Tem muita coisa boa no último romance do Tom Perrotta, autor americano de Eleição e Pecados Íntimos. Este mais recente chama-se The Abstinence Teacher, que deverá virar filme no ano que vem, com a direção do casal do grande Pequena Miss Sunshine (ainda não há detalhes sobre o elenco). Acho que este é o livro que mais gosto do Tom. É o terceiro que leio, mas os outros dois eu só li após ter visto a adaptação pro cinema várias vezes. Os dois romances são ótimos, sem dúvida. Só que os dois filmes são melhores, principalmente Eleição, que ganhou um merecido status cult desde seu lançamento.
Abstinence Teacher poderia ser traduzido para “A Professora de Abstinência Sexual”. Nem sei se essa moda chegou ao Brasil, porque é algo tão tipicamente americano dos anos Bush... Seguinte: o aumento de poder dos evangélicos, os born-again Christians, fez com que eles mexessem cada vez mais no currículo escolar. Em várias escolas dos EUA, por exemplo, não se ensina mais evolução ou Darwin, e sim criacionismo. Igualmente, o governo Bush cortou a verba de campanhas de educação sexual e centrou tudo na abstinência, que diz assim: nenhum método contraceptivo é realmente seguro. Seguro mesmo, só não fazer sexo e se guardar até o casamento. Eles ensinam essa doutrina nas escolas! Junto, mostram slides de órgãos genitais cheios de pus, com doenças. Se isso tem efeito com os adolescentes? Bom, pergunte pra filha da Sarah Palin se funcionou com ela. Nem com ela nem com niguém. Os números de casos de gravidez na adolescência só subiram. Dizem, também, que ficou comum adolescentes, especialmente garotas, fazerem de tudo (sexo anal, oral, etc), desde que continuem virgens (leia-se: com o hímen). Isso vem dos anos Clinton: sexo oral não é sexo, não sabia?
O livro trata de uma professora de educação sexual numa escola americana. Numa de suas aulas, uma aluna diz que sexo oral é sujo e equivale a “beijar uma privada”. A professora responde que tem gente que gosta, e explica como manter a higiene e tal. Escândalo! No dia seguinte, ela é chamada à diretoria pra se explicar. Pais revoltados, evangélicos, a acusam de incentivar o sexo oral. E conseguem substituir as aulas de educação sexual por aulas de abstinência sexual. A pobre professora, Ruth, que leciona há tantos anos, sempre tentando passar uma ideia saudával sobre o sexo, se vê forçada a ensinar que ninguém deve transar sem casar. Ela não pode ser despedida, porque tem estabilidade, mas deve seguir o currículo de qualquer jeito.
Triste vida, a sua. Não apenas o lado profissional, mas o pessoal também. Ela é divorciada, tem poucos amigos (apenas um casal gay em crise), suas duas filhas adolescentes estão em fase de contestação, e ela sente muita falta de um homem. Aos 41 anos, começa a pensar se vai ficar sozinha pra sempre (nos sites de relacionamento que frequenta, até velhinhos de 70 pedem mulheres com menos de 40). Ruth é um personagem muito fácil de se gostar.
Mas eis que Perrotta muda o foco do livro e, lá pela página cem, apresenta um outro personagem: Tim, que foi viciado em drogas, e músico, nas horas vagas, a vida inteira. Um típico loser, mas um carinha legal, de bom coração, que adora a filha de 9 anos, que só vê uma vez por semana, e ainda deseja a ex-mulher, agora casada com um rico advogado. Tim deu a volta por cima, se é que deu, encontrando Jesus. Ele, que está “limpo” há quatro anos, pertence a uma igreja evangélica das mais conservadoras. Casado pela segunda vez, agora com uma mulher cristã que lhe faz todas as vontades, mas por quem ele não nutre o menor afeto, ele é também técnico de futebol da equipe em que uma das filhas de Ruth é a maior estrela. É assim que eles se conhecem: num joguinho de futebol num sábado ensolarado.
De cara, rola uma atração física entre Ruth e Tim. Mas uma amiga conta a Ruth que ele é membro da igreja que está interferindo na sua profissão, e a atração acaba. Pra piorar, no final do jogo de futebol, Tim reúne as meninas do time no meio do campo para, ajoelhados, agradecerem a Jesus pela vitória. Novo escândalo! Ruth, possessa, interfere, tira a filha de lá, grita pro técnico que ele não pode fazer isso, e tenta mobilizar os outros pais a se unirem contra Tim.
Bom, se você for como eu, terá ficado surpresa(o) e revoltada(o) com o escândalo em torno de Ruth por causa do que ela disse sobre sexo oral na aula de educação sexual. Mas você, como eu, não tem a nítida impressão que Ruth exagera na sua reação à prece no final do jogo de futebol? Isso está totalmente fora do nosso contexto. Primeiro que aqui no Brasil não temos essas Culture Wars, essas guerras culturais de que trata o livro. É até difícil entender a atitude de Ruth perante algo tão inocente como uma oração. Mas é que existe, ou deveria existir, essa divisão entre Estado e Igreja. Eles estão numa escola pública, não num templo. As meninas do time vêm de várias religiões, e, sorry, não creem no mesmo deus. Cabe aos pais dar a orientação religiosa aos seus filhos, não a um técnico de futebol. Eu adoro o parágrafo que se passa dentro da cabeça de Ruth após o incidente (minha tradução):
“De certa forma, ela estava grata ao técnico de Maggie por tornar a situação tão clara. Até que ela tivesse visto aquelas meninas, aquelas lindas atletas jovens, sentadas na grama ao sol, sendo coagidas por adultos em quem elas confiavam a rezar para o Deus de Jerry Falwell e Pat Robertson e do Partido Republicano--o Deus da Guerra e Abstinência e Vergonha e Orgulho da Ignorância, o Deus que Amava Todo Mundo Exceto os Homossexuais, Que Mandava Gente Boa pro Inferno se Não Acreditassem Nele, e Permitia a Entrada de Assassinos e Estupradores de Crianças se Eles Acreditassem, o Deus que Criou as Mulheres como uma Lembrança Tardia e Depois as Amaldiçoou com a Dor do Parto, o Deus que Jamais Teria Deixado Meninas Jogarem Futebol em Primeiro Lugar se Dependesse Dele--até então, ela havia se deixado sucumbir à confortável ficção que sua disputa com os Fanáticos da Bíblia estava confinada à sala de aula, a uma disputa política sobre o que seria ou não ensinado aos filhos de outras pessoas. Mas agora ela compreendeu que estava se iludindo. Isso não era apenas profissional, era pessoal. Eles já haviam atrapalhado seu emprego, e agora estavam atacando suas filhas” (161).
