Toda época do ano é igual: os jornais se enchem de notícias sobre trotes violentos de calouros “recepcionados” em universidades. Às vezes terminam em coma alcoólico e em morte; em geral são só humilhações sem fim. Como regra comum, quanto mais difícil entrar no curso, quanto maior o poder aquisitivo dos alunos, pior será o trote.
O trote polêmico da vez é um acontecido há duas semanas na Universidade de Brasília, faculdade de Agronomia. O curso de Agronomia é conhecido por ter os trotes mais "polêmicos" (eufemismo pra violentos). Até pouco tempo usavam animais nos trotes, mas houve protestos e os alunos pararam com os bichos. Agora é só fazer calouros andarem em fila no estilo elefantinho (uma mão vai por baixo das pernas e se une à mão do colega da frente), mergulhar numa poça com legumes estragados, e – esta só para mulheres – lamber uma linguiça coberta por leite condensado, simulando sexo oral.
As imagens desta “brincadeira” chegaram à Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que pediu esclarecimentos à reitoria – afinal, o trote ocorreu dentro da universidade. Obviamente são raras as faculdades que hoje em dia concordam com os trotes. Elas até fazem campanhas entre os alunos para suavizar esse rito de passagem. Mas raramente estabelecem regras ou punições. E, sem punição, vale o legado cultural. O calouro que sofre hoje é aquele que vai aplicar amanhã a humilhação ao novo aluno. E o trote não se restringe à entrada na vida acadêmica. Lembro bem dos Jogos Abertos, eventos esportivos que ocorrem anualmente em vários estados, como SC e SP. Eu, que jogava xadrez, tinha amizade com alguns atletas do handball masculino, e os trotes eram assustadores, torturas físicas mesmo. Mas todos os novatos aceitavam numa boa porque era um pré-requisito pra se integrar à equipe e porque sabiam que ano que vem sua vingança iria chegar.
Claro que o que chama a atenção no trote da linguiça da UnB é que, sempre que um trote envolve mulheres, os trotes têm conotação sexual. Como vivemos numa cultura pornificada, em que nosso cotidiano está repleto de imagens pornôs disfarçadas na mídia, as brincadeirinhas com mulheres precisam envolver sexo. Pra completar a humilhação, o cara que segurava a linguiça lambuzada na altura da cintura era o presidente do Centro Acadêmico, e ele estava vestido de mulher – com uma faixa presidencial. Olha só que mensagem linda essa imagem consegue passar ao mesmo tempo: dane-se que foi eleita a primeira presidenta, vocês servem apenas pra satisfazer o homem sexualmente.
O presidente do CA não viu nada de mais. Este trecho com a entrevista do rapaz é do Estadão:
“'O pessoal dentro do curso fez e não se sentiu agredido. Aí vem gente de fora e faz interpretação negativa, vendo humilhação onde não tem. Trote é integração do calouro com a universidade, não é bullying', disse. Questionado pela reportagem se teve de lamber linguiça e leite condensado ao entrar na UnB, o estudante respondeu que, quando era calouro, participou de uma 'briga de bode' numa lona de sabão”.
Claro, né? Ele é homem. E é só brincadeira, não é humilhação. É apenas coincidência que mulheres ajoelhadas tenham que enfiar linguiça na boca (o bode na briga de bode provavelmente era um bicho de verdade, considerando o histórico dos trotes do curso). Alunas afirmaram que não foram obrigadas a participar, e que foi divertido. Uma caloura que participou disse que a brincadeira foi inofensiva: "Não me senti humilhada, não entendo essa repercussão. Não faz sentido o argumento de que tentamos denegrir a imagem da mulher numa brincadeira fechada de um curso. Colocar mulheres rebolando na TV todo sábado é bem pior". O próprio verbo usado pela estudante na última frase já a entrega: “colocar mulheres”. Não é que mulheres vão lá rebolar na TV ou lamber linguiça num trote porque querem. É porque alguém as coloca lá pra isso.
A defesa da autonomia, da independência na decisão, do "fi-lo porque qui-lo", é a mais recorrente. A aluna fez isso porque quis, ninguém a forçou (geralmente a frase é dita assim: “Ninguém pôs uma arma na sua cabeça”, como se a gente precisasse de armas na cabeça pra fazer todas as coisas desagradáveis que fazemos diariamente). Acontece que essa autonomia é muito relativa. Primeiro que, se você é condicionado a fazer algo desde criancinha, essa autonomia já é duvidosa. Aquele negócio, né? Ninguém te força a usar prancha pra alisar o cabelo, você faz porque quer – e porque ouve desde a mais tenra idade que cabelo crespo é feio, e porque seus coleguinhas vão jogar chiclete no seu cabelo crespo, e porque uma menina negra ouve “Seu cabelo é sujo, tenho nojo de você” já aos quatro anos de idade.
A maior parte das coisas que fazemos na vida não é obrigatória, mas nossa opção em se recusar a fazê-las é quase inexistente. Pra ficar num exemplo acadêmico, suponha que você, um aluno universitário, seja contra um sistema de avaliação que exija nota. É uma questão de princípios: você acha que notas depõem contra uma educação inclusiva. Então você vai e relata seus princípios primeiro ao professor da disciplina, depois à coordenação. Só que todo o sistema de avaliação pede nota. O aluno não passa de um semestre pro outro sem uma nota. Então, sim, claro, você tem toda a autonomia pra se recusar a fazer provas e entregar trabalhos. Só vai repetir todas as matérias até ser convidado a deixar a faculdade. Mas a decisão é sua! Você tem a força!
É por isso que os argumentos de “participei porque quis” num caso de trote são tão frágeis. Há todo um preparo pro trote como uma tradição, um rito de passagem, uma comemoração por ter conseguido uma vaga tão disputada. Além da lavagem cerebral de anos, há a pressão social. Quem se nega a participar é careta, não quer fazer amizade com as pessoas cool do curso (os veteranos), não respeita hierarquia.
Sou radicalmente contra o trote. Qualquer trote. Quer fazer campanha pra arrecadar alimentos pra uma instuição de caridade ou pra doar sangue? Não chame de trote, chame de campanha. Aí eu participo. Tô me lixando se trote é uma tradição. Há um monte de tradições ultrapassadas que nunca deveriam ter sido criadas, quanto mais persistirem no século 21 (farra do boi, extirpação do clítoris em países africanos, menino ser levado pra zona pra perder a virgindade, serviço militar obrigatório, noiva vestir branco pra simbolizar sua pureza, etc etc etc). Trote sempre se baseia no princípio da autoridade, da hierarquia, do “olha quem manda aqui”. É uma demonstração de poder por parte de quem pode mandar, e de submissão por parte de quem deve obedecer. Adicione à mistura o ingrediente de gênero – o presidente do Centro Acadêmico segurando uma lingüiça lambuzada pra uma aluna ajoelhada chupar – e as coisas começam a ficar um tantinho óbvias demais.
Leia aqui a resposta de uma veterana da Agronomia defendendo o trote. E aqui algumas provas de como essa "brincadeira" é indefensável.
As imagens desta “brincadeira” chegaram à Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, que pediu esclarecimentos à reitoria – afinal, o trote ocorreu dentro da universidade. Obviamente são raras as faculdades que hoje em dia concordam com os trotes. Elas até fazem campanhas entre os alunos para suavizar esse rito de passagem. Mas raramente estabelecem regras ou punições. E, sem punição, vale o legado cultural. O calouro que sofre hoje é aquele que vai aplicar amanhã a humilhação ao novo aluno. E o trote não se restringe à entrada na vida acadêmica. Lembro bem dos Jogos Abertos, eventos esportivos que ocorrem anualmente em vários estados, como SC e SP. Eu, que jogava xadrez, tinha amizade com alguns atletas do handball masculino, e os trotes eram assustadores, torturas físicas mesmo. Mas todos os novatos aceitavam numa boa porque era um pré-requisito pra se integrar à equipe e porque sabiam que ano que vem sua vingança iria chegar.
