Nesta semana que foi a primeira do novo governo, muito se discutiu sobre o uso do termo presidenta. Alberto Dines, que desde 2005 não fala mais coisa com coisa, escreveu um artigo no Observatório da Imprensa. Entre outras asneiras, ele declara que o feminismo conseguiu tudo que queria (“esquecidas as lutas das sufragistas e feministas, finalmente alcançada a igualdade dos gêneros, a presidenta da República deixa de ter um sucessor – Michel Temer jamais poderá ser designado vice-presidenta”), institui um cargo vitalício para Dilma (a partir de agora, todos os eleitos, sejam mulheres ou homens, ocuparão sempre o cargo de presidenta, a julgar pelo exemplo do vice), e aponta que “o eleitor votou em Dilma para presidente do Brasil e não para presidenta”. Opa, é verdade! Impeachment já! O eleitor jamais teria optado por Dilma se soubesse que, oh infamia!, ela iria querer ser chamada de presidenta. Porque isso vai contra a Constituição! E, se a gente fuçar bem, na bíblia deve haver uma condenação ao termo!
Falando sério agora. Pelo que vejo, as discussões sobre presidenta se dividem nessas categorias:
- É tudo uma estupidez, é só uma palavrinha, presidente ou presidenta, tanto faz, o importante é que Dilma faça um bom governo, ou (dependendo em quem a pessoa votou), essa discussão é só pra encobrir o desastre absoluto que foi essa primeira semana, agora sim o Brasil chegou ao fundo do poço!
- A forma presidenta está errada e ponto final. Quem diz isso passa o resto dos seus dias colecionando palavras que terminam em "e" pra provar como presidenta é ridículo: afinal, não se diz estudanta, videnta, gerenta, inteligenta, etc etc (são muitas as palavras terminadas em "e"; diversão pra esse pessoal não falta). Eles engasgam um pouquinho ao chegar em governante, já que governanta tem um sentido totalmente diferente, que é uma função doméstica, exercida apenas por mulheres. Nesses momentos difíceis, essas pessoas costumam gritar que a língua é neutra, neu-tra, entendeu?, que é uma coisa natural do homem, quer dizer, do ser humano, e que só as malditas feminazis pra prestarem tanta atenção numa coisa tão imparcial como a linguagem do dia a dia.
- A tentativa de implantar o termo presidenta é uma forma das feministas dominarem o mundo. Ha ha, eu me divirto! Mas, quanto a isso, o linguista Sírio Possenti, que não gostava de presidenta e agora defende o termo, já dizia em dezembro: “Feminismo exagerado? Tem sido outro argumento. Apesar da antiguidade do Aulete [que registra a palavra presidenta desde 1974], talvez valesse a pena chamar o velho Sigmund e perguntar-lhe se não há, escondida, alguma resistência às mulheres no comando, ou a uma mulher em particular. Pode ser tucanismo enrustido, pode ser ojeriza da política como tem sido feita. Razões nobres. Mas que se culpem os sons! Aposto que os que acham o som de 'presidenta' horrível não têm nada contra 'magenta', 'setenta', 'sedenta' ou mesmo 'purulenta' e 'polenta'”.
- Tanto presidenta quanto presidente estão no dicionário e, se está no dicionário, é a palavra de deus. Portanto, pode usar qualquer uma. Quanto a esse ponto, Sírio diz num ótimo artigo desta semana em que responde a DInes: “Em relação ao apelo a gramáticas e dicionários, as atitudes dos 'expertos' são bastante engraçadas. O comportamento típico é o seguinte: quando não gostam das formas que os dicionários e gramáticas abonam, dizem que gramáticas e dicionários não são as únicas autoridades. Mas, quando as gramáticas e dicionários concordam com seu gosto, esses documentos são santificados”.
