Achei uma graça a comédia dramática Minhas Mães e Meu Pai (tradução estranha pra um título esquisito, The Kids Are All Right, “as crianças estão bem”), que acabou de ganhar (merecidamente) o Globo de Ouro. Ri, me emocionei, chorei no final, gostei de quase todos os personagens, do ritmo do filme ― enfim, de tudo. Até que, depois de assisti-lo, comecei a pensar um pouco, li algumas reclamações, e constatei que, ao contrário do “all right” do original, nem tudo tá bem com o filme (trailer legendado aqui).
A história é de um casal de lésbicas, as incríveis e maravilhosas Annette Bening (Beleza Americana) e Julianne Moore (Longe do Paraíso) ― duas atrizes que merecem ganhar o Oscar urgentemente (Annette tem chances, depois de conseguir o Globo de Ouro, mas vai competir com Natalie Portman) ―, que têm dois filhos adolescentes (um do útero de cada, através de inseminação artificial). Parece que, nos EUA, quando um filho nascido através de doador completa 18 anos, ele pode perguntar à clínica quem é seu pai biológico, e, se o pai topar conhecê-lo, eles trocam telefones. Bom, ao menos é isso que acontece no filme, e os filhos (a garota é Mia Wasikowska, protagonista de Alice no País das Maravilhas) do casal lésbico acabam se encontrando com Mark Ruffalo (E se Fosse Verdade), que havia sido doador de esperma dezoito anos atrás. Mas gente, pra falar do problema do filme precisarei falar um pouquinho sobre o que ocorre no filme, então tem uns spoilers pela frente. Seguinte: a personagem da Julianne tem um caso com o Mark.
Pelo que li em alguns fóruns, vários casais de lésbicas nos EUA deixaram a sessão quando Julianne e Mark transam pela primeira vez. Elas tinham ido ver uma comédia feita por uma diretora lésbica, Lisa Cholodenko (de High Art e vários episódios de The L Word), sobre um casal lésbico, sobre como é pra duas mães criarem os filhos, e de repente veem uma lésbica traindo a outra com um cara. E ficaram indignadas. Entendo a indignação. Quer dizer, se a gente for só ver o personagem pelo lado individual, é justificável que a lésbica sinta-se atraída por um homem. Ela está passando por uma crise no casamento, tem baixa autoestima, está começando um trabalho novo, sua esposa é bastante controladora, e lá está um sujeito legal que lhe dá apoio e um pedaço de torta. Essa pessoa podia ser homem ou mulher que talvez, nessa situação específica, ocorreria o adultério. Mas esse “lado individual” ofusca o contexto, que é: quantos casais lésbicos a gente costuma ver no cinema? Zero? E o que diz o senso comum sobre as lésbicas? Que é falta de homem, certo? Que só pode ser lésbica quem não tem um macho por perto. Em filmes com casais héteros em que o marido tá em crise, ele não vai trair a mulher com outro homem, vai? Em filmes com casais de homens gays, o gay não vai trair seu parceiro com uma mulher, vai? Então por que diabos num filme sobre um casal de lésbicas a mulher tem que trair sua parceira com um homem? Pra mim tudo faz sentido no plano individual, no universo do filme, mas olhando o contexto, fica mais complicado. É como Silêncio dos Inocentes, duas décadas atrás. Na época, achei ridículo grupos GLBT protestarem contra aquele filme magnífico. Pô, o que que tem que o serial killer seja um homem querendo virar mulher? Mas quando a gente começa a ver o tratamento que Hollywood dá aos gays (recomendo fortemente o documentário The Celluloid Closet) ― os gays ou não existiam nos filmes ou eram objeto de escárnio ―, o protesto faz sentido. (Esclareço que não vi nenhum grupo organizado protestar contra Minhas Mães, apenas reclamações individuais de lésbicas).
E me incomoda o jeito que as cenas de sexo ― já é bizarro que num filme que retrata um casal de lésbicas só haja cenas de sexo entre Julianne e Mark (que formavam o casal de Ensaio sobre a Cegueira) ― são representadas em Minhas Mães. A atitude e o olhar da Julianne ao ver o pênis de Mark é como se Uau, era exatamente isso que estava faltando na minha vida! Bem mais tarde, ela revira os olhos e explica pra Mark que é lésbica, mas é bem diferente você ver felicidade sexual e ouvir “Não é disso que eu gosto”. Enfim, compreendo essa incoerência do ponto de vista da personagem, mas, se estamos falando de um cinema em que lésbicas raramente aparecem, pega mal.