Claro que o que chama a atenção no trote da linguiça da UnB é que, sempre que um trote envolve mulheres, os trotes têm conotação sexual. Como vivemos numa cultura pornificada, em que nosso cotidiano está repleto de imagens pornôs disfarçadas na mídia, as brincadeirinhas com mulheres precisam envolver sexo. Pra completar a humilhação, o cara que segurava a linguiça lambuzada na altura da cintura era o presidente do Centro Acadêmico, e ele estava vestido de mulher – com uma faixa presidencial. Olha só que mensagem linda essa imagem consegue passar ao mesmo tempo: dane-se que foi eleita a primeira presidenta, vocês servem apenas pra satisfazer o homem sexualmente.
O presidente do CA não viu nada de mais. Este trecho com a entrevista do rapaz é do Estadão:
“'O pessoal dentro do curso fez e não se sentiu agredido. Aí vem gente de fora e faz interpretação negativa, vendo humilhação onde não tem. Trote é integração do calouro com a universidade, não é bullying', disse. Questionado pela reportagem se teve de lamber linguiça e leite condensado ao entrar na UnB, o estudante respondeu que, quando era calouro, participou de uma 'briga de bode' numa lona de sabão”.
Claro, né? Ele é homem. E é só brincadeira, não é humilhação. É apenas coincidência que mulheres ajoelhadas tenham que enfiar linguiça na boca (o bode na briga de bode provavelmente era um bicho de verdade, considerando o histórico dos trotes do curso). Alunas afirmaram que não foram obrigadas a participar, e que foi divertido. Uma caloura que participou disse que a brincadeira foi inofensiva: "Não me senti humilhada, não entendo essa repercussão. Não faz sentido o argumento de que tentamos denegrir a imagem da mulher numa brincadeira fechada de um curso. Colocar mulheres rebolando na TV todo sábado é bem pior". O próprio verbo usado pela estudante na última frase já a entrega: “colocar mulheres”. Não é que mulheres vão lá rebolar na TV ou lamber linguiça num trote porque querem. É porque alguém as coloca lá pra isso.
A defesa da autonomia, da independência na decisão, do "fi-lo porque qui-lo", é a mais recorrente. A aluna fez isso porque quis, ninguém a forçou (geralmente a frase é dita assim: “Ninguém pôs uma arma na sua cabeça”, como se a gente precisasse de armas na cabeça pra fazer todas as coisas desagradáveis que fazemos diariamente). Acontece que essa autonomia é muito relativa. Primeiro que, se você é condicionado a fazer algo desde criancinha, essa autonomia já é duvidosa. Aquele negócio, né? Ninguém te força a usar prancha pra alisar o cabelo, você faz porque quer – e porque ouve desde a mais tenra idade que cabelo crespo é feio, e porque seus coleguinhas vão jogar chiclete no seu cabelo crespo, e porque uma menina negra ouve “Seu cabelo é sujo, tenho nojo de você” já aos quatro anos de idade.
A maior parte das coisas que fazemos na vida não é obrigatória, mas nossa opção em se recusar a fazê-las é quase inexistente. Pra ficar num exemplo acadêmico, suponha que você, um aluno universitário, seja contra um sistema de avaliação que exija nota. É uma questão de princípios: você acha que notas depõem contra uma educação inclusiva. Então você vai e relata seus princípios primeiro ao professor da disciplina, depois à coordenação. Só que todo o sistema de avaliação pede nota. O aluno não passa de um semestre pro outro sem uma nota. Então, sim, claro, você tem toda a autonomia pra se recusar a fazer provas e entregar trabalhos. Só vai repetir todas as matérias até ser convidado a deixar a faculdade. Mas a decisão é sua! Você tem a força!
É por isso que os argumentos de “participei porque quis” num caso de trote são tão frágeis. Há todo um preparo pro trote como uma tradição, um rito de passagem, uma comemoração por ter conseguido uma vaga tão disputada. Além da lavagem cerebral de anos, há a pressão social. Quem se nega a participar é careta, não quer fazer amizade com as pessoas cool do curso (os veteranos), não respeita hierarquia.
Sou radicalmente contra o trote. Qualquer trote. Quer fazer campanha pra arrecadar alimentos pra uma instuição de caridade ou pra doar sangue? Não chame de trote, chame de campanha. Aí eu participo. Tô me lixando se trote é uma tradição. Há um monte de tradições ultrapassadas que nunca deveriam ter sido criadas, quanto mais persistirem no século 21 (farra do boi, extirpação do clítoris em países africanos, menino ser levado pra zona pra perder a virgindade, serviço militar obrigatório, noiva vestir branco pra simbolizar sua pureza, etc etc etc). Trote sempre se baseia no princípio da autoridade, da hierarquia, do “olha quem manda aqui”. É uma demonstração de poder por parte de quem pode mandar, e de submissão por parte de quem deve obedecer. Adicione à mistura o ingrediente de gênero – o presidente do Centro Acadêmico segurando uma lingüiça lambuzada pra uma aluna ajoelhada chupar – e as coisas começam a ficar um tantinho óbvias demais.
Leia aqui a resposta de uma veterana da Agronomia defendendo o trote. E aqui algumas provas de como essa "brincadeira" é indefensável.
Ainda bem que você falou de tradição, Lola. Porque eu tô com uma pulga atrás da orelha. No domingo passado foi veiculada uma matéria no Fantástico sobre uma tribo em que as meninas passavam por uma tortura gigantesca, como rito de passagem para a idade adulta. Nossa, passei mal. As meninas têm que ficar sem ver a luz durante muito tempo e tem as pernas amarradas pra engrossar a canela. Me senti uma fascista, porque não acredito que um costume como esse tenha que ser preservado.
ResponderExcluirDá uma olhada no vídeo:
http://glo.bo/fOyWWy
Quanto ao assunto do texto, não tenho muito que acrescentar. Ainda bem que eu fiz história e as coisas eram bem mais light. Ninguém chamava de trote, chamavam de "calourada" e não envolvia humilhação. Tinha pedágio pra arrecadar dinheiro pra tomar cerveja.
Lá na UnB, tem havido nos últimos anos um esforço muito grande pra acabar com o trote violento, pra que a universidade receba bem os calouros, pra que eles se sintam integrados. No meu curso, por exemplo, os alunos são incentivados a doar sangue e arrecadar alimentos. E existem os trotes violentos: gente suja de tinta e ovo pedindo dinheiro no sinal (pra fazer churrasco pros veteranos, olha que divertido), o elefantinho em que os alunos gritam que na arquitetura só tem viado (entre outras gentilezas), além daqueles acidentes em que alguém acaba saindo machucado mas que ninguém sabe explicar porque acontecem, afinal de contas todo mundo é amigo, é brincadeira, né?, mas que acontecem todo semestre.
ResponderExcluiragora, a coincidência: esses são os trotes dos cursos considerados "de homem", em que mulher é minoria...
Então, Lola, esse discurso também tira qualquer autonomia de mulheres que agem contra o que você acha certo. Porque, né, se eu ajo segundo seus preceitos ok, mas se a minha vontade é contrária, então sou condicionada. Na minha opinião é só um outro discurso limitador, patronizing mesmo.
ResponderExcluirE, olha, no exemplo da Fabiana, o do pedágio, na minha época de centro acadêmico tinha um grupo que era contra o pedágio porque ele "simulava a humilhação dos miseráveis que precisam pedir esmola", então, pedágio não pode também.
Acho terrível quando uma pessoa é obrigada a fazer qualquer coisa que ela não queira, e ponto, acaba aí.
Quando fiz graduação não quis participar do trote por motivos que não interessam e tal. O que aconteceu depois? Nada, ué.
Abs
Diana
Dizer que é tradição é só a velha desculpa de que sempre foi assim, então não tem como mudar.
ResponderExcluirOtima desculpa p/ quem não quer ter o "trabalho" de refletir e analizar os proprios preconceitos.
Pena que as proprias meninas não vejam ou não queram dizer na frente de todos, o contexto de subordinação que esses ritos representam.
Sem essa compreeção fica dificil falar em autonomia de escolha.
Espero que essa "chamada" de atenção ajude a formentar uma discurssão entre eles.