- É presidenta, e quem não chamar Dilma assim é um troglodita machista e/ou reaça. A presidenta da Fundação José Saramago, e também sua viúva, Pilar, disse em 2008, “Só os ignorantes me chamam presidente”. Acho que não é por aí. Creio que alguém pode preferir o termo presidente pra falar de Dilma, a menos que, pra justiticar esse tratamento, a pessoa insista que a língua é neutra, que a forma presidenta é errada e acabou, que presidenta é um excesso das feministas enlouquecidas. Falou qualquer uma dessas besteiras? É ignorante (e ignorante não como insulto, mas no sentido de não saber do que está falando e você precisa se informar mais, meu filho).
Na minha modesta opinião, quem escreveu o melhor e mais completo artigo sobre o assunto foi Diego Ramirez, vulgo Jiquilin, um jovem linguista. E isso há mais de um mês. Ele mostra que, em vários vocábulos, a inflexão masculina ou feminina consta na mesma palavra. Mas, no caso de palavras terminadas em “e”, o que define se é masculino ou feminino está fora: “É que gênero, neste caso, aparece além da palavra: 'o valente', 'a valentona', 'o cara valente', 'a mulher valente'. Nestas orações, realmente não houve nenhuma mudança morfológica no nome 'valente'. Contudo, o gênero estava marcado de uma outra forma morfológica: no artigo!” Por isso, pra salientar que agora a presidência é exercida por uma mulher, justifica-se usar presidenta.
E, como disse Sírio, não é por poder dizer presidenta que vamos dizer diferenta. Ô gente, isso é uma grande viagem! Não é porque algumas palavras masculinas terminam em “o” que temos que colocar “o” em todas as palavras masculinas. É um lápis, certo? Não um lápiso! Não é futebolo. Podemos usar presidenta Dilma sem medo de ser feliz, sem ter que modificar todas as palavras terminadas em "e" ou toda a língua portuguesa.
Outra que escreveu um post divertido pra responder o Dines foi a Bárbara. Ela lembra que chamar Dilma de presidenta tem um motivo: “está aí pra marcar o fato de que o cargo de Presidente da República é agora ocupado por uma mulher. UmA. Mulher. A gramática da língua portuguesa é toda machista, nunca vi nenhum desses paladinos da verdade e da justiça reclamarem. Agora que só essa palavrinha foi proferida pra marcar uma conquista das mulheres nesse país, f*deu. Crime constitucional!”
Pessoalmente, não sou a maior adoradora do termo presidenta. Causa desconforto, e fica fácil pros reacinhas adaptarem pra presidanta. Mas seria estúpido eu extinguir um termo pelo uso que adversários farão dele. E, na realidade, o termo presidenta causa desconforto porque é incomum. E por que é incomum? Ahn, porque nunca tivemos uma mulher eleita pra exercer a presidência? Como diz Sírio, “A novidade não é a forma feminina. A novidade é uma mulher no cargo.” E ele aponta que, quando o primeiro operário foi eleito, causou-se a mesma estranheza: como tratá-lo, por você ou por senhor? (hoje, graças aos céus, senhor está quase aposentado, ou, como já dizia um homem de meia idade pra quem perguntei, quando eu era criança, “O senhor tem as horas?”: “O Senhor está no céu; são dez horas”).
Pra mim, a questão é essa: Dilma foi eleita (não adianta espernear, você aí à direita), colocou placa no seu carro oficial de Presidenta da República, na sua posse falou em presidenta várias vezes, ou seja, está pedindo pra ser chamada de presidenta (e o fato de praticamente toda a velha mídia definir que vai tratá-la como presidente, e não como ela quer ser chamada, já demonstra seu posicionamento. Esquerda no poder? Somos contra!). E então, se não faz tanta diferença assim chamá-la de presidenta, dá pra ser? Claro que não! Quem ela pensa que é? Uma mulher querendo definir a forma como será tratada, onde já se viu? Daqui a pouco ela vai dizer que o corpo também é dela! A gente dá a mão e ela já quer o braço. Mais uns dias e ela vai querer até mandar no país!