Como sou hétero, tudo isso passa por mim voando, sem me causar reflexão. Durante o filme, o que mais me incomodou foi como Julianne trata seu jardineiro mexicano. Aquilo fez a personagem desabar no meu conceito. E, até então, todos os personagens eram lindos e queridos, com a exceção gritante do melhor amigo do filho adolescente (que é cruel com animais). Num determinado momento, o filho pergunta às duas mães por que elas gostam de pornô gay, não lésbico, e Julianne explica: “Os pornôs gays são mais verdadeiros. Nos pornôs lésbicos, costumam contratar mulheres hétero para interpretar lésbicas”. E não só nos pornôs, né, Julianne e Annette?
A história é de um casal de lésbicas, as incríveis e maravilhosas Annette Bening (Beleza Americana) e Julianne Moore (Longe do Paraíso) ― duas atrizes que merecem ganhar o Oscar urgentemente (Annette tem chances, depois de conseguir o Globo de Ouro, mas vai competir com Natalie Portman) ―, que têm dois filhos adolescentes (um do útero de cada, através de inseminação artificial). Parece que, nos EUA, quando um filho nascido através de doador completa 18 anos, ele pode perguntar à clínica quem é seu pai biológico, e, se o pai topar conhecê-lo, eles trocam telefones. Bom, ao menos é isso que acontece no filme, e os filhos (a garota é Mia Wasikowska, protagonista de Alice no País das Maravilhas) do casal lésbico acabam se encontrando com Mark Ruffalo (E se Fosse Verdade), que havia sido doador de esperma dezoito anos atrás. Mas gente, pra falar do problema do filme precisarei falar um pouquinho sobre o que ocorre no filme, então tem uns spoilers pela frente. Seguinte: a personagem da Julianne tem um caso com o Mark.
Pelo que li em alguns fóruns, vários casais de lésbicas nos EUA deixaram a sessão quando Julianne e Mark transam pela primeira vez. Elas tinham ido ver uma comédia feita por uma diretora lésbica, Lisa Cholodenko (de High Art e vários episódios de The L Word), sobre um casal lésbico, sobre como é pra duas mães criarem os filhos, e de repente veem uma lésbica traindo a outra com um cara. E ficaram indignadas. Entendo a indignação. Quer dizer, se a gente for só ver o personagem pelo lado individual, é justificável que a lésbica sinta-se atraída por um homem. Ela está passando por uma crise no casamento, tem baixa autoestima, está começando um trabalho novo, sua esposa é bastante controladora, e lá está um sujeito legal que lhe dá apoio e um pedaço de torta. Essa pessoa podia ser homem ou mulher que talvez, nessa situação específica, ocorreria o adultério. Mas esse “lado individual” ofusca o contexto, que é: quantos casais lésbicos a gente costuma ver no cinema? Zero? E o que diz o senso comum sobre as lésbicas? Que é falta de homem, certo? Que só pode ser lésbica quem não tem um macho por perto. Em filmes com casais héteros em que o marido tá em crise, ele não vai trair a mulher com outro homem, vai? Em filmes com casais de homens gays, o gay não vai trair seu parceiro com uma mulher, vai? Então por que diabos num filme sobre um casal de lésbicas a mulher tem que trair sua parceira com um homem? Pra mim tudo faz sentido no plano individual, no universo do filme, mas olhando o contexto, fica mais complicado. É como Silêncio dos Inocentes, duas décadas atrás. Na época, achei ridículo grupos GLBT protestarem contra aquele filme magnífico. Pô, o que que tem que o serial killer seja um homem querendo virar mulher? Mas quando a gente começa a ver o tratamento que Hollywood dá aos gays (recomendo fortemente o documentário The Celluloid Closet) ― os gays ou não existiam nos filmes ou eram objeto de escárnio ―, o protesto faz sentido. (Esclareço que não vi nenhum grupo organizado protestar contra Minhas Mães, apenas reclamações individuais de lésbicas).