Embora ache dificil...
Isso é nojento e repulsivo!O troglodita presidente do Centro Acadêmico deveria introduzir uma lingüiça coberta de leite condensado lá mesmo!Rá,rá,rá,se os envolvidos estão tentando se justificar utilizando respostas clichês é porque os próprios consideraram o "rito de passagem" transgressor demais.
ResponderExcluir"Vc só é obrigado a morrer" é um chavão entediante.
É incongruente a própria Universidade esquivar-se de sua responsabilidade(é antiguíssimo,mas as circunstâncias fazem-me recordar do igual descaso da Unitaleban,ops,perdão,quis dizer Uniban;tudo parecia uma brincadeira,e,aí...).
Somos bombardeadas com bastantes imagens de corpos femininos erotizados.Particularmente,chego a ficar meio embriagada devido a tanta pressão pornográfica.A Cultura Ocidental subestima o potencial da mulher,como se não fôssemos seres que pensam,sentem e falam.Na realidade,não querem competir conosco,então menosprezam nosso poder e nos inferiorizam.
O Capitalismo mescla essa misoginia.Anúncios gratuitos de corpos nus,onde seriam desnecessários(por ex:as assistentes de palcos de programas populares,os desfiles de lingeries,pintura corporal,as capas de grandes revistas,tanto femininnas,quanto masculinas, e a perversa indústria pornográfica,eu sinto ódio.Aqueles filmes são uma ofensa à nossa dignidade!
Enfim,é permitida uma forma íntrínseca de prostituição,a fim de torná-la aceitável.
Daqui a pouco,a prostituição em si tornar-se-á legalizada(vulgo as Daspu).
O percalço não é a nudez;os homens andam sem camisa por aí e,tudo bem,nossa,agora,se for uma mulher...
Observe como a massa das sociedades tribais permitia que seus nativos andassem seminus,em algumas,completamente pelados,somente usando adornos e pinturas corporais.Os naturalistas...
O óbice é que não somos vistas como humanas,porém,como fêmeas!
Torna normal fazer uma alusão ao sexo oral(com leite condensado,bem grosseiro mesmo.)perto de um local onde deveriam formar cidadãos inteligentes e com senso crítico.Mas é só uma brincadeirinha,deixa quieto.
Tenho ojeriza por tudo isso.
ALINE
Cursei História na UFRPE e lá, ao menos no curso de História não existe a cultura do trote, o rito de passagem é uma estrondosa bebedeira, calourada, há até calourada evangelica, ou seja um culto com muitos cantores gospel, vai quem quer.
ResponderExcluirJá no curso de História da UPE onde meu irmão cursa há a cultura do trote que na verdade funciona como um carnaval fora de época com mela-mela e cachaça para os que bebem, lá se vc falar contra o trote a casa caí e na verdade também não soa ofensivo é um carnaval mesmo, de seis em seis meses meu irmão volta melecado.
Particularmente acho que tradição é coisa que se inventa todo dia, não gosto dessa tradição do trote, não precisei passar por ela, não fui nem para um lado, nem para o outro e nada me aconteceu acho esse jeito da Rural ótimo, passou no vesti, conseguil a vaga, vai festejar, beber,dançar ou vai agradecer a Deus... Tradições humilhantes tem que acabar e talvez a situação feminina de submissão persista tão ferozmente pq as mulheres acham que é assim mesmo, mulher tem trabalhar fora e em casa, homem não precisa ajudar, homem tem que ser macho alfa dominante, mulher tem que ser submissa, tem que lamber o pinto mesmo... homem manda, mulher obedece, tem mulher que pensa assim mesmo e se vc disser que existe possibilidade de outro mundo, elas se negam a acreditar!!!
Eu fico só imaginando o que essas garotas ouvem durante o trote:"Chupa vadia",dentre outras finezas...
ResponderExcluirALINE
Pandora,essa cultura misógina está muito arraigada na mente das pessoas.
ResponderExcluirNão é culpa das moças.Para vc é.Seguindo tal concepção farei analogias equivalentes:
vamos culpar os negros pelo apartheid na África do Sul,vamos dizer que eles eram imbecis,pois,imagina,80% da população;os europeus se tratavam da minoria,como eles permitiram?;os judeus também,então?;os índios brasileiros que não ofereceram resistência aos portugueses;os Maias foram preguiçosos,os espanhóis,por sua vez,eram grandes lutadores;e os Astecas?Como uma sociedade predadora daquelas,em que existia uma hierarquia com dez classificações no campo belicista sucumbiu?Pois eles foram os responsáveis por sua própria ruína,lógico.
Não é por aí.Como é que tu criticas o Machismo perpetuando-o?
Vc defende que o fator relevante da causa é a passividade feminina.
Eu pergunto:o que nós estamos fazendo aqui?
Fizemos muitas mudanças.As mulheres acham que devem ser independentes,depender financeiramente do marido é obsoleto,as conservadores de pequenas cidades,as mais velhas é que pensam assim.
Cabe às mulheres que conhecem a verdade tirar a trave do olho das outras.É seu trabalho,contudo vc mesma parece perdida.
ALINE
Como dizia Einstein:
ResponderExcluir"A tradição é a personalidade dos imbecis."
Olha, Lola,
ResponderExcluirAcho bastante complicado colocar todas as coisas no mesmo patamar. Generalizações dificilmente nos ajudam a entender as coisas, até mesmo para combater o que está errado.
O propósito de uma calourada muitas vezes é a integração. Está se formando turmas de alunos de origens bastante diversas, muitas vezes de outras cidades ou estados, muitos com menos de 18 anos e que nunca moraram longe dos pais. Se a matrícula e o começo das aulas não tivessem nenhum tipo de atividade, seria um processo muito longo para que esses novos alunos conhecessem uns aos outros e aos antigos.
Além de coisas de ordem prática como encontrar moradia, conhecer os arredores da universidade e encontrar estágios e outras coisas para se manterem, esses alunos precisam ir aprendendo como funciona os infernos burocráticos das universidades (especialmente as públicas). Isso inclui desde a organização formal até dicas como "na seção de alunos, é melhor falar com o japonês do que com a moça ruiva, porque ele é mais parceiro", etc.
No meu curso de graduação, o chamado trote da matrícula consistia em ir em grupo até uma avenida adjacente, para todos (calouros e veteranos) pedirem dinheiro no semáforo para a noite bebermos em conjunto. Para complementar, muitos veteranos davam uma grana que os calouros nem tinham como dispor. Só ia quem queria, quem quisesse apenas fazer a matrícula, podia também. Quem quisesse sequer era pintado.
Ao longo da semana de calourada, oficinas diversas são realizadas, inclusive discussões de gênero, junto com brincadeiras como um tobogã de sabão. Os alunos vão escolhendo aquilo que lhes interessa fazer, incluindo passar o dia conversando e jogando carta.
É um consenso nesse curso que não deve haver nenhuma forma de violência e coerção na calourada, e um cuidado dos veteranos para com os calouros, que às vezes se empolgam demais (e não necessariamente porque beberam). Não se obriga nem a participar dos jogos e gincanas, nem dos debates políticos, pois de outro modo só geraríamos antipatia.
Podemos discutir se é uma forma de violência quando professores ministram uma aula trote, que é ensinar um monte de abobrinhas com a maior seriedade. Ou quando se faz matrícula trote, que é fingir que houve uma revisão na lista e o/a aluno/a não passou no vestibular. Eu pessoalmente acho que não.
Agora, acho que o ponto central é que historicamente as universidades são concebidas para formar as elites do país, e dão um caráter disjuntivo aos escolhidos que passam. E por aí que os trotes servem para reforçar hierarquia, rebaixam para elevar. Enquanto
a universidade servir para a reprodução disso, não haverá proibição que impeça novas formas de violência de surgirem.
Esse assunto deu pano pra manga,não consigo parar de escrever!
ResponderExcluirMas o fato do presidente do CA estar usando vestido com uma faixa presidencial conecta-me a idéia que os machistóides possuem acerca da nossa presidentA DILMAxima.
Ela é uma chefa.
Durona.
