domingo, 13 de julho de 2008

CRÍTICAS ÀS MINHAS CRÍTICAS, E TUDO SOBRE MINHA ORIGEM “JORNALÍSTICA”

Como essa moça é parecida com a Queen Latifah! Minha crítica ao Colecionador de Ossos é tão antiga que ainda me referia a uma tal de Angelina como filha do Jon Voight.

Houve uma época em que montes de crônicas de cinema minhas eram contestadas no jornal. Bastava eu falar mal de um filme importante pra que alguém igualmente “importante”, dentro de Santa Catarina pelo menos, escrevesse uma réplica. Vocês viram semana passada, quando apontei minha crônica de Além da Linha Vermelha, e um pseudo-intelectual revidou com um texto chato que dói. É uma pena que eu não guarde todas as réplicas a críticas minhas (bom, se meu computador deu pane em 2000 e eu perdi todos os meus textos, o que dizer dos textos dos outros?). A mais mal-educada foi a do então presidente ou secretário ou alguma coisa do Sindicato de Jornalistas de SC, que odiou o que escrevi sobre Shrek (detestei o filme; você pode ler a minha crítica aqui). Ele se injuriou porque eu mencionei A Psicanálise dos Contos de Fada, e ainda disse que ninguém nunca ouviu falar desse livro. Gente, é um clássico da psicanálise! E uma leitura deliciosa pra descobrir quais padrões da sociedade estão por trás de cada conto de fadas famoso. O jornalista reclamou que eu não elogiei a técnica avançada do desenho. Como que eu não reparei nos músculos do ogro verde? (ah, eu não costumo tratar da qualidade técnica de um filme, porque isso é chover no molhado. Espera-se que uma produção de 60 milhões de dólares seja impecável!). Ele resmungou que eu devia ser uma velhinha de 80 anos pra não gostar de filme pra criança, e que na realidade eu provavelmente nem via os filmes – eu escrevia sobre eles sem vê-los e ficava no shopping, fazendo compras. O sujeito acertou em cheio, hein?! Lolinha hiper consumista! Quer dizer, senhora Lolinha pra você. Logo eu, que não compro nada em shopping! O jornalista concluiu com uma frase que lembro até hoje (faz tempo que li a réplica dele): “Corra, Lola, corra. Pra longe das páginas do Anexo”. O Anexo era (e é) o caderno cultural da Notícia, e havia nessa provocação uma certa reserva de mercado, por eu não ser jornalista. Acho que foi no tempo em que tava na moda discutir a obrigatoriedade do diploma pra jornalista (sou contra diploma até pra médico, viu?). Eu respondi à réplica agressiva do carinha com um artigo que gosto até hoje, “O Papel(ão) da Crítica” (leia aqui). Não rebato muito o que ele diz, fora minha sacanagem de citar o Kevin Spacey em Beleza Americana perguntando lascivamente pra Mena Suvari: “You like... muscles?” (você gosta de músculos?). Não resisti.

Essa última frase do jornalista nem é muito original. Um ex-editor do Anexo (já estou no quinto editor, agora editora, e acho que sempre me dei bem com todos) me contou que havia um carinha na redação que não gostava muito de mim. Isso porque era ele que escrevia sobre cinema antes de eu aparecer misteriosamente. Parênteses: como não é todo mundo que sabe como comecei a escrever pro jornal, vou contar. Em 1998, mandei por email minha crítica pichando Amistad; eles gostaram e publicaram, junto com uma resenha positiva de algum crítico do Estadão. Achei curioso que ninguém respondeu meu email, só publicaram o troço. Okay. Continuei mandando mais textos. Alguns eles publicavam, a maioria não. Alguns eles trituravam pra que coubesse num espacinho (por exemplo, veja o que se salvou do meu texto sobre Ou Tudo ou Nada. Foi tão duramente editado que não sobrou nada de mim lá. Não tenho o texto original pra comparar, mas pode apostar que era dez vezes maior). Como eles publicavam cada vez menos, parei de mandar novos textos. Um belo dia, liga pra “minha” escola de inglês o então editor do Anexo, Silvio. Ele me convida pra aparecer na redação pra “conhecer a galera”. Eu vou. Chego lá e ele, bastante tímido, pergunta: “Por que você parou de enviar suas críticas?”, e eu respondo: “Porque vocês pararam de publicar, ué”. Ele explica que não é bem assim, que é pra eu continuar mandando, imagina, e vamos ver um esquema de pagamento pra você, não podemos pagar muito, mas cobre o cinema, e talvez dê pra comprar uns livros. Bom, apesar do meu lado socialista, gosto muito de dinheiro. E o Silvio ainda emenda: “Mas quem é você? Todo mundo quer te conhecer. É tão raro aparecer alguém que escreva tão bem e não seja jornalista”. Odeio falar isso, porque é pedante repetir elogios. Soa arrogante. E não acho que eu escreva muito bem. Acima da média, tudo bem, mas convenhamos, a média é bem baixa. E isso era antes dos blogs. Hoje eu leio muita gente que escreve bem e não é jornalista (e tá cheio de jornalista que não escreve nada bem). Mas tô fugindo totalmente do assunto.

