Num outro post, a querida Tina Lopes, que tem um blog interessantíssimo, fez um comentário que me fez refletir. Ela contou por cima que teve que aturar um monte de homem abusado quando foi "dona" de uma padaria (junto com a sua mãe), no bairro Pilarzinho, em Curitiba. Eu nunca tinha pensado nisso de como atendentes em qualquer negócio devem ter que aguentar cantadas e grosserias o dia todo. No meu breve período numa locadora de vídeo, não me recordo de nenhuma ocasião constrangedora. Então pedi pra Tina escrever um guest post sobre a sua experiência. Esse relato também me deu o que pensar. Lembrei do que li recentemente - de que mulheres se juntam a homens para que estes as protejam de outros homens. Lembrei que, toda vez que o maridão viaja (ele joga torneios de xadrez em outras cidades), a gente não fala pra ninguém que há uma mulher sozinha. Mas também lembrei de como eu era descuidada pra essas coisas. Quando me mudei pra Joinville, quinze anos atrás, o hoje maridão, então namoradão, ainda não tinha certeza se queria sair de São Paulo e morar comigo. Portanto, fiquei alguns meses sozinha (com o maridão vindo me visitar constantemente). Até hoje a vizinhança fala (mal) de uma moça que ousou ser independente e morar só. Porque isso nunca havia acontecido, nem aconteceu novamente. Mas eu não tinha medo. Mandei colocar grades nas janelas, lógico, porque todas as casas tinham. Só que não passou pela minha cabeça que eu corria perigo, já que uma mulher sozinha é vista como disponível, vulnerável, presa fácil. Eu simplesmente ignorava a sociedade que me via como uma alienígena (e, felizmente, sobrevivi). Mas nem sempre ignorar o preconceito é possível, como narra a Tina.
A Lola sugeriu que eu contasse minha breve experiência de comerciante – filha da dona da padaria, balconista, caixa e segurança – de padaria. Já relatei várias histórias da Pani no meu blog anterior (que num momento de desamparo, carência e fúria, deletei). Mas a Lola me pede que conte a história do ponto de vista que sempre evitei, o da mulher atrás do balcão. Ali ficamos expostas a cantadas inócuas, outras perigosas, falta de respeito, assédio e até violência mesmo.
Bem, a Pani ficava num bairro pobre. O negócio era originalmente do meu pai. Eu, com 19 anos e minha irmã, com 14, estudávamos de manhã e atendíamos no balcão à tarde; minha mãe, professora, trabalhava na Pani de manhã e dava aula à tarde na escola estadual do bairro. Só meu pai ficava lá o dia todo. Mas isso mudou logo, porque o casal se separou, meu pai saiu de casa e ficamos as três mulheres na Pani.
Daí muita coisa mudou. As mulheres do bairro, muito pobres, iam lá bater papo com minha mãe, uma “formadora de opinião” porque era professora e recém-separada. Um baita status revolucionário.
Já os homens passaram a nos olhar com outros olhos. Nunca houve um assédio sexual daqueles feios, beirando à denúncia e escândalo – mesmo porque todo mundo (do mundo masculino, digo) achava que meu pai ia voltar – mas passou a haver um ar de desrespeito. Representantes de vendas que se encostavam no balcão, languidamente, tentando forçar intimidade. Davam brindes que antes não existiam. Tentavam nos passar pra trás, também, nos pequenos negócios.
Mas o maior incômodo estava entre os clientes. Infelizmente, quanto menor o grau de escolaridade, maior a grosseria. Havia mais assédio moral do que sexual, que me lembre. Do tipo “você não sabe fazer contas”; “cadê seu pai pra resolver isso?”; “cadê o dono?” pra baixo. Já os poucos com alguma grana esbanjavam pra impressionar.
Resultado. Éramos duras com os homens; a ordem da minha mãe era: mãos limpas e cara fechada. Qualquer sinal de grosseria tinha revide imediato. Minha irmã e eu raramente ficávamos sozinhas ao balcão. Esqueci de contar que morávamos nos fundos da Pani. Enquanto uma entrava pra comer, tomar banho, ver TV, outras duas ficavam na frente, no balcão.
Lembro de um senhor que vivia bêbado. Ele ia diariamente à Pani pedir dez pães e, deliberadamente, nos tratar mal. Era o seu momento de desopilar o fígado, imagino. Derrubava coisas no chão pra nos fazer limpar, jogava as moedas de qualquer jeito, e todo santo dia, todo santo dia, perguntava do meu pai. Em troca eu era muito, muito estúpida com esse senhor.
Um dia ele apareceu, depois da missa (a igreja ficava a poucas quadras), com um frango assado daqueles de televisão de cachorro (comprado no mercado concorrente, que vendia pão) numa sacolinha de plástico. Pediu os dez pães. A Pani cheia, depois da missa de domingo, e ele reclamando que os pães estavam escuros demais. Ou claros demais, sei lá. Bem alto, pra todos os clientes ouvirem. Na hora de pagar, se enroscou todo com a sacola do frango e não conseguia se desvencilhar, foi perdendo as moedas, derrubando tudo, xingando, falando palavrões, reclamando dos pães. Aí vem e estica o braço por cima do balcão e me ordena: “arruma essa sacola aí”.
Eu, pegar no braço nojento, suado, do velho bêbado? Respondi na lata: “o senhor que se arrume, leve esses pães, não precisa pagar, só saia daqui e pare de incomodar. Eu não tenho que encostar no senhor, fazer nada pelo senhor, e tenho certeza de que se meu pai estivesse aqui, o senhor ia era estar se desculpando por atrapalhar todo mundo. Tá pensando que porque aqui só tem mulher, que a gente vai agüentar desaforo?”