E me incomoda o jeito que as cenas de sexo ― já é bizarro que num filme que retrata um casal de lésbicas só haja cenas de sexo entre Julianne e Mark (que formavam o casal de Ensaio sobre a Cegueira) ― são representadas em Minhas Mães. A atitude e o olhar da Julianne ao ver o pênis de Mark é como se Uau, era exatamente isso que estava faltando na minha vida! Bem mais tarde, ela revira os olhos e explica pra Mark que é lésbica, mas é bem diferente você ver felicidade sexual e ouvir “Não é disso que eu gosto”. Enfim, compreendo essa incoerência do ponto de vista da personagem, mas, se estamos falando de um cinema em que lésbicas raramente aparecem, pega mal.
Como sou hétero, tudo isso passa por mim voando, sem me causar reflexão. Durante o filme, o que mais me incomodou foi como Julianne trata seu jardineiro mexicano. Aquilo fez a personagem desabar no meu conceito. E, até então, todos os personagens eram lindos e queridos, com a exceção gritante do melhor amigo do filho adolescente (que é cruel com animais). Num determinado momento, o filho pergunta às duas mães por que elas gostam de pornô gay, não lésbico, e Julianne explica: “Os pornôs gays são mais verdadeiros. Nos pornôs lésbicos, costumam contratar mulheres hétero para interpretar lésbicas”. E não só nos pornôs, né, Julianne e Annette?
Gente, eu parei esse filme na metade. Nao foi por indignacao nao, foi por chatisse mesmo.
ResponderExcluirAlém de tudo isto, o sexo entre elas é feito (se não em todas as vezes, ao menos em algumas delas) com o uso de um pênis artificial. Você tem razão. A idéia de uma falta de falo (de pau, mesmo) está bem presenta do filme.
ResponderExcluirIdéia que, diga-se, está relacionada não exclusivamente às lésbicas, mas a todas as mulheres. O que nos falta é pau. Mesmo que seja emprestado.
"The Kids Are Alright" é uma música do The Who: http://www.youtube.com/watch?v=afam2nIae4o
ResponderExcluirEu achei que o título era "The Kids Are Alright", que é título de uma música e um documentário sobre o The Who.
ResponderExcluirA música do Who tem a ver com a história, a letra é assim:
"Don't mind other guys dancing with my girl
That's fine, I know them all pretty well
But I know sometimes I must get out in the light
Better leave her behind with the kids, they're alright"
http://www.youtube.com/watch?v=rmowtt9vhLY
Só que o título não é esse e minha teoria foi por água abaixo, hehe.
Depois que eu assistir ao filme venho contar a minha opinião, mas acho que as pessoas estão certas em criticar essa postura de retratar lésbicas como pessoas incompletas porque falta-hes um pau.
"O que nos falta é pau. Mesmo que seja emprestado. "
ResponderExcluirAUHIAHA a sinceridade das mulheres impressiona!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConfundi tudo, o título do filme é praticamente o mesmo da música. Hehe Dislexia e meu sobrenome.
ResponderExcluirCurti muito o filme. Concordo c/ a crítica qto à explicitude(?) do sexo entre a Julianne Moore c/ o Rufalo, não utilizada qdo ela é chupada pela sua companheira.
ResponderExcluirMas aí tb tem o lance de mostrar o sexo acomodado e regrado de um casal casado há mto tempo, a companheira careta e tal.
Por outro lado ñ se pode esquecer q a personagem da Annete Bening ñ tem esse impulso sexual pelo Rufalo.
Concordo q possa soar no clichê, "o q ela precisava", mas pq ñ uma bissexual q fez a opção pela monogamia lésbica por amor a sua companheira? Ainda mais pq ela se apresenta como "hippie", q remete a liberdade sexual.
Deletei o outro coments pq eu não escrevi a ultima frase direito...
ResponderExcluirLola,
Otima dica ! assistirei com certeza.
Esse negocio de "ah vc é lésbica, precisa de um pinto" é tão revoltante...
Cheguei a perguntar para um rapaz que me afirmou isso se ele mesmo não parou para pensar no seguinte:
Ele, como homem não vê que está resumindo a importancia do proprio genero dele a um membro?
Parece que um homem so faz bem para uma mulher se ele tiver um penis, perguntei ainda numa hipotese totalmente absurda:
E se uma mulher resolve se apaixonar por um eunuco? Não seria a mesma coisa né....tá faltando "algo"
Só para esclarecer antes que alguem venha me apedrejar, não estou falando uma companheira lesbica se assemelhe a um eunuco ou coisa assim...foi apenas uma figura que eu fiz...para ilustrar a retorica
Eu fico meio zangada quando alguem vira e mexe toca neste aspecto, esquecem completamente que vc esta com alguem por outros motivos, muito mais importantes.
