e dois), um trabalho de fôlego feito pra balançar com a gente.
Carros utilizam de maneira ineficaz o espaço público, provocam impactos negativos em termos de urbanismo, degradando as cidades, consomem espaços que poderiam ser utilizados para parques e árvores, e poluem muito, tanto de forma direta (este link mostra como, no caso de São Paulo, o ar vem ficando cada vez pior; e dou uma balinha pra quem acertar quem é o vilão) quanto de forma indireta (não consigo nem imaginar o quanto de energia é gasta, o quanto de recursos naturais são consumidos e o quanto de poluição é emitida no ar e no solo pela cadeia mundial de produção de carros, acessórios, combustíveis, materiais para construção de pistas, etc. Apenas em 2009, mais de 61 milhões de veículos foram produzidos; significa que a cada segundo, 1,9 carros foram fabricados). Tentar defender o uso de carro usando medidas como rodízio ou inspeção veicular não adianta, porque são meros paliativos. Quem mais gostou do rodízio não foram ambientalistas, mas as concessionárias, que passaram a vender mais carros -– quem usava carro agora tem dois, um para dias normais, e outro com placa de último número diferente para os dias do rodízio. Já a inspeção veicular diminui a poluição provocada pela queima de combustíveis fósseis, mas para uma frota de milhões de carros, isso não serve. Teremos um ar menos poluído, mas ainda muito poluído. E isso perde todo o sentido quando nós sabemos que há, efetivamente, opções mais limpas.
Carros também são perigosos, responsáveis por muitas mortes; o novo Mapa da Violência, publicado no fim de fevereiro último, mostra que a outrora violenta capital paulista conta recentemente com quase tantas mortes no trânsito quanto por outras formas de violência. Em 2008, o último ano de levantamento completo, foram 1.558 óbitos contra 1.622; 4,2 mortes por dia ocorridas no trânsito (o mapa separa homicídios de acidentes de trânsito, definição técnica que consta de um protocolo chamado C-10, o qual não consegui abrir, e, assim, não descobri se casos de atropelamentos dolosos ou mortes provocadas por briga de trânsito entram em um ou outro). Se o número de mortos é alto, o de feridos é maior ainda, e isso sem nem considerarmos os danos indiretos à saúde, como os causados pela própria poluição do ar, pelos níveis elevados de estresse e até mesmo pelo maior índice de sedentarismo. E os danos psicológicos? Eu só consigo atribuir como dano psicológico a mudança que algumas pessoas sofrem -– para pior -– quando sentam num banco de carro de frente para um volante.
Se considerarmos o perigo ao qual o motorista se expõe em outras formas de violência urbana (nomeadamente assaltos), a coisa fica ainda pior. Carros não são seguros, pelo menos não em comparação com outros meios de transporte, e até mesmo em comparação com quem anda a pé. Se você está andando na rua e sofre a abordagem de um assaltante, talvez nem arma ele tenha; você não reage e ele provavelmente só vai levar sua carteira e o celular. Mas se você sofrer abordagem de um assaltante no carro... dessa vez não precisa nem se preparar para a encrenca, porque é melhor não perder tempo e já começar a rezar, rezar para que não aconteça uma tragédia. Primeiro que dificilmente será um assaltante só. Segundo que as chances de eles estarem armados é muito mais alta. Terceiro que mesmo que você não faça nada de perigoso ou impensado, um simples desapertar do cinto ou acionar o freio de mão pode fazer um deles te matar achando que você vai tentar reagir. Na melhor(?) das hipóteses, você talvez seja vítima de um sequestro-relâmpago. Ah, e cuidado ao tirar e guardar o carro na garagem... mesmo se morar em apartamento. Seu lindo sedã normalmente é muito mais chamativo do que um celular dentro da bolsa. A armadura que envolve o motorista, somada com a possibilidade de fugir, dá nesse caso uma falsa sensação de segurança.
Carros também são caros. Já foram mais caros, e sua compra já foi mais difícil, mas ainda é gritante a diferença de custo do transporte coletivo (mesmo o de São Paulo, cujas tarifas de R$ 3,00 para ônibus e R$ 2,90 para metrô foram inexplicavelmente encarecidas no começo deste ano) e do carro (um popular custa entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. E ainda tem o combustível. E o IPVA. E o licenciamento. E o seguro. E os alarmes. E os estacionamentos. E os pedágios. E a manutenção. E as eventuais multas. E os eventuais prejuízos em acidentes...). É um totem caro, como podem ver. Dependendo do caso, até mesmo um táxi sai mais em conta.
Tem também outro mito muito popular sobre carros: há quem diga que é bom ter um para o caso de alguma “emergência”. Algum parente cai azul no chão de casa e, com um automóvel, podemos levá-lo correndo ao hospital (e quando quem tem o mal súbito é a pessoa dirigindo um carro? Isso aumenta ou diminui suas chances de sobrevivência?). Primeiramente, eu acho curioso notar que todas, absolutamente todas as pessoas que conheço e que usaram esse argumento para ter um carro, na prática, rodam com ele todos os dias para os destinos menos emergenciais do mundo. Parece que o motorista vai para um lado, a coerência passeia para outro. Segundo, esse uso do carro é muito perigoso; eu pelo menos dirigiria bem nervoso com alguém morrendo no banco de trás, e minha pressa no trânsito poderia provocar um acidente e somente vitimar mais pessoas. Isso se eu não fechar algum macho alfa que interrompa meu curso para sair na porrada (ou no tiro) comigo. No caso de metrópoles, esse uso do carro não é apenas perigoso como às vezes é também desnecessário; existem ambulâncias, resgate, 193 para isso. Às vezes, esses recursos salvam vidas. Se a gravidade do mal súbito é tal que o doente não possa resistir até chegar o socorro, então é bem provável que ele não resistisse de qualquer forma indo para o hospital de carro. Por fim, novamente, em muitos casos um táxi também resolve.
