Aproveitando meu estudo em Linguística Sistêmica Funcional, li num texto introdutório da Suzanne Eggins algo bem interessante. Quer dizer, Análise do Discurso é muito legal. O que não é legal, pra mim, é o monte de termos técnicos que Halliday e sua turma criaram pra poder analisar o discurso. Mas então, a situação que Eggins coloca é a seguinte: imagina que você é mãe e está falando com uma amiga e quer emitir a seguinte frase: “Você não vai acreditar o que [minha criança] fez hoje!”. Você tem que tomar uma decisão a cada palavra que usa. Pouca gente usaria esse termo, minha criança, nesse contexto, certo? É impessoal, formal demais. O que seria usado? Uma possibilidade seria o nome da criança, desde que sua interlocutora soubesse quem é. Faria diferença se você dissesse João ou Joãozinho (mais íntimo), ou Maria ou Mariazinha. Talvez meu filho ou minha filha, que, como o nome, entregaria o sexo da criança. Há outros termos também, com ainda mais atitude. Você poderia usar o/a pestinha, o capeta, ou meu docinho de coco, meu bebê. As duas primeiras opções são agressivas, ainda que não muito seriamente, e as outras duas são elogiosas, embora, nesse contexto, possam ser irônicas. O que Eggins afirma é que no inglês existem vários termos pra se referir a uma criança: de brat (negativo) a darling (positivo). E me falta o conhecimento, certamente por não ter filhos, dos termos em português. Mas as próprias palavras já emitem juízo de valor. Agora, o que Eggins destaca é que, em inglês, existe apenas parents pra falar dos pais. Em português também, não? Você vai falar meus pais, uma palavra que não carrega consigo todo um julgamento, ao contrário de pentelho. Claro, existe meus velhos (mais comum meu velho, referindo-se ao pai), mas é duro imaginar uma criança referindo-se aos pais por meus velhos. Isso é pra adulto se referir aos pais, e não é ofensivo. A questão é: por que existem termos que emitem valor quando é para adultos se referirem a crianças, mas não há termos que emitem valor quando é para crianças se referirem a adultos? Ué, porque adultos têm poder nesta sociedade, crianças não. Logo, elas não precisam ter um arsenal de termos pejorativos pra usarem contra adultos. E adivinha quem cria a língua, crianças ou adultos?
Essa falta de repertório disponível para coisas que “não importam” se repete com palavras que só aceitam o gênero masculino. Você considera uma mulher muito inteligente e gostaria de conferir a ela o mesmo status do Einstein? Sorry, não dá: gênio é só pra homem. A gente até fala “Ela é uma gênia”, mas sempre com um sorrisinho irônico no rosto, sabendo que tá inventando uma palavra. Se você quiser idolatrar uma mulher, também vai esbarrar na língua. Minha ídola é só de brincadeira. O estranhamento que causa falar gênia ou ídola já é suficiente pra mostrar, pra pessoa que fala e pra que escuta, que mulher não tem nada que ser elogiada pela sua inteligência.
Em compensação, palavras pra descrever a aparência feminina não faltam. Que tal termos como mocreia e baranga, que existem exclusivamente pra mulheres? Tem que forçar a memória pra lembrar de adjetivos que descrevam apenas a aparência masculina. Mas, pra mulheres, há montes. Isso porque vivemos numa sociedade em que a mulher é avaliada pela sua aparência, e, na maior parte das vezes, apenas por isso. Mocreia e baranga são termos carregados de significados. Não são elogios de forma alguma. E não é coincidência que mocreio não exista. O que um termo como mocreia passa? Depende do contexto. Se for dito diretamente pra uma mulher, pode bem ser o pior insulto que ela vai receber, já que fomos ensinadas que a aparência é o que vale, acima de tudo. Se um cara diz pro amigo “Você está namorando aquela mocreia?”, ele provavelmente está menos interessado numa informação do que em passar seu julgamento pro amigo: “Olha, ela é feia. Pega mal pra você ficar com ela”. E quando alguém o usa pra julgar uma mulher, sendo que sua aparência não está em questão? É comum que essa ofensa acompanhe a Dilma, embora a ministra seja pré-candidata a presidente, não a miss. Pelo jeito, não existe contexto em que a aparência da mulher não seja colocada em primeiro lugar. Pode ser uma cirurgiã, uma engenheira, uma empregada doméstica, o que for. Se fossem homens (e aí tenho que remover o exemplo da empregada doméstica, já que quantos empregados domésticos você conhece?), a aparência não seria levada em conta.
Quando a mulher não é xingada pela sua aparência, é pelo seu caráter. Praticamente todas as ofensas relativas ao caráter feminino têm conotação sexual. Vadia tem um significado totalmente distinto de vadio. Vagabundo pode até ser terno, como em A Dama e o Vagabundo, o vagabundo Carlitos, o Vai Trabalhar Vagabundo do Chico. Já vagabunda não tem nada a ver com trabalho, a não ser que seja trabalho sexual. E não tem a menor chance de ser um adjetivo meigo.