Acho que a gente está muito distante desse contexto, não? Talvez por vivermos num país em que a divisão entre Estado e Igreja esteja longe de acontecer... Ou talvez porque nosso catolicismo seja relaxado, não levado a sério. Quantas vezes eu, uma ateia, já participei de eventos que foram ou iniciados ou terminados (ou ambos) com todo mundo se dando a mão num círculo e rezando? O que faço numa situação dessas? Ué, eu dou a mão pra quem tá do meu lado mas fico quieta. Não rezo. E nunca vi alguém reclamar por eu não estar participando. Não é nada muito constrangedor, nem pra mim nem pra eles. Mas eu sou adulta, e estou acostumada a ser o peixe fora d'água desde que meus pais me colocaram num colégio católico. Agora, e se eu tivesse filhos, e quisesse que eles crescessem sem religião, pra que pudessem escolher uma quando fossem adultos (não funciona. Todo mundo que conheço que é criado assim continua sem religião pro resto da vida)? Eu teria a atitude de Ruth? Nem pensar. Tadinhos dos meus filhos. Aqui no Brasil, eu teria que fazer um escândalo por dia. Melhor deixar que eles vissem que essas orações não significam grande coisa.
Oh my God, isso já está enorme. Mas e aí, você criaria caso? E uma pergunta menos controversa (espero): que astros de Hollywood você escalaria para os papeis principais?
Mais sobre o livro e abstinência em geral aqui.
O livro trata de uma professora de educação sexual numa escola americana. Numa de suas aulas, uma aluna diz que sexo oral é sujo e equivale a “beijar uma privada”. A professora responde que tem gente que gosta, e explica como manter a higiene e tal. Escândalo! No dia seguinte, ela é chamada à diretoria pra se explicar. Pais revoltados, evangélicos, a acusam de incentivar o sexo oral. E conseguem substituir as aulas de educação sexual por aulas de abstinência sexual. A pobre professora, Ruth, que leciona há tantos anos, sempre tentando passar uma ideia saudával sobre o sexo, se vê forçada a ensinar que ninguém deve transar sem casar. Ela não pode ser despedida, porque tem estabilidade, mas deve seguir o currículo de qualquer jeito.
Triste vida, a sua. Não apenas o lado profissional, mas o pessoal também. Ela é divorciada, tem poucos amigos (apenas um casal gay em crise), suas duas filhas adolescentes estão em fase de contestação, e ela sente muita falta de um homem. Aos 41 anos, começa a pensar se vai ficar sozinha pra sempre (nos sites de relacionamento que frequenta, até velhinhos de 70 pedem mulheres com menos de 40). Ruth é um personagem muito fácil de se gostar.
Mas eis que Perrotta muda o foco do livro e, lá pela página cem, apresenta um outro personagem: Tim, que foi viciado em drogas, e músico, nas horas vagas, a vida inteira. Um típico loser, mas um carinha legal, de bom coração, que adora a filha de 9 anos, que só vê uma vez por semana, e ainda deseja a ex-mulher, agora casada com um rico advogado. Tim deu a volta por cima, se é que deu, encontrando Jesus. Ele, que está “limpo” há quatro anos, pertence a uma igreja evangélica das mais conservadoras. Casado pela segunda vez, agora com uma mulher cristã que lhe faz todas as vontades, mas por quem ele não nutre o menor afeto, ele é também técnico de futebol da equipe em que uma das filhas de Ruth é a maior estrela. É assim que eles se conhecem: num joguinho de futebol num sábado ensolarado.
De cara, rola uma atração física entre Ruth e Tim. Mas uma amiga conta a Ruth que ele é membro da igreja que está interferindo na sua profissão, e a atração acaba. Pra piorar, no final do jogo de futebol, Tim reúne as meninas do time no meio do campo para, ajoelhados, agradecerem a Jesus pela vitória. Novo escândalo! Ruth, possessa, interfere, tira a filha de lá, grita pro técnico que ele não pode fazer isso, e tenta mobilizar os outros pais a se unirem contra Tim.
Bom, se você for como eu, terá ficado surpresa(o) e revoltada(o) com o escândalo em torno de Ruth por causa do que ela disse sobre sexo oral na aula de educação sexual. Mas você, como eu, não tem a nítida impressão que Ruth exagera na sua reação à prece no final do jogo de futebol? Isso está totalmente fora do nosso contexto. Primeiro que aqui no Brasil não temos essas Culture Wars, essas guerras culturais de que trata o livro. É até difícil entender a atitude de Ruth perante algo tão inocente como uma oração. Mas é que existe, ou deveria existir, essa divisão entre Estado e Igreja. Eles estão numa escola pública, não num templo. As meninas do time vêm de várias religiões, e, sorry, não creem no mesmo deus. Cabe aos pais dar a orientação religiosa aos seus filhos, não a um técnico de futebol. Eu adoro o parágrafo que se passa dentro da cabeça de Ruth após o incidente (minha tradução):
“De certa forma, ela estava grata ao técnico de Maggie por tornar a situação tão clara. Até que ela tivesse visto aquelas meninas, aquelas lindas atletas jovens, sentadas na grama ao sol, sendo coagidas por adultos em quem elas confiavam a rezar para o Deus de Jerry Falwell e Pat Robertson e do Partido Republicano--o Deus da Guerra e Abstinência e Vergonha e Orgulho da Ignorância, o Deus que Amava Todo Mundo Exceto os Homossexuais, Que Mandava Gente Boa pro Inferno se Não Acreditassem Nele, e Permitia a Entrada de Assassinos e Estupradores de Crianças se Eles Acreditassem, o Deus que Criou as Mulheres como uma Lembrança Tardia e Depois as Amaldiçoou com a Dor do Parto, o Deus que Jamais Teria Deixado Meninas Jogarem Futebol em Primeiro Lugar se Dependesse Dele--até então, ela havia se deixado sucumbir à confortável ficção que sua disputa com os Fanáticos da Bíblia estava confinada à sala de aula, a uma disputa política sobre o que seria ou não ensinado aos filhos de outras pessoas. Mas agora ela compreendeu que estava se iludindo. Isso não era apenas profissional, era pessoal. Eles já haviam atrapalhado seu emprego, e agora estavam atacando suas filhas” (161).
Acho que a gente está muito distante desse contexto, não? Talvez por vivermos num país em que a divisão entre Estado e Igreja esteja longe de acontecer... Ou talvez porque nosso catolicismo seja relaxado, não levado a sério. Quantas vezes eu, uma ateia, já participei de eventos que foram ou iniciados ou terminados (ou ambos) com todo mundo se dando a mão num círculo e rezando? O que faço numa situação dessas? Ué, eu dou a mão pra quem tá do meu lado mas fico quieta. Não rezo. E nunca vi alguém reclamar por eu não estar participando. Não é nada muito constrangedor, nem pra mim nem pra eles. Mas eu sou adulta, e estou acostumada a ser o peixe fora d'água desde que meus pais me colocaram num colégio católico. Agora, e se eu tivesse filhos, e quisesse que eles crescessem sem religião, pra que pudessem escolher uma quando fossem adultos (não funciona. Todo mundo que conheço que é criado assim continua sem religião pro resto da vida)? Eu teria a atitude de Ruth? Nem pensar. Tadinhos dos meus filhos. Aqui no Brasil, eu teria que fazer um escândalo por dia. Melhor deixar que eles vissem que essas orações não significam grande coisa.