E sempre depois desse rol de desvantagens do uso do carro, as pessoas, sem ter mais o que defender, tentam se valer da desculpa de que o transporte público é impossível de se usar. De fato, em alguns lugares, a cultura de adoração dos carros é tão presente ou o desenvolvimento urbano é tão atrasado que não há espaço nenhum ou iniciativa nenhuma para outra coisa, nem mesmo transporte coletivo. Não há muita saída nessa situação, realmente. Nesse caso, o que resta ao cidadão forçado a usar carro é tomar alguma iniciativa. Mas uma iniciativa que consista em algo mais substancial do que negociar com banco/concessionária as parcelas do automóvel, ou algo um pouco mais socialmente engajado do que a realização de um consórcio. Senão, a cidade vai ter alma de roça para sempre. Pois a verdade é que não é que usam carro porque as alternativas são precárias; as alternativas é que são precárias porque a demanda por carro, que é social, política e econômica, é muito maior. Por outro lado, se pensarmos a realidade das metrópoles em geral (ou seja, para a maioria absoluta das pessoas que botam o carro na rua), veremos que essa alardeada precariedade do transporte coletivo tem lá seus exageros. Muitas vezes ouvi gente dizer que transporte público é uma porcaria. E muitas vezes essas mesmas pessoas ficaram gagas ou mudas depois que eu perguntei quando tinha sido a última vez em que havia tomado ônibus ou metrô, ou qual era o nome da linha e do destino, quanto tempo de viagem durava exatamente. Não sabiam responder. Não é estranho que elas sequer conheçam o transporte coletivo, mas saibam com certeza que ele não presta? Mas a resposta é bem simples: usam esse mito para justificarem (perante si mesmas ou outros) o uso do carro, que elas sabem que é problemático (do contrário, não se dariam ao trabalho de justificarem-no). Jamais se darão ao trabalho de experimentar linhas diferentes de ônibus, horários alternativos de metrô, consultar na Internet itinerários, etc. Botam o carro na rua antes de tentarem as outras opções, todas a princípio mais racionais.
Isso quando não desqualificam todo esse discurso na velha desculpa do “eles é que são folgados” (leia-se: pedestres, ciclistas, motoqueiros). Vamos com calma aqui. Antes de tudo, é bom saber que essa desculpa apenas contribui para difamar ainda mais a reputação dos motoristas em geral (entre os não-motoristas, lógico). Não há número que diga com certeza quem é mais mal-educado -- carro, bike, moto ou sola, mas como os automóveis são os veículos mais letais dentre esses, é preciso entender que os motoristas não podem fugir da responsabilidade de estarem conduzindo uma potencial arma. Querer afastar isso é abominável (e também rigorosamente ilegal). Agora, raciocinando a folga dos outros, se pensarmos primeiro nas motos, eu digo que o motorista que pensa desse jeito parece esquecer que os motoqueiros na verdade são seus filhos: é porque o trânsito se entupiu de carros que motocicletas passaram a ser úteis, e mesmo necessárias para serviços que exigem agilidade. É uma demanda de mercado. O motoboy que se expõe ao perigo sabe o risco que corre, mas à parte de toda a inconsequência que possa ter, ele também faz isso pela mesma razão que caminhoneiros rebitados: para cumprir prazos insanos estabelecidos por quem lhe encomenda o serviço –- e pra eles vai ser assim mesmo, senão, não tem trampo. Portanto, motoristas, antes de xingarem ou ameaçarem motoqueiros, pensem que talvez vocês estejam descontando a raiva na pessoa errada, e que há chances muito boas de o maior culpado ser um patrão que usa carro como vocês. Claro, nada disso dá o direito do motoqueiro ser folgado –- assim como a folga dele não legitima o motorista a dar o troco. Do contrário, não terá fim o círculo vicioso que existe, por exemplo, em São Paulo: muitos motoqueiros são folgados para se vingar da folga dos motoristas, e vice-versa (mas quem leva a pior? O número de motociclistas mortos aumentou 754% na última década, e o risco de um motociclista morrer no trânsito é 14 vezes maior que o do ocupante de um carro). Parece que tem algo semelhante acontecendo, em menor escala, com pedestres e ciclistas também. Mas aí entra aquele detalhe: quem é que tem mais a perder com essa rixa? Motoristas, por favor, pensem: vale mesmo a pena não levar desaforo para casa mesmo quando o risco aí é a vida de outra pessoa? Esse orgulho é tão importante assim? Entendam que qualquer ameaça que fizerem contra o outro no trânsito só construirá uma relação social nociva, seja de medo, seja de ódio, e isso só fará da cidade um ambiente mais insuportável de se viver -- para todos, você incluso. E mais: ainda que encontrem folgados por aí, por que devolver desrespeito com desrespeito? Se o outro pedestre, ciclista ou motoqueiro (ou mesmo motorista) não exerce sua cidadania exemplarmente, porque jogar no lixo a nossa também?
Eu gostaria de saber uma opinição mais detalhada do autor sobre motos. Elas gastam definitivamente menos gasolina, mas são recomendáveis? Eu acho interessante o uso da bicicleta, mas é pouco prático um meio de transporte movido a tração animal no séc. XXI. Uma vez, em uma palestra com um político (não me lembro o cargo dele, senador, deputado), ele defendia o uso de bicicletas e, quando eu falei de motos, ele disse que elas poluem ainda mais no processo de fabricação
ResponderExcluirMotos poluem mais do que carros, porque as normas do proconve são mais frouxas para elas.
ResponderExcluirBicicletas são perfeitamente viáveis, principalmente se combinadas com ônibus/metrô/trem urbano.
Em Natal/RN, onde moro atualmente, uma pesquisa mostrou que 20% dos habitantes se deslocam diariamente de bicicleta, para surpresa de muitos. Ciclistas não gozam de "visibilidade social" nem provocam congestionamento, daí ninguém se lembra deles.
Sobre o vício no carro eu posso falar da minha experiência pessoal. Moro a uma distância de meia hora da caminhada do trabalho(pelo calçadão da praia) ou 20 minutos de ônibus(contando a espera) e boa parte dos colegas de trabalho não conseguem compreender como eu não faço questão de usar carro no dia a dia.
ResponderExcluirE boa parte das pessoas que falam que o sistema de transportes da cidade é ruim(é ruim mesmo, mas não inviável), não faz ideia de como andar de ônibus em Macaé.