Pense na enormidade de termos que temos pra designar uma mulher promíscua (ou seja, segundo pesquisas, uma mulher que já teve mais de oito parceiros. Na vida!). Nem precisa pensar, aliás. Um estudo contou pra gente: existem 200 palavras em inglês para chamar mulher de promíscua, e apenas 20 pros homens. E logicamente que, pros homens, essas palavras têm caráter positivo. Garanhão é elogioso. Donde se deduz que mulher promíscua não merece elogios.
Há uma corrente circulando na internet com ótimos exemplos: cão é o melhor amigo do homem, mas cadela é p*ta. Pistoleiro é um homem que mata pessoas, pistoleira é p*ta. Aventureiro, um homem que se arrisca e viaja; aventureira, p*ta. Homem da vida, um homem que adquiriu muita sabedoria ao longo da vida; mulher da vida, p*ta. O galinha é o bonzão; a galinha a gente sabe o que é. Muitos dos nossos políticos são ladrões, mas as mães deles são p*tas. E o adjetivo puto quer dizer nervoso, irritado, bravo, mas basta colocá-lo no feminino pra ele ter apenas um significado. Pô, essa fixação da língua em chamar mulher de p*ta me lembra uma música que o Bussunda cantava na época em que o Casseta & Planeta ainda era engraçado: “Mãe é mãe, paca é paca, mulher é tudo vaca!”.
Há uma infinidade de exemplos de como a língua exerce poder. O que me espanta é que, apesar deles, tanta gente (por coincidência, homens) acha que a língua não é uma construção social, não reflete os preconceitos de quem a usa, não é um instrumento de dominação social, e, portanto, simplesmente é besteira encucar com ela. Lógico. Não é neles que o calo aperta, é?
Em compensação, palavras pra descrever a aparência feminina não faltam. Que tal termos como mocreia e baranga, que existem exclusivamente pra mulheres? Tem que forçar a memória pra lembrar de adjetivos que descrevam apenas a aparência masculina. Mas, pra mulheres, há montes. Isso porque vivemos numa sociedade em que a mulher é avaliada pela sua aparência, e, na maior parte das vezes, apenas por isso. Mocreia e baranga são termos carregados de significados. Não são elogios de forma alguma. E não é coincidência que mocreio não exista. O que um termo como mocreia passa? Depende do contexto. Se for dito diretamente pra uma mulher, pode bem ser o pior insulto que ela vai receber, já que fomos ensinadas que a aparência é o que vale, acima de tudo. Se um cara diz pro amigo “Você está namorando aquela mocreia?”, ele provavelmente está menos interessado numa informação do que em passar seu julgamento pro amigo: “Olha, ela é feia. Pega mal pra você ficar com ela”. E quando alguém o usa pra julgar uma mulher, sendo que sua aparência não está em questão? É comum que essa ofensa acompanhe a Dilma, embora a ministra seja pré-candidata a presidente, não a miss. Pelo jeito, não existe contexto em que a aparência da mulher não seja colocada em primeiro lugar. Pode ser uma cirurgiã, uma engenheira, uma empregada doméstica, o que for. Se fossem homens (e aí tenho que remover o exemplo da empregada doméstica, já que quantos empregados domésticos você conhece?), a aparência não seria levada em conta.
Quando a mulher não é xingada pela sua aparência, é pelo seu caráter. Praticamente todas as ofensas relativas ao caráter feminino têm conotação sexual. Vadia tem um significado totalmente distinto de vadio. Vagabundo pode até ser terno, como em A Dama e o Vagabundo, o vagabundo Carlitos, o Vai Trabalhar Vagabundo do Chico. Já vagabunda não tem nada a ver com trabalho, a não ser que seja trabalho sexual. E não tem a menor chance de ser um adjetivo meigo.
Pense na enormidade de termos que temos pra designar uma mulher promíscua (ou seja, segundo pesquisas, uma mulher que já teve mais de oito parceiros. Na vida!). Nem precisa pensar, aliás. Um estudo contou pra gente: existem 200 palavras em inglês para chamar mulher de promíscua, e apenas 20 pros homens. E logicamente que, pros homens, essas palavras têm caráter positivo. Garanhão é elogioso. Donde se deduz que mulher promíscua não merece elogios.
Há uma corrente circulando na internet com ótimos exemplos: cão é o melhor amigo do homem, mas cadela é p*ta. Pistoleiro é um homem que mata pessoas, pistoleira é p*ta. Aventureiro, um homem que se arrisca e viaja; aventureira, p*ta. Homem da vida, um homem que adquiriu muita sabedoria ao longo da vida; mulher da vida, p*ta. O galinha é o bonzão; a galinha a gente sabe o que é. Muitos dos nossos políticos são ladrões, mas as mães deles são p*tas. E o adjetivo puto quer dizer nervoso, irritado, bravo, mas basta colocá-lo no feminino pra ele ter apenas um significado. Pô, essa fixação da língua em chamar mulher de p*ta me lembra uma música que o Bussunda cantava na época em que o Casseta & Planeta ainda era engraçado: “Mãe é mãe, paca é paca, mulher é tudo vaca!”.