Que sei lá, não é um penis que vai fazer uma mulher mais ou menos completa sexualmente falando.
enfim...
Eu ainda não assisti, mas lendo a sinopse pensei exatamente nessa questão. Lésbicas são tão pouco representadas e quando aparecem uma das parceiras trae a outra com um homem... Que legal, né? E eu assisti The Celluloid Closet por recmendação sua e já recomendei para muita gente. É ótimo.
ResponderExcluirÉ como colocar negros em novelas brasileiras para serem os vilões... Aparecem tão pouco e, quando são msotrados fora do circuito empregada doméstica-bandido-segurança-motorista ainda são vilões ou corruptos... Ham-ham...
não vou comentar o filme porque ainda não vi. mas em princípio, concordo com a lola: no campo individual, nada demais, mas olhando o contexto é um pouco decepcionante.
ResponderExcluirSobre novelas e negros: o exemplo é bom, gente, mas para novelas dos anos 80. a imagem do negro melhorou muito: o lazaro ramos, por exemplo, está na novela das 8 com um designer premiadíssimo, solteiro e cobiçado. Camila Pitanga já fez papel de médica. Taís Araújo já protagonizou novelas no horário nobre.
Claro que ainda tem muito, muito o que melhorar na novela brasileira, tanto para negros quanto para gays (que, no total, sao seis na nova novela das oito, mas o autor disse que n terá beijo), mas as coisas estão mudando.
Não tinha pensado nisso. E de fato faz sentido, mas acho que tudo se ameniza com o desenrolar da história. Afinal, a Julianne é veemente quando diz ao Mark que é gay. Depois disso passei a perceber o personagem dele meio que como um "bobo". Ele não continuou sendo o galã super interessante, misterioso e envolvente. Tipo, ele estava tendo ilusões que envolviam uma fuga com a personagem da Julianne enquanto esta passava a ter consciência de que tudo não passou de uma aventura...
ResponderExcluirA crítica me deu vontade de ver mais o filme.
ResponderExcluirEu tenho observado que o cinema tem modificado algumas posturas, mesmo que timidamente.
Quero ver o filme.
É bem fácil para nós, Heteros, olhar e entender a indignação de quem não curtiu o filme, de quem se ofendeu com ele e tals.
ResponderExcluirMas é um exercício, e não desistimos, certo?
Ainda não assisti ao filme mas me passou pela cabeça q talvez o filme tentasse tratar de liberdade sexual, não? Para além dos conflitos da sexualidade, para além dos rótulos... Q se uma lésbica quer trepar com um homem ela pode, e sem deixa de ser lésbica por isso?
Mais uma abordagem de um comportamento individual (talvez relacionada a alguma experiência da diretora)..
Mas não sei, por favor, como disse, é bem fácil pra mim, HT, cheio de privilégios tentar diminuir o emputecimento alheio e não é isso que eu quero. é só uma possível leitura e gostaria de saber a opnião de quem viu e não gostou... Pelo menos qdo eu assistir vou poder analoisar esses aspectod (que provavelmente passariam despercebidos)..
Comecei a ler teu post de hoje mas antes fui olhar o filme que ja estava na minha lista de filmes.. achei bem bom o filme, e tb (agora ja li teu post) achei estranho ela ter um caso com o cara mas como ela explica depois, pela carencia e por nao ser reconhecida pela parceira talvez fez sentido... nao sei... mas amo filmes como esses, esses filmes que sao "fatias da vida".. achei bem legal =) só atores bons tb!
ResponderExcluirLola, não tem nada a ver com o post, mas o q vc achou da primeira eliminada do BBB11 ser a transexual, com 50% dos votos???
ResponderExcluirOutra coisa que incomoda:
ResponderExcluirO termo "Recaída"
Vc sai com alguem do sexo oposto e alguem lhe diz:
"nossa, vc teve uma recaida?"
Como assim? Tava 'doente' e não sabia, tava 'sã' e fiquei 'doente' depois?
Iseedeadpeople, sobre a 1a eliminada ser a transsexual, eu achei péssimo. Até pq tinha no twitter um movimento de #ficaariadna. Que depois, quando ela foi eliminada, virou #voltaariadna, ha ha, o pessoal é muito criativo. Tinha um monte de piadinha ridícula no meio, mas tb tinha muita gente reclamando do preconceito, e dizendo que a Ariadna contribuiria mais pro BBB que os outros participantes.