- É tudo uma estupidez, é só uma palavrinha, presidente ou presidenta, tanto faz, o importante é que Dilma faça um bom governo, ou (dependendo em quem a pessoa votou), essa discussão é só pra encobrir o desastre absoluto que foi essa primeira semana, agora sim o Brasil chegou ao fundo do poço!
- A forma presidenta está errada e ponto final. Quem diz isso passa o resto dos seus dias colecionando palavras que terminam em "e" pra provar como presidenta é ridículo: afinal, não se diz estudanta, videnta, gerenta, inteligenta, etc etc (são muitas as palavras terminadas em "e"; diversão pra esse pessoal não falta). Eles engasgam um pouquinho ao chegar em governante, já que governanta tem um sentido totalmente diferente, que é uma função doméstica, exercida apenas por mulheres. Nesses momentos difíceis, essas pessoas costumam gritar que a língua é neutra, neu-tra, entendeu?, que é uma coisa natural do homem, quer dizer, do ser humano, e que só as malditas feminazis pra prestarem tanta atenção numa coisa tão imparcial como a linguagem do dia a dia.
- A tentativa de implantar o termo presidenta é uma forma das feministas dominarem o mundo. Ha ha, eu me divirto! Mas, quanto a isso, o linguista Sírio Possenti, que não gostava de presidenta e agora defende o termo, já dizia em dezembro: “Feminismo exagerado? Tem sido outro argumento. Apesar da antiguidade do Aulete [que registra a palavra presidenta desde 1974], talvez valesse a pena chamar o velho Sigmund e perguntar-lhe se não há, escondida, alguma resistência às mulheres no comando, ou a uma mulher em particular. Pode ser tucanismo enrustido, pode ser ojeriza da política como tem sido feita. Razões nobres. Mas que se culpem os sons! Aposto que os que acham o som de 'presidenta' horrível não têm nada contra 'magenta', 'setenta', 'sedenta' ou mesmo 'purulenta' e 'polenta'”.
- Tanto presidenta quanto presidente estão no dicionário e, se está no dicionário, é a palavra de deus. Portanto, pode usar qualquer uma. Quanto a esse ponto, Sírio diz num ótimo artigo desta semana em que responde a DInes: “Em relação ao apelo a gramáticas e dicionários, as atitudes dos 'expertos' são bastante engraçadas. O comportamento típico é o seguinte: quando não gostam das formas que os dicionários e gramáticas abonam, dizem que gramáticas e dicionários não são as únicas autoridades. Mas, quando as gramáticas e dicionários concordam com seu gosto, esses documentos são santificados”.
- É presidenta, e quem não chamar Dilma assim é um troglodita machista e/ou reaça. A presidenta da Fundação José Saramago, e também sua viúva, Pilar, disse em 2008, “Só os ignorantes me chamam presidente”. Acho que não é por aí. Creio que alguém pode preferir o termo presidente pra falar de Dilma, a menos que, pra justiticar esse tratamento, a pessoa insista que a língua é neutra, que a forma presidenta é errada e acabou, que presidenta é um excesso das feministas enlouquecidas. Falou qualquer uma dessas besteiras? É ignorante (e ignorante não como insulto, mas no sentido de não saber do que está falando e você precisa se informar mais, meu filho).
Na minha modesta opinião, quem escreveu o melhor e mais completo artigo sobre o assunto foi Diego Ramirez, vulgo Jiquilin, um jovem linguista. E isso há mais de um mês. Ele mostra que, em vários vocábulos, a inflexão masculina ou feminina consta na mesma palavra. Mas, no caso de palavras terminadas em “e”, o que define se é masculino ou feminino está fora: “É que gênero, neste caso, aparece além da palavra: 'o valente', 'a valentona', 'o cara valente', 'a mulher valente'. Nestas orações, realmente não houve nenhuma mudança morfológica no nome 'valente'. Contudo, o gênero estava marcado de uma outra forma morfológica: no artigo!” Por isso, pra salientar que agora a presidência é exercida por uma mulher, justifica-se usar presidenta.