Oh my God, isso já está enorme. Mas e aí, você criaria caso? E uma pergunta menos controversa (espero): que astros de Hollywood você escalaria para os papeis principais?
Mais sobre o livro e abstinência em geral aqui.
Mas Lola, você mesma toma uma atitude com a do técnico: ao dizer "Melhor deixar que eles vissem que essas orações não significam grande coisa" está desvalorizando e menosprezando algo que, para muita gente, significa algo.
ResponderExcluirMinha filha mais velha aprendeu com a avó paterna aquela oração básica pra antes de dormir: "Com Deus me deito, com Deus me levando..." Ontem, andando por uma feira de artesanato, me torrou a paciência para comprar uma estátua de Ganesha. Comprei, ela ajeitou na cômoda do quarto e, à noite, lá estava ela de mãozinhas postas em frente do dito: "Com Deus me deito, com Deus me levanto..." (leia-se "Deus" = "Ganesha").
A Marjorie teve a sacada genial de exprimir o que muita gente pensa (including me): a oração nada mais é do que você falando com você mesma, uma auto-reflexão. Mas ao dizer que "orações não significam grande coisa" você está misturando religião, fanatismo e fé num mesmo saco. O que, da mesma maneira que faz a direita cristã, não é legal.
Bjs
Lola, olha só:
ResponderExcluir"Advogados, juristas, profissionais da área de saúde e representantes de movimentos sociais de todo o país estão preocupados com o encaminhamento silencioso dado pelo Governo Federal em relação ao Acordo Brasil e Santa Sé, assinado em novembro de 2008. Apesar de não ter sido discutido amplamente com a sociedade, o documento já está tramitando na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para ser votado como uma Mensagem nº 134/2009. Após seguirá para ser apreciada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e ao Plenário da Casa. O conteúdo do documento trata basicamente dos interesses econômicos e outros privilégios da Igreja Católica no Brasil, tais como: isenção de impostos para rendas, propriedades e atividades das entidades católicas (quase 1.500 escolas, hospitais, etc.); o ensino religioso católico nas escolas públicas; a reserva de terrenos para a construção de Igrejas; a não existência de vínculos trabalhistas de religiosos com suas ordens, dentre outros.
Os grupos religiosos que defendem o acordo estão se mobilizando para que o mesmo seja votado sem alarde e sem debates dentro do Congresso Nacional. Em sentido oposto, os movimentos de mulheres e outros setores da sociedade civil defendem a realização de audiências públicas para discutir o conteúdo do Acordo, sob pena de inviabilizar o debate democrático pela ausência de informações e restrição à participação de estudiosos sobre o tema e setores interessados neste assunto.
"O conteúdo do Acordo denuncia o desejo da instituição Católica de manter privilégios em detrimento das outras religiões e da população, desrespeitando a laicidade do Estado brasileiro. Além disso, este documento demonstra as ambiguidades de uma religião que na sua Doutrina Social prega a igualdade e a inclusão e, por outro lado, tenta aprovar, como lei nacional, um Acordo para eternizar privilégios num país de tantas desigualdades e concentração de renda, onde os programas sociais são as únicas possibilidades de sobrevivência para muitas famílias", afirma Dulcelina Xavier, socióloga das Católicas pelo Direito de Decidir."
Lola,
ResponderExcluirEu criaria caso se fosse obrigatório a reza. E minha filha no caso não quisesse, ou achasse vazio de sentido.
Lola, procurei nos arquivos algo sobre "Os Embalos de Sábado a Noite" e você fala bem. Eu fiquei horrorizada, achei misógino! Muito!
Escrevi no blog www.aqueladeborah.wordpress.com
Será que você não viu nada de errado pois acompanhou o filme quando criança? Pois tem cenas de estupro até :(
Sou católico, e sou cientista político :D
ResponderExcluirAcho que a Igreja, ou qualquer outra denominação religiosa, ou agrupamento social, como legítimo agente político, tem o direito democrático de reivindicar, e, portanto, fazer valer os seus interesses.
Entretanto, aparelhar o Estado, em detrimento de outros credos não é, nem de longe, um princípio democrático, mas parte do corolário republicano de "ditadura da maioria", segundo alguns cientistas políticos pior, inclusive, do que as ditaduras monocráticas, ou ditaduras de minorias...
Eu não reagiria assim. Também estudei a vida inteira em escola católica, e a minha família inteira é católica, então já tô acostumado a essas orações. Quando há uma forma de escapar, sou o primeiro a pular fora. E também acho que a resposta para a intolerância seja intolerância. Ela deveria ter deixado tudo passar e conversar com as filhas depois. Mas eu gostei do enredo. Acho que o filme vai ser legal.
ResponderExcluirEu escolheria a Toni Collette, Joan Cusack ou Julianne Moore. Talvez a Virginia Madsen. Helen Hunt ou Emily Watson poderiam ser uma boa opção também...
Para o Tim, escolheria Paul Rudd, Matthew McFadyen, Greg Kinnear, Mark Ruffalo, Colin Firth, Aaron Eckhart, Viggo Mortensen ou Dermot Mulroney.
Não, Lola, essa realidade não é muito distante do que está rolando aqui em nosso país.
ResponderExcluirO pessoal do "Quem Ama Espera" tentou introduzir o movimento aqui no início dos anos 90, mas falhou. Agora, com Jonas Brothers e Hannah Montana, a coisa ganha raízes. E, sim, o que importa é o tal do hímen e muito provavelmente muitas meninas engravidarão. É como foi bem mostrado no episódio The Ring de South Park: falando de castidade temos permissão apra falar de sexo o tempo inteiro. É o tal dispositivo da sexualidade que Foucault destrincha muito bem.
No mais, a homofobioa crescente dos evangélicos e a caça às mulheres feita pela Igreja Católica é sintoma de que a guerra não está longe daqui.
E nem vou comentar o que já vi como professora.
Mas falando em filmes, você viu Saved? É bem interessante.
Off topic: eu acho impressionante essa estratégia de a indústria de livros privilegiar o nome do autor em prol do nome do livro. Porque o cara pode ter escrito UM livro bom - não interessa: o resto vem com o nome dele em letras garrafais.
ResponderExcluirAcho de quinta.
Seus posts, arrasam!
ResponderExcluirGanhou uma fã! HAHAHA...
Minha mãe é espirita, meu pai é da Seicho-no-ie, minha familia materna é católica, minha familia paterna é evangélica... e eu... eu sou gay. HAHAHA... Brincadeira, além de gay, eu sou espirita... não que minha mãe tenha me forçado, ela me apresentou a doutrina, eu frequentei a igreja católica por algum tempo, e sou espirita porque escolhi...
Minha mãe sempre deixou claro que eu posso seguir a religião que eu quiser. E acho que essa é atitude que terei com meus filhos, quando eu os tiver...e acho que não tomaria a atitude da personagem, por mais que ela tivesse os motivos dela, porque EU respeito todas as religiões... mas é meio irritante esses fanatismo todo, e AMEI os pensamentos da personagem após o escandalo.