Há uma infinidade de exemplos de como a língua exerce poder. O que me espanta é que, apesar deles, tanta gente (por coincidência, homens) acha que a língua não é uma construção social, não reflete os preconceitos de quem a usa, não é um instrumento de dominação social, e, portanto, simplesmente é besteira encucar com ela. Lógico. Não é neles que o calo aperta, é?
excelente, como sempre.
ResponderExcluiroutro dia me referi à minha vizinha como vagabunda, já que ela não trabalha, o marido trabalha à noite e por isso ela se sente no direito de gritar, jogar truco, ouvir música no último volume e cantar junto até as 4 da manhã. comentei pelo msn com um amigo: "vou ficar aqui na net até dar muito sono, pq a vagabunda da vizinha não me deixa dormir..." ele respondeu: "pq? ela faz muito barulho quando transa?"
http://www.youtube.com/watch?v=UGBQJopnvBU
ResponderExcluirem francês, idem
de novo, não tiro a razão do que vc diz e seus argumentos são bons. eu só acho que a língua não tem nada a ver com isso. a língua é só "mais um" instrumento, não a culpada. assim como criminalizar o preconceito, por ex., nao vai impedir q existam pessoas preconceituosas, do mesmo modo q o fato de roubo ser crime não impedir q existam ladrões. o portugues nao tem "genia" e "idola" prq simplesmente não soa como portugues, a estranheza nao tem nada a ver com o fato de mulher poder ou nao ser 'um genio', tem a ver com a morfologia e fonologia da língua.
ResponderExcluirMais um tezto bem escrito.. só penso que carfece de soluções....a resposta é a mesma quue escuto ao criticar algo necessário (no caso a língua) sem apresentar uma solução.. o problema existe.. OK..oq fazer então? Segundo sua lógica (que esta corretíssima) não é assim tão complexo perceber como nossa língua discrimina mulheres...mas, sinceramente, penso que a única forma de resolver isso é educando melhor as próximas gerações (o que eu pretedo fazer com meus filhos).. alguma outra idéia?
ResponderExcluirAhh Lola, sabia que esse seu texto ia ser perfeito, para quem leu naquele dia o outro e achou que era maluquice de feminista, esse está bem mais esclarecedor. Eu fiquei outro dia vendo que o adjetivo puta no femino também está ganhando outra conotação além do siginicado sexual. VEja no exemplo "Ela é uma puta cantora". Qeur dizer, a cantora é muito boa. Eu vi essa frase num video do youtube que estavam elogiando a cantora Pitty e fizeram justamente o uso da palavra "puta", só que num sentido positivo, foi a primeira vez que vi, fiquei logo pensando no seu texto, tava doida pra comentar, está aí mais um termo! hahah
ResponderExcluirBeijão Lolinha!
Meu deus.... teZto foi horrivel... não reparem.. a culpa é do teclado....
ResponderExcluirSabe, assim, eu vejo em alguns desses argumentos o dedinho da midia, q antigamente nao tinha o poder todo de alterar opiniao dos outros mas hj em dia tem sim da grande maioria. Eles popularizam expressoes, girias e depois nós acabamos tendo que aturar. Claro que existem distorçoes machistas, sabemos muito bem que existem inumeras palavras que para o homem sao elogio e pra mulher denigrem sua imagem, mas eh complicado, nao eh facil mudar isso.
ResponderExcluirAcho q o peso de algumas palavras tem um valor muito pessoal tbm, eu por exemplo jamais me "sentiria" vagabunda se alguem bradasse pq nao visto a carapuça, nao me serve, eh generico e nao tem nada haver comigo, contudo tenho palavras na minha black list que nao tem nada demais mas que me remetem a algo que eu concordo em partes.
A pior parte eh que damos poder a essas expressoes quando acreditamos nelas. Se ninguem comprasse a novidade elas passariam como o are baba logo logo vai sumir do vocabulario popular.
Eu usei essa expressao do Bussunda como titulo de uma postagem, acho engraçada, contudo até hj ela me é obtusa!hehe
beijocas
sabe que tinha uma família no prédio em frente ao meu que tinha um empregado doméstico?
ResponderExcluire todo mundo achava aquilo tão fora da realidade que ficavam vigiando os passos dele.
"o empregado foi à feira"
"O empregado levou o cachorro pra passear"
"hj eu vi o empregado!"
"será que ele cozinha bem?"
a rua toda ficou louca com isso, demorou meses pra se acostumarem.
Sensacional. A língua é mesmo um dos maiores reflexos da forma como a gente pensa, do ambiuente em que estamos. Os esquimós, por exemplo, têm quase 30 palavras diferentes para "branco". Isto é revelador do espaço em que vivem. E desta mesma forma procede a sua análise sobre as relações de gênero na nossa língua.
ResponderExcluirSó uma coisa: qual a sua dificuldade em escrever PUTA no blog?
Parabéns, um beijo!
Lolinha, esse texto é tão esclarecedor que fez os meus neurônios pularem aqui, tô cheia de idéias pra pesquisar a respeito dessas coisas.
