domingo, 12 de outubro de 2008

CRÍTICA: ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA - Parte 2

Um microcosmo da sociedade, onde carros não servem pra nada.

Eu gostei de um bando de coisas em Ensaio sobre a Cegueira (leia a primeira parte da crítica aqui). Por exemplo, um sinal que a direção é de um brasileiro, não de um americano, é que o único menino do filme não é um mini-gênio que salva o dia, e sim um ser indefeso. Outra: adorei o subtexto sobre o racismo, que não existe no livro do Saramago, por tratar de uma população que não é multirracial. No filme temos negros, latinos, e asiáticos, e isso traz toda uma nova dimensão. Um personagem diz “Não vou seguir ordens de um negro”. O racista, cego, assume que um vilão só pode ser negro. E o Danny Glover (responsável por uns breves trechos de narração em off que não funcionam muito bem), negro, afirma que pra ele é bom que ninguém veja. É de se pensar: em que momento seria benéfico se todos fossem cegos, se nem assim acabaríamos com o racismo e a objetificação das mulheres? Há cenas apavorantes, como a de um cara que entra na esquina errada e se perde do grupo - e assim, provavelmente, deixa escapar sua chance de sobrevivência. Eu também queria saber por que em tantas histórias apocalípticas os momentos mais emocionantes envolvem cachorros? E li no blog do Fernando Meirelles (desatualizado há séculos) que, numa sessão-teste, o público canadense vibrou como se estivesse vendo Desejo de Matar durante uma cena-chave e, por isso, ele atenuou o troço. Tá, entendo, mas eu torci de qualquer jeito quando a Julianne Moore dá o troco aos cegos malvados. “Agora nós fazemos a cobrança” poderia virar slogan de uma nova geração feminista, se nós fossemos vingativas. Não gostei muito da musiquinha meio irônica, meio brincalhona, sei lá, nada séria, no instante mais chocante de Cegueira, que é quando as mulheres vão à Ala 3. Pareceu que nessa hora o filme teve a mesma opinião dos carinhas que dizem que “não é nada de mais” uma mulher abrir as pernas em troca de comida. Ah, é natural que as fêmeas se ofereçam aos machos! Mas não achei que as cenas de estupro são gratuitas. A situação toda é de torcer o estômago e desejar a pena de morte para alguns membros da espécie “humana” (se vocês preferem assim). É muito interessante que, normalmente, em situações-catástrofe, tanto cinema e literatura nos ensinam que prevalece a velha camaradagem masculina. Os homens se juntam pra defenderem suas mulheres, e no processo descobrem os verdadeiros laços de amizade, o chamado male bonding (que exclui as mulheres, pois prega que fêmeas não são páreo intelectual pros machos; têm apenas serventia sexual). Em Cegueira não é isso que ocorre. A cumplicidade demonstrada é toda entre mulheres. Julianne acaba ficando mais íntima da moça de óculos escuros (interpretada pela brasileira Alice Braga, que está se especializando em fim de mundo - era ela em Eu Sou a Lenda) que do próprio marido. Apesar do filme não nos mostrar muito da vida de cada personagem pré-apocalipse, ele dá a entender que, se um cara já era competitivo, mau caráter, e agressivo antes da crise, provavelmente continuará a ser um crápula depois. Ele já não sabia conviver em sociedade antes. Só que, na civilização, isso se resumia a conversar no cinema, jogar lixo no chão e tratar as mulheres como lixo. Ou seja, coisas bastante toleradas no nosso dia a dia. Com o fim da civilização e de regras básicas de boa convivência, o sujeito apenas amplia o seu leque de opções: vai roubar e estuprar à vontade. O mundo será o seu playground particular. Como fazem os homens logo no início de Madrugada dos Mortos, sem serem cegos. E inclusive antes de se transformarem em zumbis. Infelizmente, pra alguns homens, virar zumbi sanguinolento comedor de gente serviria pra suavizar o comportamento.O primeiro cego, desesperado dentro do carro.