ResponderExcluirThiago, pois é, pensei nisso, o que que tem lésbica transar com homem? E aí que tá: individualmente não tem nada de errado mesmo, liberação sexual e tal, mas, num contexto de que "lésbica é mulher que não tem pau por perto", e de "lésbicas são invisíveis no cinema", pega mal. E eu acho que o contexto é sempre mais importante (principalmente no caso de uma indústria, como o cinema) do que o caso individual. Enfim, tenho certeza que vai ter lésbica que não vai achar nada de mais a Julianne e o Mark transarem, mas, pelo que vi, uma boa parte ficou bem chateada.
não vi o filme e nem vejo bbb, mas acho que tenho a resposta para primeira eliminaçao:
ResponderExcluirhttp://lista10.org/miscelanea/os-10-grupos-de-pessoas-mais-odiados-do-brasil/
Fui assistir esse filme de galera. No grupo, se fosse para estabelecer fronteiras, seríamos três héteros, um gay, uma lésbica e duas bi.
ResponderExcluirO engraçado é que nos solidarizamos mais com o personagem do Ruffalo. Sentimos que ele foi usado pela família, pelos filhos em seu momento de autodescoberta e pela personagem da Moore em sua crise conjugal. Depois, foi descartado de volta para sua solidão.
É um filme meio careta. Temos as duas lésbicas passando por problemas típicos de uma relaxão monogâmica de longa duração. Há o tempo todo uma coisa de "família lésbica, mas normal". Tanto que é o filho dos outros que tem um comportamento "problemático" (que é a coisa mais clichê do mundo, moleque que se veste de preto, usa drogas e maltrata bichos. Era assim que eu era vista quando era uma adolescente metaleira, mesmo sem usar drogas e adorando bichos).
Eu fiquei pensando que um final melhor seria se os três adultos conseguissem conciliar suas questões. O filme opta por não contestar a moralidade que prescreve uma família nuclear como a única forma para a socialização saudável de uma pessoa. E, na vida real, sabemos de múltiplas configurações...
Agora, concordo que se era pra mostrar sexo entre Moore e Ruffalo, também deveriam mostrar entre Moore e Benning, mesmo se não fosse tão excitante por causa do desgaste da relação.
ahh lola, eu não vi com os mesmos olhos esse movimento #ficaariadna no twitter não.
ResponderExcluirA galera só queria que ela ficasse pra ver algum cara pegando ela e depois poder zoar ele. A maioria, pelo menos.
Quero bastante ver o filme. Mas assim, falando da polêmica, eu entendo que, dentro de todo um contexto, é estranho que num casal lésbico em crise a mulher vai trair a outra justo com outro cara. Perguntar "porque não?" soa ingênuo, ta, ta, eu sei. Mas assim, se a homossexualidade fem ou masc passa longe de ser abordada nos cinemas, assim, falando num circuito hollywoodiano, - e sobretudo de uma forma menos caricata, o que dizer da bissexualidade??
ResponderExcluirDo ponto de vista de uma bissexual: as pessoas sabem o que é lésbica, sabem o que é gay. Agora, bissexual é que não pode ser! Eu tive uma namorada por dois anos, fiquei um tempão sem transar com meninos, e quando transei de novo com um moço, podem acreditar que eu fiz uma puta cara de surpresa ao ver o pênis do rapaz. Sei lá, não tava acostumada, foi de surpresa mesmo, e não "era isso que eu queria!". E esse exemplo é muito bom, porque o rapaz em questão tinha terminado um relacionamento com uma mulher gorda. E pra ele era super estranho estar com alguém como eu - bem, eu não sou muito magra, mas enfim, a ex dele era mais gordinha que eu. Era estranho porque ele tava acostumado a estar com alguém maior, fisicamente maior do que eu. Pra mim é isso, a moça ficou surpresa com o pinto do moço pq não estava acostumada.
entendem o que eu quero dizer?
Isso quando as lésbicas não são representadas como promíscuas né?
ResponderExcluirVendo a sua crítica, não fiquei com vontade de ver esse filme, não. Mas com certeza vou ver o trailler para ver o atorzinho gatchééénho!