Não sei se consegui explicar mesmo o bizarro da cena. O homem e seu frango assado, unidos por alças de plástico.
Bem, passamos por várias experiências chatas. Tentativas de assalto (foram 3 ou 4), uma briga de porrada – entre homens – dentro da Pani (nada a ver conosco, mas eu levei um soco depois de espantar os brigões a vassouradas), e finalmente, a falência inevitável depois do Plano Collor. Mas a lembrança que ainda me chateia é daquele velho me dando ordens. That's all, folks.
Quer ler outros guest posts? Cavaca explica como são as gorjetas em Portugal e narra alguns "causos", Cris conta como escapou da morte quando foi anoréxica, Patricia ri da cara das dietas, e Vitor fala como foi ser garçom num hotel cheio de celebridades no Havaí. Se você tiver algo legal pra contar, as portas do meu bloguinho estão abertas.
A Lola sugeriu que eu contasse minha breve experiência de comerciante – filha da dona da padaria, balconista, caixa e segurança – de padaria. Já relatei várias histórias da Pani no meu blog anterior (que num momento de desamparo, carência e fúria, deletei). Mas a Lola me pede que conte a história do ponto de vista que sempre evitei, o da mulher atrás do balcão. Ali ficamos expostas a cantadas inócuas, outras perigosas, falta de respeito, assédio e até violência mesmo.
Bem, a Pani ficava num bairro pobre. O negócio era originalmente do meu pai. Eu, com 19 anos e minha irmã, com 14, estudávamos de manhã e atendíamos no balcão à tarde; minha mãe, professora, trabalhava na Pani de manhã e dava aula à tarde na escola estadual do bairro. Só meu pai ficava lá o dia todo. Mas isso mudou logo, porque o casal se separou, meu pai saiu de casa e ficamos as três mulheres na Pani.
Daí muita coisa mudou. As mulheres do bairro, muito pobres, iam lá bater papo com minha mãe, uma “formadora de opinião” porque era professora e recém-separada. Um baita status revolucionário.
Já os homens passaram a nos olhar com outros olhos. Nunca houve um assédio sexual daqueles feios, beirando à denúncia e escândalo – mesmo porque todo mundo (do mundo masculino, digo) achava que meu pai ia voltar – mas passou a haver um ar de desrespeito. Representantes de vendas que se encostavam no balcão, languidamente, tentando forçar intimidade. Davam brindes que antes não existiam. Tentavam nos passar pra trás, também, nos pequenos negócios.
Mas o maior incômodo estava entre os clientes. Infelizmente, quanto menor o grau de escolaridade, maior a grosseria. Havia mais assédio moral do que sexual, que me lembre. Do tipo “você não sabe fazer contas”; “cadê seu pai pra resolver isso?”; “cadê o dono?” pra baixo. Já os poucos com alguma grana esbanjavam pra impressionar.
Resultado. Éramos duras com os homens; a ordem da minha mãe era: mãos limpas e cara fechada. Qualquer sinal de grosseria tinha revide imediato. Minha irmã e eu raramente ficávamos sozinhas ao balcão. Esqueci de contar que morávamos nos fundos da Pani. Enquanto uma entrava pra comer, tomar banho, ver TV, outras duas ficavam na frente, no balcão.
Lembro de um senhor que vivia bêbado. Ele ia diariamente à Pani pedir dez pães e, deliberadamente, nos tratar mal. Era o seu momento de desopilar o fígado, imagino. Derrubava coisas no chão pra nos fazer limpar, jogava as moedas de qualquer jeito, e todo santo dia, todo santo dia, perguntava do meu pai. Em troca eu era muito, muito estúpida com esse senhor.
Um dia ele apareceu, depois da missa (a igreja ficava a poucas quadras), com um frango assado daqueles de televisão de cachorro (comprado no mercado concorrente, que vendia pão) numa sacolinha de plástico. Pediu os dez pães. A Pani cheia, depois da missa de domingo, e ele reclamando que os pães estavam escuros demais. Ou claros demais, sei lá. Bem alto, pra todos os clientes ouvirem. Na hora de pagar, se enroscou todo com a sacola do frango e não conseguia se desvencilhar, foi perdendo as moedas, derrubando tudo, xingando, falando palavrões, reclamando dos pães. Aí vem e estica o braço por cima do balcão e me ordena: “arruma essa sacola aí”.
Eu, pegar no braço nojento, suado, do velho bêbado? Respondi na lata: “o senhor que se arrume, leve esses pães, não precisa pagar, só saia daqui e pare de incomodar. Eu não tenho que encostar no senhor, fazer nada pelo senhor, e tenho certeza de que se meu pai estivesse aqui, o senhor ia era estar se desculpando por atrapalhar todo mundo. Tá pensando que porque aqui só tem mulher, que a gente vai agüentar desaforo?”
Não sei se consegui explicar mesmo o bizarro da cena. O homem e seu frango assado, unidos por alças de plástico.
Bem, passamos por várias experiências chatas. Tentativas de assalto (foram 3 ou 4), uma briga de porrada – entre homens – dentro da Pani (nada a ver conosco, mas eu levei um soco depois de espantar os brigões a vassouradas), e finalmente, a falência inevitável depois do Plano Collor. Mas a lembrança que ainda me chateia é daquele velho me dando ordens. That's all, folks.
Quer ler outros guest posts? Cavaca explica como são as gorjetas em Portugal e narra alguns "causos", Cris conta como escapou da morte quando foi anoréxica, Patricia ri da cara das dietas, e Vitor fala como foi ser garçom num hotel cheio de celebridades no Havaí. Se você tiver algo legal pra contar, as portas do meu bloguinho estão abertas.
Ai que triste lolinha!