ResponderExcluirTá, por mais que as pessoas falem é só mudando o nosso modo de agir, MESMO, que vamos conseguir mudar essa relação desigual entre homens e mulheres.
Por exemplo, eu sou professora, e se a gente é muito severa: é a vaca, é a mal comida, é a que está de TPM. Se a gente pega leva, é a boazinha que ninguém escuta.
Uma amiga minha já dizia que os professores homens já saíam na frente na hora de atrair a atenção dos alunos pq a maior parte das crianças têm medo dos pais e acham que a mãe é aquela que passa a mão na cabeça e esconde do pai as "artes" dos filhos.
Por exemplo, tenho uma diretora que é linha dura, e os alunos vivem a ofendendo com comentários pejorativos e terms sexuais. Mas se ela não agisse com firmeza, todo mundo iria ignorar o que é necessário.
Outra coisa também, que eu estou fascinada nesse momento, é na relação do John Lennon com a Yoko - putz de alhos pra bugalhos em um micronésimo de segundos. Todo mundo fala horrores dela, sem ao menos conhecer um décimo da genialidade dessa mulher (que já era a Yoko Ono antes de se casar com o John). Daí ela inverteu a relação que seria a normal pra um astro pop dessa magnitude, que normalmente se casa com uma mulher linda e muda. Enfim, por isso todo mundo diz que ela acabou com os Beatles, pq mulher com personalidade é a bruxa manipuladora.
Esse texto de hoje está no top 10, Lola.
Enfim, por mais que nos chamem de nazistas, acho que temos a obrigação de alertarmos e corrigirmos esses equívocos cotidianos.
Olá Lola, às vezes passo rapidamente por aqui, leio assim meio rápido, outras vezes leio alguns textos de uma vez só.
ResponderExcluirHoje gostei muito da análise das diferenças na linguagem para adultos e crianças. O texto todo é bom, sempre um prazer ler seus textos, tão bem escritos, fluidos, sempre aprendo sobre redação aqui,
nem sempre concordo com os posicionamentos. Como já tive problemas em outros blogs, desisti de discordar, de tentar dialogar, meio que adotei o lema do Alex do Castro: não debato. Não mais, no meu caso, porque sempre dá encrenca, e estou querendo distância de confusão cibernética.
De todo modo, acho que vc escreve seus textos e rebate as discordâncias com muita gentileza. Essa a principal razão de eu sempre voltar aqui, sua delicadeza, gentileza, que claro só é possível porque vc é talentosa e inteligente. E o conteúdo à vezes traz essas pequenas surpresas, como hoje a análise criança/adulto (para além do ativismo feminista, eu acho, porque nem sei direito o que é feminismo).
Será que delicadeza e gentileza são também construídos ou seria um dado genético?
Enfim, aqui também aprendo sobre delicadeza.
Abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPois eu tenho uma tia que só contratou empregados domésticos a vida toda...
ResponderExcluirE, L.M. de souza, será que a fonologia e morfologia da língua foram originadas de biogênese, ou por obra e graça do Espírito Santo?
Por certo que não, elas refletem, de forma involuntária ou proposital (fico com a segunda opção), o nível de preconceitos da sociedade.
Aiai, botar palavra na boca dos outras não, né? Em que parte o texto diz que a linguagem é a ÚNICA culpada? Alguém viu isso? ¬¬
ResponderExcluirO termo puta pra elogiar alguém não é tão recente. "Ela é uma puta cantora". Mas pra homem também tem: "Ele é um puta cantor". É usado das duas formas. Ah, se essa palavra fosse só indicação de intensidade.
O que eu acho é o seguinte, as mulheres devem se rebelar contra essas palavras. Chamaram de puta, vagabunda, biscate, vadia, etc? Não se importe, oras. Isso é importante, né? A partir do momento em que as mulheres não se ofenderem mais, as palavras perdem força, não?
Isso é uma coisa que eu intuia muito antes de saber o que era feminismo direito. O pior xingamento perante a sociedade para a mulher é "puta" e suas variantes. Para o homem é "viado" e suas variantes. Como pode uma mulher ter liberdade sexual? Como pode um homem não ser "macho"? Que preguiiiça disso. ;s
ResponderExcluirGiovanni, meu ponto é: o portugues nao tem "genia" pela mesma razão que não tem "elefanta". ou pela mesma razao que o feminino de leão é leoa e nao "leã", veja que o feminino de anão é anã, irmão-irmã. é a estrutura morfo-fonológica que determina o q pode ou não. pode criar a palavra que quiser o povo vai falar o que é mais fácil e "natural". não discordo do texto, dos argumentos, discordo do exemplo. e isso é antropologia, aposto que uma sociedade em que as pessoas se respeitem a quantidade de palavras e expressões para ofensa sejam pequenas. ah, e sim Experiencia Diluída, o "puta" no seu exemplo é um adjunto adnominal, como diria a gramática escolar. outras expressões chulas fazem o mesmo papel: puta filme, filme du caralho, filme pra cacete, filme bom pra burro, etc. em nenhum dos casos está se ofendendo o filme.