Foi assim que tudo começou. Antes de voltar ao tema central, relato que é com pesar que às vezes recebo emails de leitores furiosos com algo que escrevi que sugerem que o jornal só me publica porque eu devo ter um caso com alguém importante lá. Uma vez chegou uma mensagem de uma leitora dizendo “Que bom que você passou no teste do sofá com o diretor do jornal”, ou algo assim. Fiquei indignada, porque é o tipo de coisa que ninguém diria se eu fosse homem. E é triste que isso venha de uma mulher, que não nota como esse tipo de comentário é péssimo pra todas as mulheres, inclusive ela. Sem falar que não conheço quase ninguém no jornal, e se apareço lá duas vezes por ano, é muito.

Mas enfim. O Silvio, meu segundo editor, foi com quem eu tive maior contato. Ou seja, acho que o vi pessoalmente cinco vezes. Numa dessas vezes, eu e o maridão fomos jantar na casa dele e sua mulher, que é arquiteta. E lembro que o maridão deu o maior vexame porque não se conteve e passou a xingar o FHC na frente do sogro do Silvio. Nunca vi o maridão se exaltar com política. Geralmente quem cumpre esse papel sou eu. Mas o que isso tem a ver com qualquer coisa?

Então, fechando o longo parênteses, o Silvio me contou que um dos carinhas da redação não gostava de mim, e que toda vez que chegava um texto meu, ele declamava: “Morra Lola morra!”. Ah, eu achei fofinho, e nunca consegui levar a raiva dele a sério. Quando nos encontramos na redação ou num cinema (ele vai tanto ao cinema quanto eu), sempre nos cumprimentamos cordialmente.

Opa, mas eu tava falando de réplicas aos meus artigos. Uma delas foi a da Mica, leitora minha até hoje. Ela discordou do que escrevi sobre O Colecionador de Ossos, e enviou uma resposta ao jornal, que publicou o texto (obrigada por encontrar a sua crítica, Miquinha). Ela só diz que eu extrapolei e que fui machista, infeliz, e injusta com as magras (será que chamei a Angelina de Colecionadora de Ossos?). E essa foi a réplica mais gentil que o jornal já publicou!

Lembro de uma ocasião que não rolou réplica, mas ouvi uma reclamação. Foi quando escrevi sobre À Espera de um Milagre. Eu dizia que infelizmente o grandalhão, Michael Clarke Duncan, não tinha uma grande carreira pela frente porque iria ser typecast (escalado pra fazer sempre o mesmo papel), e além disso, era (é!) negro, e Hollywood é racista (e ele tem três nomes, ó misericórdia!). O Silvio me liga e diz: “Por que todos os seus textos são tão polêmicos?! Inferno! Os negros aqui da redação acharam seu texto racista”. Eu tive que responder: “Que negros da redação?! Só tem um negro que trabalha aí!”. E prefiro não entrar em detalhes sobre algumas das colunas que este jornalista negro escreveu. Posso só dizer que nunca li nada tão racista publicado em toda a minha vida. Era sobre a rivalidade no vôlei feminino entre brasileiras e cubanas, e ele chamava as cubanas (todas negras e lindas) de macacas e crioulas, entre inúmeras outras ofensas. Isso foi antes de eu começar a colaborar com o jornal. Eu fiquei revoltada na época, ia escrever uma carta, mas a fotinho dele vinha junto dos textos, e ele era negro, e eu era mezzo branca, mezzo amarela. Fui covarde e deixei passar. Hoje não deixaria de jeito nenhum. Mas esse senhor achou que eu fui racista.