E quando o trânsito engarrafa a "culpa" é toda do poder público.
dá pra concordar em muita coisa.. sem dúvida o maior problema de São Paulo é o trânsito, a violência no trânsito e a falta de educação de TODOS os que circulam nas vias públicas,sem exceção. só tenho dois pontos: o primeiro é que táxi em São Paulo já é um problema... semana passada viajei duas vezes a trabalho e pra pegar um táxi fora do horário de pico tive que esperar uma hora - isso mesmo, uma hora. Sorte que liguei com antecedência, senão perderia o voo - podem dizer q é mimimi classe média, mas eu não tava saindo de férias, tava indo trabalhar. Outra coisa é que eu acho que precisava discutir melhor a história de andar de bicicleta.. chamar os motoristas de egoístas e depois andar de bicicleta no meio de avenidas de trânsito intenso no horário de pico, correndo risco de morte e fazendo o trânsito que já é ruim ficar ainda mais lento é no mínimo egoístico também.. desculpem aí, sei que o código de trânsito permite andar de bicicleta nas vias, e sei que muitos ciclistas usam equipamentos de segurança e sabem andar nas ruas e escolher percursos que sejam mais seguros pra eles também, mas toda vez que vejo o povo defendendo o uso de bicicletas sem mudanças - novas ciclovias, educação pra isso, etc. fico indignada. É uma pena que o governo só faça novas faixas pra diversão no final de semana.. inclusive quando v. vai na ciclofaixa o que mais vê é gente andando com o cachorro, andando de mãos dadas com o namorado.. andar de bicicleta na ciclovia também é difícil!! enfim, acho que o buraco é mais embaixo.
ResponderExcluirTenho que discordar na questão da emergência. Minha avó faleceu na semana passada e antes disso ela passou mal duas vezes por engasgamento. Na primeira delas ela aspirou alimento para os pulmões e o médico garantiu que se tivesse esperado mais alguns segundos teria morrido. A ambulância levaria pelo menos 15 minutos para chegar.
ResponderExcluirTenho uma relação de amor e ódio com carros nos centros urbanos, pois, ainda que saiba dos problemas que trazem, da violência que gera etc, toda vez que tenho que ficar em pé num ônibus, trem, metrô desejo fervorosamente estar num carro - de preferência com alguém dirigindo por mim para não me estressar.
ResponderExcluirMas ainda acho que o correto é cobrar do governo que os meios de transportes de massa melhorem ao invés de aderir ao carro - ainda que a segunda opção seja mais simples.
Legal o texto!... Muitas considerações são ótimas, outras eu achei meio tolinha, beeem tolinhas, diga-se, mas com grande valor reflexivo...
ResponderExcluirEu li também os outros dois textos, uma coisa que observei é que o autor expõe uma dicotomia maniqueísta em relação aos meios de transportes, onde a faceta do carro é apenas a ruim, notadamente as Bikes são o supra sumo da bondade... É mais ou menos por ai, mas não pode ser tão simplista assim.
Eu sou um adepto da bike, inclusive tenho duas, mas tenhamos calma e ponderação no amor quando tecermos comentários que não pautam-se apenas em conclusões filosóficas, ou de gosto pessoal. Este debate também é permeado pela legalidade, e como todos sabem (ou deveriam saber), o povo tem sim o direito a liberdade de expressão, opinião, livre reunião e manifestação, mas... mas... Desde que não tolham o direito alheio, esta ultima deve ter autoridades constituídas e legais avisadas, quando forem acontecer, para garantiras as duas ponderações, tanto de quem protesta como de quem nem quer saber de protesto... Se não desemcamba na baderna mesmo. Ainda temos uma ordem vigente, ainda temos autoridades, ainda temos leis, ainda temos uma sociedade que aceita e quer a manutenção dessa ordem (obvio que quem esta sendo apertado têm mais que gritar mesmo... Mas...), então não é chegada a hora de insurgência, como na Líbia(creio que, o que o delegado quis dizer foi isso...), a "desobediência civil" que Thoreau, ensinou, seria tal como a ultima ratio do Direito Penal, que se consubstanciam em quase todos os ordenamentos democráticos... Sendo assim ele peca quando diz que os ciclistas não deveriam avisar a Brigada Militar e o Órgão de trânsito legal da cidade, pelo simples fato de quererem se equiparar aos carros, ora bolas ele mesmo disse que não era uma sadia rotineira de bikes, era sim um protesto, então desrespeitou a Lei Maior do país e "deu de ombros" por achar que deve, "porque sou preterido" e etc. Se fores assim então é chegada a ora da revolução, praticar a "desobediência civil", e agüentar bombas nas ruas, prisões arbitrárias, tiros e etc. pois o governo vigente e eleito democraticamente(mesmo que capenga, e com todas as outras atribuições maléficas que nossa democracia viceja... ainda é democrático e republicano)iria reagi, não iria simplesmente olhar de braços cruzados, chegaríamos então a Líbia e os outros países do Oriente que ululam mudanças, mas EU acho que não estamos nesse patamar, ainda... Ansiamos por mudanças, principalmente os oprimidos, mas ainda que venham dentro da legalidade, quando findar esta hora debateremos o caminho que se mostre, enquanto isso...
Não quero aqui dizer que sou contra as bikes ou coisa do tipo, pois não é isso, não se trata disso, sou favorável as bikes, tenho bike, gostei da passeata deles, apoio e acho que deveriam haver mais e mais e mais, para tentarmos conscientizar nossa sociedade tanto dos benefícios de um outro meio de transporte, quanto dos malefícios do carro, só estou pontuando com relação a uma das coisas que o autor falou e eu não consigo, não vejo forma de concordar, lógico pelo fato do legal... Outro ponto é que é uma grande verdade que a maioria dos acidentes automobilísticos é com homens, homens bêbados, irresponsáveis, machistas e etc. Mas infinitamente, ainda, ainda é a maioria de homens que dirigem carros, um ponto ainda relevante que deixa compreensivo as estatísticas também tê-los como a maioria, mas também acredito que se fosse de igual para igual não seria o contrário... Rsrs!
No mais parabéns!Parabéns!
Ah!Para refletir sobre a cultura do carro e a sociedade brasileira sobe essa perspectiva, o antropólogo Roberto DaMatta tem um ótimo livro, "Fé em Deus e pé na Tábua", vale a leitura.
Novamente parabéns!