32 comentários:

  1. a cena do estupro é realmente claustrofobica.eu lembro de ter parado de olhar,em alguns momentos. mas gostei muito da julianne,que não se entregou ate o ultimo minuto,e continuou resistente.
    aquela cena em que elas carregam e limpam o corpo,tambem é linda. foi a parte em que eu mais chorei.
    o subtexto racista,principalmente nessa cena onde o cara fala (para um negro) que nao vai seguir ordens de um negro,chega ate a ser engraçada. acho que devido a expressão corporal do personagem.
    a narração em off era realmente desnecessaria,e ficou meio deslocada no filme. mas o personagem do glover é tao fofinho,que eu nem liguei.

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  2. eu iria ver esse filme hoje, se não estivesse tão "pissed" com o namorado. olha, eu achava legal a julianne moore usar sutiã, ao menos no filme - vide primeira foto.

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  3. Talvez sejam esses detalhes que não fizeram cegueira ter o devido reconhecimento lá fora. É tudo tão não-politicamento correto e fora dos padrões que deve ter chocado os conservadores jurados de festivais.

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  4. Pam, eu li no blog do Meirelles que na primeira exibição teste um monte de mulheres deixaram a sessão na cena do estupro, então ele teve que atenuar um pouco. Imagino o que era antes! Pra mim pareceu parecidíssima à do livro. E essa parte delas carregando o corpo, pra mim, me comoveu muito mais que no livro. Acho que a cena mais explicitamente racista gera um "HA!", mas mais de espanto que por achar graça.
    Acho que a narração em off é importante no último momento do filme. Como que eles iam passar aquilo? Mas, pelo que li, na versão que mostraram em Cannes, a narração estava presente o filme todo, e foi muito criticada. Por isso minizaram... Acho que, se possível, podiam ter tirado por completo.


    Ju R, querida, só porque vc tá pissed com o namorado não precisa descontar na Julianne. Espero que vc esteja brincando: o mundo acabou, o pessoal tá sujérrimo e mal tem roupas, ninguém mais têm olhos pra olhar pra alguém (muita gente anda nua), e vc quer que a Julianne use sutiã?!

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  5. ainda não estreou por aqui mas depois desta critica fiquei muito curioso.

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  6. Já estou assustada sem ler o livro de Saramago e sem ver o filme de Meirelles. Por outro lado li todos
    os comentários das Críticas I e II
    deste blog. Um dia vou ver essas obras. Em entrevista que vi na TV o escritor portugues disse que a espécie humana é uma decepção. Que não temos amor uns pelos outros e que a nossa sociedade é a da barbárie.Acho que formar exércitos e fabricar armas diz bem das nossas
    intenções.
    Parabéns Lola por trazer e provocar assuntos tão valiosos para a manutenção da vida e da dignidade . Abraço da Fatima de Laguna.

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  7. hahahaha! deve ser alguma mensagem subliminar...um farol acesso para os cegos....tá, tá, parei com a sacanagem! ;P

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  8. LOLA, gostaria do seu apoio na divulgação do novo vídeo: “KASSAB, O PIOR”. Imperdível. Liberado para publicação no seu blog. O endereço no Yuo Tube:
    http://www.youtube.com/watch?v=7q10XoKM15w
    Um abraço, Daniel – editor do Desabafo Brasil:
    http://desabafopais.blogspot.com/

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  9. Valeu pelos comentários Lola! Compensou cada minuto de espera (hehehe).

    E a minha defesa é só para fim do ano q vem. E vc? Qdo vem pra Flpa com mais calma pra gente marcar um café?
    Abs
    =)

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  10. Não tenho palavras pra dizer o tanto que eu gostei desse filme. Um dos melhores filmes catastrofes que eu ja vi (chuta, esmaga e pisoteia Eu Sou a Lenda, só pra citar um recente). Não achei a cena do estupro nenhum pouco gratuita, muito pelo contrário. Filme mais do que perfeito. Alias, acho que tem em defeitinho de nada, que passa até desapercebido, que a Lola ja até citou: as narrações em off. Fora isso... sem palavras.

