sexta-feira, 28 de maio de 2021

BOLSO ARMA GOLPE CONTRA URNA ELETRÔNICA

Como explica uma reportagem publicada na quarta no El País, comemorando os 25 anos das urnas eletrônicas, a "pregação de Bolsonaro contra urna eletrônica repete Trump e arrisca judicializar eleição de 2022". Em janeiro, quando Trump tentou dar um golpe com a invasão do Capitólio, Bolso ameaçou: “Se não tivermos voto impresso em 2022, alguma maneira de auditar o voto, teremos problemas piores dos que nos EUA”. 

Obviamente, Bolso não está interessado no voto impresso. O que ele quer é semear o caos, gerar dúvidas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas para, assim, colocar toda a democracia em xeque caso ele não ganhe. Até quando ele ganhou, em 2018, ele disse que as eleições foram fraudadas. Afinal, ele deveria ter vencido no primeiro turno. Nunca mostrou uma prova sequer que sustente sua teoria conspiratória. 

Pra piorar a situação, o PDT de Ciro Gomes decidiu também defender o voto impresso, dizendo ser um bandeira do partido desde Leonel Brizola (e fingindo ignorar o que Bolso realmente deseja ao se manifestar contra as urnas eletrônicas). 

A escolha do PDT até rendeu um elogio da deputada bolsonarista Carla Zambelli: "Parabéns pelo posicionamento, Carlos Lupi. Eleições transparentes, seguras e confiáveis ão são pauta 'da direita' ou 'da esquerda', mas do Brasil". A regra é clara: quando você está do mesmo lado da extrema-direita golpista, é sinal de que você está fazendo algo muito, muito errado. 

Reproduzo aqui o editorial do El País (Brasil) contra o voto impresso.  

A menos de um ano e meio para as eleições presidenciais, Jair Bolsonaro embarcou em uma lesiva campanha de descrédito do atual sistema de votação com urnas eletrônicas. Adotada há 25 anos, a urna eletrônica se destaca, segundo as autoridades eleitorais, por sua eficácia, segurança e transparência, sem ter dado lugar a nenhum incidente relevante em todo esse tempo. Com uma extensão de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e algumas das zonas habitadas mais inacessíveis do mundo, o Brasil utiliza um sistema que, com razão, é admirado em muitos outros lugares.

Mas, seguindo o rastro de Donald Trump, Bolsonaro decidiu, antecipando-se à campanha pela reeleição, lançar a sombra da fraude, ao semear constantes dúvidas sobre a confiabilidade do sistema de votação. Não é a primeira vez que faz isso. Na campanha em que foi eleito, em 2018, insistiu repetidamente que só aceitaria o resultado se vencesse as eleições. E, numa repetição daquela estratégia, vem há meses alertando para “problemas piores que nos EUA” depois das eleições de 2022 no Brasil. Agora, uma comissão do Congresso pode debater uma reforma constitucional que permita a cada eleitor receber uma cópia impressa do seu voto, possibilidade que até agora era recusada.

A realidade é que, desde a implementação do atual sistema de voto por urna eletrônica, não houve prova alguma de fraude nas eleições feitas no Brasil. Além disso, seis meses antes de cada eleição a Justiça Eleitoral divulga o código-fonte do sistema para que seja auditado por diversos órgãos oficiais (como o Ministério Público) e privados (como a OAB). A partir daí, os controles são contínuos. Ao longo de todo o processo, a urna jamais é conectada à internet, e durante uma semana programadores, hackers, policiais e partidos políticos são convidados a atacar o sistema para detectar possíveis vulnerabilidades. 

O resultado é que o sistema brasileiro não foi posto em xeque nem dentro nem fora do país, salvo em redutos conspiracionistas, até agora marginais, mas em cujas teses Bolsonaro se baseia, principalmente quanto à possibilidade de auditar a votação. A frase “voto impresso e auditável” se tornou um dos mantras dos partidários do presidente.

É legítimo ponderar formas de melhorar o sistema, mas não erodir a confiança no sistema. Bolsonaro solapa a democracia brasileira ao lançar suspeitas sobre o ato mais importante da cidadania. Seu objetivo não é a transparência, e sim o caos. Seria conveniente que um seguidor tão fervoroso de Trump recordasse o lamentável resultado da estratégia para o ex-presidente.