;)
Sou um ciclista de meio período, de manhã vou para o serviço de bicicleta, de tarde uso o carro pois tenho que levar as crianças para a escola. Concordo com a maioria dos argumentos do post, mas discordo do seguinte.
ResponderExcluir"Jamais se darão ao trabalho de experimentar linhas diferentes de ônibus, horários alternativos de metrô, consultar na Internet itinerários, etc."
Já morei em três cidades de porte médio no interior de São Paulo, em todas fiz a pesquisa sugerida. Em todas o busão é um lixo, caro, poucas linhas, poucos horários, nenhum conforto.
"Motoristas, por favor, pensem: vale mesmo a pena não levar desaforo para casa mesmo quando o risco aí é a vida de outra pessoa?"
Penso que a maioria dos acidentes não são causados por desforra contra os motoqueiros, mas quando não é possível compensar a imprudência deles.
O texto tem falhas, mas idéia geral eu concordo plenamente: Apostar em transporte individual como principal numa grande cidade é um beco sem saída. Para as atividades diárias que deslocam a maioria da população, transporte público de qualidade que atenda toda a cidade é a única solução.
ResponderExcluirO que não quer dizer que carros tenham que ser abolidos. Para passear num fim de semana, viajar, sair à noite, atender uma emergência (como citado) ou ir ao mercado, creio que não é um problema. A questão está no deslocamento em massa diário, principalmente nos horários de pico, para atender demandas de estudo/trabalho.
Sem ler o texto, mas é porque hoje passou uma reportagem e me lembrei dos anteriores: era sobre os carroceiros no meio urbano.
ResponderExcluirInfelizmente peguei a reportagem pela metade e não consegui pescar qual foi a conclusão deles (se repetir no jornal da noite eu volto aqui e falo qual é). Mas do pedaço que comecei a ver um motorista de ônibus dava depoimento, falando que era absurdo ter carroça nas avenidas mais movimentadas, que eles são lerdos, que é um absurdo... por isso me lembrei dos outros dois posts: pela sensação dos motoristas de "a rua é minha e dos iguais a mim, o resto só pode usar quando eu decido".
@Eduardo Marques: Primeiramente, não vejo qual é o problema da bicicleta usar tração animal. Talvez eu me engane, mas ao confrontar esse termo com "em pleno século XXI", fico com a impressão de que a bike seria algo atrasado, precário, antiquado por usar tecnologia “superada” e não ser um veículo “automático”, por assim dizer. Se for o caso, eu confronto isso dizendo apenas que a bike é simples e, por se mostrar útil ainda hoje, é também extremamente genial por aliar utilidade com simplicidade (além do baixo custo e do fator ecológico). Claro que elas não são suficientes para cobrir grandes distâncias como as normalmente exigidas para cidades de extensa área e numerosa população – caso em que é necessário o transporte público (e não o individual). Quanto a motos, eu precisaria fazer alguma pesquisa para respondê-lo bem. A última informação que tive vai no sentido da do Patrick, de que uma moto poluía, por litro de combustível (ou algo assim), cerca de 11 a 13 vezes mais que um automóvel. Mas isso já faz tempo, ouvi depois que a fiscalização dos fabricantes seria aumentada, mas não sei em que pé está isso. Isso no que diz respeito à poluição. Em relação ao transporte como um todo, eu entendo que moto é um veículo para transporte individual mais barato e menos seguro para o usuário que o carro. E a realidade de motos no exemplo que dei de São Paulo é apenas mais um sintoma de uma situação já insustentável – querem motos para escapar do trânsito provocado por carros.
ResponderExcluir@Larissa: Não sei onde você pegou táxi, mas dependendo do lugar, ele também fica refém do trânsito. É mais um meio de transporte prejudicado por todo esse cenário que tentei descrever no texto. Com relação à sua indignação, eu não entendi direito. Você reclama de ciclistas que se metem no trânsito lento ajudando-o a ficar mais lento? Porque... se o trânsito está ruim, não é por causa das bicicletas... não? Desculpe se fiz confusão. A subutilização de ciclovias também não me parece um problema (quem dera as ruas fossem subutilizadas também...), mas dá para explicar com alguns pontos, p.ex., a completa insuficiência delas, que existem esparsas pela cidade, muitas vezes sem sequer se integrarem; a grande distância entre casa-escola-trabalho; e a própria cultura de desprezo da bike ou medo de andar nela. Nesse sentido, o buraco é mais embaixo mesmo.
@Guilherme: Eu digo no texto que somente “às vezes” é desnecessário o carro para levar pessoas emergencialmente a um hospital. Conheço um caso de alguém que ficou à espera do resgate por quase meia hora, mas era porque morava na periferia de São Paulo (e para o poder público, esses cidadãos não valem o esforço da urgência). Mas uma vez, onde eu morava (bairro de classe média), o resgate levou pouco mais de 5 minutos para chegar. Como o vizinho sofreu parada cardíaca, não resistiu e faleceu. Mas mesmo que a família o tivesse levado para o hospital correndo de carro; também não chegaria a tempo, entende? (E não correram o risco de eles também se acidentarem ao dirigir com pressa até o hospital) No caso de alguém que vive com idosos, o uso do carro para melhor assistência médica deles é um uso ponderado, inteligente. O que eu critico no texto é quem usa carro todos os dias sem essa necessidade, usando essa da emergência apenas como desculpa.