A última réplica, que eu saiba (e não é sempre que tomo conhecimento), foi sobre Madame Satã. Essa resposta eu só li anos depois, mas sabe como é, pega mal desprezar filme de arte. Todo o pessoal do circuito artístico aparentemente amou Satã e detestou a minha crônica. Ao topar comigo, um advogado conhecido meu veio de dedo em riste dizer: “Você foi desrespeituosa com o filme. Não o tratou com seriedade”. Eu disse: “E desde quando trato qualquer filme com seriedade?”.

É por essas e outras que, nas raríssimas vezes em que alguém me reconhece em Joinville e pergunta “Você é a Lola Aronovich?!”, eu dou dois passinhos pra trás antes de responder: “Depende...”.

21 comentários:

  1. Nossa, adorei a sua história. Realmente, falar o que se pensa, quando o que está na cabeça vai contra o senso comum é um perigo!
    Mas a graça do mundo está em pessoas como você, e como já disse, normalmente não concordo muito com as suas opiniões, mas amo ler suas críticas.
    Sem puxassaquismo, eu juro.
    Também tenho um problema com recistas e preconceituosos de modo geral, e muitas vezes noto que o pessoal tropeça no politicamente correto e acaba fazendo besteira do mesmo jeito.
    Que bom que você é do tipo que vai em frente, ou não teria o prazer de ouvir sua voz dissonante.
    Viva a diferença! - e não estou me referindo a cores de batons.

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  2. Falando em politicamente correto, esses tempos atrás eu estava assistindo o Saia Justa e uma das coisas que elas falavam é como o politicamente correto acabou engessando a sociedade e criando guetos (ok, a conversa falava muito mais, no entanto foi isso o que me chamou a atenção).

    Lola!!! Relembrando de você chamar a Angelina de raquítica na época de O Colecionador, me fez pensar que naquela época ela até que era 'cheinha' perto de hoje em dia, hehehe. Cada vez que eu vejo essa mulher ultimamemente me dá vontade de parti-la ao meio. Lembro que quando assisti Beowulf eu pensei "só podia ser tudo digital mesmo, para a Angelina ainda ter esse corpão que ela já perdeu faz tempo".

    Sabe que eu nunca me arrependerei de ter escrito a minha resposta à sua crítica, não pelo que eu escrevi, mas pq foi ela que me permitiu te conhecer um pouco mais. Vc foi a única pessoa a escrever para um jornal que ganhou chocolates meus, hehehe.

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  3. Lola,interesante a tua história quer dizer que vc era "só" leitora?Acho que o papel da critica é esse mesmo,se possivel despertar polêmicas e fazer um contaponto.Sou da opinião que se temos algo a dizer deve sempre ser dito.O que me chamou a atenção nos teus textos foi isso vc diz o que pensa de maneira clara e pelo que eu li até agora bem divertidas!Ah o que é isso do "medo de responder a pergunta vc é lola"?rsrsrs
    Responda sim...rsrsrs dê mais dois passinhos adiante...vai ver que isso muda rapidinho.rsrsrs

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  4. Lola, sua declaração sobre diploma não servir pra nada é a pura verdade. É a mesma coisa querer julgar alguém pelo currículo. Desde quando um currículo mostra o que você é capaz de fazer? Eu na posição de chefe nunca julgaria ninguém pela quantidade de cursos feitos ou congressos participados. No caso de jornalismo, a habilidade de escrever bem pode ser alcançada sem a necessidade de um curso superior. Conclui minha graduação em computação mas não tenho nada contra ninguém que esteja melhor do que eu apenas com seus cursos técnicos quaisquer. Já vi tantos colegas reclamarem disto.

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  5. Ho ho olha eu aqui Lolinha.

    E pelo visto comecei bem, já dei risada e mto bom esse seu post.
    Não comentarei quanto a Jolie, afinal de contas se ela fosse comentar de vc, eu provavelmente não poderia comentar tbm. Isso foi um elogio meio estranho, mas conta como um.