Sempre leio por aí o apelidos pejorativos como dilmachadão.Jogue no Google.Dê uma espiada na Desciclopédia.
Sempre masculinizam sua figura.
ALINE
Fui caloura três vezes, e nessas três vezes achei um saco essa besteira (pelo menos,é o q eu considero) de trote.
ResponderExcluirO que mais gostei nesse post foi vc defender que não é porque alguma coisa é tradição que ela deve se perpetuar.
Volta e meia escuto as pessoas defenderam alguma bobagem dizendo "ah, é tradição".
Pois é, acontece que tem um monte de tradição pra lá de ultrapassada, coisa que nunca deveria nem ter existido.
Então dizer que tradição é necessariaamente sinônimo de algo bom é uma ilusão.
Sempre fico assustada quando vejo na Tv ou leio sobre esses trotes que não tem nada de engraçado, e além de ofensivo na maioria da vezes é humilhante. Não é de agora que noticiam esses trotes e lembro muito bem que alguns anos atrás eu tinha até medo de ir pra faculdade se tivesse de passar por isso.
ResponderExcluirO que há de mulheres condicionadas neste mundo, não é brincadeira. E o discurso da garota parece totalmente sem noção de simbolismo (acho que: ou ela pretende fazer parte do grupo ou ainda não tem cognição suficiente para diferenciar as coisas). Sou estudante de Letras - UECE - e o meu trote foi obrigatório e pesadíssimo (elefantinho e tudo mais)e eu achei ruim sim e toda a minha turma também, por isso, não continuamos a "tradição". No outro curso que faço na UFC não tive trote e nem recepção e foi um pouco frustante para a turma, por isso, até hoje há recepção festiva. A "famosa" recepção não precisa ser uma continuação de nossa violenta sociedade.
ResponderExcluirp.s.: No Ceará é quase impossível fugir de trote na matrícula; já no primeiro dia ou na primeira semana de aula é tranquilo.
Anônimo, todos os alunos da UFC com quem falei sobre trote (e isso inclui alunos de vários cursos, já que dei aula de Inglês Técnico, em que lecionava pra alunos das Engenharias, Psicologia, Contábeis etc) me disseram que os trotes na universidade já foram violentos, mas que já tem alguns anos que não são mais, e que praticamente não há mais trotes. E ninguém falou disso com nostalgia, sabe, como se estivesse chateado pelo fim dos trotes. Eu achei uma atitude muito madura deles. Mas na UECE não tenho a menor ideia como é.
ResponderExcluirFico feliz que a sua turma não seguiu a tradição!
Muito bom, Lola!
ResponderExcluirÉ inadmissível que os opressores justifiquem essa atitude repulsiva por meio da desculpa da "tradição".
E enquanto os próprios humilhados considerarem isso normal, vai ficar impossível dar uma resposta à altura dessa violência.
:(
Eu faço computação na UnB, curso com maioria esmagadora de homens. Participei do trote quando era caloura, na época o considerava um ritual de passagem e até queria participar. Deve ser esse condicionamento que você falou, Lola. Quando passei no vestibular, estava empolgada e feliz, ansiosa para passar por toda a experiência de ser universitária - o trote incluído.
ResponderExcluirMas o curioso é que eles pegavam mais leve com as mulheres. Tinha essa coisa da linguiça com leite condensado (e outras coisas com conotação sexual) mas quem lambia eram os homens. Acho que por ter tão poucas mulheres, eles tendem mais para a homofobia do que para o machismo.
Não sei dizer como é agora porque não participei de nenhum outro trote desde o primeiro semestre. Concordo que é uma prática deplorável e que o fato de ser tradição não é argumento para defender coisa nenhuma. Aparentemente essa tradição está morrendo, devagar mas está. Que bom.
Quando fiz universidade no Brasil, passei por 5 universidades diferentes (me mudei muito de cidade e transferi bastante o curso). Em cada uma que passei, as pessoas achavam que eu era caloura e me abordavam. Me recusei participar de qualquer trote, que sempre achei ridículo e autoritário. Mesmo quando sofri bullying na escola com 10 anos nunca permiti que as pessoas me "mandassem" fazer algo. Na primeira vez, a faculdade era em outra cidade e os alunos pegavam um onibus da prefeitura fretado exclusivamente pra levar os alunos pra faculdade. Tentaram me dar trote nesse onibus. Eu tava sentada perto da janela, e vieram me pedir meu tênis ou que era pra eu me levantar e fazer alguma coisa (nem lembro mais). Eu disse que não, que não faria nada daquilo e não queria "brincar". Olhei pra janela e os ignorei. Começaram a insistir e acho que tive sorte de um deles perceber que eu realmente não ia fazer nada e que a coisa ia acabar mal e ele disse para os outros "deixa ela quieta aí." Nas outras universidades eu simplesmente passava longe. Uma vez me chamaram a distância e eu apertei o passo e ignorei tambem. Sempre achei um absurdo e uma humilhação completamente desnecessária.
ResponderExcluirHá trotes e trotes. O meu, foi pintarem minha cara com tinta e me carregar pro bar. Bebi bastante, me diverti e não paguei um centavo. Nem me senti humilhada com a tinta na minha cara. Pq iria me preocupar com tinta guache? Hahahahahahahaha
ResponderExcluirO problema é que na UnB, o trote da agronomia é conhecido pela violência. Lembro quando usaram um porco na época da gripe suína. Eu, vegana que era e moradora da cidade, me lembro que isso deu o maior bafafá. Por causa dos ativistas, o porco foi adotado por uma família vegetariana, e deve estar vivo até hj e feliz, vivendo numa fazenda. Mas e se não fosse pelos ativistas dos direitos dos animais, o porco viraria churrasquinho?
A UnB é um lugar que chega a ser contraditório. No curso de História de lá, por exemplo, há um núcleo feminista. Foi lá tb que surgiu a primeira pós graduação em história e gênero do país (infelizmente o curso não existe mais). Andando pelo minhocão, vc vê pichações nas paredes dizendo "Mulheres livres" ou "igualdade entre os sexos", mas dentro do próprio curso de História há um machismo terrível, que muitas vezes parte das próprias mulheres (só entrar na comu do orkut de História - UnB, e digitar feminismo no campo de buscas). Se na História, que é um curso conhecido pela galerë ser mente aberta e coisas do tipo tem machismo, imagine na agronomia?
E sinceramente, como assim garotas conseguem lamber uma linguiça com leite condensado? Só de pensar, me dá vontade de vomitar. É a mesma coisa que comer feijoada com doce de leite. Mas não, elas não se sentem ofendidas dessa forma. Talvez pq nunca pararam para pensar que a imagem delas (e de todas as mulheres) está diretamente ligada ao sexo. O problema não seria o sexo por si só, e sim ele ser hierarquizado na sociedade e colocar mulheres em posições humilhantes.
Mas enfim, se elas acham legal lamber linguiça com leite condensado, em nome da tradição e fazer miguxismo com os veteranos linduuussssssss, o que eu posso fazer?
Pelo visto nem as pichações toscas da UnB sobre igualdade entre os sexos são lidas. Feministas pichadoras, parem de pichar o minhocão. Suas mensagens não são lidas.
O grande x do problema é que as meninas fazem o jogo dos machistas.
ResponderExcluirTenho uma amiga que, há uns três anos atrás simplesmente foi no orelhão e chamou a polícia. Isso porque a direção da Faculdade preferia ignorar o que se passava aos olhos de todos.
Estavam querendo obrigar as meninas a desfilar em trajes íntimos.
Deu tudo certo e ela passou a ser respeitadíssima.
O problema do machismo é esse:muitas mulheres incentivam e acham bonito.Enquanto for asim...
Berenice
Sou paulista, mas moro no Pará a mais de 10 anos. Quando meu primo passou na UNESp e me contou o que fizeram nos trotes (pelo que ele me falou, a coisa se desenrola por pelo menos 6 meses), além dos apelidos óbvios e a forma submissa em que eles eram tratados pelos veteranos, o que mais me chamou atenção foi uma musiquinha que que eles tinham que cantar para as calouras. Não lembro exatamente a letra, mas era algo sobre como os alunos iriam "comer a buceta" das "calouras vagabundas".