8 comentários:

  1. Todas as vezes que eu vejo essa merda de "fraudar urna eletrônica" dou um sermão no ignorante, usando da autoridade de ter dois familiares próximos trabalhando no sistema eleitoral. Descrevo o processo e o funcionamento da urna, como os procedimentos de segurança são feitos, como os partidos fiscalizam, etc. Quem não está mal intencionado, é ignorante só no sentido de não saber mesmo, já para de espalhar essa merda. O gado... cansei, que vá pro abate e se lasque.

    https://www.jornalopcao.com.br/bastidores/se-fosse-possivel-fraudar-a-urna-eletronica-candidatos-nao-gastariam-tanto-com-marketing-eleitoral-253634/

    ResponderExcluir
  2. OS bozoantistas estão somente fazendo birra de bebê!!!! Eles sabem perfeitamente que o projeto deles não pode ser aprovado por ser inconnstitucional!! E somente os abobados da enchente para afirmar que não existe voto impresso na urna eletrônica! Quem já foi mesário (fui por 3 vezes) sabe que ao final da votaçao as urnas imprimem em 5 vias(as quais os partidos têm acesso) todos os votos que foram depositados eletrônicamente, de modo que a votação pode ser auditada quantas vezes for necessária em qualquer época!
    Seria um crime absurdo os eleitores levarem um comprovante de voto consigo, que os exporia a riscos de segurança para quem mora em territórios sob controle e milícias e nas zonas rurais de coronéis do agronegócio!
    Os bebês poderão fazer a birra que quiserem, que nenhum efeito terá!

    ResponderExcluir
  3. A partir do momento em que o voto passa a ser impresso ele deixa de ser secreto, o que seria extremamente perigoso para muitas pessoas. Com o voto impresso as pessoas poderiam sofrer pressão para votar em determinado candidato, tanto é que chegaram a proibir o uso de celular durante a votação, para impedir que a pessoa levasse consigo uma prova do próprio voto e fossem retaliadas por traficantes e mi. Eu não sou obrigado a revelar minha orientação política, ninguém é. Espero que o voto nunca seja impresso.

    ResponderExcluir
  4. Lola,

    Temos um grave problema eleitoral, que é o TSE que coleciona funções incompatíveis.
    Gerir as eleições e julgar problemas eleitorais.

    O TSE segue, assim, à risca o princípio de que o réu não é obrigado a gerar provas contra si. É por isso que todos os problemas eleitorais são abafados autoritariamente, levando desavisados a achar que não há defeitos na nossa votação eletrônica — que é é mais atrasada do mundo.

    Não tem como defender o voto eletrônico brasileiro, como é, depois de saber o que ocorreu nas eleições de 2006. Naquelas eleições gerais, 25% nas urnas eletrônicas estavam com defeito e deturparam dados. Em Alagoas, deu diferença de mais de 20 mil votos. Isso foi comprovado em auditoria por técnicos do ITA. Mas o TSE abafou tudo e impôs multa a quem denunciou e provou que havia um problema grave. Veja:
    http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/alagoas1.htm

    A bandeira do voto impresso (ou algum outro método que permita conferir o voto no momento em que é registrado e também permita conferir e recontar) é uma bandeira antiga da esquerda socialista e comunista. Luta de longo termo de gigantes políticos como Brizola (PDT) e Sergio Miranda (PCdoB). Luta também de vários especialistas e ativistas de todas as correntes políticas.

    Bozo sequestrou oportunisticamente essa bandeira, para deturpar seu objetivo.

    O voto impresso foi "testado" pelo TSE, que, aparentemente, agiu deliberadamente para que o "teste" fracassasse. Como? "Esqueceu" de instruir os mesários que era preciso liberar o rolo de papel antes da votação. Resultado: o papel embolou no país todo. E os espertalhões do TSE disseram que não funcionava.

    Enquanto isso, Argentina, Venezuela, Estados Unidos, e muitos outros países, adotaram métodos muito mais modernos e confiávies de votação em que é possível detectar defeitos eletrônicos e fraudes, auditando-se os resultados através de alguma contrapartida física. E outros países, na Europa, simplesmente proibiram o voto puramente eletrônico, por ser inconferível e incompatível com a democracia.