E, como disse Sírio, não é por poder dizer presidenta que vamos dizer diferenta. Ô gente, isso é uma grande viagem! Não é porque algumas palavras masculinas terminam em “o” que temos que colocar “o” em todas as palavras masculinas. É um lápis, certo? Não um lápiso! Não é futebolo. Podemos usar presidenta Dilma sem medo de ser feliz, sem ter que modificar todas as palavras terminadas em "e" ou toda a língua portuguesa.
Outra que escreveu um post divertido pra responder o Dines foi a Bárbara. Ela lembra que chamar Dilma de presidenta tem um motivo: “está aí pra marcar o fato de que o cargo de Presidente da República é agora ocupado por uma mulher. UmA. Mulher. A gramática da língua portuguesa é toda machista, nunca vi nenhum desses paladinos da verdade e da justiça reclamarem. Agora que só essa palavrinha foi proferida pra marcar uma conquista das mulheres nesse país, f*deu. Crime constitucional!”
Pessoalmente, não sou a maior adoradora do termo presidenta. Causa desconforto, e fica fácil pros reacinhas adaptarem pra presidanta. Mas seria estúpido eu extinguir um termo pelo uso que adversários farão dele. E, na realidade, o termo presidenta causa desconforto porque é incomum. E por que é incomum? Ahn, porque nunca tivemos uma mulher eleita pra exercer a presidência? Como diz Sírio, “A novidade não é a forma feminina. A novidade é uma mulher no cargo.” E ele aponta que, quando o primeiro operário foi eleito, causou-se a mesma estranheza: como tratá-lo, por você ou por senhor? (hoje, graças aos céus, senhor está quase aposentado, ou, como já dizia um homem de meia idade pra quem perguntei, quando eu era criança, “O senhor tem as horas?”: “O Senhor está no céu; são dez horas”).
Pra mim, a questão é essa: Dilma foi eleita (não adianta espernear, você aí à direita), colocou placa no seu carro oficial de Presidenta da República, na sua posse falou em presidenta várias vezes, ou seja, está pedindo pra ser chamada de presidenta (e o fato de praticamente toda a velha mídia definir que vai tratá-la como presidente, e não como ela quer ser chamada, já demonstra seu posicionamento. Esquerda no poder? Somos contra!). E então, se não faz tanta diferença assim chamá-la de presidenta, dá pra ser? Claro que não! Quem ela pensa que é? Uma mulher querendo definir a forma como será tratada, onde já se viu? Daqui a pouco ela vai dizer que o corpo também é dela! A gente dá a mão e ela já quer o braço. Mais uns dias e ela vai querer até mandar no país!
Delicioso texto...ri do início ao fim, apesar de não achar a menor graça na causa real dessa palhaçada: o machismo ignorante que ainda comanda a nossa sociedade!
ResponderExcluirLolinha, o Alex Castro falou uma coisa ótima que eu até postei no facebook: "Se uma pessoa ou grupo pede pra ser chamado de um jeito (presidenta, cadeirante, afro-brasileiro, etc) e você se recusa (porque, lógico, VOCÊ é que sabe como ELES devem ser chamados!), saiba que é um babaca. Sem mais, Alex Castro."
ResponderExcluirSobre a feminilização da língua, recomendo o documentário O Zero Não é Vazio (sobre o qual comentei ontem, aliás), que aborda a sanidade presente na loucura. O filme começa com a história de Orlando, um homem que subitamente sentiu vontade de explorar o universo feminino e passou a se travestir. Depois começou a feminilizar as palavras e assinar "Orlanda, a travestá". Ele também questiona trechos machistas da Bíblia, entre outras "loucuras sãs". Acho que vc vai gostar.
Quem é liberal não precisa mesmo espernear porque nem há motivo pra isso. Mas pode rir à vontade.