ResponderExcluirNo ano seguinte eu entrei na UEPa, e depois na UFPa (respectivamente, universidades estadual e federal do Pará) e aqui os trotes foram abolidos a mais de 20 anos. Na federal os alunos plantam mudas e na estadual doam brinquedos e tempo para uma creche de crianças carentes. A tal integração com os veteranos se da em festas organizadas pelas turmas. Sem que ninguém tenha que lamber linguiça.
Lembro que no ano passado, se não me engano, os calouros do curso de Engenharia Ambiental da UFC fizeram um trote diferente: realizaram uma trilha num mangue que fica perto de Fortaleza. A iniciativa partiu de alunos de outros cursos e de alguns professores da Universidade (porque era a primeira turma de Eng. Ambiental).
ResponderExcluirAinda bem que os trotes da UFC são tranquilos. Na época em que ingressei na Federal daqui, em 2009, apenas pintaram a minha cara e eu não fui submetida a nenhum tratamento degradante.
O que considero pior em relação aos trotes violentos das universidades do sudeste e do centro-oeste é o fato de que os reitores, professores etc muito pouco fazem para coibir esse tipo de conduta. Pelo menos é a impressão que eu tenho (por favor, não estou querendo ser bairrista nem ofender ninguém).
Lola, parabéns pelo texto, concordo em muitas partes, é incrível o quanto atos ridículos como esse continuam a serem feitos, por que um veterano se acha maior que um calouro? Pois é mais velho e entrou mais cedo na faculdade? Não tem sentido, o pior é que ainda ouço "bichos" que recebram trote dizendo vão dar o troco quando forem veteranos, que tipo de pensamento é esse? Fala sério, olha, se existem meninas que não ligam de chupar uma linguiça com lente condensado, ser fotografada por isso e colocarem na internet, tudo bem! Que faça, mas quando se torna uma coisa indiretamente obrigatória é inadmissível! As mulheres são as que mais sofrem sem dúvida, veteranos aproveitam para abusar das novinhas e essas, com medo de serem excluidas da vida universitária acabam se submetendo a trotes humilhantes, quem tem namorada ou irmã se preocupa muito com isso, independente do trote sempre há presença de bebedeira exagerada, o que gera mais e mais problemas. Trote deveria ser uma recepção dos veteranos, como uma boas-vindas, sou a favor do trote solidário também, atitudes desse tipo que fazem, de uma certa forma, os veteranos parecerem maiores.
ResponderExcluirEm empresas, os trotes contra novatos não passam de mandar ir buscar uma ferramenta que não existe (andarola, esquadro redondo, escada de pintar rodapés, martelo de vidro), que cada pessoa diz que está em outro lugar, e assim o novato fica andando pela empresa sem achar nada... Mas por que nas empresas os trotes contra novatos, além de raros, são bastante leves? Será porque se trata de um ambiente mais respeitado e sério, ou será porque em casos de acontecer alguma coisa grave a punição contra quem praticou o trote seria bastante rígida?
ResponderExcluircada vez que leio um novo comentário acerca do "famigerado" trote, vou criando a certeza de que sou um alien.
ResponderExcluiralguém poderia me explicar onde se encontra a humilhação desse trote.
nao me interessa discutir aqui sobre o trote em si. particularmente, acho uma brincadeira arcaica. mas enfim....
minha grande curiosidade deve-se ao espanto e à comoção social gerados em torno da cena da tal caloura com a linguiça.
vamos raciocinar da seguinte forma.
alguém aplicaria um trote que nao representasse uma ridicularização?
nao. a essência do trote e deixar a "vítima" numa situação de ridículo.
e aí reside toda a problemática.
a escolha por esse tipo de cena que simula o sexo oral traduz que aqueles veteranos bebem nas águas do machismo.
só que o problema, e mais grave, não para por aí.
todos aqueles que se indignaram com a cena, também, ainda que sem percebem, se apoiam no discurso machista.
paradoxo?
vejamos...
por que é ultrajante o sexo oral para a mulher? por que é degradante? talvez porque uma doida que resolva dizer "sim, eu faço sexo oral, mesmo!" será automaticamente vista como prostituta e sem valor.
será que ninguém percebe que isso apenas evidencia que ainda não é dado o direito ao sexo às mulheres.
sob o prima mais conservador, se ela quer fazer sexo, que o faça, mas apenas num básico "papai-mamãe", pois assim une-se o agradável ao funcional, já que nesse tipo de posição a mulher mantém seu papel procriador na sociedade.
na ótica das feministas de plantão, o ideal que nós mulheres sejamos lésbicas, engravidemos por inseminação artificial, porque qualquer aceitação de prazer a um homem se traduz como submissão ou humilhação.
a única posição sexual de total independencia feminina é o sexo oral. é quando somos livres para ir além da reivindicação ao direito de ter prazer e passamos a não mais aceitarmos que apenas prostitutas podem dar prazer ao homem.
liberdade sexual vai além do direito de receber. inclui a mentalidade de se permitir experimentar o sexo de forma plena, sem ver o parceiro como um opositor, mas, sim, como complemento de si mesma. e dar prazer a ele, torna-se tão prazeroso quanto.
o que mais satisfaz um homem nos dias de hoje? se não me engano é a vaidade de ouvir de uma mulher que ele a enlouquece.
mas quando a gente inverte a posição, quando é a mulher que decide quem ela quer, como ela quer e inclusive quando se abre 100% para um sexo normal, desnudo de preconceitos bobos, aí ela é categorizada como vabagunda, humilhada ou algo do gênero.
sexo oral é o momento de domínio total de quem o pratica sobre o parceiro que recebe. seja homem ou mulher. quem recebe fica totalmente a mercê da vontade alheia, frágil, desprotegido.
bem, não vim aqui defender o trote ou trotes em geral.
vim aqui lembrar principalmente às mulheres que não há nada de humilhante naquela cena. e quem bom que a caloura topou a brincadeira numa boa. quem sabe os veteranos machistas, um dia, percebam que o sexo oral praticado por uma mulher, tal como a existência de homens gays (já que na imagem, tem um calouro vestido de mulher) não passem mais a ser vistos como coisas bizarras. que se tornem cenas tão naturais a ponto de fazer com que um trote com esse tipo de cena não tenha razão de existir, pelo simples fato de não haver graça alguma naquilo, em razão de sua normalidade.
Lola, há um tempo houve uma versão do trote da linguiça na faculdade de direito da UFC. Na versão cearense, contudo, as calouras eram obrigadas a chupar picolés de uva segurados pelos homens na altura de seus órgãos genitais. Tudo isso acontecia, é claro, ao som de um hit da época chamado "Chupa que é de uva".
ResponderExcluirQuem me contou essa história foi uma prima minha, que era membro do CA e, pasme, foi conivente com a "brincadeirinha".
Marcia
ResponderExcluirVc se contradiz ao argumentar.
Escreve que a graça do trote está em ridicularizar o calouro.
Defende que o trote é machista:"A escolha por esse tipo de cena que simula o sexo oral traduz que aqueles veteranos bebem das águas do machismo."
Ora muda de idéia:"por que é ultrajante o sexo oral para a mulher?por que é degradante?Talvez porque uma doida resolva dizer'sim eu faço sexo oral mesmo!'será automaticamente vista como prostituta e sem valor!
será que ninguém,percebe que isto apenas evidencia que não é dado o direito ao sexo às mulheres?'
Minha cara,simular sexo oral numa linguiça coberta de leite condensado é sinônimo de liberdade sexual para vc?
Sob essa ótica filmes pornográficos devem ser o ápice da livre sexualidade das mulheres.
Vc considera que qualquer ação aparentemente libertina simboliza a liberdade.
Vou lhe esclarecer,pois há muitas nuvens escuras na sua cabeça:sexo oral é dar prazer ao outro.
A libido feminina sempre fora castrada;somente lhe era permitido satisfazer o seu homem...
Consegue interligar os fatos?Vc chega ao orgasmo praticando no seu macho?