ResponderExcluirAcabou comigo!
Eu nem ia postar aquilo lá... foi uma redação antiga q eu achei no pc! Sorte que minha prof num é inteligente igual a vc ! tinha tirado 8! Se fosse tu ia tirar um 0,1 pela intenção!
:(
XD
Apaguei!
Beijo!
Lola, eu fui dona de livraria e sebo quando pedi demissão para ficar em casa e amamentar minha filha mais velha até ela fazer um ano ("Você tem que fazer alguma coisa, trabalhar, ganhar dinheiro, produzir" blábláblá). Enfim. A livraria ficava num centro cultural, e ficava aberta das 18h às 2h. Chegava em casa às 3h e fazia o serviço de casa.
ResponderExcluirMas era impressionante a maneira como eu ficava invisível mal meu ex-marido chegava. Completamente. Eu abria a livraria e ele chegava 30, 40 minutos depois. E eu sumia. Era só o peito que amamentava aquele bebezinho lindo.
E mais: na época me lembro quando tínhamos reunião com os pais da escola da minha enteada - uma vez ele estava num círculo de pais conversando sei lá que assunto da área econômica e eu entre na conversa (trabalhei em economia de jornal por quase dois anos, cobrindo política econômica - BC, mercado nacional/internacional etc). "Ué, você também é jornalista? Pensei que era só dona-de-casa" - como se mãe/dona-de-casa perdesse massa encefálica ao dar à luz.
Depois que meu padrasto morreu e ficamos eu e minha mãe sozinhas, uma cambada de homens (que trabalhavam na empresa de limpeza ao lado ou na TELEMAR que ficava na esquina) passou a bater na porta e pedir cafezinho, água gelada e jogar conversa fora. Eles NUNCA fizeram isso quando meu padrasto era vivo. Um deles resolveu "paquerar" a minha mãe de um modo nada sutil. Ela sugeriu que eu chamasse meu namorado para passar uns tempos ali, para "ter um homem na casa", mas eu recusei.
ResponderExcluirNão adianta - somos mais fracas fisicamente, o que para homens de baixa instrução (ou instruídos porém asquerosos), significa que somos indefesas aos seus ataques, seja sexuais ou porradais. Talvez seja verdade, mas espero que um dia eles reflitam e decidam que podemos conviver pacificamente e nos respeitando.
Lola, amada,
ResponderExcluiracontece que os chocolates suíços que eu encomendei ficaram presos na alfândega e, com o calor dos dias idos, viraram mingau. Por isto sua ordem ainda não foi cumprida com garra e determinação.
Na verdade, au estou terminando um, no meio da outra, pensando em começar uma terceira. Pra mim, que sou advogada, vale à pena, pois a especialização te deixa apta a operar o sistema, lidar com a profissão, te atualiza profissionalmente e na minha área, se piscar, tá desatualizado, né?
Eu pensei em mestrado, mas imagino que seria mais útil para um cientista do direito e não para um peão do direito, como eu. Mas dá vontade, mais pra fente, até pra entrar na vida acadêmica lecionando, quem sabe?
Esse lance do superávit é verdade mesmo, flor. Ele só fica com déficit quando jogam junto a conta da saúde que não tena com a Previdência, mas o Wilindão Bonner e Ótema Bernardes não exprica isso pra nóis no jornal, né? Por que será, Deus, o que haverá por trás desta podridão? Vou ver se meu amigo maluco quer escrever o guest post junto comigo e te mando.
Com relação ao assunto do post e do guest post de hoje, sei como é isso. É tipo quando EU levo o carro pra oficina e faço mil perguntas e o cara me diz assim: o problema do seu carro é o seguinte: gjjgolsjfiehjfhauarjelsjf, mas fala pro seu marido ligar pra mim que eu explico e aí ele vai enternder... COMASSIM? O cara acha que nem vale a pena tentar me explicar, eu não vou entender, mesmo. No Brasil, ao ,menos onde transito, se dá o mesmo que na Espanha. O cara tá lá andando feito lesma, você ultrapassa. Ah! Mas isso é muito desaforo! Sabe, Lola, minha teoria é a seguinte, uma grande parte dos homens consideram seus carros como extensão de seus pênis. Sabe aquela imagem de ir "rasgando a estrada"? Ai, que medo... Por isso eles se sentem ofendidos quando uma mulher, um reles ser desprovido do órgão sagrado fica manipulando uma extensão do mesmo por aí e, de quebra, ultrapassando um legítimo representante do gênero sublime, dando a entender que sabe manipulá-lo melhor que um macho. Oras, vocês mulheres, sempre se metem onde não devem. Tsc, tsc, tsc.
Te mando o livro, não tá neste micro, mas eu mando lá do escritório assim que eu for espantar as moscas de lá. Ha, ha, ha! Beijo, linda!
Uia, tive um idéia, só pra sacanear, vou mandar este comentário só pra subir minha cotação na bolsa de TOP 10. Ai, estes advogados e suas saídas incríveis...
ResponderExcluirAproveito e mando outro beijo:O)
Oi, Tina.
ResponderExcluirMuito interessante sua história e o jeito que vc escreveu, adorei; até imaginei o velho com as sacolas enroladas.
Moro em Curitiba, conheço o bairro que vc mecionou, então as cores ficaram ainda mais vivas.
Lola, acho legal vc colocar esse espaço.
beijos!
Tina, ehehe, quando disse adorei, óbvio que não me referi aos apuros que as mulheres passam quando estão sós, mas ao seu estilo de escrever, bem legal.
ResponderExcluirbeijos
Oi Lola!
ResponderExcluirEu to ficando louca ou já li esse post antes!