ResponderExcluirNa verdade, a Presidência da República deve definir, no início do mandato, se utilizará o termo presidente ou presidenta nos documentos oficiais. Provavelmente eles definiram que seria presidenta, ou seja, esperneando ou não, oficialmente ela será chamada de presidenta.
ResponderExcluirAdoro usar o termo "Presidenta", só chamo a Dilma dessa forma. Acho que tem até um sentido político em usar o termo feminino, já que é a primeira vez que temos uma mulher na presidência. Ora, o cargo mais importante do Brasil é finalmente ocupado por uma mulher, então digo presidenta sim! E que no futuro, que tenhamos mais Presidentas, e, de preferência de esquerda né rs
ResponderExcluirQue bom seria se os ataques gratuitos contra a Dilma terminassem aí, no uso de um termo diferente do que ela escolheu...
ResponderExcluirSe é certo ou não, não faz muita diferença, porque as palavras são criadas, usadas e popularizadas antes de irem parar nos livros e dicionários. Então, mesmo se essa palavra não existisse nos dicionários, seria o caso de simplesmente mudar os dicionários.
Só acho estranho, tanta discussão em torno de uma única palavra, enquanto que aquela m*** chamada 'reforma ortográfica' complicou muitas palavras e bem menos gente tá reclamando...
É curioso que um tema desses tenha ocupado espaço na mídia. Creio que seja falta do que fazer; com a queda do PSDB-Demo e a quase inexistência de temas contrários ao novo governo a serem explorados, foca-se em perfumarias: uma mulher bonita na posse, o termo presidenta, e por aí vai. Daqui a pouco vão estar falando de outra bobagem, o negócio é não dar mais trela a um assunto tão insignificante. E viva a Dilma, seja ela Presidente ou Presidenta, pra mim sinceramente tanto faz.
ResponderExcluirGovernador - Governadora
ResponderExcluirPrefeito - Prefeita
Senador - Senadora
Deputado - Deputada
Vereador - Vereadora
enton...
Presidente - Presidenta
tipo, a língua é algo vivo, não deve deixar de evoluir com a sociedade, certo?
Lola,
ResponderExcluirSei que estou fora do assunto, mas escrevo para relatar um absurdo crime contra a cultura brasileira que está para ocorrer em São Paulo: o fechamento do Cine Belas Artes, depois de 68 anos de portas abertas. Tudo porque o novo proprietário, herdeiro, quer alugar para uma loja! Como se não houvesse lojas em São Paulo! Vamos perder o cinema de melhor programação da cidade! Veja a notícia: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/855158-apos-68-anos-belas-artes-vai-fechar-as-portas-em-sao-paulo.shtml
Lola, você sabe da importância do cinema para a cultura nacional e, principalmente, adora cinema! Já estamos tentando medidas judiciais cabíveis. Por favor, seria de imensa ajuda que você escrevesse ao menos uma notinha no blog sobre esse impropério e que divulgasse o link para o abaixo-assinado contra o fechamento, que já reune mais de cinco mil assinaturas: http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/assinar/7873
Lola, não vamos ficar calados diante disso!
Muito obrigado!
Lola, nada a ver com o artigo em questão, mas acabo de ler sua crítica sobre "O Lutador", filme com Mickey Rourke e fiquei horrendamente ofendido com este comentário:
ResponderExcluir"Desculpe, mas tenho tanto respeito por fãs de luta livre quanto por rapazes que jogam videogames simuladores de estupro. Inclusive, não duvido que seja o mesmo público. É toda uma mentalidade frat-boy (universitários americanos que adoram strippers e bebida e associam masculinidade com violência) que eu desprezo."
Sou fã de luta livre profissional desde meus dez anos de idade, acompanho os bastidores do esporte fervorosamente todos os dias e devo dizer que seu comentário foi, com todo respeito, de uma ignorância enorme.