Tanto é misoginia extirpar nosso direito ao prazer, quanto nos condicionarem a objetos sexuais.
Uma representaçaõ de uma garota satisfazendo um cara é liberdade,agora?
Nossos corpos exibidos em decotes, recortes,panos curtos e justos,saltos altos,dançar no pole dance é liberdade?
Quanto às suas críticas infames e tolas às corajosas feministas,sinto em lhe informar que está dando um tiro no próprio pé;o fato de estar defendendo o direito sexual das mulheres foi graças a èlas.
Mas sinceramente estou bem desconfiada de que seja, na verdade Márcio.Com essas idéias,nem uma velha criada nos anos 50.
ALINE
Lamentavl que isto ainda ocorra.brincadeirinha que humilha e denegri,exercendo a hierarquia desumana e ´perpetuar atitudes e mentalidades fascistas.o fascismo não é apenas institucional(político,econômico,religioso ele se espalha culturalmente através dos preconceitos de gêneros,raça,classe.O fascismo particular que chamamos de brincadeira,de tradição está presente.Impor tal brincadeira humilhante revela a face dominadora da juventude .O desrespeito humanao que se diz permitido pelos calouros é apena domínio do chefe,dos mais antigos que reproduzem a hierarquia arcaica .O texto diz tudo isto.Lamentavel que os reitores nao intervenham como deveria como local de liberdade e democracia nas universidades mas que deixem e imprimem as hierarquias da trdiçao opressiva.as mulheres são humilhadas dentro da postura machista de que ser mulher só serve para uso sexual ;o desrespeito é tamanho que usam o deboche do presidente do grêmio ao se fantasiar de Presidenta!(é preciso investigar tamanho desrespeito sim!) Num mundo onde lutamos para criar a mentalidade do respeito,da igualdade,direitos humanos,vem esta turma com atos fascistóides e diz ser brincadeira!As meninas aceitam e desculpam a humlhaçao por se sentirem frágeis e menos importante no grupo ,e para serem aceitas se permitem humilhar?! Vergonhosa a atitude dos alunos e alunas ;de quem fez o trote e de quem aceita participar(já que não se sentem obrigados..)O fato é que esta juventude reproduz os mesmos valores machistas e hierarquizados que criam o poder do preconceito.Que façam trotes sociais.Que se estimulem as idéias e atos positivos,dignos.Ha trotes que viram caso de policia(mortes!)entao,temos que parar de olhr estes excessos como brincadeiras é humilhaçao,ofensa moral,psicologica,agressão verbal e ate física.Ha leis para se julgr estes abusos,que els sejam aplicadas.Leis existem para frear os abusos e impedir que os mais abusados(fortes)humilhem os mais fragilizdos nas relaçoes sociais,institucionais,humans).Quem humilha se mostra um humano menor,Que profissionais serão diante do público de várias classes?serão debochados,preconceituosos?Que profissionais serão?preocupante!
ResponderExcluirAline, obrigada por argumentar com a Marcia, mas vc se engana ao pensar que ela é homem, ou que seja uma mulher criada nos anos 50. Há várias mulheres, feministas inclusive, que pensam como ela. É uma outra corrente do feminismo, que é a favor da pornografia, que acha que sexo dá poder às mulheres etc. Tenho a impressão que, para essas feministas, a cena de chupar linguiça lambuzada num trote não teve nada de mais. Inclusive, deve ter sido liberador pras mulheres. Mais de uma aluna declarou que fez porque quis. E, pra essas feministas, a decisão individual fala mais alto do que qualquer contexto. Por isso escrevi o trecho sobre como a autonomia é relativa. Pra elas, atrizes pornôs não são humilhadas em filmes pornôs (daqueles que enfiam a cabeça das mulheres no vaso sanitário e dão a descarga, por exemplo) porque elas escolheram estar ali. É uma visão, a meu ver, totalmente burguesa, que prioriza unicamente o indivíduo sobre qualquer coisa social. É aquele negócio: ah, uma mulher faz strip e pole dance porque gosta? Então vamos apoiar toda uma indústria de exploração das mulheres (chamada de “adult entertainment”, que é feita por homens pra homens) por causa da autonomia daquela mulher! E dane-se que a maior parte das dançarinas/strippers sejam escravas sexuais. Escravas mesmo, tipo trabalho escravo, tipo tráfico humano, um flagelo seríssimo que atinge muitos países pobres e em desenvolvimento, como o Brasil. Em nome de uma minoria ínfima que “faz porque gosta”, fecha-se os olhos para toda uma indústria desumana. Mas nota pros desavisados: as feministas que condenam a pornografia misógina, como eu, nunca condenam as atrizes pornôs, ou as prostitutas, ou as strippers. É bem diferente condenar um sistema e condenar as participantes desse sistema.
ResponderExcluirMarcia, tb acho que vc se contradiz. Vc está confundindo um ato sexual com a simulação de um ato sexual num trote. Ninguém aqui falou mal do sexo oral. Acho que a maior parte das brasileiras hoje em dia faz sexo oral com seus parceiros e eles com elas. Creio que não seja mais um tabu, pelo menos pra mulheres da minha geração (tenho 43 anos) pra baixo, mas imagino que tb tá cheio de mulher de 60 anos que veja sexo oral com ótimos olhos. Nada contra sexo, pelo contrário. Nada contra sexo oral. Não há nada de humilhante no sexo oral. Mas simular sexo oral durante um trote, onde a tônica é a humilhação, a subordinação da caloura ao veterano, e ainda mais a um veterano vestido de mulher e vestindo faixa presidencial, é bem diferente. Eu não vi vídeo da cena, mas, como disse uma leitora, não duvido nada se, durante essa simulação, estivessem chamando a caloura de vadia. Um outro leitor relatou um dos hinos (sobre calouras vagabundas) cantados durante os trotes. Não são as feministas que chamam mulher que faz sexo oral de vadias, né? São os machistas. Sou contra todo tipo de trote, como já disse no post, mas a pergunta é: por que os trotes pra mulheres têm conotação sexual? Isso é machismo sim. No twitter um leitor disse que vários trotes pra homens tb têm conotação sexual, o que é verdade. Mas uma leitora explicou que, nesses casos, a humilhação está em fazer que o calouro homem se humilhe rebaixando-se ao que só uma mulher ou um gay faria (sexo oral num homem, por exemplo). Continua sendo machista...
ResponderExcluirEssa Márcia é só mais uma que se esqueceu do contexto em que a simulação foi feita. Ngm é contra sexo oral, ngm é contra o sexo em si, e não haveria problemas o apelo sexual estar tão presente em nossa sociedade se o sexo não fosse hierarquizado. Pelo menos o imaginário sexual é hierarquizado, e misógino também. Os veteranos que mandaram as garotas lamberem linguiça estava propondo que elas se liberassem sexualmente? Que elas descobrissem que mulher pode sentir prazer sim, sem culpa alguma? Não, o contexto era de humilhação, como em todo trote. Não queriam que elas se descobrissem como mulheres livres e donas de si, e sim que fizessem a alegria dos veteranos ali presentes, além de serem ridicularizadas. As feministas que enxergam o sexo como algo libertador em si, deveriam lutar para que o sexo fosse igualitário tb, para que ao pensar nele, ngm imaginasse uma pessoa em posição de humilhação, e para que um ato tão gostoso como sexo oral não fosse utilizado como piada em trotes de cursos reconhecidamente tradicionalistas.
ResponderExcluirNada a acrescentar a esse post, é isso mesmo.. parabéns pelo texto!
ResponderExcluirDe nada.
ResponderExcluirSei da existência desse tipo de "feminista",mas garanto que são minoria(há maluco para tudo,a mente humana é muito expansível.E enganável...)
A Psicologia explica que nós falamos o que pensamos e comportamo-nos conforme o que sentimos.Daí,quando temos dúvidas,quando não sabemos o que queremos,surgem atritos entre tais campos.Agimos de um modo,falamos de outro.
O que essas defensoras desejam é liberdade.Como já havia comentado,muitos confundem atitudes libertinas como sendo uma manifestação de liberdade.