Acho que até comentei...
bjos
Lúcia
É Lola, já passei muitas vezes por essas coisas, no momento trabalho em um consultório médico, e os " pacientes" são bem folgados, levantam a voz com vc e tudo. O médico aqui é um GROSSO, com certeza se homens trabalhassem para ele, essas atitudes seriam bem diferentes. Ás vezes me canso de trabalhar com público, de ser mulher então, me canso sempre. Mas qdo lembro que podemos mudar me reanimo.
ResponderExcluirBeijos Lola, o blog está cada dia melhor!
Ai, Bobby querido, comentei aquele dia no seu post que minha intenção era só fazer uma crítica construtiva... Tadinho!
ResponderExcluirAliás, aproveitando: eu tinha colocado este mesmo guest post da Tina no sábado retrasado. Ficou aqui a manhã inteira, e nenhum comentário. É que sábado a frequência é bem menor mesmo. Aí escrevi um outro sobre o caso Eloá, mais atual, e decidi tirar este e deixá-lo prum dia mais nobre, porque o assunto é muito importante. Então participem, pessoas queridas!
Su, que legal vc ter tido uma livraria! Deve ser ótimo ter um sebo, não? Poder ler montes de coisas... Quanto a ficar invisível, acho indiscutível que nós mulheres sejamos sempre ou descartadas intelectualmente (nossa opinião não conta), ou como se diz em inglês, “patronized” (que parece vir de uma raiz muito parecida com patriarcado, não?). Ou seja, no máximo o pessoal faz uns afagos na nossa cabecinha de vento, dizendo “Boa menina...”. Se a gente diz algo válido, só é considerado inteligente “pra uma mulher”. Não sei onde li isso faz uns meses, talvez no blog da Cynthia, sobre a diferença de tratamento nos próprios blogs. Talvez tenha sido a Ale (desculpe, gente, eu confundo tudo!) que contou que quando tinha nick de homem, notava a mudança de tratamento. Era levada mais a sério, digamos. E isso não acontece só com blogueiros homens, mas com blogueiras também. O privilégio masculino não leva esse nome por acaso...
ResponderExcluirE pra mulheres que são mães deve ser pior ainda. A sociedade tenta anular totalmente a mulher. Ela vira só a mãe de alguém.
Puxa, Lolla isso da necessidade de “ter um homem em casa” foi uma coisa nova pra mim, até recente, que só descobri muitos anos depois de morar sozinha. Acho que se eu tivesse prestado atenção no que todo mundo me dizia durante aquele semestre que morei sozinha, eu teria ficado mais paranóica. Looking back, é impressionante como eu não tava nem aí. Meu lado feminista era (e é) tão forte que eu achava que só porque eu era uma mulher independente todo mundo deveria me respeitar e aceitar a minha condição. Eu me sentia solteira (o agora maridão tava em SP, e a gente não sabia se ia ficar junto ou não), e eu sou bastante simpática, então fiz amizades rapidamente. E às vezes entravam três caras aqui - porque, pô, eu tenho uma casa, a casa é minha, por que a gente vai ficar conversando na rua? Imagino o que a vizinhança falava de mim... Na época eu nem sabia. Agora eu sei, é algo como “AGORA essa daí tá casada, mas quando ela chegou aqui não era nenhuma santinha não”. Tenho certeza absoluta que fui a única mulher a viver sozinha em toda a vizinhança. É um choque imenso pro pessoal ultra-machista daqui.
ResponderExcluirEu acho que tive sorte, porque nunca aconteceu nada comigo. Nenhum homem me viu e achou que eu era uma mulher sozinha, logo disponível, e que precisava ser “domada”, ou que ele precisava marcar seu território. Mas eu acho que era bem durona também. Era bem “My house, my rules”.
Ok, não falei nada do seu comentário. É que concordo inteiramente com ele. Gostaria de dizer que não, que isso existe em todas as classes sociais, não só nas baixas (o que é verdade, existe mesmo, mas em escala menor), mas baixa instrução tem ligação direta com machismo mesmo. Enfim, parece que educação serve pra alguma coisa, no final das contas.
Paula, mas quem falou em chocolate suíço, menina de Deus? Pruma chocólatra como eu, qualquer chocolate tá valendo. Que não seja branco, que nem chocolate é, e também não pode ter passas. O resto, tá liberado. Chocolate de supermercado mesmo! O que importa é a quantidade.
ResponderExcluirAh, tá, eu tô aqui só pensando em mim quando falei que podia ser melhor fazer mestrado, ao invés de tantas especializações. Sorry, tinha esquecido que vc é advogada. Obviamente isso se aplica a mim! É que, pra gente de Letras, que não tem muitas outras opções além de lecionar (não estou reclamando, adoro dar aula!), acho que, se a pessoa teve uma boa faculdade, dá pra ir direto pro mestrado, sem passar pela especialização. Esqueci que, em outras áreas, mestrado é mais pra seguir na área acadêmica mesmo. Claro, prum advogado fazer pós mais “técnicas” e específicas parece bem mais... útil, pra usar a palavra do João.
Ah, escreve um guest post sobre a Previdência com seu amigo maluco e me manda. Meu email é lola@lost.art.br
E quando vc fala de carro... Aí é um terreno masculino em que mulher não entra mesmo! Carro pra gente tem utilidade totalmente diferente que carro pra homem. Pra mim é só um meio de transporte que vai me levar do ponto A ao ponto B. Eu prefiro carro pequeno, que seja fácil de estacionar, e que gaste o menos possível. Fim das exigências. Pra homem não é assim, né? Tem que analisar a potência, a velocidade... Tudo relacionado ao falo, sem dúvida. Concordo plenamente: pra eles carro é uma extensão do pênis. Eles já crescem achando que tem que ter um carro bom “pra pegar as mina”. Ih, dá pra fazer um post sobre isso (mas não tenho tempo agora).