ResponderExcluir@Ewerton
Na verdade, eu tentei não cair no maniqueísmo, porque, como você mesmo disse, sei que isso é tolice. É por isso que a última frase do texto é “se o outro pedestre, ciclista ou motoqueiro (ou mesmo motorista) não exerce sua cidadania exemplarmente, porque jogar no lixo a nossa também?”. Assim, em nenhum momento eu passo a régua na bike como bem absoluto e carro como mal absoluto. O carro pode ter usos inteligentes, como expliquei na resposta ao Guilherme. Entretanto, eu fiz questão de enfatizar os malefícios do carro porque quis que o texto se comunicasse bem com a realidade. Quando escrevemos ou falamos que “tudo bem, há motoristas folgados, mas também têm uns ciclistas que...”, isso acaba tendo um efeito, no discurso, que equipara carros e bikes ideal e teoricamente, jogando sombra na realidade fática. Mas por mais que a realidade de fato contenha ciclistas folgados ou quaisquer outros pontos criticáveis nas bikes, eles não se comparam em relevância com os motoristas folgados os pontos criticáveis no carro. Dessa maneira; quis que o texto refletisse esse desequilíbrio da realidade fática em seu discurso. Por isso pode parecer maniqueísmo, mas não é; é simplesmente o absurdo de fato. Quanto ao ponto da legalidade, que até foi discutido nos comentários das outras partes, eu reitero: em primeiro lugar, JAMAIS devemos achar que a legalidade é um fim em si. Ela é um meio pretendido para a justiça. Houve e ainda há leis injustas que precisam ser combatidas de diversas formas, e a transgressão é uma delas. Mas o argumento da legalidade não pode ser usado no caso do Massa Crítica de Porto Alegre, como você o fez (acerca do aviso às autoridades) por duas razões: 1. A saída de bikes era sim rotineira: acontece de maneira programada, mensalmente. O fato de não ser diária não significa que não seja previsível: nisso é como a saída de carros para um feriado. 2. No caso de Porto Alegre, as autoridades sabiam. Apenas não houve solicitação formal do grupo para que fizessem a proteção. O “simples fato de quererem se equiparar aos carros” aí é a grande questão, na verdade. Na verdade, legalmente não tem querer: do ponto de vista do direito, bike é veículo como carro, sem mais nem menos. Eis aí todo o genial sentido de fazer um protesto que só tem cara de protesto porque bikes não são de fato tratadas como deveriam de direito. No mais, agradeço em especial pela dica de leitura; vou atrás, obrigado!
@André:
ResponderExcluirO primeiro trecho que você cita se refere a um tipo de gente que há aos montes e que infelizmente são diferentes de você. Essa boa qualidade que você é algo que falta para boa parte dos usuários de carro. Quanto ao segundo trecho; eu penso que a imprudência também acontece para os motoristas de carro. É muito raro encontrar alguém que pratique de fato a “direção defensiva”.
@Lucas:
Você tocou num ponto muito bacana que acho que não tive oportunidade de explorar no texto: viagens. Também conheço alguns indivíduos que dizem que têm carro para o caso de fazer alguma viagem, mas só viajam uma ou duas vezes por ano para o litoral, a menos de 200km (não estão viajando em todos os outros dias do ano, mas usam o carro normalmente mesmo assim). Poderiam usar ônibus tranquilamente. Para quem viaja para as praias do nordeste, algum lugar tão longe quanto ou mesmo o exterior... bem, aí usamos avião, e não carro. Não sei você, mas as melhores viagens que fiz na vida foram para lugares em que eu não tinha ou não usava carro. Planejamento e preparo para o lugar onde se vai viajar simplesmente excluem essa necessidade também. É mais um mito que cai.
Hoje mesmo estava num engarrafamento danado aqui no Rio de Janeiro, indo do Centro pra Barra da Tijuca de ônibus, quando me dei conta de que na maioria esmagadora dos carros ali presentes constava apenas o motorista dentro. Que gente mais espaçosa!
ResponderExcluirsexo também é movido a tração animal e eu acho que tá bom assim!
ResponderExcluirnão resisti kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
os q defendem o carro geralmente são os mesmos que defendem q brasil é atrasado, não é tão legal como europa. Pois, nas cidades europeias o uso de bicicleta é muito mais estimulado do que o uso de carro.
ResponderExcluirA bicicleta só não é mais viável no brasil porque ninguem briga por mais ciclovias e conexões entre transporte público e estacionamentos para bicicletas, como ocorre no "primeiro mundo".
Aqui gostamos mesmo é de brigar por mais ruas, pontes, estradas, etc, para a gente poder encher tudo de carros.
Vai ter algum post sobre machismo no trânsito? Porque eu vou começar a preparar meu comentário desde já, haja história...
ResponderExcluiraiaiai,
ResponderExcluirconexão de bicicletas com transporte público me lembra a piada que é o bicicletário de uma estação do metro do Rio.
Na General Osório, da entrada a estação, se desce umas 3 escadas até a plataforma. E o bicicletário é só lá no fundo da estação, O cara que quiser usar bicileta para ir até a estação de metrô tem que carregar escada acima e escada abaixo para alcançãr o bicicletário.
@larissa
ResponderExcluirNunca vi congestionamento causado por ciclista. O que já vi acontecer, tanto andando de carro como de bicicleta é: se o trânsito está fluindo, em alguns locais os carros tem que diminuir a velocidade para ultrapassar um ciclista. Nesse caso o carro chega uns 15s atrasado no seu destino (próx. farol?). Quando o trânsito está parado, a bicicleta é um carro a menos e ajuda. Eu acho a troca justa.
Indo pra USP(15km de trajeto), demoro uns 40 min de carro e de bicicleta uns 50min, isso com trajetos diferentes, pegando vias expressas com o carro. Indo pelo mesmo trajeto que faço de bike o tempo é o mesmo.
Li não sei onde que em vários países existe a visão de "grupo dominante" no trânsito: por mais que vc saiba que deve brecar na faixa de pedestres para alguem atravessar, vc não breca pois o cara que vem atrás pode buzinar, bater, etc. pq afinal um grupo tem clara preferência sobre todos os demais. E pensando assim, fica fácil chegar a conclusão que bicicleta, onibus, caminhão, pedestres e motos estão sempre "atrapalhando" o trânsito.
Bicicleta é trânsito. Pedestre também.
@Eduardo marques
ResponderExcluirqto a poluição de carros e motos, não lembro dos valores, mas qdo eu fiz a inspeção automotiva lembro que minha moto (125cc) poluía menos que meu carro (1000cc). Mas ela com certeza polui mais por cc.
A partir de 2009 todas as motos fabricadas no brasil tem que ter catalisador, por lei.
Por coincidência, esta notícia é de hoje; sobre o controle de poluição em motocicletas:
ResponderExcluirhttp://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110527/not_imp724635,0.php
Como conscientizar as pessoas sobre o mal que é essa carrolatria, se quase todo mundo têm o carro como algo extremamente positivo, o meio de transporte perfeito? Pra quase todo mundo da minha idade que conheço, o grande projeto de vida a curto ou médio prazo é comprar um carro, e a longo prazo é trocar por um carro melhor. É visto como um divisor de águas na vida da pessoa, antes do carro e depois do carro. É símbolo de status e de sucesso, que quase ninguém questiona. Ouço quase que diariamente pressões para que eu tire carteira de motorista, já estou no ponto de responder: "carteira custa quase mil reais, se tu me der o dinheiro eu faço". (Mil reais é uma quantia muito alta pros meus padrões financeiros, levo mais de um ano pra conseguir juntar isso.)