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  11. Lola, alguém já disse que você é genial? Pergunta retórica, com certeza já. Mas eu vou dizer também. Você é genial. Crítica para cinéfilo nenhum botar defeito e para converter os não-cinéfilos. E pensar que os críticos do globo são pagos para basicamente escreve gostei/não gostei, foi legal/não foi legal. Vamos iniciar um movimento para colocar as criticas da Lola disponíveis em jornais de grande circulação em todo país!!!

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  12. o namoradão e eu nos resolvemos e fomos ver. quaaaaase não conseguimos ver, porque ele preferiu comprar os ingressos lá no cinema mesmo e pegamos uma retenção chata no pedágio da linha amarela. chegamos 5 minutos após o horário (17:45), estacionammos o carro e fomos correndo, literalmente. o shopping é aberto e grande. corremos um bom pedaço, conseguimos comprar e chegamos pouco antes do filme começar. chegamos esbaforidos, mas valeu muito a pena.

    posso falar? achei o filme claustrofóbico, agoniante (essa palavra existe?). naquela cena, que vc provavelmente vai saber, tive vontade de cobrir o personagem do mark ruffalo e porrada. a cena da ida das mulheres à ala 3...nossa! excelente a cena do soldado tirando onda com a cara da julianne moore. gostei demais! a minha prima de 13 terá que ver esse filme porque seu prof. pediu que os alunos assistissem. vamos ver no qwue dá, né?!

    beijos!

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  13. Eu assisti Blindness assim que estreiou aqui em São Luís (MA), empolgada toda (fã de Saramago todo, tirando Jangada de Pedra). Gostei do filme no geral, gostei mesmo, mas concordo contigo com relação à música da cena das mulheres indo ao abatedouro. Quanto ao final, me incomodava um pouco que demorasse tanto a chegar, depois da saída deles da prisão. Pensava que as cenas pós-encarceramento seriam rápidas e bem sintéticas. Mas no fim das contas, acabei gostando da demora do livro no filme, de certo modo.

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  14. Li, pode ser. Mas não é TÃO fora dos padrões assim, é? Outros filmes apocalípticos também mostram a “humanidade” se comportando muito mal. E o filme não chocou os jurados; foram mais os críticos e os espectadores mesmo.


    Ué, Cavaca, como que ainda não estreou em Portugal?! Que estranho!

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  15. Fátima, é, o Saramago não é o único que tem uma opinião negativa sobre a espécie humana. Ou pelo menos metade da espécie... Eu não tô provocando nada, querida, quem tá dando “food for thought” é o Saramago e o Meirelles!


    Ju R, ai ai ai. O mundo acabando e a senhorita obcecada pelos mamilos da Julianne?! Não vai dar pra queimar sutiã nem no apocalipse, é?

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  16. Daniel, considere divulgado. Pra quem quiser ver, é só clicar aí. Não vou colocá-lo bem no blog, Daniel, porque não estou lidando muito com as eleições (embora precise escrever um texto sobre a situação em Joinville - e aí vou mandá-lo pro seu blog). Eu acho muito díficil o Kassab ser derrotado, Daniel. Infelizmente, assim é SP. E o voto não é a favor do Kassab (secretário do Pitta, pelamordedeus!), é contra o PT.


    Andrea, querida, pensei que vc defendia este ano. Pois é, preciso ir aí pra Floripa conversar com todo mundo. Tô devendo um monte de visitas... Algum dia eu voltarei a ter fins de semana e dormir mais de 5 horas por dia... Espero... Olha, só sei que poucas vezes invejei tanto meus gatinhos dorminhocos como hoje!

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  17. Luciano, ah é, nem dá pra comparar com Eu sou a Lenda. Se bem que até daria uma comparação ideológica interessante... (sugestão pra trabalho de faculdade aí). Não, de fato, não há nada de gratuito na cena do estupro. Talvez, quando (se?) eu vir o filme pela segunda vez, posso descobrir mais defeitos, mas, por enquanto, achei o fime duca.