Beijo.
Bárbara Reis
É claro que eu não criaria caso, já que sou cristã e perfeitamente feliz com isso. Aliás, uma coisa que muito me incomoda é a visão deturpada que as pessoas tem do cristianismo por culpa de péssimos propagadores da religião (em especial a visão da tv/cinema/livros).
ResponderExcluirAgora, na situação específica do livro, há preconceitos por todos os lados. A tal Ruth foi vítima de preconceito descabido (sim, sou a favor de sexo nenhum é o melhor tipo de prevenção, mas a precaução deve sim ser ensinada e muito bem ensinada, para que a pessoa tenha o direito de escolha se quer se manter virgem até o casamento ou não, mesmo porque há situações que atração fala mais forte do que a razão e a criação). Entretanto, a mesma Ruth agiu com extremo preconceito ao tratar os outros da mesma forma como foi tratada. Ela perdeu seu direito no momento que incorreu no mesmo erro.
Eu, como cristã, confesso que não gostaria de ser forçada a participar de uma reza católica ou qualquer outro tipo de reza de qualquer outra religião, mas acho que há como se conversar essas coisas com os professores e afins, sem criar caso desnecessariamente, especialmente quando se envolve crianças.
Boa Tarde a todos!
ResponderExcluirFiquei muito instigada quando li esse post, principalmente por ter encontrado por acaso esse blog!
Achei super interessante a discussão, e acho que é muito válida, pois nos coloca a refletir sobre diversos assuntos que pela maioria do tempo nos passa desapercebido, ou simplesmente nos conformamos e reproduzimos.
Primeiramente, é importante pontuar que haja respeito às mais diversas formas de manifestação de pensamento, fé, religião. Por isso, quando vou à um jantar com amigos e eles propõem rezar antes da refeição, nos damos as mãos e independentemente das crenças religiosas, respeita-se esse momento.
Outra coisa, é partimos do pressuposto que o Estado é laico, e portanto, não deve ter a interferência e nem a definição de uma religião oficial, independentemente de minhas opções/preferências individuais.
Acho que pra uma primeira reflexão, isso me contempla! E gostaria de compartilhá-las com vocês!
Mas antes de finalizar, gostaria de retomar o livro, que Lola nos apresenta de maneira motivadora! Realmente, se vivesse naquelas situações da professora, seria infeliz profissionalente (por ter que me submeter e ser subjagada por determinações que ultrapassam as barreiras do tolerável e do ético - mas e trabalhador/assalariado nunca passou por isso???) e creio que surtaria com o técnico também! rsrs.
Abraços,
Felicitações ao blog!
a pergunta é meio retórica pra mim.. eu já crio caso com minha aula de "Ensino Religioso". todos os anos é a mesma coisa: uma aula perto da Páscoa, outra perto do Natal. o material usado são as revistas católicas Mundo Jovem.. e é isso. eu estudei em uns 7 colégios diferentes desde a quinta série e é sempre isso. o resto das aulas do ano.. são 45 minutos que a gente tem pra bagunçar e conversar.
ResponderExcluireu concordo com você que a separação de Estado e Igreja no Brasil é apenas no papel, e que a "Igreja" mete o bedelho em tudo se a gente parar pra pensar.. mas eu sinto que a doutrina que era ensinada antigamente, em escolas católicas e onde as freiras são professoras, se esvaziou tanto nos últimos 20 anos que nem os professores de "Ensino Religioso" tem mais o que falar.
uma história rápida: no ano passado, a minha professora de Matemática, católica praticante, costumava iniciar a aula "agradecendo a Jesus" e fazendo o sinal da cruz. esse ano ela não fez nenhuma vez porque foi advertida pela direção da escola que isso não deve ser feito.
Concordo com a separação entre Estado e Igreja, plenamente. Não imaginava que a educação sexual nos EUA estivesse tão atrasada, lamentável. Os protestantes enfatizam o sexo após o casamento em uma sociedade que mais se afasta do casamento. Para mim, o escândalo de Ruth tem a mesma intensidade da reclamação dos pais, que a proibem de ensinar sexo saudável. Bem, para o papel dela no cinema, eu escalaria Cate Blanchett que, inclusive, já fez uma professora polêmica em "Notas sobre um escândalo". Termino meu comentário com um questionamento, como você acha que pais ateus deveriam educar seus filhos no campo religioso?
ResponderExcluirSuzanita, acho que me expressei mal (de novo!). Não quis dizer que as orações não significam nada isoladamente, mas dentro de um contexto. Estou comparando uma oração feita aqui no Brasil, um país de maioria “católica relaxada”, onde as guerras culturais estão apenas engatinhando, e onde é normal todo mundo se dar a mão e rezar, com o peso que uma atitude dessas têm nos EUA. É difícil comparar, são realidades totalmente diferentes, mas pode apostar que uma oração por lá, no meio dos Culture Wars, é muito mais carregada e significativa do que aqui. Muito mais política! Respeito totalmente todas as orações, ainda mais as individuais. Eu mesma, que sou ateia, de vez em quando “converso” com meu amado pai, peço coisas pra ele. Mas não era bem disso que eu tava falando, era do peso político dessas orações, principalmente nos EUA.
ResponderExcluirO que vc diz sobre esse Acordo Brasil e Santa Fé é muito assustador. Uma coisa é uma escola católica, particular, privilegiar o ensino católico; outra é forçar a doutrinação católica numa escola pública, que deveria ser laica. É triste como aqui e em outros países em desenvolvimento as religiões, principalmente a católica, ainda interferem radicalmente no dia a dia dos cidadãos. Parece que não saímos da Idade Média. Vou pesquisar mais sobre o assunto e começar a colocar a boca no trombone.
Aqueladeborah, na realidade nunca falei muitode Embalos de Sábado à Noite. Acho que nunca falei da temática do filme, só da música, e de como foi um filme importante pra época, porque marcou com força toda a época da discoteca. Mas não resta dúvida que é sim um filme misógino e conservador em muitos sentidos. Posso falar sobre isso se vc quiser. Tenho o filme em casa. Quando o filme foi lançado, em 77 ou 78, eu tinha dez ou onze anos. Claro que só vi o que queria ver, que eram os super números de dança!
ResponderExcluirGio, claro, todo mundo tem o direito, e até o dever, de fazer lobby, de tentar puxar a sardinha pra sua brasa, e a Igreja Católica não é exceção. E entendo que o vaticano não vai querer perder sua força no seu maior rebanho, que é o Brasil. Mas chega, né? Tá na hora do Brasil conseguir separar religião de políticas de Estado. Isso, inclusive, faz parte do desenvolvimento de um país.
Vitor, puxa, que dicas fantásticas que vc deu quanto aos atores! Sabe, o Paul Rudd estaria ideal pro papel do Tim! No livro, ele é descrito como um cara bonito, de cabelo preto e comprido, não muito alto, uns 40 anos de idade... ou seja, o Paul Rudd cuspido e escarrado! Pra Ruth, eu não sei. Acho que dessas que vc citou, poderia ser a Julianne Moore. Mas pra mim, depois que vc sugeriu, o Paul é o Tim perfeito!