ResponderExcluirnalgumas regiões da china usa-se a bicicleta para tudo, devido à densidade populacional, nalgumas dessas algumas acontece também o engarrafamento.
ResponderExcluirEu não sou contra o automóvel, porque é supernecessário para a economia (como já defendi no post anterior), sou contra é o combustível fóssil, e o descontrolo da produção. Se fizessem carros sustentáveis, que durassem séculos e pudessem sofrer "uploads" e funcionassem com combustível ecológico teríamos menos ferro-velho e lixos tóxicos.
Tiago, pô, seu nome é com ou sem H? Sempre pensei que fosse sem, mas aí vc assina com h. Vou mudar neste e nos outros posts, então. E vc não assina mais como Nefelibata?
ResponderExcluirBom, muitíssimo obrigada pelo post e por responder os comentários, ainda mais com tanta elegância.
Queria só dar minha contribuição. Em Detroit, onde morei por um ano, os ônibus têm um lugar na parte de frente, por fora, pra levar uma ou duas bicicletas. Isso é bem legal, porque, quando a distância é grande demais e impossível de se fazer de bike, a pessoa pode pegar um ônibus no meio do caminho e fazer o resto do percurso pedalando. Mas, enfim, deve ser um dos poucos bons exemplos referentes à transporte público que vi em Detroit. A cidade é muito ruim em transporte público (por causa de décadas de lobby de montadoras de automóvel, que obviamente fazem lobby CONTRA) e fica num país que preza o individualismo exacerbado acima do social — ou seja, o carro.
Quanto ao atendimento emergencial ser mais rápido quando se tem carro, isso é bem relativo. Meu pai teve um ataque cardíaco em casa, no domingo de páscoa, 18 anos atrás. Eu acho que ele morreu lá mesmo, em frente da minha mãe e de mim, e a gente não sabia como ajudar. Ligamos pra ambulância (a gente morava no centro, na Av. São Luís), mas disseram que demoraria um pouco pra chegar. A gente não tinha carro, e eu nunca me atrevi a dirigir em SP. Eu corri pra rua atrás de um táxi, e consegui um. Mas o problema maior era como transportar meu pai do apartamento ao elevador, e depois do elevador até a rua. Pedi ajuda ao porteiro, que não podia deixar a portaria sozinha... Foi tudo bastante rápido, e uma vez no táxi, chegamos à Santa Casa em cinco minutos. E lá “ressuscitaram” meu pai, quer dizer, ele ficou em coma, com morte cerebral, com ajuda de aparelhos, durante dois dias, e na terça morreu. Os médicos me disseram que, se o cérebro fica mais de 3 minutos sem oxigênio, é morte cerebral e não tem retorno. TRÊS MINUTOS! Olha, pode ter carro, pode ser ambulância, pode ser qualquer coisa, mas, sinceramente, acho impossível chegar a um hospital em 3 minutos. O que pode ajudar é saber técnicas de reavivamento, respiração artificial, primeiros socorros...
ResponderExcluirDurante muito tempo eu fiquei pensando naquele dia horrível porque foi uma coincidência: normalmente, o maridão, então namoradão, sempre dormia em casa, ainda mais nos fins de semana. E ele tinha carro. Naquele sábado, excepcionalmente, e não me lembro o motivo, ele foi dormir na casa dele, em Osasco. E eu ficava pensando: se ele (e seu carro) estivesse lá naquele domingo, a gente conseguiria salvar meu pai? Não, né? Três minutos, gente. Não tem nem como locomover uma pessoa do apartamento até a rua em 3 minutos, quanto mais chegar a um hospital.
Gizelli, não vai ter post não sobre machismo no trânsito. Escreve um pra mim? Eu quero!
ResponderExcluirAh, pra quem tem carro pra viajar duas vezes por ano: não vale a pena! É como ter uma casa numa praia distante, como a minha família teve durante muitos anos: morava em SP e passava uns 2 meses por ano em Búzios, RJ. É só fazer um cálculo básico pra ver que não compensa! No caso, vale muito mais a pena alugar uma casa durante dois meses do que comprar uma e arcar com custos de IPTU, manutenção, reformas, condomínio (mais essa: meus pais compraram uma casa num condomínio fechado!) etc. Carro é algo realmente muito custoso. Pra quem vai viajar, é mais vantajoso alugar um carro.
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ResponderExcluirGente, completamente off topic, o site é de uma ong contra esse absurdo, esse crime que é a mudança do codigo florestal. A carta é endereçada a presidenta Dilma. Sei que ja foi votada na câmara mais ainda passara pelo senado e claro, pela presidência. Assinem por favor, não deixem passar em branco mais esse absurdo.
ResponderExcluirhttp://www.avaaz.org/po/codigo_florestal_urgente/?cl=1079133108&v=9182
Thiago,
ResponderExcluirÉ complicado falar de "antiquado", "ultrapassado". É que com tantas tecnologias surgindo, acho pouco provável que um veículo que faz a pessoa se cansar dê muito certo. Veja as baterias que estão evoluindo, ficando cada vez menores e mais potentes, e novas formas de obtenção de energia surgindo, etc. Já existem bicicletas elétricas no mercado que não andam sozinhas como motos, mas "dão uma mãozinha", diminuindo o esforço na hora de pedalar.
Desculpe discordar, mas acho pouco realista tentar fazer todas as pessoas suarem para chegar ao trabalho/escola/faculdade. Experimente andar no calor de 35° (sem brincadeira) de Sobral às 2:00pm. Se pelo menos conseguíssemos fazer desaparecer a cultura dos carros, que eu acho um disperdício, para fazer as pessoas usarem veículos menos poluentes e que consumissem menos, algo parecido com as motos atuais, já seria uma grande vitória.
O uso do carro é pessoal. Cada um tem seus motivos, alguns fúteis, outros menos. Vou dar os meus então aqui.