ResponderExcluircorrgindo *filme bom pra cacete.
ResponderExcluirHAHAHA... lembro que foi eu quem te mandei isso de que mulher é sempre p*ta e homem sempre o bonzão.
ResponderExcluirDá até preguiça.
Tem como mudar isso? É isso que eu tenho dúvida.
Eu achei extremamente desnecessário a mudança ortográfica que fizeram dos acentos e das palavras com hífen, que até agora eu não aprendi o novo jeito, e não faço questão. Acho que nem adianta tentar, a memória fotográfica das palavras fala mais alto.
Mas pondo em questão, essa outra mudança, eu acho que isso sim deveria mudar... apesar de achar dificil, pois isso já se tornou vicio de liguagem...
É triste... =[
Beijão, Lola!
ah, lembrei de outro exemplo. minha namorada me chama de "meu amor", mas qdo eu chamo ela de "minha amora" soa q eu to inventando palavra. veja que não dá pra dizer "minha amor", mesmo eu posso chamar ela de "meu amor". isso não é prq o pasquale ou o bechara decidiram que "amor" substantivo masc não tem feminino, ou prq o amor é um sentimento nobre e só machos tem o direito de ter. isso é estrutura morfo-fonológica do portugues. enfim, só estou alimentando a discussão.
ResponderExcluirFantástico o texto, Lola! Adorei...
ResponderExcluirEstou começando a estudar alguma coisa sobre linguagem para Teoria Geral do Direito, é uma área fascinante!
Abraços,
Renan
Nossa, escrevi meu nome todo errado e ainda apertei enter! Sorry!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEi Lola,
ResponderExcluirEu sei que vc deve estar super ocupada com a sua mudança, por isso, esta humilde leitora vai lhe fazer um pedido igualmente modesto: eu estou produzindo um artigo sobre a Lei Maria da Penha para a faculdade e,por conta disso, precisava de um livro que falasse sobre a História de opressão vivida pela mulher ao longo dos séculos (seja no Brasil ou no mundo). Será que vc poderia me sugerir um livro? Qualquer coisa que vier a sua cabeça nesse momento está ótimo - se o livro estiver disponível na internet, então, seria maravilhoso (desculpe, eu sei que é pedir demais).
Muito obrigada pela atenção,
beijos.
Carol
ResponderExcluirDesculpa me meter, a pergunta foi pra Lola, hehe...
Mas tem o Segundo Sexo da Beauvoir e o Mito da Beleza, da Naomi Wolf - que são obras básicas sobre o feminismo.
Tem também o livro da Mary Del Priori - História das Mulheres no Brasil
L.M. de Souza
ResponderExcluirO feminio de elefante é elefanta, mesmo.
A palavra aliá, que vem do Sri-Lanka é aceitável, mas o termo elefoa não existe.
Lola, aqui em PE existe uma palavra de caráter sexual e pejorativo, muito usado na hora da raiva contra homens que é o "queijudo". Para mim, que não sou daqui soa pitoresco. Refere-se ao homem que é virgem ou que há muito não mantém relações sexuais.
Gente, meia noite e meia e vou tentar responder os comentários. Bem rapidinho que preciso dormir (voltei agora à noite de Floripa).
ResponderExcluirLauren, é que não adianta a gente tentar dar um outro significado às palavras. Lembro de uma discussão num post com uma leitora antiga. Ela havia escrito “tarado” ou algo assim. Tá, não lembro a palavra, mas ela insistia que não era uma palavra com julgamento de valor, e eu dizia: como não? Ela veio dizer que segundo os psicanalistas, tarado era uma coisa, e que ela estava usando aquele significado. Mesmo que fosse verdade (e não era), a gente não tava num congresso de psicanalistas, né? A mesma coisa com usar “vagabunda” pra se referir a uma mulher preguiçosa. Vc sempre vai ter que se explicar, porque esse não é o sentido comum da palavra.
Ju, muito bom, obrigada! (pra quem quiser ver o vídeo, pulem os primeiros 40 segundos. Vejam apenas o clip, que mostra como, no francês, também existem dezenas de palavras para chamar mulher de “pute”).
LM, vc está se contradizendo. Primeiro diz que a língua não tem nada a ver com isso (discriminação contra a mulher, suponho). Em seguida diz que a língua é só “mais um” instrumento. Então tem a ver, não? Se vc quiser continuar achando que é mera coincidência que não exista “gênia”, “ídola”, ou que, sei lá, “heroína” seja também uma droga, ou que é tudo mera morfologia da língua, é seu direito. Mas faltam argumentos pra isso, não? Até porque essa discriminação contra a mulher ocorre em TODAS as línguas, não apenas no português.
ResponderExcluirThiago, ora vc critica meus textos por eu estar procurando pelo em ovo, ora vc, quando concorda com eles, os critica por eu não oferecer soluções, apenas apontar o problema. Meio chato quando aparece alguém querendo pautar nossos textos... o tempo todo. Eu acho que falar sobre como a língua discrimina já é meio caminho andado. A maior parte das pessoas nem pensa nisso. Apenas assume que a linguagem é algo natural e que não dá pra mudá-la.