ResponderExcluirValéria Shoujofan, sério que isso tá rolando no Brasil? Ontem, procurando imagens no Google Images sobre abstinência sexual, notei como esse movimento é feito principalmente pros negros e latinos. Ou seja, pras minorias pobres. Uma menina rica e branca como a filha da Sarah Palin engravidar na adolescência tudo bem. Mas esses pobres têm que parar de procriar! Parece ser essa a mensagem. Essa volta da valorização do himen da mulher é algo extremamente nocivo. Pensei que já havíamos superado isso... Qual filme é Saved? Não conheço.
Su, é estranho mesmo colocar o nome do autor em letras garrafais. Mas é que o Tom Perrotta é pop agora. Dois de seus livros já viraram ótimos filmes. Não é pra qualquer um... E Abstinence Teacher tem tudo pra repetir a dose.
ResponderExcluirObrigada, Barbara! Há, há, vc falando que sua mãe é dessa religião, seu pai é daquela, e vc é gay, me lembra um email que recebi ontem, e que estarei postando aqui na quinta. Ai ai. Mas não é legal o pensamento da protagonista sobre como o Deus dos evangélicos homofóbicos não pode ser o mesmo Deus pra todo mundo? Acho que vc vai gostar da segunda parte do texto sobre Abstinence Teacher.
Miquinha, sei que existe sim uma visão deturpada sobre os born again Christians, mas eles tb não ajudam. Nos EUA eles tentam se meter demais na política, tanto que chegaram ao cúmulo de eleger um deles, o Bush. E isso é perigoso, porque muitos evangélicos (e católicos) não querem separar Estado de religião. Um dos requisitos de ser de certas religiões é evangelizar os outros. Insistir. Trazer mais gente pro rebanho. E isso é extremamente irritante pra pessoas como eu, que não têm interesse em nenhuma religião. Agora, quanto à Educação Sexual, tem que ser matéria obrigatória nas escolas. Acho perfeitamente cabível falar de abstinência sexual no meio, de como este é um método seguro. Mas não pode substituir Educação Sexual! Inclusive porque aulas de abst. sexual valem (se é que valem) só para alguns anos, enquanto aulas de Educ. Sexual, quando bem-dadas, podem valer pra vida toda.
ResponderExcluirConcordo que uma oração não deveria ser motivo de escândalo de jeito nenhum.
Oi, Vivi! Bem-vinda ao bloguinho! Vc levanta uma questão interessante, essa de ir jantar na casa de alguém e o antitrião quiser dar as graças. Se é o anfitrião, o dono da casa, acho que ele tem o direito. Eu não gostaria muito, mas daria as mãos e ouviria em silêncio. Agora, seria diferente da pessoa ir a minha casa e querer repetir a dose, não acha? E se estivéssemos num terreno “neutro”, como, por exemplo, na casa de alguém que é religioso, mas não cristão? Enfim, o que cada um quer fazer na sua casa, na sua igreja, é direito individual garantido pela constituição. Liberdade religiosa, certo? Mas isso inclui a liberdade de muita gente não ter religião! Outra boa questão é essa que vc coloca de que muita gente é infeliz no trabalho, acaba tendo de engolir inúmeros sapos e tal... Mas, não sei, no caso dessa professora do livro o negócio parece ser mais sério ainda! Quando eu postar a segunda parte sobre o livro vc vai ficar mais revoltada, imagino!
Hericky, muito interessante... Como eu estou longe das escolas faz muito tempo, e na realidade nunca estudei em escola pública, é tudo meio abstrato pra mim. Falamos muito brevemente nisso de Ensino Religioso no curso de Pedagogia. Lembro que a maior parte das alunas, futuras professoras, era a favor do ensino religioso como forma de “dar valores a essa juventude perdida”. É muito difícil que, num país em que 75% da população seja católica, esse ensino religioso não reflita a religião majoritária, que é o catolicismo. Mas que bom que vc relate que isso vem mudando, que vcs podem “bagunçar e conversar” nas aulas. E, pois é, isso de “agradecer a Jesus” está carregado de teor político. Não há nada de neutro aí.
ResponderExcluirRoberta, é, um dos maiores campos de batalha dessas guerras culturais nos EUA é nas escolas e universidades. É muito sério isso. Os religiosos conseguiram muito do que queriam durante os 8 anos do Bush. Agora terão que retroceder. Hmm, Cate Blanchett? É uma boa possibilidade! Talvez um pouco “fina”, aristocrática e bonita demais pro papel. Sobre como os pais ateus deveriam educar seus filhos no campo religioso? Acho que dando-lhes escolha. Falando sobre várias religiões e deixando que os filhos decidam se querem seguir alguma ou nenhuma. E, principalmente, ensinando tolerância. Pais ateus correm o “risco” de terem filhos que, em idade rebelde, podem querer se opor aos pais justamente optando por um fervor religioso ausente em casa. Mas geralmente é só uma fase, eu acho. Qual a sua opinião?
Lola, não conta o livro todo senão não leio mais! hahha, brincadeira. Sério, eu não tenho condição/moral de comentar nada sobre religião. No meu caso, quando digo que a Nina "não foi batizada nem tem religião porque quero que ela escolha quando crescer" você pode traduzir - "não tenho religião e espero que ela não me apareça com isso em casa"! rsrs. Mas vou colocá-la numa escola católica, em princípio, do tipo moderninha, ensina "religiões" (claro que vai puxar a sardinha pra Roma). Vamos ver o bicho que dá. Adorei a idéia do Paul Rudd mas não escolheria nenhuma dessas atrizes absolutamente lindas e maravilhosas como a Cate Blanchett, Julianne Moore, Kate Winslet etc. Simplesmente não consigo levá-las tão a sério, sendo tão lindas. Não parece vida real. Enfim. Acho Toni Colette e Joan Cusack duas grandes sacadas do Giovanni.
ResponderExcluirNunca li nada do Perrota, mas Eleição, o filme, é sensacional, certamente um dos meus favoritos. O roteiro do Alexander Payne é um dos mais inteligentes dos anos 90, quem viu sabe que não é exagero.
ResponderExcluireu sempre penso que é melhor não comentar quando não temos tempo de fazer um comentário decente nem temos nada de muito novo a falar, mas, o post é tão bom e instigante, que deixo aqui minhas impressões:
ResponderExcluir# Importantíssimo o destaque dado pela Suzana Elvas ao trabalho de formiguinha silencioso dos fundamentalistas no congresso. Sim, já está praticamente certo que teremos a institucionalização do ensino religioso nas escolas. É provável que abram concurso público para contratar professores de rígida formação CRISTÃ, algo que burla o nosso princípio de laicidade em diversos eixo. Pois privilegia um grupo social no acesso ao funcionalismo público e usa o aparelho do estado para massificar uma ideologia religiosa - o que é, por tabela, a opressão das demais. É o fim da picada.