ResponderExcluirO meu uso principal é o conforto.
Não gosto de pegar sol para ir trabalhar, nem chuva, nem metrô lotado. No fim de semana quero buscar a minha namorada e decidir para onde ir de carro, e não de táxi ou transporte coletivo.
Poluição, gostaria muito que o carro poluísse menos. É algo que não tenho controle, mas invisto em empresas que estão pensando em alternativas.
Segurança se resolve em parte blindando o carro. Isso aumenta também o conforto (sensação de segurança).
Sobre o trânsito, moro a 20 minutos do trabalho, não tem estresse.
Sobre a sustentabilidade, não pretendo trocar de carro tão cedo. Acho vaidade quem troca todo ano ou a cada 2-3 anos. O carro foi feito para funcionar por décadas. Manutenções fazem parte.
Gostaria de ter um carro para duas pessoas, pois dificilmente uso os bancos de trás. Quando tiver filhos, isso vai mudar.
Se as pessoas usassem carros menores no dia-a-dia, já seria uma melhora. Há muitos carros grandes com apenas 1 pessoa.
Acho que a solução é aumentar o número de ciclovias e áreas com segurança para trafegar a pé. Eu abriria mão de um pouco de conforto em troca de um exercício diário de bicicleta, se isso fosse viável.
Sobre a sustentabilidade, não pretendo trocar de carro tão cedo. Acho vaidade quem troca todo ano ou a cada 2-3 anos. O carro foi feito para funcionar por décadas. Manutenções fazem parte.
ResponderExcluirtrocar de carro sempre é tudo menos sustentável. porque as pessoas trocam de carro todos os anos é que faz com que ainda se continue a produzir carros, e o que acontece aos carros abandonados? viram lixo, poluentes.
Lola, eu é que agradeço a oportunidade de falar do tema em seu blog! Meu nome é com "H" sim, mas sei que é complicado para as pessoas decorarem grafia, então costumo não ligar mesmo, desculpe, hahaha. Eu acho que ainda assino como Nefelibata... fui trocar a imagem de perfil que tava quebrada há muito tempo e arrumar uns campos bagunçados quando tudo travou e ao repreencher tudo, acho que fiz alguma confusão. Mas por coincidência estava pensando em deixar essa assinatura de lado, quem sabe (só que aí entra em outra história...).
ResponderExcluirObrigado também a todos, fiquei muito satisfeito por compartilhar tudo isto convosco! Grande abraço!
Thiago,
ResponderExcluirConcordo contigo na medida em que te compreendo, e em dado momento continuo sem te compreender, mas seus argumentos são plausíveis, são nobres, já por isso válidos, mas como lhe disse continuo com meus pensamentos a despeito do que debatemos, e sendo bem piegas, parafraseio Voltire: Posso não concordar contigo... mas defenderei até a morte teu direito de dizê-lo.
Ah! hoje a tarde um colega twittou e recomendou no Face e Orkut uma coisa que só lembrei de você e desse texto, é bem legal, olha ai:
http://www.consciencia.net/gblog/ande-mais-de-bicicleta/
Parabéns de novo "muleque" você vai longe...
=)
Considero o transporte público de São Paulo horrível. Aliás, horrível é pouco para descrever o quão ruim ele é. Conforto zero, agilidade zero, segurança zero.
ResponderExcluirTambém considero o nosso sistema de metrôs bastante ineficiente, mas minha crítica refere-se principalmente aos ônibus.
Não posso dizer que é uma regra, mas em geral eles negligenciam os horários estipulados, circulam lotados e causam um estresse fora de noção.
Já perdi a conta das vezes que fiquei mais de duas horas dentro de um ônibus, entre a Av. Paulista e o Butantã ou indo de um bairro próximo para outro.
Os horários de pico são mais assustadores que qualquer pesadelo com o Freddy Krueger.
Já morei em diferentes lugares de São Paulo, já estudei, fiz cursos e trabalhei também em diversos pontos da cidade e posso dizer que em todos eles eu encontrei esse mesmo problema.
Minha vida inteira usei transporte público e (infelizmente) nunca tive carro, portanto acredito que conheço um pouco da realidade da coisa. Li as três partes do texto do Thiago e concordo com praticamente tudo, mas digo, sem titubear e com total convicção que o transporte na nossa cidade é sim péssimo, salvo poucas exceções.
Dito isso, posso agora dizer o que sei que é uma atitude individualista e egoísta:
Assim que puder comprar um carro, comprarei. Não, não quero mudar de time e negar meu passado. Não quero dar uma de macho alfa e sair por aí representando perigo para as pessoas. Muito menos quero usá-lo - o carro - como meio de obter status. O que quero é bem simples...
Conforto e menos estresse. Poder ir pra faculdade ou para o trabalhando ouvindo música. E se eu ficar duas horas preso num engarrafamento, ao menos estarei sentado. Não terei ninguém se esfregando em mim cada vez que o ônibus parar num ponto de entrada/saída de pessoas (ou vocês acham que homens também não sofrem no ônibus?) e nem ninguém tentando tirar a carteira do meu bolso ou algo da minha mochila.
Para uma pessoa como eu, que cresceu usando transporte público e sabe como é isso, nada mais natural que o carro seja o sonho de consumo mais almejado...
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ResponderExcluirThiago
ResponderExcluirNão sei se você assistiu, mas nessa terça-feira que passou ocorreu uma palestra lá na FFLCH sobre Transporte Urbano. Os palestrantes eram o Lucio Gregori (ex-secretário de transporte de SP), Marcelo Pomar (do movimento Passe Livre de Florianópolis) e o Sindicato dos Metroviários.
Foi bastante interessante e uma afirmação que foi feita durante todo o debate foi exatamente o fato de o transporte urbano ser um assunto muito menos técnico e mais político.
Nessa discussão, durante o debate/palestra, os pontos centrais que você coloca no seu texto foram abordados.
As políticas públicas investem pensando no carro, no aumento da frota dos mesmos e não pensando no cidadão que utiliza o ônibus ou o metrô.
