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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

UMA SEMANA DURA PRA BOLSO, E LINDA PROS AMANTES DA DEMOCRACIA

Esta semana vem sendo terrível pro pior presidente da história do país.

Segundo o jornalista Ricardo Noblat, assessores do Coisa Ruim e homens do mercado financeiro garantiram a Bolso que esta semana seria o começo da virada -- que, faltando um mês e meio pras eleições, e com o início da campanha propriamente dita (lógico que Bolso já está em campanha para reeleição desde janeiro de 2019), o presidente finalmente colheria os frutos da decisão puramente eleitoreira de lançar um "pacote de bondades" na reta final. Importantes pesquisas divulgadas esta semana mostrariam seu crescimento.

Não foi isso que aconteceu. Já na segunda, com a divulgação da primeira pesquisa, da FSB/BTG (um banco não muito fã da esquerda), um banho de água fria pra extrema-direita: Lula 45%, Bolso 34%, apontando que Lula tem chance de vitória já no primeiro turno. No mesmo dia, a Petrobrás anunciou a redução de 18 centavos no preço da gasolina. Foi o bastante pro Twitter ficar repleto de mensagens com a tag "Lula subiu, gasolina caiu!". 

Na terça foi a vez da pesquisa Globo/Ipec (ex-Ibope), mais ou menos um replay da BTG: Lula 44%, Bolso 32, Ciro 6%. No segundo turno, se houver, seria Lula 51%, Bolso 35%. 

E ontem veio a pesquisa Genial/Quaest cimentar qualquer chance de reviravolta do Capetão: Lula 45%, Bolso 33%, Ciro 6%, e Simone Tebet, agora empatando com Ciro dentro da margem de erro, 3%. No segundo turno, Lula teria 51%, e Bolso 38%.

Ainda assim, de acordo ao Intercept, o núcleo duro da campanha do PT espera que Bolso reduza a distância que Lula tem quando dê pra sentir mais o efeito do Auxílio Brasil. Até agora, tudo indica que os mais pobres não são bobos, sabem que o genocida não fez absolutamente nada por eles, e vão pegar e usar os R$ 600 e continuar votando 13.

Semana passada muita gente ficou assustada com uma pequena reação de Bolso. Afinal, a rejeição das mulheres a ele e a aproximação de Lula com os evangélicos tinha diminuído. Mas foi fogo de palha. Lula tem acima de 39% dos votos há anos. Em 2018, por exemplo, quando esteve injustamente preso, era esse seu patamar. Foi por isso que foi proibido de concorrer. Se concorresse, seria eleito. 

O que fez com que a situação se normalizasse -- Lula mantivesse seus 12% de vantagem sobre Bolso? -- nesta semana decisiva? A Veja atribui isso à desistência de Janones, que agora apoia Lula efusivamente. O ato pela democracia no dia 11 de agosto também reforçou que a população em geral abomina as ameaças golpistas de Bolso. Os bolsominions adoram, mas isso afasta o eleitor de centro. 

E ontem Bolso sofreu mais um vexame -- teve que ouvir calado o discurso do ministro do STF Alexandre de Moraes, que ontem tomou posse como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Xandão prometeu combater as fake news e o discurso de ódio (duas marcas registadas da extrema-direita) e disse que o Brasil é a única democracia que apura e divulga os votos de uma eleição no mesmo dia. Foi aplaudido de pé. A cara de choro de Bolso fala tudo. A atitude de Carluxo, sentado e se recusando a bater palmas, também. 

Mas nada é tão ruim que não pode piorar. Muitos dos presentes (havia mais de duas mil pessoas lá) relatam que, enquanto Bolso ficou isolado, Lula era cercado por fãs e pela imprensa a cada passo que dava. Esta foto, que mostra todos olhando pro próximo presidente da República, dá um bom indício do que aconteceu. Até Bolso só tinha olhos par Lula!

Que semana difícil, hein, miliciano? E amanhã ainda sai a Datafolha. Um leitor disse que precisa encher o tanque, mas vai esperar até sexta pra isso, depois da pesquisa.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O MEDO DAS MULHERES SEREM ESTUPRADAS

Muito interessante a Pesquisa Percepções sobre estupro e aborto previsto por lei, dos institutos Patrícia Galvão e  Locomotiva. 

Na pesquisa realizada online entre 1 e 14 de setembro, respondida por 2 mil homens e mulheres acima dos 16 anos, 52% dos entrevistados disseram conhecer uma mulher ou menina que já foi vítima de violência sexual. 16% das mulheres já sofreram essa violência. 95% das mulheres revelaram ter medo de serem estupradas, e 78% disseram ter muito medo. Entre os homens, 92% tem medo que sua filha, mãe, esposa ou namorada sejam vítimas. Dos que conhecem uma vítima, 17% disseram que ela engravidou e em 42% dos casos fez aborto. Só 29% acham que a polícia está muito preparada para atender vítimas de estupro. 94% disseram ser a favor da menina de 10 anos do Espírito Santo abortar. 82% concordam com a possibilidade de abortar quando se é vítima de estupro. 88% acham que toda cidade deveria ter esse serviço de aborto. 

Como podemos ver por essa pesquisa, e também ao falarmos com praticamente qualquer mulher, o medo do estupro é uma constante ameaça nas nossas vidas. Faz quase 13 anos, quando comecei o blog, escrevi um post chamado "Toda mulher tem uma história de horror pra contar". É impressionante o número de meninas e mulheres que ou foram abusadas sexualmente, ou conseguiram escapar por um triz de serem abusadas. Esse medo começa muito cedo, quando ainda somos meninas, até porque o assédio começa muito cedo também. E lógico que isso afeta nosso comportamento, nossa autoestima, nossa percepção de nós mesmas. 

A enorme maioria dos homens não passa por isso, não precisa pensar com que roupa vai sair, a hora que voltará pra casa, se voltará só ou acompanhado, que rua vai pegar. Seu medo é unicamente de ser assaltado. Nós temos medo de ser assaltadas também, lógico, mas mais medo ainda do estupro. Perdemos tempo e energia demais com essas preocupações do dia a dia. E isso que estamos falando do lugar-comum do estupro, que é aquele numa rua escura à noite por um desconhecido. A maioria dos estupros ocorre dentro de casa e o estuprador é conhecido da vítima. 

Esse medo constante pode ser visto como uma estratégia de dominação do patriarcado. É uma mentira também, porque a narrativa é que, se a mulher ou menina ficar em casa e tiver um homem para protegê-la, ela estará segura. Na própria pesquisa 81% dos entrevistados responderam que a pandemia contribuiu para o aumento dos estupros dentro de casa. Ao mesmo tempo, como estamos sendo governados pela extrema-direita, cresce a obrigação de que a mulher deve ter uma arma para se proteger. Só que isso é colocar a responsabilidade de impedir o estupro na mulher -- se ela não tiver uma arma, ela não se preparou, não se protegeu. 

No entanto, se a maior parte dos estupros acontecem em casa, muitas vezes cometidos por um familiar, em que momento a vítima sacará a arma contra seu pai, seu padrasto, seu tio, seu irmão? E se ela usar a arma, ela não será condenada? Portanto, a cultura machista deixa as mulheres sem saída. É essa cultura que precisamos combater.