    Danda, que amor! É ótimo ouvir isso, principalmente quando a gente se sente “anything but”. Adoro essa expressão, “anything but”. Em outras palavras, é ótimo ouvir que a gente é genial, ainda mais quando a gente se sente tudo, menos genial. E é como estou me sentindo este fm de semana, vendo como sou péssima em traduções! (peguei uma enorme pra fazer). Bom, sem dúvida, eu gostaria muito de escrever em algum veículo de grande circulação. Mas parece que não há muito espaço pra críticas feministas de esquerda!

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  18. Ju R, que bom que vc e o namoradão fizeram as pazes e correram pra ver Cegueira (literalmente). E que bom que vc não ficou reparando na Julianne sem sutiã! Vc esqueceu um Z no seu “agoniante”. Concordo plenamente contigo: na cena em que as mulheres decidem quem será estuprada, eu também quis bater no marido! Aliás, nos dois maridos! Que horror, que total falta de solidariedade! E adorei a discussão entre a mulher que só aparece aí e o policial (é o policial, né?). Acho que essa cena da discussão ressoa mais que no livro.
    Puxa, o filme é forte pra uma turminha de 13 anos. Tomara que sua prima aguente.


    Ai, Elen, que inveja de vc por morar em São Luis! Passei uma semana inteira aí, trabalhando, faz 18 anos, e adorei a cidade. É, a música naquela cena “do abatedouro” (gostei da definição) em Cegueira é irônica demais. Não sei como vcs e outros estão teimando com quando o pessoal sai do asilo. Eu achei todas aquelas cenas hiper impactantes! Tudo aquilo é importante pra gente ver que a insanidade extrapolou as paredes da prisão.

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  19. Lola, eu fiz essa pergunta em outro tópico (na épora que vc estava fora), então não sei mais onde foi para ver se houve resposta ou não. Seguinte...no final do filme, é o Minhocão (em São Paulo) onde os personagens estão caminhando até chegar na casa da mulher? Pareceu tanto com o elevado de Sampa, mas eu não sou muito boa com reconhecimento de lugares (e, admito, não sei onde o filme foi filmado).

    Btw, muito boa a sua crítica. Eu amei o filme, mas não tenho coragem de ler o livro tão cego. Fiquei tão agoniada com a natureza humana que não sei se conseguiria passar por tudo isso de novo, mas lendo.

    ***
    Ontem finalmente assisti Sicko e fiquei horrorizada. Senhor!!!

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  20. vi hoje o filme!! ebaaa! uhuuu!

    ATENÇÃO: SPOILERS!!

    mas então... achei tão, mas tão forte, q demorei um pouco pra saber se tinha gostado ou não. bom, posso dizer agora q gostei sim, mas não pretendo ver novamente tão cedo. como vou explicar? ele consegue provocar profundamente o público quase sem sangue, lágrimas, músicas "emocionantes", e todos aqueles artifícios hollywoodianos. é um ótimo exemplo de cinema alternativo. talvez por isso faça a gente sair tão confuso do cinema.

    achei a cena de estupro totalmente sutil, no sentido de não dar close em pinto, e tudo mais. mas muito, muuuuuito angustiante. acho q a hora mais forte (pra mim) foi quando eles falaram: "vcs vão fazer oq a gente quer, e SE A GENTE GOSTAR, vcs vão ganhar comida". foi quando caiu minha ficha de que eles estavam completamente sem saída, totalmente à mercê dos tiranos. se eu estivesse lá partia pra porrada, como a julianne.. haha...

    e quanto à música... sabe q não achei ruim? não sei explicar... é como se ela fizesse parte de tudo, como se obrigasse o público a ser colocado no lugar daquelas mulheres. como se o pessoal da ala 3 tivesse feito a trilha sonora, saca?

    nossa, falei demais, pra variar.

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  21. Miquinha, eu respondi essa sua pergunta, mas não lembro em que post. Então, eu não sou de reconhecer muito as locações de um filme, não. Mas li que Cegueira foi filmado em SP, Tóquio e Toronto, e depois digitalizado pra incluir baratos, ratos, lixo, etc, pra dar bem idéia de fim de mundo mesmo. No livro que eu comprei, na capa, é o Minhocão, sem dúvida. Vale muito a pena ler o livro.
    Sicko é aterrorizante mesmo, não? Eu nunca podia supor que aquele show de horrores no sistema de saúde acontecesse no país mais rico do mundo...