    Quanto ao negro de 3 nomes, ele realmente só faz papel meio sinistro, ou chefão da mafia ou sei lá... se bem que em A ilha ele era apenas uma vitima né ? Não me lembro mto bem. Mas fica limitado mesmo hehe.


    Maridão xingando o FHC, e do Lula, oq ele fala ? E essa nova "Lei Seca" já esta por dentro Lolinha ?

    Eu gosto do burro do Shrek, do pinoquio e do biscoito. Gostei da resposta citando beleza americana, ele tomou bonito haha.

    Madame Satã, eu não vejo.

    deixe-me conitnuar.

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  6. É um sério problema mesmo quando as pessoas não conseguem respeitar as opiniões alheias.
    Quer dizer, só porque o Shrek foi extremamente bem feito e hiper elogiado e aclamado você é obrigada a gostar do filme? Absurdo completo.
    Eu mesmo tomo umas pedradas de vez em quando por reclamar de filmes e até mesmo de músicas que não me atraem nem um pouco, mas são "inspiração" para muita gente.
    Acho que o grande problema é que tem gente que se sente ofendido quando é contrariado e talvez tenha medo de não conseguir manter a sua opinião, sei lá eu.
    Só sei que é uma estupidez imensa se revoltar por uma coisa dessas.

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  7. sempre achei que cinema era para divertir, não para ofender. o que aconteceu com: o que EU acho o que EU quero falar, você é livre para discordar.

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  8. Camomila, que bom que vc gostou. Obrigada pelos elogios. Acho perfeitamente possível não concordar com o que alguém escreve e mesmo assim lê-lo. Seria um horror se todo mundo pensasse igual.


    Mica, não sei, tanta gente critica o "politicamente correto", mas há coisas importantes. A linguagem pode ser uma arma pra discriminação. Quando reli minha crítica a Colecionador de Ossos, o que mais me chamou a atenção é que usei a palavra "retardado". Hoje eu não a usaria mais. Ela é ofensiva, e todo mundo continua usando-o pra designar gente burra. Aqui nos EUA "retard" é ouvido em todo canto. A gente continua associando uma condição como deficiência mental a algo extremamente negativo. E deficientes mentais não precicam de mais preconceito. Já sofrem bastante. Ao mesmo tempo é difícil deixar de usar essa e outras palavras, porque às vezes parecem faltar sinônimos.
    A Angelina tá mais magra hoje que tava na época de Colecionador? Não sei, ela tá magérrima nesse filme. Continua magérrima hoje. Ela já tinha silicone nessa época? Ou foi depois de Tomb Raider?
    Ah, Miquinha, nem me lembrava dos seus chocolates! É verdade, obrigada! Mas faz muito tempo. Já tá na hora de vc mandar uma outra encomenda...

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  9. Lú, obrigada pelo carinho. É brincadeira isso de não responder que sou a Lola. Em geral o pessoal é gentil, mesmo aqueles que não concordam muito comigo. Se já é estranho alguém se exaltar e agredir um crítico por email, imagina pessoalmente... Aí é caso de internação mesmo.


    Essa reserva de mercado é coisa séria, Julio. Eu vejo em todas as profissões. Por exemplo, a gente tem um amigo que deu aula de xadrez a vida toda. Convenhamos: pra quê ter diploma de Educação Física pra dar aula de xadrez? O cara sempre foi contra... até que tava no último ano de Educação Física. Agora que ele é formado, defende a obrigatoriedade do diploma de E. F. pra professores de xadrez. Ou: na pós-graduação em Letras/Inglês, uma das várias áreas é a de tradução. Numa das aulas, uma professora explicava que, pra traduzir, não é preciso diploma específico de tradutor. Na hora as moças da área suspiraram: "Infelizmente...". É normal. Quase todo mundo tenta valorizar a sua área e as suas chances no mercado tentando restringir a oferta de profissionais. Com jornalistas não é diferente.

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  10. Oi, Pedrinho, que bom que vc voltou, porque aqui, aqui é o seu lugar! E agora, como que vc tá se sentindo mais velho? Amadureceu um monte nessas últimas semanas?
    Pois é, já faz um tempinho que quero escrever um post sobre a Lei Seca. Vou tentar. É que não me sinto tão bem informada assim.
    O maridão gosta do Lula. Não sei porquê, mas ele pegou uma raiva imensa do FHC no segundo mandato. Quer dizer, motivos não faltam, claro, mas o que quero dizer é que o maridão raramente se exalta com política. E no entanto ele não suportava o FHC...
    Vou lá comentar seus outros comentários. Mas não já, porque antes preciso escrever umas coisas.