(nem reparei no teZto. Eu não estou reparando em nenhum erro de digitação/ortografia ultimamente. Principalmente nos meus. E isso que fui uma excelente revisora quando eu era jovem... Ó decadência!).
Inali, também acho que este post esclarece mais. Acho bom que “puta” seja usado nesse sentido meio adverbial de medir intensidade, sabe, longe do significado comum do adjetivo. Mas isso já é antigo, não? Não me lembro disso – “ele é um puta ator!” - na minha adolescência (década de 80), mas na de 90, sim. Estou totalmente errada?
ResponderExcluirDannah, muita coisa na vida é complicada e difícil de mudar, o que não significa que não devemos tentar. Eu passei minha adolescência toda discutindo (ok, não só fazendo isso, mas isso tb). Sempre que eu ouvia um termo pra designar mulher promíscua, eu argumentava que mulher deve ter o direito de exercer sua sexualidade da mesma forma do homem, sem ser julgada (e condenada) por isso. Eu simplesmente não deixava passar palavras como puta, galinha, piranha, vadia, vagabunda etc etc. E logicamente nunca as usei. Como também não uso a palavra “dar” no sentido de “ela deu pra ele”. São pequenas coisas com as quais podemos contribuir. E, na real, quase toda mulher já foi xingada de puta, piranha, vadia, vagaba, etc. Dá pra ser virgem e ser chamada de vagaba. É sempre uma alusão à sexualidade da mulher, mas não tem a ver com vestir a carapuça ou não. Eu já fui bastante promíscua na juventude, e nem por isso me considerava uma vadia. Eu simplesmente me considerava um ser sexual. Como um homem, sabe? (aliás, ainda hoje me considero um ser sexual. Mas nao mais promíscua. Isso não impede que quem queira me atacar me chame de puta etc).
Rê, pois é, um empregado é algo tão incomum que as pessoas nem sabem como tratá-lo. Lembra da estranheza do personagem do Robert de Niro em “Entrando numa Fria” por conta do Ben Stiller ser enfermeiro? Pro Robert só mulher podia ser enfermeira (homem é médico). O feminismo propõe abolir todos esses estúpidos preconceitos de gênero.
ResponderExcluirRafael, ótimo exemplo esse dos esquimós terem 30 palavras para “branco”. Exatamente: a gente usa a língua para descrever o que vê ou o que quer ver/descrever. Aí a gente tem uma língua (qualquer uma) que tem 200 palavras pra chamar mulher de puta, e quantas mesmo pra chamar mulher de gênia/ídola? E aí vem gente dizer que isso é só morfologia...
Ah, isso de não escrever/falar palavrão é meio frescura minha, eu sei. É que não uso palavrões no dia a dia, e sinto-me estranha quando os escrevo. Mas a principal razão por usar asteriscos em algumas letras de palavrões é que há crianças que leem este blog. Lógico que elas sabem bem o que essas palavras significam, mas... Não sei, é frescura minha mesmo.
Fabiana, obrigada! É, isso que vc conta sobre a dificuldade que é ser professora (porque se for boazinha não tem autoridade, é a figura materna, que deixa os filhos fazerem tudo; e se é rigorosa é A megera) se estende a TODAS as profissões que exigem um pouco de poder. Quase toda política mulher é considerada megera, vaca, mal-comida, com TPM, durona, simplesmente porque a sociedade decreta que poder não rima com mulher. E se ela for boazinha o pessoal já vai dizer que não tem como governar. Todo mundo reclama de como a Dilma é antipática, como se seu principal adversário, o Serra, fosse um Mr. Simpatia... Mas ele é homem, pode ser o que quiser. Mulher que se vire.
ResponderExcluirIsso da Yoko é bem interessante. Eu, como tantos beatlemaníacos, não gosto muito dela. O tipo de música e pintura que ela fazia não era do meu agrado. Mas tenho certeza que os Beatles iriam acabar cedo ou tarde, mesmo que ela não tivesse aparecido. E olha o que é machismo, né? Creio que a maior estranheza que o pessoal tem em relação a Yoko é como o John foi se apaixonar por uma mulher... feia? (e claro que tem muito racismo embutido nessa avaliação).
Priscilla, eu tb gostei da análise das palavras pra descrever crianças e adultos. A Suzanne Eggins é ótima! Sobre a minha “delicadeza”, acho que muita gente iria discordar de vc! Eu mesma muitas vezes não me considero nada delicada nas respostas. Mas eu tento debater sem ataques. Nem sempre consigo. Aliás, na maior parte das vezes nem consigo debater, por falta de tempo! Eu gostaria muito de poder responder todos os comentários, mas não dá. Obrigada pelo carinho!
Gio, como sou ateia, não acredito em Espírito Santo. Prefiro acreditar que ETs vieram aqui e deixaram línguas humanas prontinhas pra que a gente usasse. Assim, as línguas que usamos todos os dias não refletem os nossos preconceitos, porque nem foram criadas por nós. E tampouco refletem os preconceitos dos ETs, que não são preconceituosos. É só uma questão de semântica.