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  22. Lauren, falou demais mas falou bem! Cegueira é um filme que revolta sim, que nos deixa muito chateadas com a espécie “humana” (de agora em diante vou usar aspas sempre). Ai, aquela cena de estupro é toda tão angustiante! Já antes mesmo, quando as mulheres estão falando com os homens de suas próprias alas e têm que ouvir as maiores besteiras, até chegarem lá e o líder mandar que elas se coloquem em fila de “gostosura”. E isso de não basta ser estuprada, tem que fazer os caras gostarem! Olha, se fosse comigo, eu usava aquela tesoura muito, muito antes. E pegava o revólver do líder rapidinho. E usava!
    Então, justamente, foi isso que me incomodou da música naquela cena: era como se não fizesse parte do filme, mas de uma trilha sonora alternativa, que a Ala 3 tivesse feito pra “homenagear” as mulheres! Não é dar muito poder praqueles vermes - deixar que eles façam a trilha sonora?!

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  23. Oi Lola! Falando do filme com um amigo, o Edmundo, ele me indicou seu blog pra ler a crítica. Disse não falar com vc há anos, mas se lembra das partidas de xadrez. Bom, ele tava me dizendo que não pretende ver o filme; estranho isso, tratando-se justo dele que vê tudo que sai na telona... Mas eu já falei que o caso dele é só terapia que vai resolver... kkkk!!!
    Mas como eu dizia, o livro é um dos melhores que já li na vida, sou fãzoca do Saramago! ("Ensaio sobre a lucidez" tb vale a pena, mas "Cegueira" tira o fôlego). Na minha cidade o filme entrou em cartaz esse fim de semana; depois de ver seus comentários perdi o receio de me decepcionar com o filme e vou assistir amanhã ou depois! Tava preocupada se teriam sido capazes de reproduzir a leveza e aquele humor único do Saramago quando escreve sobre coisas tão fortes e chocantes! Talvez encontre isso na tal música que tanto comentam no seu blog. (Veja bem, não digo humor no sentido de "cômico" ok? hehe). Ah, e como eu não resisto ao falar de Saramago, se tiver um tempinho e ainda não tiver lido, leia "As intermitências da Morte": O MELHORRRR!!!

    Beijocas, parabéns pelo blog!!!

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  24. Ta no meu blog já...Lola eu acabei de ver o filme e adorei!! E adorei sua crítca! Vem mais construtiva que a minha...

    :D

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  25. Olá, olha eu aqui de novo.
    Bom, só queria dizer que a cegueira a que Saramago se refere no livro e que é mostrada no filme, é, na verdade, a cegueira em que vivemos (onde só enxergamos o que nos interessa). Isso fica muito claro na continuação do Ensaio sobre a Cegueira, o Ensaio sobre a Lucidez.
    Eu sou meio suspeita para dizer pois Saramago, para mim, é brilhante ... o cara é foda!
    Quanto ao filme, duas coisas me impressionaram (e que vc já comentou: o fato da fidelidade com que Meirelles fez o filme e o vídeo que está no Youtube do Saramago chorando ao terminar de ver o filme e dizer que estava tão feliz quanto no momento em que terminou de escrever o livro).
    Os detalhes do filme (a fidelidade da mulher do médico, a maldade e egoísmo dos homens, a questão da cegueira em si), porém, não cabem num post de comentário. A gente teria que marcar um dia de tomar uma breja pra conversar, rs. Um beijo

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  26. Comentário tardio, eu sei, mas conheço o blog há pouco tempo. Vi o filme em finais de Novembro, num festival cá do burgo.
    A cena da violação colectiva (e toda a antecipação) foi-me muito marcante, por duas razões: pelo escolha terrível que tiveram que fazer e pelo facto de a escolha ter sido discutida pelos homens da ala 1. A forma como a esposa do japonês o teve que consolar, em que a "escolha" era pior para o orgulho dele do que em relação ao que ela efectivamente ia passar... e depois, a cena, propriamente dita. A marcha até lá, o ulular daqueles homens hediondos. Sinceramente, metáfora perfeita do que foi a história da mulher: parafraseando um dos nossos grandes livros - Novas Cartas Portuguesas - "Mulher: abastança de homem, sua semelhança, sua terra, seu latifúndio herdado.”