Ih, escrevendo comentário à toa pra ficar entre os Top 10? Bom, pelo menos o seu anterior valeu por uns três.
Cris, é como eu disse, meu guest post tá aberto pra todos(as). Eu adoro publicar porque é sempre uma visão e vivência diferentes das minhas. E TODO MUNDO tem alguma coisa pra contar. Quer escrever um também, Cris?
Lúcia, já viu este post antes, sim. Desculpa! Expliquei o que aconteceu no comentário pro Bobby. Mas acho que vc não comentou, ou senão ele estaria aqui (o Bobby comentou no dia em que eu publiquei o post e o comentário dele ficou). Mil desculpas, não quis atrapalhar.
ResponderExcluirRô, é, eu acho que essas pessoas grossas, que tratam mal os outros, tendem a tratar pior as mulheres que são suas subordinadas. Não sei se já contei aqui: outro dia, conversando com uma ex-colega (da escola de inglês onde eu costumava dar aula), ela disse que tentou ser secretária. Saiu da escola pra ganhar mais e ter um emprego mais fixo, sabe? Mas foi cair nas mãos de um grosseirão também. Acho que ela disse que aguentou dois meses. A gota d'água foi quando ele a destratou depois que ela passou um fim de semana inteiro traduzindo algo na casa dela (sem hora extra nem nada). Ela simplesmente virou e foi embora do escritório, e não voltou mais. Adorei a justificativa dela: “Meu marido não grita comigo. Meu pai não gritava comigo. Vou aguentar maus tratos de patrão?”. E voltou pra escola de inglês...
Oi, Lola.
ResponderExcluirObrigada pelo convite,qq hora eu escrevo sim, vou pensar aqui em algo legal.
Sobre o Mestrado, eu não sei se vou fazer, pq na área de Direito é mais voltado para a área docente.
Tenho 3 especializações e estou bem tentada a fazer um MBA, que vale como especialização tbém, mas que serve mais aos meus propósitos, que são de abrangir a área de atuação, até saindo um pouco do Direito e vendo um pouco de Economia e Administração, pq se eu fizer Mestrado, vai ficando cada vez mais específico.
Ah, Lola, em Direito é quase um pré requisito vc ter especialização pra fazer Mestrado. A não ser que agora tenha mudado, mas qdo me formei, era assim. Do meu círculo, não conheço ninguém com mestrado sem especialização anterior.
Se bem que agora já vi alguns especializações que a pessoa já pode fazer no último ano do curso, na minha época não dava, tinha que estar formado pra entrar tbém.
beijos
Ué, então acho que eu viajei mesmo...
ResponderExcluirEntão meus pais se separaram quando eu tinha 8 anos, e ficamos apenas minha mãe, eu e minha irmã mais nova.
Embora para a gente fosse super tranquilo, a separação foi amigável, meus pais continuaram se falando, etc.
O que incomodava muito eram os comentários de vizinhos, sempre se referindo à minha mãe como uma "perdida", porque ela trabalhava o dia inteiro e continuou tendo uma vida social, saía, dançava, se divertia, namorava...
A gente respondia, óbvio, mas é um saco ter que ficar se defendendo como se houvesse alguma coisa errada!
E olha que já estávamos em 86!
Bjos
Lúcia
Lola ando lendo por aqui pelo seu espaço mas as vezes não comento ou então escrevo um monte e apago conforme fiz com aquele papo do João falando mal de quem estuda depois dos 30 eheheheh.
ResponderExcluirGostei muito disto tudo mas adoro as fotos de pães com que vc ilustrou EU AMO PÂES!!!
Quando ganhar na loteria vc vai
ser a editora de fotografia da minha revista. Ah! por e-mail vai a foto do pão que minha amiga palestina faz e me presenteou com um. Abraçalhões da Fatima de Laguna.
Quando eu era molecote meus pais mandavam que eu ficasse "segurando vela" enquanto minha irmão namorava, pra ela "não ficar falada", eu "obedecia" e, quando chegava na esquina, ela ia pra um lado e eu ia para outro...
ResponderExcluirSempre achei essas histórias de "ficar falada" uma idiotice, de quem não tem nada pra fazer na vida a não ser bisbilhotar a vida alheia, traduzindo, coisa de fofoqueir@...
Quanto aos homens (nem tanto) que se acham no direito de assediar, moralmente ou sexualmente as mulheres, por encontrá-las "desamparadas de defesa masculina" esses não merecem comentários. Só me faz lembrar uma policial daqui do Recife (não a conheço, mas alguns amigos policiais já me falaram sobre ela) que trabalha na delegacia da mulher, extremamente musculosa e conhecedora de artes marciais, quando os bandidos são presos por violência contra mulheres ela consegue ser o maior pesadelo desses manés...
Pegando carona no comentário do nosso amigo de Pernambuco, comigo também aconteceu o mesmo, quando eu era jovem: meu pai só deixava minhas irmãs sairem para um baile ou festa em minha companhia. Adivinha o que acontecia? exatamente como nosso amigo duma figa, cada um prum lado, ha ha ha. E olha, elas estão vivas, saudáveis e super felizes!
ResponderExcluirVoltando à vaca fria, eu já falei sobre isso em outro post e vou repetir: não aceito muito bem essa inferioridade feminina e esse medo de revidar uma grosseria ou mesmo um ataque físico. Tá certo que a natureza fez os homens fisicamente mais fortes que as mulheres, mas e daí? È só usar a inteligência e o anjinho malvado que existe dentro de todos nós, seres humanos. Eu atribuo esse "medo" mais à natureza pacífica da mulher...