Elas sentem-se engaioladas.
Isso lhes dá uma falsa sensação de independência.
Ao estilo:
"Sou dona do meu corpo,faço o que quiser."
Como a Diablo Cody que fora stripper por diversão.
Em decorrência dessa necessidade de romper as correntes,autoproclamam-se feministas.
As mulheres atuais não querem ser classificadas como submissas,mesmo agindo como tal.Pois não é legal ser assim hoje.
Marcia(o)Não se identifica como feminista.Ao contrário,as menospreza.
Não é certo,porém chamar essas mulheres de feministas;denominando uma categoria do feminismo.
É um equívoco!
É desnecessário,além de denegrir a imagem das verdadeiras lutadoras.
Não existem categorias numa luta!
Preste atenção,Lola.Pense.Ainda desconfio que seja um machinho mordido.
ALINE
Nunca achei graça em nenhum tipo de trote exatamente porque são quase todos carregados de preconceitos implícitos. Colocar pessoas pra pedir dinheiro nas ruas, todas sujas, faz piada com a situação de pessoas que realmente precisam passar por isso; trotes violentos então nem se fala, a velha idéia de quem está acima na hierarquia pode fazer quem está abaixo ou em uma situação mais vulnerável de gato e sapato.
ResponderExcluirEssa feita com mulheres foi a cereja do bolo. Quer humilhar mulheres? Constrangê-las? O que você faz? As coloca pra fazer algo de conotação sexual, óbvio, afinal está implícito na cabecinha de quase todo mundo que o ato sexual pra uma mulher é algo vergonhoso, que a diminui diante do homem. Um homem recebendo sexo oral é o campeão, a mulher fazendo sexo oral está se rebaixando pra ele. Mas elas não enxergam, pelo menos não conscientemente.
Se a sexualidade feminina fosse algo respeitado, não teria a menor graça pra eles um trote como esse.
Concordo plenamente com vc em:
ResponderExcluir"Sou radicalmente contra o trote. Qualquer trote. Quer fazer campanha pra arrecadar alimentos pra uma instuição de caridade ou pra doar sangue? Não chame de trote, chame de campanha. Aí eu participo. Tô me lixando se trote é uma tradição."
São de uma cara-de-pau imensa essas afirmações dos estudantes d q ninguém é obrigado.
É por isso q sou a favor de cotas. É ridícula essa conversa de fazer justiça aos negros, pobres, etc; as cotas serviriam para diminuir a quantidade de filhinhos-de-papai que infestam as universidades públicas brasileiras.
Anônimo, não é impossível fugir do trote no Ceará. Eu fugi do meu! Sério, eu inventei q morava em outra cidade, precisava pegar um ônibus e saí correndo q nem louco. hahahahaha
ResponderExcluirParece q não deu em nada, no dia seguinte, uma veterana até pediu para mandar um recado para a turma... Sei lá.
o mais legal é a idiota que se presta pra isso. AHAHAHAHA
ResponderExcluirAi, e eu que passei na UFRJ e vou enfrentar isso ainda? Pretendo ir na tal semana do trote, mas irei recusar qualquer "brincadeira" que eu considere machista ou de mal gosto.
ResponderExcluirCorri de todos os trotes que tive (4 ao todo). Só quando passei em direito na UFAL meus pais me fizeram raspar a cabeça (muito a contragosto), acho pq logo quando se vê alguém com a cabeça raspada já se sabe o que significa. Além daquela camisa sempre feiosa com o nome do curso escrito...
ResponderExcluirNessa hora eu senti inveja das meninas... Era só colocar um band-aid em cima da sobrancelha e fingir que raspou mesmo.
Oi Lola!
ResponderExcluirFalando em trote..sempre achei estranho as pessoas darem dinheiro p calouros no trote a achar um absurdo dar esmola p moradores de rua....
O cara q tá na rua tá passando maior perrengue, "mas nãaaoooo ele é vagabundo e alcólatra..tem q dar oportunidade" e o q passou na Universidade q é minoria privilegiada no país pode dar uns trocados...
Acho a coisa mais feia e hipócrita do mundo...
beijão e continuo lendo o seu blog...apesar de não comentar sempre
Só fazendo um acréscimo ao seu texto. Quando dei aula na UnB o CA de Agronomia fazia Happy Hours quase todas as quintas feiras começando às 20hs (pq nesse horário eles passavam o som das bandas que iam tocar). Era um barulho absurso que atrapalhava no mínimo 10 salas do noturno que ficavam próximas ao CA. Uma vez fui reclamar pessoalmente pois pensei "primeiro a gente avisa informalmente, depois, formalmente". Sabe no que deu? Nada. Fui hostilizada pelos alunos que ali se encontravam. Depois disso, falei no meu departamento, que tinha cursos noturnos e fui avisada que os professores cansaram de reclamar da Agronomia e que ninguém da reitoria ou da prefeitura do campus fazia nada a respeito. Eu espero que essa atitude de beneficiar o mau comportamento e o egoísmo dos alunos que frequentam o CA de agronomia tenha chegado ao limite. Espero que os responsáveis pelo trote respondam criminalmente e que isso sirva de exemplo. A universidade é uma comunidade e todos devem ser respeitados.
ResponderExcluirconfesso que nao consegui ler todos os posts. mas pela rapida passada de olhos, vi que gerei polêmica.
ResponderExcluirpara alguns acho que nao me fiz entender completamente. para outros, acredito que jamais o farei, porque conceitos arraigados (e nao menos certos) simplesmente jogarao no lixo minha visao sobre a coisa.
ponto 1. entendam. embora eu tenha me divertido horrores quando levei trote (e, inclusive, optei por participar), acho que é um jeito meio tosco e estúpido de integralizar. salvo quando é pura externalização de violencia de playboyzinhos marginais que se disfarçam de estudantes.
em momento algum defendi o trote. tampouco o machismo de quem o praticou.
ovbiamente que para quem acha que confundo liberdade com libertinagem e que sou uma pseudo-libertaria, em nada irei acrescentar.
mas o que me preocupou foi ver a dimensão que a coisa ganhou.
e, na minha concepcao, o choque, principalmente por parte das mulheres, fez com que eu entendesse que, infelizmente ainda estamos a anos luz de total liberdade.
alguem falou em algum post aí que eu nao sabia que sexo oral é para dar prazer ao outro (salvo se entendi errado).
cristo!!!!!! mas é obvio que é para dar prazer!!!!
acontece que mulheres ditas decentes nasceram para receber esperma e ponto final.
com a revolucao sexual dos anos 60, passamos a admitir que deveriamos ter o direito ao sexo sem necessariamente engravidar.
mas, ao meu ver, a coisa parou por ai.
ou porque fomos milenarmente trancadas e o mais seguro seria a opcao pelo radicalismo ou porque, no fundo no fundo, ainda estamos presas demais.
uma atitude nao machista nao significaria nao fazer esse tipo de trote por respeito à figura da mulher.
pedir esse tipo de respeito, na minha otica, é perpetuar nossa prisao.
uma atitude nao machista virá com o tempo. com uma mudanca gradativa e principalmente atraves de acoes autoafirmativas por parte das proprias mulheres.
o dia em que sexo oral for algo plenamente aceito como natural, ele perderá seu aspecto cômico. tal como os gays, que infelizmente ainda são tratados como bizarrices sociais.
a comédia é algo temporal, cultural. se mudarmos a cultura, o que era engraçado ontem, deixa de ser amanha.
Eu tomei um susto com a questão da tradição do trote no Brasil e fui pesquisar, não sei em que mundo vivo, mas eu achava isso super moderno e não é.
ResponderExcluirTalvez seja pq eu acho inadmissível que alguém se veja obrigado a isso, ache um trote legal ou participe de uma violência pensando que será paga com outra no próximo ano.
É falta de respeito próprio.
Ok, eu agora já sei que é tradicional no Brasil também o trote, mas achar que faz parte aí não dá.