Outro ponto interessante foi o fato de o transporte público não ser tratado como serviço fundamental, como a saúde e a educação. De acordo com o Lúcio Gregori e com Marcelo pomar, a mobilidade social e a mobilidade física estão intimamente interligadas e que negar ou não suprir adequadamente essa demanda resulta no aumento da desigualdade social e da exclusão daqueles com renda mais baixas. Os meios de integração e participação que a cidade disponibiliza ficam inalcançáveis para essa camada da população.
Se você ainda não conhecia esses nomes, recomendo que você dê uma olhada, pois eles possuem argumentos interessantes e que vão de encontro com o que você escreveu.
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ResponderExcluirMas por quê as pessoas têm medo do "STATUS"? Alguém estuda mais de 20 anos numa universidade por quê, senão pelo "status"? A quem queira dizer que estuda pelo prazer de aprender, eu respondo: aprende-se fora da universidade, estuda-se fora dela também, mas a busca dos "títulos" já diz tudo. E será o "status" pelos títulos universitário menos vão do que por um carro ou uma casa grande ou por qualquer outra cena cultural? Eu realmente não entendo a vergonha do "status" quando aqui, em praticamente todos os posts, argumentos e contra-argumentos, tentamos mostrar os nossos uns aos outros, ou acham mais nobre um gajo que batalhou por anos para receber o título de "DOUTOR" do que aquele que o fez para comprar um "FERRARI"?
ResponderExcluirUé, e agora é impossível consumir sem estar em busca de status?
ResponderExcluirEu estudo para ter uma vida mais confortável e comprar o que for melhor para mim, o que não é necessariamente o melhor para mostrar aos outros.
Existe uma diferença SUBSTANCIALMENTE GRANDE entre conforto (e padrão de vida) e status.
Tentei tirar carta de motorista em 2008... reprovei, fiquei revoltadíssima com o fato de simplesmente ter de pagar uma taxa altíssima caso quisesse refazer o teste...
ResponderExcluirNão voltei a fazer o exame. Pensei em voltar, mas analisei tudo: carro como "totem", como seu texto mesmo diz; carro como algo muito mais caro do que transporte publico; e o infindo comércio das multas. Acabei por decidir não tirar...
Muitos me olham estranho e dizem: "Ah, por que não tira? Tenta de novo!", mas eu vejo como quase uma escravidão.
Abs.
Ai, Lola, eu não escrevo porque tenho medo do preconceito linguístico! hahahaha pior que é sério.
ResponderExcluirGizelli, besteira, não tenha medo não! Imagina só não escrever ou falar por causa do preconceito linguístico! Quer dizer, do medo de ser corrigida ou trollada só porque escreveu uma palavrinha errada... Taí um ótimo exemplo do que o preconceito linguístico é capaz de fazer: calar as pessoas! Não se preocupe. Olha, se vc quiser, escrever o guest post sobre machismo no trânsito, mande pro meu email, eu leio, mudo alguma coisa que tiver que mudar, e publico. Sem medo de ser feliz!
ResponderExcluirvixe, eu tinha colocado um comentário e depois vi q não entrou.. essas discussões de trânsito sempre mexem com o meu sistema nervoso, bem como o trânsito em si.. já usei todos os meios possíveis, acho que só faltou submarino, e sempre o estresse é o mesmo. Eu digo que se por um milagre as pessoas mal educadas e sem noção desaparecessem das ruas, acabava o problema do trânsito pois sobrariam meia dúzia - eu incluída, porque sou a pessoa mais caxias do mundo, seja dirigindo um carro ou usando qualquer outro meio, porque o que não falta é gente mal educada nos ônibus, metrôs, táxis, motos, etc. etc.
ResponderExcluirfiquei cinco anos indo de são bernardo pra usp e sei bem o que é passar cinco horas do seu dia dentro de um veículo, dirigindo ou não. eu alternava períodos de van, ônibus, carona, carro, etc. mas a sensação de tempo perdido era sempre a mesma - o pior é que a cada ano ia piorando muito rápido. mudei de cidade e hoje moro na zona sul de sp e trabalho a 6 km de casa. pensam que melhorou?? demoro uma hora de carro, uma hora e meia de ônibus - contando a volta, multipliquem por 2. Haja trilha sonora e audiolivro, haja remédio pra gastrite.
Não sou contra o uso de bike, inclusive tenho uma, só acho que em certas vias, mesmo que o código de trânsito permita, não rola.. como exemplos eu citaria a av. santo amaro que é super estreita e congestionada.. mal cabem os carros e motos. Pergunto por que não usar as várias ruas paralelas? Nas ruas em que há muitas motos, é muito difícil mudar de faixa para ultrapassar o ciclista, além de contar com a boa vontade inexistente dos outros motoristas, tem que ser numa hora em que não venha uma moto. Pode parecer mimimi, mas vamos ser práticos.. a bike não anda numa velocidade igual aos carros, e pra ultrapassar a distância mínima é de 1,5 m, ou seja, tem q mudar de faixa. Oq eu sou contra mesmo são os SUVs, esses carros enormes que foram feitos para as highways americanas e os paulistanos compram sem parar, carros que não cabem nas faixas e vagas da cidade, que poluem muito mais, mas servem pra jogar em cima dos outros e intimidar. Desconfio q esses carros nem tenham seta, porque nunca vi uma funcionando.. é sempre no esquema do uso da violência.. Enfim, é tanto assunto relacionado.. por fim vou aproveitar pra dizer q na minha humilde opinião se é pra considerar a bicicleta como um veículo, poderia ter alguma orientação sobre quais vias são melhores e quais devem ser evitadas, uso de equipamentos de segurança, quem sabe até algum tipo de identificação, pois uma amiga minha foi até atropelada por um ciclista que nem parou, e ela teve uma fratura..
em resumo eu fico triste porque não vejo solução pro trânsito em SP, tanto para melhorar a locomoção quanto pra melhorar a educação das pessoas...já comecei a me conformar que só vai mudar alguma coisa se eu mudar de cidade.
Bom dia, to querendo comprar um carro de um amigo e não sei exatamente como descobrir quais as reais condições do carro, durante algumas pesquisas achei esse site checkmeucarro.com.br, ele garante que mostrar todo o passado e presente do carro, ate mesmo se ouve batidas e reformas, você pode me dizer alguma coisa sobre esse dipo de serviço e desse site?
ResponderExcluirAbraço