Esse domínio pela força bruta acontece também entre homens fortes e fracos (fisicamente). Eu me lembro de quando era garoto que na minha rua tinha um valentão. Ele era o maioral e vivia dando cascudos nos moleques mais fracos. Todo mundo respeitava a vontade dele, ou seja, todos cagavam de medo. Até que um dia apareceu um menino magrelo e fraco, que também tomou uns cascudos. Só que esse não deixou por menos, pegou o valentão "descuidado", sapecou-lhe algumas porretadas no lombo e transformou-se no herói da rua.
A história teve outros capítulos, mas o comentário tá muito longo e só vou dizer que o final foi feliz.
Então, mulherada, façam sua adaptação da historinha aí de cima e mãos à obra! :)
Ps.: O Mário aí de cima sou eu...
ResponderExcluirBeijos
Lola!
ResponderExcluirEstive em Aruba faz um ano e pouco, com meu marido, na época noivo, e fui assediada no elevador por um camareiro que deixou bem claro que todos no hotel sabiam da brasileira que estava hospedada...lá e em vários lugares, a imagem das mulheres brasileiras infelizmente é ligada à prostituição, de fáceis e sei lá o que mais eles pensam...foi uma experiência horrível, depois fiquei encucada em ir até a piscina, sair só de biquini, mesmo estando na beira do mar ou n área das piscinas do hotel.Sofri uma forma de preconceito ultrajante.
Uai Lola, eu até já tinha comentando naquele outro texto...
ResponderExcluirBj
Lola:
ResponderExcluirEu li alguns posts seus sobre política, e achei um comentário do Serge Renine em que ele criticava o ufanismo do Lula "esse é um país que vai pra frente ooooo" e dizia que apesar de ele, Serge Renine, ser de esquerda ficava preocupado com essa postura do presidente do Brasil. Esse comentarista é um dos poucos, que apesar ser de esquerda (ninguém é perfeito) tem um pensamento muito claro sobre doutrinas políticas. Sobre o comentário dele você disse como resposta: " o Lula não foi ufanista, só não quis causar pânico..." Bom eu, apesar de gostar desse Serge Renine devo confessar que neste caso em particular você tem razão. O Lula, realmente não queria causar pânico. Mas, não pelo motivo que todas pensam e sim para não afetar as eleições municipais, tanto que uma vez que as eleições passaram já veio falando que a crise era terrível que todas seriam afetados. Hoje o Mantega ficou mais de meia hora na CBN dizendo que a crise era monstruosa e ninguém vai escapar e eles não tem a menor idéia do que pode acontecer. Ou seja: ou o Lula é um idiota deslumbrado e incompetente, como eu acho, ou pior, é simplesmente um mentiroso e oportunista mesmo em situações tão graves. Se for a segunda opção é a prova que esse “presidente” só pesna em se arrumar, nos moldes de um personagem do Chico Anísio. Eu já tinha visto o Fernando Henrique fazer isso na reeleição de 98 com o caso do câmbio fixo, mas no caso do Lula é de ficar de boca aberta, afinal, como disse o Serge, “do Lula, o mínimo que se espera é que seja honesto com quem o elegeu".
lamentável.
ResponderExcluirBão, se eu tomar mais uma, mando esse jão pros quintos dos infernos... bão, xapralá!
ResponderExcluirEu me lembro muito bem que quando o México teve um período de crescimento, após um plano econômico deles, os tucanos diziam: o Brasil será o proximo México. Aí qdo o México quebrou, foi a vez de dizerem: o Brasil não é o México. E me lembro muito bem também que nos tempos de FHC qualquer tremidinha em qualquer bolsa ou mercado longíquo, o Brasil balançava. E na Eleição de 2000, dólar a mais de R$ 4,00. Agora os EUA quebraram, ué não diziam que quem seguia a cartilha do FED e do FMI se dava bem?
ResponderExcluirCris, imagino que vc não é a mesma Cris que escreveu sobre anorexia, é? Acho que não... Cris é um nome comum... Então, MBA parece legal tb. Onde vc mora? Sobre fazer mestrado sem especialização antes, eu só posso falar da minha experiência em Pedagogia (no que me formei) e Letras (no que estou fazendo mestrado/doutorado). Acho que ficou mais comum ir da graduação direto pro mestrado. E não é pra todo mundo... Tem que estar preparada mesmo pra enfrentar um mestrado.
ResponderExcluirLúcia, que coisa, né? Uma mulher não se pode se separar do marido que vira uma “perdida”. Uma mulher não pode ficar solteira que também é perdida. E se enviuvar, é melhor encerrar sua vida sexual tb. De onde podemos deduzir que mulher sem homem não presta nos olhos desta sociedade... Sei que nos anos 70 ainda havia disso de uma mulher desquitada ser mal-vista. Mas em 86... Já tinha até passado Malu Mulher!
Não entendi, Fátima querida. Vc apaga sem querer (recomendo sempre dar um “copy” antes de mandar publicar) ou de propósito? Se for de propósito, ah, não apaga não. Comente sempre, que seus comentários são sempre bem-vindos. Sério que vc gostou das fotos? Achei meio sem graça. Não encontrei muitas fotos interessantes de pães no Google Images. Eu também gosto muito de pães. Aliás, outro dia fiz um pão meio esquisitão, cheio de coisa dentro, e não ficou ruim. Bom, na realidade não ficou muito parecido com pão, mas ficou perfeitamente tragável (o que já é um avanço). Recebi suas fotos do bolo de laranja. Bonito, mas não me comove. Fá, pára de fazer essas coisas! Toda sobremesa tem que ser de chocolate. Deveria haver uma lei.