(sem querer ser chata, mas promiscuidade por si só é uma coisa ruim?)
ResponderExcluirpatrix
ResponderExcluirQuando a sociedade só coloca essa representação para um grupo de pessoas, sim, pq acaba limitando. Não sei se deu para entender.
Concordo com a Ana
ResponderExcluirQuando vc diz "eu sou bi, ou eu sou lesbica" automaticamente algumas pessoas lêem na sua testa
"hum, safadinha" no sentido mais perjorativo possivel
péssimo....
Quero ver esse filme.
ResponderExcluirLola, eu não vi um dia sequer do BBB11, por isso não sei quais foram os critérios para os indicados ao paredão, mas não acha muita coincidência que logo na primeira e numa pancada só já tenham ido para a linha de fogo um gay, uma transsexual e uma negra?!
A partir de agora é que eu não pretendo ver nada mesmo.
Eu pensei exatamente a mesma coisa quando assisti!
ResponderExcluirO filme é fofo! Eu ri, chorei, enfim.. me envolvi!
Mas po, é tão difícil ver um filme sobre homossexualismo leve, que é suposto ser pra todos (no melhor estilo filme família) e eles tem que estragar colocando a mulher pra ter um caso com o primeiro homem que vem pela frente?
Achei meio infeliz... Perdeu a chance de ser um filme emblemático!
Of post
ResponderExcluirOi Lola, não faço a mínima idéia de como cheguei ao seu blog - é sempre a mesma coisa de um link, vai pra outro, que vai pra outro que vai outro- mas sou obrigada a parar aqui e dizer que seu blog foi um dos mais legais que já encontrei.
Muito bom mesmo!
Abraços
aiaiai, obrigada pelo link! Compartilhei no Facebook!
ResponderExcluirO problema, nesse filme específico, não está no fato de que uma delas tem um caso com um homem - embora esta seja uma história tão clichê em filmes sobre lésbicas (perdendo apenas para a morte, especialmente por suicídio, de uma das envolvidas).
ResponderExcluirA grande derrapada do filme para mim foi a cena de sexo entre as mulheres, que quer ter efeito cômico, e acaba sendo simplesmente constrangedora, ridícula, ao contrário das cenas de sexo "hétero". É decepcionante, para dizer o mínimo, vindo de uma diretora lésbica...
Gentéeem, me lembrei de um outro filme cujo a protagonista é lésbica. O problema é que aloka aqui fez o favor de esquecer o nome, mas escreverei uma rápida sinopse que vai que algum outro comentarista lê, lembra e revela o título (ou a própria Lola).
ResponderExcluirÉ uma comédia romântica, totalmente cuti cuti, no padrão família. Conta a história de dois irmãos (uma mulher e um homem) que são muito unidos, só que estão encalhados há um tempão. Eles prometem se ajudarem para conseguirem parceiros, e a menina meio que não sabe (ou finge que não sabe), que é lésbica. Aí se apaixona pela nova namorada que o irmão arrumou (que ela ajudou a arrumar) e tem toda aquela trama.
O legal desse filme é que no final ela se abre, admite para si mesma que é lésbica e vai curtir! E não tem aquela campanha toda para o heterossexualismo lindo de d-us. E nem pintam a personagem homo como estereotipada. Colocam o homossexualismo como um dos vários caminhos possíveis mesmo. Não esperem uma obra prima do cinema, pq é uma comédia bem água com açúcar, mas desse ponto nde vista é bem inovador!
Se alguém lembrar o nome desse filme, falaeê
Lola, acabei de ver o filme. Gostei muito porque acho que eu estava focada em como o cara ia desequilibrar uma relacao tao bem construida. Fiquei curiosa esperando o momento em que as maes chegariam no sperm donor e desse um basta dizendo que ele nao eh de fato o pai dos filhos delas.
ResponderExcluirBasicamente os momentos que eu me perguntei se no universo lesbico as coisas rolam assim mesmo foram os ja citados no seu post - se excitar com filmes porno gay masculino. Mas dai lembrei que eu tenho que ser menos careta e prestar mais atencao no fato que as pessoas se excitam com os mais diferentes elementos.