ResponderExcluirTambém acho, Andréia. Eu sempre me rebelei ao ouvir uma mulher ser chamada de puta, vadia etc. Ah, vc tá dizendo o contrário, pra gente não se importar? Ah, eu me importo. Acho que não devemos usar palavras que não gostamos. E devemos fazer as pessoas refletirem quando usam esses termos. Por que tal menina é uma vagaba? Ah, por que ela “deu” pra mais de um cara? E o cara, é o quê? Se o cara pode transar por aí sem problemas, a menina também pode, ué. Pra mim isso é muito simples.
E isso dos xingamentos reflete bem a misoginia (e a homofobia; as duas sempre caminham juntas) da sociedade. Considera-se que o pior pra uma mulher é ser sexualmente livre. O pior pra um homem é ser afeminado, ou seja, “tornar-se mulher”. Qualquer coisa relacionada com ser mulher vale um insulto!
Barbara, eu vi que foi vc que pôs a lista das palavras “mulher=puta” aqui. Mas depois vi que ela está presente em vários blogs, e que a lista circula como corrente na internet. Ah, não acho que essas coisas se mudam com uma “reforma ortográfica”. Só com a reflexão das pessoas que falam a língua.
ResponderExcluirLM, “meu amor” não é ofensivo, e é unissex. “Meu anjo” também. Ao invés de ficar pinçando exemplos pra dizer que não, a língua não é sexista, isso é só antropologia e estrutura morfo-fonológica do idioma, vc não acha nem um pouquinho estranho que existam tantos insultos para descrever mulher promíscua? Não só em português como em todas as línguas? E como pra homem promíscuo não é necessário um insulto, já que é isso que se espera do homem?
Renan, também acho uma área fascinante. Obrigada pelo elogio! Assim que vc quiser compartilhar o que aprendeu com a gente, fique à vontade.
ResponderExcluirLuana, obrigada!
Carol, vc falando da Lei Maria da Penha, e hoje a Cynthia escreveu um post impressionante sobre o que pensa um juiz mineiro (eu não conhecia a peça).
ResponderExcluirOlha, a Fabiana já deu algumas ótimas sugestões. Aqui neste site há vários livros feministas traduzidos pro português pra vc download. O Backlash é ótimo, e a-do-ro O Mito da Beleza. E tem um graphic novel, Mas Ele Diz que me Ama, que pode te servir.
Cris, queijudo? Pitoresco mesmo! Eu tendo a achar essa palavra carinhosa, já que adoro queijo. Quem quiser me chamar de queijuda ou chocolatuda, às ordens.
A propósito de dois exemplos que você dá: génia e ídola, penso que está na hora de os introduzir na língua portuguesa sem qualquer complexo ou desconforto e mesmo sem os tais sorrisos a que alude. As línguas estão constantemente a ser enriquecidas com novos termos e se estes, a princípio, porque não estamos habituad@s, parecem estranhos, com o tempo acabam sendo assimilados, veja por exemplo o que se passa com os termos chefa e ministra para mulheres e costureiro para homem e este até foi enriquecido com uma conotação altamente valorativa.
ResponderExcluirPor isso, acho que sempre que necessário não devemos ter qualquer problema em utilizar termos que ajudem a que a língua seja um reflexo mais actual da realidade.
Oi, Lola!
ResponderExcluirGostei muito do texto. Realmente faz pensar.
Estou ansiosa pelas buscas do google que vão chegar depois de "puta", "transa", etc... Tenho certeza que vamos dar risada.
Bjs,
Anália
Concordo, L.M. Spouza, isso é pura antroologia, não a toa que o Estruturalismo tem como um de seus pilares a organizaão familiar, sendo as famílias patrilineares consideradas mais "avançadas" e as famílias matrilineares menos "avançadas", ou seja o nível de promiscuidade (especialmetne das mulheres) é indicador da "evolução" social.
ResponderExcluirLola, o termo "queijudo" tem a ver com a similaridade entre as substâncias...
Aliás aqui usa-se perjorativamente, também o termo "donzelo", para o homem que é "tabacudo" ou "alesado" (donzelo: virgem; tabacudo: babaca, abestalhado; alesado: retardado, infantil...), ou seja homem que "não dá no couro" não serve pra sociedade, tem que "tirar o queijo" pra virar "macho" (horrível, eu sei. Só estou reproduzindo pra dar ciência)
L. M. de Souza, isso não é verdade...
ResponderExcluirTemos um bocado de palavras estranhas que soam de forma esquisita e dão trabalho falar...
Isso é pura desculpa, gênia não soa mal... Ídola também não, na verdade, soa até mais fácil que ídolo.
Só lhe causa estranheza Porque O Povo Não Usa!!! E por que é que não usa???
Se você não quer acreditar que isto é descriminação sexual, ok, é melhor admitir isto que vir com este tipo de desculpa, né?