Discordo do seu argumento de que não há alternativa. Ou seja, aceitar ou não participar do trote. Como você mesmo escreve: "É por isso que os argumentos de “participei porque quis” num caso de trote são tão frágeis. Há todo um preparo pro trote como uma tradição, um rito de passagem, uma comemoração por ter conseguido uma vaga tão disputada. Além da lavagem cerebral de anos, há a pressão social. Quem se nega a participar é careta, não quer fazer amizade com as pessoas cool do curso (os veteranos), não respeita hierarquia."
ResponderExcluirOra, qualquer pessoa pode sim recusar-se a participar deste teatro dos horrores. Não há nemhuma implicação acadêmica e muito menos social. Diferente do aluno que se recusa a realizar uma prova por acreditar que testes não façam parte de uma educação inclusiva. Existe sim a opção de não participar deste "rito de passagem". Quem aceita, acredita que é o correto, mesmo que seja algo repugnante.
Gustavsson, existe uma implicação social sim.
ResponderExcluirVeteranos olham feio, riem e desdenham de quem se recusa a participar de trotes. Ta certo que ninguém deveria se importar com o que um bando de estranhos pensa, mas lembre-se que são pessoas com quem esses alunos ainda conviverão durante anos e que na faculdade há um monte de gente jovem (17,18, 19 anos) que sente a pressão social de se inserir num grupo, de ser aceito pelos pares. Isso é típico da adolescência, até mesmo entre jovens adultos, nos seus vinte e poucos anos, isso acontece.
Quem não participa de trotes fica conhecido como chato, careta, sem-graça. Quem é que gosta de chegar num novo ambiente e ganhar de cara a pecha de chato? Ninguém! Daí a dificuldade de muita gente em se esquivar dos trotes.
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ResponderExcluirÉ, eu concordo com a Talita logo acima. Quem se recusa a participar do trote fica com fama de chato, anti-social, covarde... No meu trote na UFRJ, me mexi um pouco pra me esquivar das tinhas e pronto!, virei "caloura rebelde" e tomei mais tinta do que teria tomado se tivesse deixado a menina pintar minha calça.
ResponderExcluirNa minha època de UFRJ, tinha uma brincadeira parecida com essa da linguiça, mas envolvia bananas e camisinhas. E é ÓBVIO E ULULANTE que só quem participava da gincana de colocar a camisinha na banana com a boca eram as meninas. Eu pelo menos escapei dessa, já que eram apenas três pessoas que participavam. Isso aconteceu em 2004, as coisas não mudaram em 7 anos.
Concordo com quem disse que rola um condicionamento social na fala dessa menina da UnB, que não se sentiu humilhada em ter que lamber uma linguiça. As meninas que colocaram a camisinha com a boca no meu trote na UFRJ também não pareciam ter se sentido ofendidas e tampouco nós, as outras garotas, nos sentimos. Todo mundo achava, naquele momento, que era "só uma brincadeira". E tenho certeza de que se alguém nos perguntasse na época se isso era o mesmo que "colocar mulher pra dançar na TV", íamos negar veementemente. Mas isso é uma reação criada por anos e anos de objetificação da mulher, a gente começa a não se incomodar com coisas que são flagrantes, como se o meio universitário, cheio de "gente inteligente que passou no vestibular", fosse sacrossanto e superior ao o mundo lá fora. Esse é o grande perigo.
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ResponderExcluirL, veterana da Agronomia da UnB que deixou o comentário defendendo o trote: vou apagar o comentário da caixa e publicá-lo como post, ok?
ResponderExcluirObrigada pela resposta.
Ainda bem que por onde eu andei no nordeste não tem dessa. Participa do trote quem quer mesmo. Nunca fui destratado por não participar. E os trotes são bem mais lights. Normalmente é só raspar a cabeça, pular na piscina de melaço, ovadas e beber. O que já era o suficiente pra me fazer querer correr léguas da coisa. Quando chegavam perto de mim com ovo e farinha eu me agarrava na minha mãe e não tinha quem me soltasse. Nem ela mesma querendo que eu me desgarrasse...
ResponderExcluirLola, eu concordo 100%, 100% mesmo, com vc. Dei minha opinião no post do dia 30 pq não tinha visto esse.
ResponderExcluirJá participei de 2 trotes e só posso dizer que não gostei, por mais que colegas dissessem que foi divertido, que é necessário pra se enturmar, etc. Pra começar, já odeio aquela história de ser chamada de "bixete", como se não tivesse nome. Não seria mais natural que um "candidato a amigo" perguntasse meu nome e eu respondesse "Letícia, prazer"? Mas não. Pra ser aceita, tenho que mostrar minha capacidade de subordinação. Me chamam Bixete, ou qualquer outra coisa, e eu tenho que atender.
Sou contra, contra, completamente contra. Descobri que não quero fazer amizade com quem tem uma mente hierarquista, retrógrada e, na maioria das vezes, preconceituosa...
Olha, antes deste trote surgiu uma reportagem que denunciava o uso de maconha dentro da independencia da universidade.
ResponderExcluirE o interessante que algumas pessoas ficaram revoltadas com a situação, pois falaram que teve sensacionalismo na matéria e tudo mais...
E o engraçado é que as mesmas pessoas que acharam ruim a denuncia da droga, agora criticam o trote na universidade...
Se uma pessoa participa, de um trote devida pressão social o uso de droga tambem ocorre devido o mesmo argumento não?O que um pai prefere uma garota passar por um trote ou começar com vicio tao destrutivo como o da maconha?
E na unb apesar de alguns grupos politicamente corretos levantarem a bandeira contra o trote, o problema do uso da maconha continua sem nenhuma oposição...
Minha irmã, ao entrar pro curso de Medicina, se recusou veementemente a participar de algumas "brincadeiras" do trote...
ResponderExcluirFicou conhecida eternamente como caloura pitt bull!
Aí vc me diz se isso não afeta a aceitabilidade no grupo e mesmo a auto estima de uma pessoa q nao seja la mto determinada...
É um rito q persuade e q, tantas vezes, discrimina o transgressor atrevido q se recusa a participar de uma brincadeira tão linda...
O que mais me entristeceu no vídeo do trote foi o fato de as meninas terem feito um serviço bem fraquinho na linguiça.
ResponderExcluirDesse jeito elas não vão conseguir agradar um homem adequadamente. Elas terão que treinar muito ainda.
Fiquei triste, também, com toda a patrulha ideológica em cima de uma simples brincadeira.
Parece que os alunos do CA da agronomia da UnB resolveram seguir um conselho dado, que foi de procurar um bom advogado!!
ResponderExcluirNa página da universidade,está publicada uma "carta" do presidente do CA e, quem conhece o rapaz coloca em dúvida a autoria...dizem que ele já começou a "pagar honorários"!!!
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/artigo.php?id=353
Ah sim: teve um rapaz que se apressou a participar da brincadeira da linguiça!!! Sem querer ofender, esse rapaz não conta...e quem o conhece sabe porque...
ResponderExcluirSindicância... Ha ha ha
ResponderExcluirEsse reitor só vai fazer política, só vai fazer média.
Por que não expulsa logo os caras que foram identificados promovendo isto??
Tinha que botar é uns caras da pesada pra esculhambar esses vagabundos, boyzinhos filhinhos de papai.
Sindicância educativa???
ResponderExcluirEsse Reitor mostra que é um fraco, não toma providência.
O que me espanta mais é que esses alunos estão estudando usando o NOSSO dinheiro (público) e prestam esse tipo de serviço.
São uns canalhas que deveriam ser expulsos para abrir vagas para gente com melhor nível.
Esse é o retrato da Educação e a Cultura do povo, com o consentimento de quem tem o poder para mudanças. Esses "universitários", serão os futuros administradores e governantes deste pais das mil maravilhas. Que futuro terá nossos filhos, netos, bisnetos, etc.
ResponderExcluirPela data da maioria dos posts anteriores, é bem capaz que ninguém possa ver este, mas vpu postar mesmo assim: http://www.youtube.com/watch?v=ow6PpiX6yPM
ResponderExcluirÉ um link p/um video do youtube de 2012, e é bem deprimente.
na boa .... vai quem quer pq sabem como e então entra quem quer ngm e obrigado na moral só isso msm
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