Há uma grande diferença entre "fã de luta" e "fã de violência". As duas coisas não andam de mãos dadas.
Se quiser, um dia podemos conversar a respeito e eu te mostro como sua percepção da coisa está errada.
E Archilla, minha jovem, deixei um comentário no artigo mais recente do seu blog, "Acordei que Sonhava". Dê uma olhada quando tiverdes tempo.
O TEXTO ESTÁ PERFEITO!
ResponderExcluirSempre falei "presidenta", porque havia visto justamente na velha gramática que a expressão era válida. Isso há uns bons anos, na escola. Por que de repente todo mundo virou a cara para o termo no feminino? Teve gente que me disse que era falta de escola, que o pessoal não aprendeu gramática direito, que a imprensa contrata jornalistas cada vez mais mal formados. Eu prefiro mesmo imaginar um bando de reacinhas batendo o pé: "aquela bruxa conseguiu ser eleita, mas eu não vou chamá-la da maneira como ela quer, não vou, NÃO VOU"!
ResponderExcluirAchei bem curiosa essa observação a respeito de Michel Temer não "poder" atuar como vice, pois aí ele teria que ser submetido à terrível OFENSA de ser chamado de "presidenta". Gozado que a Dilma pode ser chamada de presidente e não ofende, né? tsc, tsc...
Não entendi uma coisa: por que o Temer seria chamado de vice-presidentA (e não vice-presidente)?
ResponderExcluirSempre entendi que o vice é vice do cargo, não da pessoa que o ocupa...
Estou enganado?
Se fosse o inverso, penso que Temer seria Presidente e a Dilma Vice-presidentA. Ou não?
Oi, Amer, vou responder por aqui mesmo, afinal, o blog da Lola é minha segunda casa virtual, haha. Eu tenho facebook, me procure por lá... :)
ResponderExcluirAcho q não faz mt diferença chamar a Dilma de presidente ou presidenta. "Presidente" termina com "e", letra que, no português, ñ indica gênero, portanto, podemos considerar neutra. Vamos agora falar Michela, Daphna, Stéphana e Jaquelina? Ñ existe "estudanta", "traficanta", "gerenta". Eu msm prefiro a forma "a presidente" e ñ vejo machismo nisso. Acho "presidenta" muito tosco. Ñ me lembro mt bem dos detalhes, mas a poetisa Cecília Meirelles defendia justamente o oposto de feminilizar as palavras. Ela dizia: "sou poeta", e não "sou poetisa".
ResponderExcluirNa França, país q consideramos socialmente mais avançado q o Brasil, a Academia é contra essas feminizações sem sentido. Ela estatui que o certo em algumas palavras é a forma masculina tanto para o homem qt para a mulher. Ou seja, lá, falaríamos "o ministro da casa civil Dilma Rousseff" ou "o presidente do Brasil Dilma Rousseff".
Uma vez, li em uma questão de uma gramática no Ensino Médio com um texto de um gramático português do sec. XVI, + ou -, q dizia que as palavras vêm das coisas, não o contrário. Mudar a gramática não vai mudar nossa realidade. A realidade é que pode mudar a gramática. Chamar cego de deficiente visual pode ser mais educado, se ele prefere, mas não vai fazê-lo enxergar.
Archilla, eu acho que a localizei no Facebook, dê uma olhada.
ResponderExcluirOlha, nem sabia que "presidentA" existia mesmo no dicionário! Que legal :)
ResponderExcluirMais legal ainda é toda essa reflexão que vem surgindo.
Estou adorando seus textos, Lola!
Pura falta de costume... afinal, o termo já existe. A novidade está em PODERMOS usá-lo.
ResponderExcluirMas que bom que os costumes podem mudar sim! (está acontecendo agora!)
Pois é Eduardo Marques "A realidade é que pode mudar a gramática." E é o que está acontecendo de certa forma, não? (afinal o termo já existe nas melhores gramáticas, lembra?!)