Mais, Lola, há vários exemplos de como o sexismo se mostra na língua. Motorista deveria ser uma palavra Feminina, mas nós dizemos sempre 'O motorista' quando a lógica da língua seria 'a motorista'.
O masculino é sempre regra, né? Menos quando se fala em enfermeira, prostituta, empregadas domésticas e donas de casa, reparou?
Não é incomum, no diálogo informal, as pessoas usarem 'Mães', ao invés de 'pais' - seja porque 'esquece do pai' ou porque só responsabiliza a mãe por questões atinentes à educação e cria das crianças.
Ninguém usa 'homem' como sentido pejorativo, mas a própria palavra 'mulher' - dependendo do tom de voz - é usado de forma pejorativa, aliás, isso é óbvio quando colocam no diminutivo 'mulherzinha'.
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ResponderExcluirEncontrei seu blog pelo twitter e achei muito legal!
ResponderExcluirÉ, a língua é realmente muito machista e faz com que as pessoas não percebam o preconceito implícito na fala. O mesmo vale para casos de racismo.
Voltarei sempre!
Oi Lola,
ResponderExcluirNem sei se você ainda vai ver esses comentários aqui, mas é que escrevi um post que possui algumas relações com este seu sobre o valor das palavras - mas num contexto diferente, relativo às palavras de origem africana faladas no português brasileiro.
Se tiver tempo, dê um pulinho lá.
http://www.meujazz.worpdress.com
Um abraço,
Rafael Cesar.
Ai, Lola, concordo com você. Mas, por favor, não diga que é um problema da língua, uma vez que, sendo social, a língua é moldada pelos que a usam. A quantidade de palavras que são ofensivas para as mulheres mas elogios para os homens não é culpa da língua, mas dos que a usam em tempo e locais específicos. Se as pessoas não achassem que sexo fosse um tabu tão grande, ser "puta" não seria uma coisa "ruim". É por isso que se sente a necessidade de falar em "contextos", pq eles nos ajudam a entender coisas que as palavras por si só não explicam (se explicassem, vc não tivesse sentido a necessidade de usar a palavra "contexto" algumas vezes).
ResponderExcluirAdoro seu blog. Adoro!
e corna, você já ouviu falar???
ResponderExcluirótimo texto...
Oi Lola, um bom jeito de fazer com que essas palavras somente masculinas possam ser femininas com o mesmo significado é usando. Mesmo que pareça estranho, com o tempo você e as pessoas ao seu redor se acostumam.
ResponderExcluirA palavra "puto" por exemplo. Quando eu tinha uns 13 anos(nem me considerava feminista ainda)comecei a dizer "to puta de raiva" ou "a mãe ficou puta comigo por ter batido no pirralho" e achavam estranho mesmo, mas acabaram acostumando. Hoje posso falar "to puta" numa boa com gente conhecida e elas nunca entendem com conotação sexual, é tudo uma questão de costume.
Lola, uma outra corrente de estudos da linguagem que ajuda muito a entender esse tipo de coisa é a escola do russo Mikhail Bakhtin, que tem uma orientação bem marxista.
ResponderExcluirO vocabulário é realmente um manancial de ideologias discriminatórias cristalizadas. Além das relações de gênero que você destacou bem, é espantoso ver que no dia-a-dia palavras como "pivete", "maloqueiro", "baiano" vêm sempre usadas com uma carga enorme de preconceitos!
Não me considero feminista de carteirinha porque penso (fui ensinada a pensar) de modo um pouco machista (minha mãe, que administra uma empresa e sustenta os filhos sozinha há quase trinta anos, sempre reclama da falta que um homem em casa faz), mas gosto de acompanhar os debates e refletir a respeito. E digo que me desanima e decepciona essa coisa de enxergar tudo como uma manifestação machista da socidade patriarcal.
ResponderExcluirVivemos em uma sociedade machista, a língua acompanha a necessidade de comunicação e tem o significado que a sociedade lhe dá (o que pode mudar no tempo e espaço), logo não há como os termos utilizados correntemente por um povo não refletir seus valores.
Por outras palavras: sim, sabemos que a sociedade é machista, logo, vocabulário dessa sociedade reflete tal característica. Quer mudar isso? Ótimo, mude a sociedade. A língua decorre do machismo, não é um meio de se chegar a ele (não estou conseguindo expressar com exatidão a pequena diferença que enxergo - o que quero dizer é que a liíngua se presta a expor o que pensamos, discursos, convicentes ou não, advém de ideias, a língua por si só não incentiva o machismo).
Às vezes penso que há um certo extremismo. Sabe aquela história de homem bem resolvido com sua heterossexualisade não tem medo de se vestir de mulher e fazer serviços domésticos? Então...
Canalha
ResponderExcluirCafajeste
Babaca
Molenga
Bundão
Otário
Corno.
São todos nomes atibuídos quase que somente a homens. E hoje em dia a vadia, vagabunda, piriguete é tão glamourizada quanto o galinha do seu texto. Há quem admire a piriguete e o galinha e há quem condene ambas as posturas diante da sociedade. Maneira aí nos textos.