    Nita, eu até entendo a atitude de muita gente. Imagina vc adorar um músico ou um diretor, e aí vem alguém e fala mal de uma obra que vc ama de paixão? A gente vai querer contra-argumentar, lógico. Só acho que dá pra fazer isso de um jeito educado, sem apelar pra baixarias. E lembrando-se sempre que a pessoa que falou mal do seu ídolo representa apenas uma opinião, não a verdade absoluta. E isso não vai fazer com que você goste mais ou menos do ídolo. Mas, talvez, aquela crítica apresentou um ponto de vista desconhecido, em que vc nunca tinha pensado antes. Não quer dizer que vc deve concordar com o ponto de vista, mas uma reflexãozinha pode ser legal.
    E eu também acho que existem contextos. Uma coisa é vc ler apenas UMA crítica de uma pessoa. Outra é ler várias.
    Mas há pessoas estranhas, que discordam de vc e, por isso, querem que vc pare de escrever, ou o jornal pare de te publicar. Liberdade de expressão zero, sabe?

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  11. Lola...o que eu percebo que você é mesmo critica! Mesmo que tenha gostado de um filme tem que ir lá procurar qualquer coisinha que poderia estar de outra maneira. E muitas vezes você está certa. Mas Hollywood não faz filmes para a lolinha não é? Eles tem em consideração muito mais o facturamento e coisas como fazer rir sobre que pretexto for...usando coisas racistas muitas vezes. Tem gente que quando gosta de um filme gosta dele todo, mesmo que tenha alguma parte que erra, mas que se leva em consideração pelo conjunto. E olha, eu tenho minha opinião, posso concordar ou discordar de um critico, e ele pode me influênciar, mas não pode me fazer gostar menos de um filme. Algumas pessoas acho que não são assim, querem que todas as pessoas concordem com elas.

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  12. R., pois é, algumas pessoas não compreendem que dá pra discordar civilizadamente. E não é só com cinema não. É com tudo.


    Rachel, dei uma passada rápida no seu blog e me pareceu muito bem-escrito. Mas não tem espaço pra comentários não?
    E Madame Satã... Achei um porre. Mas tem muita gente que é fã.


    Cavaca, ah, eu tento falar o que gostei e não gostei num filme, e é raro gostar de tudo, 100%, por mais que eu tenha adorado o filme. E também não é tão comum eu adorar um filme, né? A culpa não é minha! É dos filmes. Difícil gostar de algumas coisas que Hollywood faz. A menos que vc queira ir ao cinema estritamente pra se divertir, deixa o cérebro em casa e pronto. Mas aí vc não é um crítico, certo? Quer dizer, eu vejo muito "crítico" fazendo isso - resume o filme e a única opinião que emite é "gostei", "dá pra se divertir", "engraçado", e tchau. Eu tenho um pouco de dificuldade em considerar essas resenhas uma crítica, mas muitos leitores querem exatamente isso: um crítico que não critique, que só valide a opinião deles, leitores, a respeito de um filme que eles verão de qualquer jeito. Tudo bem, os leitores têm todo o direito de quererem esse tipo de crítica. Só não podem querer que todas as críticas sejam assim, porque aí é meio ditatorial, né? Algumas pessoas não conseguem ver o mundo por outro ângulo. Acham que tudo gira em torno do próprio umbigo. Que só porque elas gostam ou não gostam de algum filme ou crítica, todo mundo pensa exatamente igual a elas. É um pouco patético. Cresçam! A gente deveria parar de pensar assim aos cinco anos, no máximo...

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  13. Por curiosidade, qual é o filme da sua vida? Aquele que vai ficar para sempre na sua memória, aquele que pode ver 30 vezes sem se cançar, aquele que mudou alguma coisa sem si, o filme obrigatório, o "filme de cabeceira"

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  14. Mary, querida, obrigada pela pergunta. Como essa é uma pergunta que pode interessar a mais gente, vou respondê-la num post, pode ser? Só tenha paciência... Abração!