E,sim, os grupos religiosos que estão nos espaços de poder sãoambiciosos, querem abocanhar o que estiver pela frente, inclusive sendo beneficiados em políticas culturais - há um projeto que viabilizaria, como incentivo cultural, verbas públicas para auxiliar na construção de templos.
# Minha família é católica, estudei em colégio de padres e aprendi diversas orações, sempre fui a neta mais próxima da minha avó, que me presenteava com livrinhos de santos. Sim, eu rezo quando preciso de conforto. É um processo íntimo e meditativo, que me ajuda muito, assim como respiração diafragmática me ajuda ou cd com som de cachoeira me ajuda. Eu gosto da mitologia toda cristã, das imagens e histórias de santos. E nasci em 4 de outubro, dia de São Francisco, que adoro.
Mas em minha cabeça, dissocio a espiritualidade cristã (que pode ou não ser sincrética) dessa outra coisa bem diferente que é o modelo hermético de vida imposto pelas religiões derivadas do cristianismo. Rezo em casa, mas não suporto orações coletivas ou impostos pelas igrejas. Me retiro mesmo. Eu fiz primeira comunhão e desde aquela época descobri que religião via instituição é lavagem cerebral. Explico: me fizeram decorar quem era Deus e se eu esquecesse uma das palavras do verbete era repreendida, também era ridicularizada se errasse um trecho de oração ou esquecesse um dos pecados mortais. O que considero uma estupidez e uma violação (eu tinha 8 anos!). Padres, freiras e missionários azedaram o cristianismo em minha vida. Ainda mais com todo esse lance de culpa e inibição que derrubam em cima da gente e, logo, logo constatamos tratar-se de pura e simples hipocrisia e deturpação. Néamm. Tou fora. Felizmente da crisma eu escapei. Minha verdade é outra. Eu respeito quem encontra conforto e sintonia na fé e na religião - qualquer uma delas. Acho válido e bonito. Mas não acredito que seja o único caminho. Nem admito que me azucrinem ou interfiram no meu.
# Com o autor de Little Children e os produtores de Little Miss (+ a deliciosa sugestão de elenco do Vitor), este tem tudo para ser um filmão.
# Amei o post.
Beijocas.
Oi, Lola,
ResponderExcluirGostei tanto deste post, que já encomendei o livro na Amazon. Desde a década de 1980, ainda durante o governo Reagan, a direita cristã norte-americana - encastelada no Partido Republicano, mas com reflexos também entre os Democratas mais conservadores - exerce uma grande influência na elaboração de políticas públicas e de Estado, inclusive no âmbito da política externa. No entanto, isto ficou mais aparente no governo do Bush Jr. Partindo da noção de "excepcionalidade" do povo norte-americano - que é visto como uma espécie de novo povo eleito -, estes setores diferem, inclusive, da direita laica tradicional, por não serem anti-semitas e terem até uma postura pró-Israel. O crescimento deste setor gera situações como a descrita no livro. Por outro lado, não dá para esquecer que no oposto do espectro político, temos um setor da sociedade norte-americana mais cosmopolita, liberal (no sentido norte-americano do termo)e progressista, o que se manifesta no "choque cultural" que aparece no livro e que você destaca. Concordo com você que o nosso catolicismo sincrético de matriz lusitana - sem a dureza do puritanismo anglo-saxão - faz com que aqui as coisas sejam mais leves. No entanto, como alguns dos comentadores do post já destacaram, estes grupos cristãos mais conservadores estão bem-articulados e já avançam no Brasil. Um bom exemplo disto se deu durante a passagem do Casal Garotinho pelo governo do estado do Rio de Janeiro, quando foi instituído o ensino religioso de caráter confessional - contrariando o que diz a legislação educacional brasileira -nas escolas da rede pública estadual. Não esqueçamos também o crescimento de organizações católicas ultra-conservadoras como a "Opus Dei" que têm crescido bastante, inclusive no meio político, com seus representantes estabelecendo no congresso uma aliança tática com a bancada evangélica em torno principalmente da legislação que envolvam questões de ordem moral como o aborto ou a pesquisa com células-tronco.
agora mesmo eu estava aqui, lendo um site de saude americano, para usar como fonte para um artigo sobre dst no site que faco estagio. nesse site americano coisas horriveis eram ditas, como "nao transar é a melhor forma de evitar dst", "ao escolher parceiros(as), analise se eles parecem portadores de dst" (como se existisse uma cara, um comportamento padrao, ne?) e etcetc...logico que nao escrevi nada disso, mas fiquei meio chocada!
ResponderExcluirai lendo o seu post, entendi melhor o pq dessas coisas horriveis que acabei de ler....
Ha há, Tina, muito divertido seu comentário, principalmente sua “tradução”. É, se eu tivesse filho eu também educaria assim, sem religião. Mas, ao contrário da minha mãe, que me pôs numa escola católica, eu escolheria uma sem religião pra estudar. Ah não, ninguém merece escola de freiras como eu tive! A escola era boa, lógico, mas há montes de escolas boas sem ter que ser forçada a participar de uma religião que vc não acredita. E sobre as atrizes, pois é, não sei. Não gostei muito da sugestão (do Vitor, não do Gio) da Toni Colette ou Joan Cusack pro papel. Pra mim, elas (principalmente a Joan) estão associadas a papeis cômicos, e a Ruth não é uma personagem com grande senso de humor. Ainda não pensei muito no assunto.
ResponderExcluirJoão, concordo: Eleição é sensacional. Li o livro do Tom Perrotta recentemente e gostei muito, muito mais do filme. É um grande roteiro esse do Alexander Payne. O livro é ótimo também, mas não tem comparação. Já Little Children, o romance, é tão bom quanto o livro. Ambos são ótimos. Ainda vou comprar livro e filme. Falta só tempo...
Ah, quiéisso, Dai? Vc tem que comentar SEMPRE! Putz, esse projeto que a Suzana divulgou me mete mais medo cada vez que fico sabendo mais dele. Isso de contratar professores com rígida formação cristã é o que os evangélicos vêm tentando fazer nos EUA há anos. E não só pra dar aula de religião, mas de qualquer coisa! (matemática, literatura, e principalmente biologia!). É perigosíssimo isso. Milk fala um tiquinho disso, da tentativa de despedir das escolas qualquer professor “gay ou simpatizante”. É tudo parecido: queremos apenas pessoas que pensem exatamente como nós para educar nossos filhos.
ResponderExcluirSobre religião e espiritualidade, eu tenho o maior respeito por pessoas que gostam da religião que adotaram, que se sentem confortadas por ela, que encontram paz nisso. E nem digo que religião tenha que ser algo apenas individual, de vc rezar na privacidade da sua casa. Acho ótimo que as pessoas sintam-se confortadas numa comunidade religiosa. O problema que vejo nessas comunidades é que existe muito preconceito. Pra se auto-definirem como comunidade, é preciso identificar o “outro”. Isso de se achar especial, de ser o povo escolhido, muitas vezes leva ao fanatismo e à exclusão.