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  27. E continuo:
    Também achei muito curioso que a única pessoa que conservou a visão fosse feminina e que cedesse e disfarçasse essa liderança a fim de que fosse o companheiro a "aparecer" como líder. Lá está, a mulher que sempre se deixou ficar na penumbra, apesar de ver...

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  28. Assisti ao filme ontem e compatibilizo com muitas das suas ideias sobre ele. Gostei muito da análise. Nem sei se você vai ler isso porque já faz tempo que esse post foi feito, mas quem sabe?

    Além de tudo que todo mundo falou aí pra cima e nos comentários da primeira parte, uma coisa me incomodou muito no final.

    Foi uma grande derrapada. Eu estava muito em paz com as mulheres do filme, tudo estava tão bem, a força, a empatia... tudo. As mulheres estavam arrasando, sabe?

    Aí me vem aquela cena em que ela acha o estoque do supermercado e pega o que pode com os fósforos.

    E o que acontece? Os cegos sentem o cheiro da carne e a atacam. Todos de uma vez. E ela cai no chão. Porque, mulher não guenta nada, né? E cai atoa.

    E quem a salva?

    O marido!

    Lógico.

    Ele é cego, mas é homem, né?

    É uma cena desnecessária e ridícula. Que se não estivesse no finalzinho do filme, poderia fazer um estrago maior.

    Ele simplesmente (cego... não se esqueça), encosta nela, a abraça (cego) e os outros se afastam.

    Simples assim.
    Foi só o homem chegar.

    Não consegui conter minha revolta. E a culpa é sua, em parte, lógico.

    Enfim, se você ler. É isso.

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  29. Eu estava viajando, e agora estou lendo todos os comentários feitos nos últimos dias. Então, até concordo contigo. Não gosto muito dessa sequência toda d´ela ir ao supermercado. Quero dizer, algo que acho interessante e inesquecível é que, enquanto a mulher está na dispensa, ela, faminta, come linguiça. E aí, quando ela sai de lá, os outros cegos sentem o cheiro da linguiça no hálito dela! De lá pra cá comi muito salaminho e linguiça crua sem cortar só pensando na cena... Acho que depois fica meio como filme de zumbi, sabe? Os zumbis são lerdos e desajeitados, mas quando todos se jogam em cima de uma vítima, fica difícil de escapar. A menos que apareça o marido da vítima pra salvá-la! De fato, o filme não perderia muito se esta cena fosse removida. E não lembro mais como é no livro!
    Viu como eu li seu comentário? Abração!

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  30. Baixar o Filme - Ensaio Sobre a Cegueira - Adaptação da obra de José Saramago - http://mcaf.ee/eaznd

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  31. Eu iniciei a leitura do livro e por coincidência passaram esse filme na faculdade. A parte mais forte foi a do estupro, sinceramente me deu vontade de levantar e ir embora na mesma hora, evitei vê algumas cenas de violência, o filme todo é marcado por cenas forte incluindo todos os tipos de violência que se pode imaginar...
    Eu não consegui me apegar a ideia que o autor tinha proposto ao filme pelas cenas que ficaram marcadas.
    Minha colega teve uma crise de choro ao chegar em casa.
    Próxima aula teremos que fazer uma relação do filme com a área de recursos humanos. Eu detestei esse filme, não gosto de filmes violentos.

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  32. Filme péssimo, um insulto a nossa inteligencia... Em q universo uma mulher q enxerga e tem uma tesoura (e pode pegar o revolver tbm), vai fazer sexo no cego em troca de comida????
    Isso nao existe, qq mulher matava o cara e pegava a comida (ou pega a comida e sai correndo)

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