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  15. Lola,
    manifestar nossas opinões - elogiando ou desancando - alguma coisa é sempre um risco. Por exemplo, achei "Zodíaco" e "Munique" mais ou menos, apesar de tecnicamente perfeitos. E gostei de "Babel" e "Fim dos tempos". Em todos esses casos, fui na contra-mão das opiniões (jornalísticas e blogueiras). Mas, fazer o quê? Opinião cada um tem a sua, né? Costumo ser criticado por afirmar que quero ser emocionado no cinema, não quero saber só de técnica, planos, ângulos e iluminaçao. Quero boas histórias e atuaçoes também. Quer outro exemplo de contra-mão cinematográfica? Adoro David Lynch, mas seu virtuosismo em "Império dos sonhos" não me ganhou/emocionou. Fazer o quê? É Lynch, é um senhor criador, mas dessa vez não deu.
    Abraçao

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  16. Concordo em gênero, número e grau com a sua cri-crítica ao Shrek. Acho o filme um grande amontoado de piadas infames das mais sem-graça (e olha que eu adoro piadas infames). Um detalhe curioso: eu também tenho - e admiro muito - esse livro do Bruno Bettelheim, no qual ele mostra como são vãs e inócuas essas tentativas de 'modernizar', 'amenizar' ou 'melhorar' a moral dos contos de fadas.

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  17. Adoro seus textos Lola, embora nem sempre concorde com o que vc diz, he, he.

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  18. É, Demas, minha ídola Pauline Kael dizia que o pior crime que um crítico de cinema podia cometer era o de adaptar sua opinião à de seus leitores. Sabe, morrer de medo de ofender o leitor e perdê-lo? Mas creio que há muitos críticos assim. Acredito que boa parte dos que amam Senhor dos Anéis, por exemplo, sejam verdadeiros. Mas tenho certeza que há aqueles que não acharam isso tudo, ou mesmo que não gostaram do filme, e avaliaram o tamanho da encrenca em que iriam se meter com a segunda maior comunidade da internet, e decidiram fazer coro ao oba-oba. Mas o pior que vejo entre os críticos nem é isso de parecer desonesto e querer agradar seu público a qualquer custo. É que muitas vezes não há crítica nenhuma. Há um resuminho do filme. Pô, qualquer um pode escrever resuminho de filme! Não exige muito esforço, conhecimento, espírito crítico, nada.
    Ah, eu não vou na onda não. Até porque geralmente evito ler qualquer coisa antes de ver um filme, pra não ser influenciada. E a minha opinião será a que vale na minha crítica. Eu gosto muito de comentar o que a crítica como um todo disse, e algum comentário de espectador que ouvi no cinema. Mas essas opiniões são pano de fundo pras minhas.
    E não é porque o Lynch ou o Eastwood fizeram coisas boas que o próximo filme deles será uma obra-prima.
    Por isso, tem gente que acha que sou do contra. Às vezes eu elogio um filme que todo mundo anda falando mal, ou picho um filme que todo mundo tá falando bem. Mas não é de propósito, e não é pra ser do contra mesmo. É só porque, por algum motivo, minha opinião destoou daquela da maioria. Bom, isso, e o fato de eu sempre desconfiar de qualquer unanimidade...

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  19. Guta, vc deve ser a segunda pessoa que concorda com a minha crítica de Shrek! Todo mundo ama o filme. É que antes de ver o primeiro havia um clima no ar de que ele era maravilhoso, que rompia todos os clichês dos contos de fadas, o escambau. E eu achei todas aquelas piadinhas tão batidas... Clichê pra romper clichê? E certamente um dos motivos de não ter visto nenhuma criatividade naquilo foi ter lido A Psicanálise dos Contos de Fadas. Que rompe todos os clichês dos contos porque explica o que eles simbolizam.


    Daniel, obrigada. A primeira parte da sua frase é a mais importante...

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  20. hahahahahahaa
    ai lola nao sabia dessa! Mas mto boa sua hitoria!!!
    Eu nao sabia q até hj vc era colaboradora de criticas de cinema ai em SC!!!!
    Que legal!
    mas ser critica de alguma coisa, qlqr coisa sempre tem um lado positivo eu melhor: a minoria pensa como vc, infelizmente >.<

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