ResponderExcluirGio, que bom que vc era um irmão com simancol. Meu pai também falava isso pro meu irmão (dois anos mais novo que eu), e a peste levava a sério! Não que eu tivesse namorado, mas meu pai sempre falava pro meu irmão, se eu, ele e minha irmã saíssemos juntos, “Cuide das suas irmãs”. Era um jeito de valorizar o filho do meio, eu acho. E, lógico, era uma coisa machista, apesar de meu pai não ser machista. Mas meu irmão, por ser homem, achava que tinha uma missão. E era um pentelho. Lembro que não dei meu primeiro beijo num menino porque meu irmão ficou não só segurando vela, como atrapalhando mesmo.
Interessante isso que vc conta da policial musculosa que era o pesadelo dos caras que batiam nas mulheres. Mas o que vc quer dizer? Ela batia neles? Se era isso, não acha que o tiro podia sair pela culatra? Tipo os homens ficarem com mais raiva ainda das mulheres?
Mario Sergio, que bom que vc foi mais um que deixou sua irmã em paz. Sobre mulheres revidarem, bom, já respondi seu comentário num post mais antigo: não é fácil revidar e ser agressiva depois de uma educação repressora que nos ensina justamente o contrário. Mas sim, acho que precisamos reaprender. Não falo de revidar fisicamente, mas de não se calar. Ouviu desaforo? Responde! (de preferência em público, pra não correr perigo).
ResponderExcluirE eu sempre achei que, em caso de tentativa de estupro, tem que lutar. É perigoso, mas melhor que ficar passiva. Bom, sem dúvida é útil pras mulheres aprenderem alguma arte marcial. Eu conheço bastante mulher que anda com spray de pimenta na bolsa... (eu nunca cheguei a tanto).
Claudinha, mas como assim? Vc estava num hotel, pagando tudo, e foi destratada e deixou por isso mesmo? Tinha que brigar com todo mundo lá. Sei que em muitos lugares do mundo a imagem da mulher brasileira está ligada à prostituição. Mas obviamente que é preconceito. Bom, sei lá, eu, talvez pela minha idade (já com 41), talvez pelo meu tipo físico (gorda), ninguém nunca no exterior insinuou alguma coisa. Os homens de lá abrem um sorriso quando ouvem falar do Brasil, e sempre associam Brasil com mulher bonita, mas não com prostituição. Pelo menos nos EUA não é assim. Nem na Rússia ou em outros países latino-americanos.
Babs, eu sei, eu sei... Vc tá comentando bem, não tô reclamando.
ResponderExcluirAi, João, tô sem paciência pra responder. Do jeito que vc fala parece que o Lula que inventou essa crise, e não aquele país que vc tanto idolatra.
PR, o que é lamentável? Sabe que se vc for ex-terrorista não vai poder entrar nos EUA de jeito maneira... A menos que pertença à família Bin Laden. Aí parece que tudo bem.
Mario, eu sei como vc se sente, mesmo só bebendo água.
ResponderExcluirLila, obrigada por ter a paciência pra responder o João.... Eu lembro de tudo isso também. E comparar essa crise econômica mundial – da qual nem Lula nem PT tem culpa – à manipulação do câmbio pelo FHC cheira à má fé...
Eu sou super tímida e na rua ando sempre a passos rápidos e com a cara fechada. Não dou moral mesmo pra p/ qualquer um se aproximar.
ResponderExcluirDeteeesto homens q passam buzinando, sei que é algo como dizer: te achei gostosa, mas dispenso isso. Pô, to andando tranquilamente na calçada, passa um ridículo e buzina, já penso logo: vai buzinar pra a vovozinha.
Nunca estive na posição de balconista, mas qdo compro alguma coisa e o vendedor vem puxar papo, dou respostas curtas, indicando que não to a fim. Sou chata mesmo.
Lendo os comentarios sobre levar o carro no mecanico e que tais, lembrei de uma historia parecida, com o sinal trocado. Eu moro em Londres, e aqui os anglo saxoes costumam ser menos machistas que os brasileiros (nao que eles sejam perfeitos, mas eh bem menos pior que na minha terra). E a diferenca entre as culturas eh mais gritante quando um italiano nojento fica te encarando no metro como se voce fosse um pedaco de carne, coisa que um ingles teria vergonha de fazer...
ResponderExcluirMas enfim. Nao era isso que eu queria contar... Dia desses fui eu e o marido num restaurante brasileiro, e ele quis comprar massa de pao de queijo. Mas so tinha o polvilho azedo. "Ah, mas a gente nao saber fazer com polvilho," ele disse. "Ah, eh muito facil," respondeu a moca do restaurante. E virou PARA MIM e comecou a explicar a receita! Ignorou meu marido, que era quem queria o raio do polvilho e quem ia fazer o tal pao de queijo! Acho que ele nem se deu conta, mas eu fiquei impressionadissima. Nao foi de maldade, mas na cabeca dela era muito obvio que quem iria sujar as maozinhas de polvilho e ovo era eu!
Aih a gente ve que essa eh a grande dificuldade com os brasileiros. A maioria das pessoas nao tem nocao do machismo. Eh mais ou menos como a ideia do homem "ajudar" na casa. Como assim? O trabalho eh dos dois, ninguem esta ajudando ou quebrando um galho!
Eu sempre digo que comparado com os maridos brasileiros, o meu eh otimo. Mas comparado com os gringos, ainda temos um longo caminho... A diferenca eh gritante mesmo. (e repito: na maioria das vezes nao eh maldade - eh algo entranhado, la no fundo...)