Abobrinhas, que bom que vc comprou o livro! Gostei muito do romance, e tomara que vire um filme instigante também. Então, tudo isso que vc falou é vero. A direita cristã já começou a ter muito poder na era Reagan, e piorou agora com o Bush. Hoje 25% da população americana pode ser considerada born-again Christian, da direita cristã. É um número altíssimo pra um país desenvolvido. Isso não existe na Europa. E ter fundamentalistas de qualquer religião governando um país (ainda mais um com o poderio militar dos EUA) é um problemão. Mas claro que a maior parte dos americanos preza sua liberdade e não quer misturar estado e igreja. Aqui no Brasil é sempre chato quando a “bancada evangélica” cresce, porque a gente sabe que leis necessárias não saírão dali. E é lastimável que a igreja católica se mantenha tão retrógrada. Os carismáticos têm muito mais proximidade de pensamento com os evangélicos que com a Teologia da Libertação, que o santo papa fez questão de trucidar...
ResponderExcluirM, assustador mesmo! Isso, só de olhar pra pessoa dá pra ver se ela é ou não portadora de dsts! Imagine algo assim sendo ensinado nas escolas. Ainda mais em aulas de Educação Sexual.
Lola adorei o post e adorei ler as opiniões dos outros leitores.Acho super importante debater estes assuntos. No caso de hoje, ler cada opinião aqui é algo enriquecedor. Não tenho muito o que opinar, hoje estou mais para aprender mas, gostaria de dizer que fui criada na religião católica que me influenciou muito e até atrapalha a compreensão lógica da vida, em alguns momentos, alem de ser altamente castradora. Tenho amigos espíritas que admiro muito e gosto muito da espiritualidade divulgada por L. Boff. Concordo com alguem que disse aí que a oração é uma conversa que fazemos conosco, e acredito que momentos de silêncio onde deixamos a alegria de compartir o mundo tomar conta do nosso coração, fará bem.Abraço da Fatima/Laguna
ResponderExcluirLola,
ResponderExcluirSó para ilustrar um pouco esta conversa coletiva, transcrevo um texto escrito em 1964 por Richard Hofstadter, professor de História Americana, em Colúmbia. Este trecho é o parágrafo inicial de um artigo publicado na Harper's Magazine, intitulado "The Paranoid Style in American Politics". É triste perceber como ele continua extremamente atual.
Abraços.
"American politics has often been an arena for angry minds. In recent years we have seen angry minds at work mainly among extreme right-wingers, who have now demonstrated in the Goldwater movement how much political leverage can be got out of the animosities and passions of a small minority. But behind this I believe there is a style of mind that is far from new and that is not necessarily right-wind. I call it the paranoid style simply because no other word adequately evokes the sense of heated exaggeration, suspiciousness, and conspiratorial fantasy that I have in mind. In using the expression
“paranoid style” I am not speaking in a clinical sense, but borrowing a clinical term for other purposes. I have neither the competence nor the desire to classify any figures of the
past or present as certifiable lunatics., In fact, the idea of the paranoid style as a force in
politics would have little contemporary relevance or historical value if it were applied
only to men with profoundly disturbed minds. It is the use of paranoid modes of expression by more or less normal people that makes the phenomenon significant".
O caso da educação religiosa é qual religião será ensinada. Se é um colégio católico, obviamente será a doutrina católica. Se for um colégio adventista, é o adventismo que será ensinado. Mas lembro que quando eu era menor e a mãe de minha colega dava aula de religião em algumas escolas públicas (curiosamente também era a professora de Ciências ^_^), ela era Testemunha de Jeová, ou seja, o que ela ensinava era o que acreditavam os testemunhas de Jeová.
ResponderExcluirAcho válido ter aula de educação religiosa em escola religiosa, mas em escola pública seria muito mais válido ter alguma outra doutrina...valores morais, aprendizado político, ética e afins. Pq forçar o catolicismo vai contra a liberdade religiosa, mas se não instituirem uma coisa única, será um balaio de gatos, dependendo do professor...poderá ser catolicismo, budismo, mormonismo, adventismo, judaísmo e outros ismos.
E se o objetivo é moralizar, então há outros meios para isso. A menos que se tenha um estudo das religiões (que eu acho até legal, mas não é o enfoque de toda discussão, eu sei), se bem que isso não dá para ensinar para criança muito pequena.
Oi, Lola!
ResponderExcluirTb não gosto dessa história de rezar para ganhar ou para agradecer ter ganho um jogo. Isso é super comum em filmes americanos, não é? Aquele bando de moleques num vestiário, abraçados uns aos outros e ao técnico e o técnico puxando uma reza do tipo "peço a Deus que nós consigamos levar essa taça para casa". Acho uma deturpação e desrespeitoso. Não gosto e me incomodaria ver alguém impondo isso a meu filho.
Puxa, o livro parece maravilhoso.
Bjs,
Anália
Lola, não sei se eu faria um escândalo...
ResponderExcluirMas eu acho que a gente deveria.
Esses catoliquentos - e o resto dos cristãos - atrapalham muito a vida de muita gente...
Não é só uma oração, não é só uma missa, não é só uma crença bobinha...
São grupos religiosos que impedem a legalização do aborto, o reconhecimento das uniões homoafetivas, é da crença estúpida deles que temos tantos direitos cerceados, que temos tanto ódio contra homoafetivos, mulheres e pessoas que se comportam de uma forma que eles não gostam!
Quando eu tiver uma filha, eu espero que eu tenha coragem de parar tudo e dizer para o técnico/professor/educador ou seja lá o que for 'Não, Não quero que você adestre minha filha, não quero que faça com que ela seja parte desta mentalidade doentia...'
Yo já fui muito católica e posso dizer que isso me fez muito mal, não quero isso para filha minha...
Oi Lola!!
ResponderExcluirEste negócio de ensino religioso é complicado mesmo.Como licenciada em Ciências Sociais, tenho companheiros dando aula de ensino religioso, mas com uma abordagem antropológica sobre religiões em geral. Acho interessante, pois faz parte de nossa cultura saber sobre. O que é BEM diferente de doutrinar religiosamente, por exemplo o ato de rezar não é ensino religioso.Dinheiro público gasto com isso é diferente mesmo.
Não sei se daria "barraco" rsrs numa situação q vc citou, acho que esta guerra cultural até tem no Brasil, mas não em seu sentido tão religioso.. O problema aqui é mais de cunho financeiro mesmo...