O tratamento dado ao jardineiro mexicano eh emblematico: os americanos deitam e rola com mao de obra barata mas eles estao meio cansados do excesso de 'escravos' por aqui. Trata-los mal e macaquear o sotaque deles eh corrente, infelizmente.
bjs
Existe um outro ponto do filme que eu acho importante analisar também, Lola. O personagem do Mark Ruffalo (e todos os outros do filme) é um cara inteligente, aberto, liberal ... Não é à toa que ele tem um restaurante de comida orgânica e local. E um dos elementos usados para mostrar essa personalidade do personagem é justamente o fato de ele namorar uma negra. Amigo meu diz que acha que o filme assume isso e usa contra o personagem do Ruffalo, pra mostrar como ele é babaca. Eu acho racista.
ResponderExcluirAna Vitória,
ResponderExcluiro nome do filme que você descreveu é 'A garota dos meus sonhos', ou 'Gray Matters' em inglês. Também achei legal esse filme, bem fofo.
Ótimo comentário, Ana! Concordo totalmente com tudo que vc disse. Ok, menos sobre o personagem do Mark Ruffalo ser usado. Acho que ele não é bem tratado pelo filme, principalmente no final, mas empatizei com ele, apesar d'ele ser meio ingênuo. Mas é um cara bonzinho, que dá pra gostar. Eu tive dificuldade em vê-lo como um “destruidor de lares” como (talvez) o filme quis fazer parecer. E também gostaria que os 3 adultos resolvessem isso. Na minha mente heterossexual normativa, até pensei: por que ele não vai morar com elas? (Hum, por que ELAS NÃO QUEREM? Parece um motivo suficiente). Pelo menos assim haveria sexo naquela casa, a julgar pelo filme. Mas sim, é um filme careta. E o desgaste de uma relação monogâmica de 20 anos é o mesmo prum casal hétero, lésbico, ou gay.
ResponderExcluirMariana, é, acho q vc tem razão quanto a Ariadna do BBB. Acho que muita gente do #ficaariadna queria que ela ficasse pra ver algum carinha ficar com ela, e tb pra poder zoá-la mais. É como citou o artigo recomendado pela Aiaiai sobre os grupos mais odiados do Brasil: é só ver no dia a dia, no que a gente ouve normalmente, que transsexuais e travestis são odiados. Mas os poucos tweets que eu vi naquele momento do #voltaariadna eram de apoio a ela. Falavam do preconceito. Mas certamente não é a maioria.
Verdade, Patrix, a bissexualidade passa longe de Hollywood tb. E a gente sabe que esse assunto da bissexualidade, se não é bem visto pelos héteros (que na realidade não veem com bons olhos qualquer coisa que saia da normatividade), tampouco é bem visto por gays e lésbicas. Lembro de um dos primeiros filmes com temática lésbica que eu vi na vida, o Go Fish, e tinha uma cena em que uma lésbica transa com um cara, e é praticamente expulsa da comunidade lésbica. E pra mim foi chocante aquilo; nunca pensei que pudesse acontecer. Até porque a gente ouve sempre isso da sexualidade feminina ser mais fluída, mais transgressora... Sei lá, eu sempre penso no que uma amiga lésbica me disse: que ela sentia tesão por homem (ela tinha sido casada dez anos com um), que ela gostava de homem, mas gostava bem mais de mulher, e só se apaixonava por mulher. E, mesmo dentro dessa definição, ela nunca se identificaria como bissexual. Ela era lésbica e acabou. Enfim, mas esse é o caso dela, que se descobriu lésbica depois dos 30 e poucos anos. Imagino que com meninas que sabem ser lésbicas desde a adolescência, a questão “transar com homem” esteja completamente fora de cogitação, não? Assim como, pra maior parte dos héteros, a ideia de transar com alguém do mesmo sexo também não é atraente. Mesmo assim, tá cheio de hétero que tem algum caso eventual com o mesmo sexo e nem assim deixa de se ver como hétero. Não sei onde quero chegar. Penso que, se essa minha amiga lésbica que sente tesão por homem visse “Minhas Mães”, ela não se ofenderia. Agora, outras amigas lésbicas minhas que sempre se relacionaram com mulheres poderiam ter uma reação diferente.
ResponderExcluirLeo, eu tb não vi nem um dia do BBB11, mas vi as fotos dos 3 indicados. Coincidência que sejam 3 negros? Quer dizer, nos EUA os 3 seriam considerados negros fácil, fácil. Claro que tem muito preconceito nessas indicações. E imagino que o nojento do Boninho tenha ficado chateado com a saída da Ariadna. Ela dava ibope, a presença dela era “polêmica”, e ela foi posta lá justamente pra isso, pra ser assunto.