Lola, foi algo muito sutil, estava no elevador, ele me deu bom dia e disse, num espanhol meio arrastado, "você é brasileira ne?" ai eu disse que sim e por educação perguntei se ele conhecia o Brasil. Ele disse que sim, que tinha ido ao Rio. Eu disse " lá é muito bonito" e ele me respondeu, quase babando, com uma cara de depravado "ah, as mulheres são muito gostosas" só ai percebi que o tom de voz não era de simpatia, mas sim de malícia. Nesse instante saí correndo do elevador e não topei mais com a criatura. Uma situação difícil. Falei pro meu marido e ele ficou indignado, mas como iríamos reclamar de uma conversa no elevador, em que eu estava sozinha, sem mais ninguém presenciando? Eu me senti muito ofendida, quase agredida, mas no fim acredito que iria causar mais constrangimento para mim mesma. Depois tratei de esquecer e aproveitei minhas férias.
ResponderExcluirNão... Eu queria dizer, cadê o texto do Cronenberg que tava aqui? :)
ResponderExcluirEu até já tinha comentado nele..
Bj
Lola, qual teu email? Recebi aqui um comunicado da maria da penha (que inspirou a lei) comentando os crimes contra mulheres e está muito interessante. Eu colaria aqui, mas é grande.
ResponderExcluirabraço
É incrivelmente desagrádavel mas são esses os casos que mais marcam as pessoas que lidam com o público. Grosseria a troco de quê! O que se passa com essas pessoas que adoram armar um barraco... ontem mesmo vi um sujeito que ficou nos correios a fazer uma reclamação durante quinze minutos...falava alto...se voltava para as outras pessoas num gesto que as convidava a participarem da conversa e tinha um ar...aquele ar... Teve ter sido o ponto alto do dia dele.
ResponderExcluirEita, eu viajei e só agora vi que o meu guest post está aqui. Obrigadinhas, Lola, por me deixar lembrar daquele tempo. E sobre revidar/engrossar: eu sempre meto os cascos, mas realmente cada caso é um caso. Tem dia que é melhor ignorar a ofensa e sair de perto pra situação não ficar pior. Bjk!
ResponderExcluirLila, também odeio homem que passa buzinando! Nem sei por que eles fazem isso. Acho que é pra não deixar nenhuma mulher sem avaliação, né? Nos EUA, pelo que leio em blogs de aceitação do corpo, é bem comum pra homens jovens, ainda mais em grupo, passarem por alguma mulher gorda e gritarem alguma coisa ofensiva. Ainda mais se a pobre mulher tá caminhando com roupas de ginástica. No fundo, acho que é só pra nos fazer lembrar de quem manda.
ResponderExcluirBaxt, é uma droga isso. Se um homem pergunta sobre massa de pão de queijo, a pessoa deve responder pra ele, não pra mulher ao lado. É que ainda estamos totalmente gendered. Continua essa divisão de que isso é pra homem, isso é pra mulher. E lógico que sobra preconceito pra todo mundo. Vc vai num curso de Pedagogia, Letras ou Psicologia e só tem mulher. Os raríssimos homens lá, quando tem, são imediatamente vistos como gays (aliás, como se um gay deixasse de ser homem!). Porque homem que é homem deveria estar fazendo Engenharia Mecânica, sabe? Essas restrições funcionam pra ambos os sexos. Por isso que o feminismo é liberador pro homem também.
Certamente em alguns países mais avançados (os EUA não estão entre eles) é diferente. Sem dúvida, é uma questão de educação mesmo, de criação. Eu também acho que meu maridão é melhor que a média brasileira, mas deve ser bem atrasado comparado aos homens suecos, por exemplo. E um sueco morando no Brasil também deve sofrer influência do meio ambiente onde vive.
Claudinha, uhm.... Mas foi meio diferente do carinha ter dito que todas as brasileiras são prostitutas, né? Esse rapaz certamente não respeitou certas convenções sociais. Ele como empregado, vc como hóspede - ele não poderia falar dessa forma contigo. E, obviamente, um homem não deve fazer qualquer alusão sexual a uma mulher. Mas isso dos homens em todo o mundo terem uma imagem de que todas as brasileiras são lindas e sexy é comum. Cansei de falar pra alguém “I'm from Brazil”, e o cara imediatamente dizer, “Hmm... Brazil... Brazilian women...”. Claro que é ruim pra gente que nossa imagem seja assim. Mas é só um entre os vários estereótipos que fazem do Brasil.
ResponderExcluirMarjorie, meu email é lola@lost.art.br Pode mandar!
Cavaca, acho que é isso mesmo: uma pessoa de bem com a vida não vai armar um barraco a troco de nada. Provavelmente é pra animar o dia, sim. Às vezes é porque a pessoa não sabe se controlar. Um amigo me contou que costumava ser assim de perder o controle. Levantava a voz, era grosso, quando era destratado. E a filha insistia pra que ele não fosse assim. E ele: “Mas eu tenho razão!”. E ela respondia: “Não, pai, vc TINHA razão quando começou a reclamar. Aí perdeu a razão”. E é bem isso...
ResponderExcluirConcordo, Tina, cada caso é um caso. Às vezes nem compensa revidar. E aí, bastante gente visitou o seu blog?
Lola, cruzes! Não sou que escrevi sobre anorexia, não!!!!
ResponderExcluirAh,eu moro em Curitiba.
ResponderExcluirE graças a Deus nunca tive um problema triste como o da minha xará que fez o post da anorexia.
Cris é tão comum quanto Maria, né? :)
beijos!!!
Cara, ou eu tive sorte ou não percebo a maldade alheia. O único doido que se atreveu veio logo com papo de suíngue, mas ficou na pista. Primeiro pq não é a minha, segundo que eu levei mais de 3 meses pra entender a jogada e a cantada venceu.
ResponderExcluir:-P
PS: I am back.