E que venham muitas presidentas nas empresas, instituições e no governo do país!
"VIVA A PRIMEIRA PRESIDENTA"
No site oficial da Presidência eles estão usando o termo "presidenta", mesmo.
ResponderExcluirEu creio que vou usar presidente por conforto, costume. Assim como falo "a minha gerente".
Mas, como algumas pessoas já lembraram, a língua é algo vivo, e nem se toda a imprensa e a própria Dilma falarem que querem o "presidenta", não quer dizer que é o termo que as pessoas vão adotar.
ResponderExcluirAcho que a gente só vai saber daqui a alguns anos se, afinal, o termo pega na população. Por enquanto está restrito. Vai ser interessante observar se a imprensa vai conseguir popularizar o termo, como faz com as gírias, por exemplo. Ao vivo, eu ainda não vejo ninguém falando "presidenta" naturalmente.
Acho o termo estranho, mas é por falta de costume e pra mim, quem se incomoda tanto como esse jornalista, é porque não quer que o fato de uma mulher ter chegado a presidência tenha tanta relevância.
ResponderExcluirOra, no dia em que for comum mulheres chegando a presidência de um país, então nós paramos de enfatizar isso, ué.
Eu prefiro 'presidente' porque vejo como uma palavra de uso tanto feminino quanto masculino e isso me agrada. Se o termo fosse 'presidento', defenderia o uso de 'presidenta'.
ResponderExcluirContudo, se a ocupante do cargo tem o direito de escolher como prefere ser chamada, 'presidenta' it is.
presidente seria uma palavra inflexivel. Mas como a lingua é adaptavel, chama do quisé caralho!!
ResponderExcluirTriste mesmo eu acho o fato de a gente ter uma presidenta porque o presidente a inventou como candidata. Feminismo à brasileira.
ResponderExcluirO Michel não tem nada a temer, hehe. Será vice do cargo (presidente) e não da que ocupa o cargo,vice presidenta seria ridículo.
ResponderExcluirA propósito, me emocionei quando vi a Dilma fazendo a revista das forças armadas e beijando a bandeira, caaaaramba, pensei, eles estão sob o comando dela. Que responsabilidade!
Ah, e achei engraçadinho ela aos pés da rampa abrindo os braços discretamente para o Lula lá no alto, tipo "olha o que você fez".
Oi,
ResponderExcluirAcabei postando a resposta para o seu post em outro blog, mas a idéia essencial é que o movimento feminista, sempre que possível, defendeu a utilização de palavras comum de dois (neutras) para definição de profissões (chairperson ao invés de chairman, flying attendant ao invés de air stewardess, e por aí vai...). Assim, quem prefere presidente não está sendo machista. Muito pelo contrário. Está defendendo uma bandeira que o feminismo no mundo inteiro vem levantando há décadas: a de que qualquer pessoa pode exercer uma profissão, sem pedir licença de gênero, que a linguagem deve ser menos sexista. Sim, a feminização da lingua também foi muito defendida pelo feminismo em linguas latinas (doutor/doutora, professora/professor), mas sempre se deu preferência às denominações neutras quando isso era possível. É por isso que, em lingua portuguesa, poeta passou a ser mais politcamente correto que poetiza. Nenhuma mulher – ou homem – precisa pedir licença a um gênero para ser poeta e peotizar poesia. E ninguém tinha coragem de negar que Cecille Meirelles era uma poeta muito melhor que muitos poetas de sua época. :)
A minha resposta completa está aqui:
http://liberdadeaqui.wordpress.com/2011/01/09/3660/#comment-425
É por isso que, independentemente das minhas tendências políticas, como feminista, eu prefiro falar "a presidente", pois está mais de acordo com o movimento feminista, que defende a neutralidade de gênero para o exercício de função e a univeralidade do acesso aos cargos. No Brasil, aliais, já houve várias presidentes e muitas delas lutaram pela causa da mulher.
Beijo,
Gabi