ResponderExcluirObrigada, Livia! Agora que chegou, vê se fica por aqui!
Concordo, MF! A única cena de sexo entre o casal lésbico é constrangedora de tão ruim! Não funciona como comédia, não faz rir, não diz muito sobre as personagens, e certamente não tem nada de excitante. Aliás, do alto da minha ingenuidade, eu demorei um pouco pra entender que aquilo era uma cena de sexo...
ResponderExcluirAna Vitoria, quem sabe tudo sobre filmes lésbicos é a Renata do Oráculo de Lesbos. Pena que ela abandonou o blog em 2009 (mas ainda tem muita crítica de filme lésbico por lá). Pergunte pra ela pelo Twitter: http://twitter.com/#!/renatalie Tenho certeza que ela conhece o filme!
Anônimo, certo, TODOS os personagens do filme (tirando o melhor amigo do filho, o pai desse amigo, e talvez o jardineiro mexicano, não dá pra saber) são liberal no sentido americano. Talvez o fato do Mark ter uma namorada negra no filme sirva pra mostrar como ele é liberal, mas o principal é ele trabalhar com comida orgânica e local, não acha? Assim, quando ele diz “I love lesbians”, a gente acredita que ele nao tá dizendo isso no sentido “homem hétero que adora ver pornô com lésbicas”. Quer dizer que ele realmente não é um cara preconceituoso. Sei lá, eu não tenho nada contra o personagem dele. Acho um cara legal, só bobalhão em se apaixonar tão rápido, e por não perceber que a Julianne não deixa de ser lésbica só por transar com ele. Mas pra mim ele não é o vilão em nenhum momento. Ninguém é. O filme não tem vilões, tirando o amigo do filho, que some rapidinho. Mas o maridão achou que o Mark trata mal a namorada, ao dispensá-la por procurar algo mais sério. Eu o achei honesto, ué. E nesse caso todo eu só consegui ver a namorada negra como uma escolha de casting. Tipo, vamos ter alguns atores não-brancos no filme. Quem pode ser sem mudar a história? A namorada do Mark! E o interesse romântico da menina também não é branco, né? Não sei, achei o filme racista pelo tratamento dado ao mexicano, não à negra.
ResponderExcluirMari, o incrível é que não li uma só crítica americana que reclama da cena com o jardineiro mexicano! As lésbicas americanas xingando o filme também não comentam isso. Parece que é tão padrão humilhar um dos poucos personagens non-white da história que passa batido... E essa cena da Julianne é horrível!
ResponderExcluirOpa, a Camilla já respondeu à dúvida da Ana Vitória. Obrigada, Camilla! (mas vcs podem seguir o twitter da Renata, que é ótimo).
Lola, eu não gosto desse filme pelos motivos que você apontou. E acho o final de um moralismo tacanho. Coloquei no meu blog minha opinião logo quando vi o filme, há uns 5 meses atrás.
ResponderExcluirOi, comentário atrasado :P
ResponderExcluirEstou pensando em assistir a esse filme e gostei de encontrar sua crítica aqui. Provavelmente essa "deturpação" da sexualidade das lésbicas passaria despercebida por mim, já que, assim como vc, não sou lésbica.
Acho bem cruel essa ideia "reinante" e completamente infundada de que mulher precisa de homem pra se satisfazer sexualmente. Aliás, não faz sentido algum, pq não é muito mais fácil vc saber dar prazer a alguém do mesmo sexo que vc (que tem a mesma anatomia, portanto) do que a alguém do sexo oposto, ainda mais num mundo que ainda cria nos homens visões completamente deturpadas do que agrada a mulher? (vide os tais pornôs lésbicos... rs)
Homem nenhum consegue entender isso, é incrível. Vários amigos homens, em conversas, já cogitaram mesmo a hipótese de que lésbicas traiam suas parceiras com homens, pq comoassimnossasinhora uma mulher viver sem um pênis por perto?!? Eu sempre rebato dizendo que tô me segurando pra não ter uma experiência de sexo com outra mulher, pq provavelmente não vou querer mais voltar ao "normal"... rs
A propósito, já viste o blog dessa moça, que é produtora de pornô para mulheres? http://www.lustfilms.com/blogEn/
Abs!
filme babaca anti familia nada ver com nada ver
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