Eu como atéia e namorando um judeu, por exemplo não tive problemas até agora...respeitamos um ao outro. No EUA e alguns países da europa deve ser mais evidente mesmo pela heterogeneidade.
pois é, os americanos sao estranhos, ao inves de incentivar o uso da camisinha, eles vao na contra-mao da historia e da saude publica. mas é uma escolha da sociedade deles, mas eles tem uma restriçao que vc só pode matricular teu filho nas escolas do bairro. dai vc fica sem muita opçao de escolha, logo o jeito é se mudar. pelo que sei, eles acabam escolhendo a vizinhança em funçao da escola para os filhos. fui educado catolico, e hoje nao acredito mais em religioes em geral, e nao me faz falta ter um deus. minha namorada ficou meio abalada qdo disse que eu ate caso na igreja, mas so porque isso significa pra ela, ja que pra mim a bençao de deus ou da igreja nao faz o menor sentido. sao as crenças dela e eu respeito. acho que o problema vai surgir qdo porventura viermos a ter filhos e eu vou querer ensinar que as coisas nao sao bem assim como a igreja vende. enfim. nao gosto de criticar a opçao dos outros, e com tantos filmes e livros fazendo isso, mal, diga-se de passagem. acho o debate saudavel, mas em termos de religiao nao ha debate saudavel.
ResponderExcluirLola voltei pra te peguntar uma coisa : vc já leu a obra
ResponderExcluir"I CHING"? Acho que sim né? Pois este livro mais antigo que a Bíblia, estou lendo em doses homeopáticas. Acho que tal livro seria uma beleza para ser trabalhado nas aulas de religião, uma vez que fala do descobrir, do saber que não se compra, nem se vende, é para ser adquirido para uso pessoal. Seria uma bela viagem para a juventude. Deviam pagar muito bem pago um professor para lecionar algo assim, o qual deveria ter doutorado porque há que se ter muito preparo para se compreender a simplicidade.
Fatima/Laguna
Eu sempre passo por essa situação constrangedora nos almoços de domingo na casa dos meus pais, que sempre tem oração antes. Fico em silêncio.
ResponderExcluirMudando de assunto, e sobre o efeito negativo do machismo também sobre os homens:
http://www.alphagalileo.org/ViewItem.aspx?ItemId=58442&CultureCode=en
Eu gosto do post porque discute uma questão que é hiper importante pra mim.
ResponderExcluirSou atéia. Mas sou daquelas que não apenas não tem religião. Sou das que reputa à religião, com um todo, uma responsabilidade por vários males do mundo.
Então que, pra mim, não basta não educar minhas filhas fora da religião, importa, e muito, que elas saibam desse mal. Não engulo. Mas também não escandalizo. só faço questão sempre que possível de deixar claro que não gosto e não aprovo.
Com o tempo poderei ser mais clara, para elas, do porquê dessa aversão.
Não encaro a oração como algo desimportante, encaro como uma doutrinação que tem todo o potencial de prejudicá-las.
Lola, mesmo a filha da Palin só pode se não abortar e ainda virar garota propaganda. Ter passado para dizer o quanto mudou é algo fundamental em muitas alas do movimento evangélico mais militante. Se você não cometeu um monte de "atrocidades", como vai mostrar que "mudou"?
ResponderExcluirEu dou aula em um colégio laico, por tradição e por formação, o colégio militar. Porque a única coisa de útil que o Exército fez e acho inconteste é a separação entre Igreja e Estado no Brasil. É capenga, ma sfoi feita. Mas é também uma instituição que depende da linha do comandante. Muda o comando, muda a abordagem. O comandante atual transformou o colégio em uma paróquia católica e as rezas foram instituídas antes de cada evento. Ora, sou civil, não sou obrigada, mas imagino a pressão sobre os militares.
No Rio de Janeiro, a instituição da educação religiosa na rede pública é uma realidade. E, pelo menos no governo Garotinho, se tentou manter um controle sobre o que os professores ensinavam. Católicos e Protestantes foram contemplados, os outros, não. Mas a raiz do problema é que a educação religiosa não deveria estar lá.
Saved é um filme pequeno, mas excelente. O link no IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0332375/ Saiu em DVD no Brasil.
Oi de novo...
ResponderExcluirRealmente essa dicussão sobre religião e sexualidade nos proporcionaria milhares de questionamentos e dúvidas, assim como poderíamos nos pautar em diversas teorias filosóficas e políticas para respondê-las.
Após a leitura dos comentários dos companheiros e da atenciosa resposta de Lola (pq tu responde todo mundo mesmo, o que é super atencioso, no mínimo), me colocam algumas questões... sobre a nossa relação Estado brasileiro e Instituíção Igreja. Lembro-me que na década de 1930, qdo da constituição, havia sim nela contido a obrigatoriedade do ensino da religião católica, e que essa era uma resposta ao acordo político entre Governo Vargas e Igreja Católica! Porém foi extinto na constituição posterior, o que não exclui a interferência religiosa nas instituições escolares, haja vista os colégios franciscanos, de freis, padres, madres e das universidades, não é?! E com certeza as relações, interferências, aparelhamentos e subserviência são explicitados em diversos momentos que não só estes, além dos próprios interesses que levam às criações dessas intiuições, não é?
Acho que por hora, fico por aqui!
Beijos
Sei que ninguém vai ler esse comentário, mas quando eu era pequena minha mãe tinha se convertido a testemunha de jeová há alguns anos e minha vó era católica. Minha mãe morava nos fundos da casa da minha avó e as duas tentavam nos doutrinar de formas diferentes e óbviamente minha mãe ficava puta de raiva!
ResponderExcluirAlém disso minha mãe sempre me ensinou a ser muito humana (sem preconceitos e com respeito ao próximo) e minha mãe nunca levou desaforo pra casa digamos assim. Pra tudo! Se a loja queria roubar grana, cobrar mais caro: barraco! Se alguém jogava lixo no chão: frase corretora em voz alta na rua. E assim por diante. Minha mãe também me ensinou a dar assento aos mais velhos e a pessoas com qualquer dificuldade de locomoção até pessoas com muitas sacolas, mulheres grávidas, etc. E isso ANTES da lei e dos adesivos nos ônibus "garantindo" o assento pra idosos grávidas e deficientes físicos.
Mas acho que o que vc vai achar de mais interessante é que na escola tinhamos que rezar antes do lanche. Eu achava isso um saco. Minha mãe se sentia ofendida se me obrigassem a rezar em outra religião. Antes dos lanches eu ficava calada e tinha que esperar as pessoas rezarem pra depois eu poder comer. Eu não precisava esperar (penso hoje), pois minhas atitudes com relação a minha comida não diz respeito a ninguém, mas eu "respeitava". Minha mãe me disse pra se eu quiser orar pra jeová, mas não era necessário. Nunca orei antes de comer, no máximo desejei que acabasse rápido pra eu poder comer logo.
Eu não vejo problema algum em reclamar e fazer escândalo por aquilo que se acha certo ao invés de seguir com os costumes tradicionais em função de "evitar conflitos". Eu cresci e fiquei igual minha mãe: barraqueira. Só que sou agnóstica. Mas não aceito injustiças! E eu não tive a mesma reação que vc ao ler que ruth(?) foi lá e fez um escândalo e tirou a filha dela de lá reclamando da falta de respeito ao estado laico. Achei a melhor atitude e como os pais devem agir sempre! E realmente: deu orgulho! O livro deve ser legal, vou ver se compro ou baixo na amazon.
PS: adoro seu blog! =)
PS2: eu escrevi como anonima pq dei muitas informações pessoais aqui.