    O que acho é que este agora provavelmente não é um bom momento para fazer mudanças no sistema, pois estamos sob controle de um governo miliciano, com um congresso miliciano. Nenhuma reforma eleitoral que venha desses bandidos será boa para o país.

    Por favor, separe as questões: precisamos de um sistema de votação seguro, auditável e conferível (voto impresso ou algo equivalente); mas não queremos nenhum sistema criado pelo Bozo.

    ResponderExcluir
  5. O Prof. Diego Aranha, que detectou várias falhas na urna eletrônica brasileira, mudou-se do país em 2018:
    https://www.tecmundo.com.br/seguranca/131249-aranha-encontrou-falhas-urna-eletronica-deixara-pais.htm

    ResponderExcluir
  6. Anonimo de 09:59,

    Favor não divulgar fake news! É uma falácia dizer que o voto impresso seria levado pelo eleitor, pois isso feriria o anonimato do voto. O voto precisa ter sigilo absoluto.

    Sobre o boletim de urna (BU), sim, é o único documento fiscalizável, porém tem sérias limitações:

    1) Ninguém sabe se a foto do sujeito na tela da urna corresponde ao número de votos no BU; a fiscalização do registro do voto cabe ao eleitor, mas ele não tem nenhum meio de verificar isso.

    2) Há inúmeros relatos, eleição a eleição, de que juízes eleitoriais, presidentes de seção e mesários CRIMINOSOS simplesmente proibiram fiscais de presenciar ou levar cópia do BU. Os DELINQUENTES às vezes falam para os fiscais buscarem o BU depois, na sede do TRE. Ninguém sabe de que buraco eles tiram o BU, se ninguém pode ver se saiu da urna mesmo.

    3) É caro e difícil para os partidos fiscalizarem a totalização dos BUs. Seria preciso obter os BUs (tendo certeza de que saíram da urna certa), escaneá-los e conferir os dados com os dados oficiais do TSE pela internet. Pouquíssimos partidos têm estrutura para fazer esse tipo de análise.

    Uma excelente iniciativa para a conferência de BUs foi o aplicativo "VOCÊ FISCAL", um projeto realizado com financiamento coletivo em 2014.

    Mas enfatizo: não devemos tratar de assuntos dessa seriedade com bolorasnistas. Elem não querem debate sério sobre segurança eleitoral e sigilo do voto. Eles só querem tumultuar.

    (Até suspeito que o Bozo pode estar falando a verdade quando diz ter certeza de que as eleições de 2018 foram fraudadas — tiraram votos do Haddad para a vitória a Bozo. É só lembrar que o judiciário em peso construiu o boloranismo: Moro, Dallagnol, Witzel, etc. É o judiciário quem controla as eleições, autoritariamente, sem permitir fiscalização real.)

    ResponderExcluir
  7. Será que a esquerda engoliu a isca da direita de novo?

    A esquerda idiotizada apoiou a lei da ficha suja (ou lei do lawfare contra Lula);

    A esquerda idiotizada defendeu a lava-jato (até a Dilma elogiou a lava-jato, tentando se defender; se bem que a Dilma agora diz que o Renan, que votou pelo impeachment, não é golpista; pôxa, Dilma, guerreira do povo brasileiro, que decepção!);

    Certa esquerda idiotizada defendeu a proposta das desmedidas pró-corrupção do MP;

    O PT, que era um dos poucos partidos com condições de fazer alguma fiscalização eleitoral (e realmente fez o que podia, em algumas eleições, depois largou mão, deixou o assunto livre para os blefes do Aécio e o Bozo), passou a elogiar a urna eletrônica mais atrasada do mundo, tentando ser simpático com seus algozes do judiciário. E agora, como o Bozo está blefando com o projeto de "voto impresso estilo miliciano", o PT cai na cilada e vai dizer que o voto eletrônico no Brasil é perfeito, tentando obter misericórdia dos golpistas. Vai dar errado, de novo. Pode ser que em 2022 Lula perca no primeiro turno para algum Amoêdo, via fraude eleitoral do judiciário. Em 2002, Lula chegou a ter um número de votos negativo, durante a totalização; mas a fraude deu errado ao vivo na TV, e o TSE teve que colocar o resultado certo, em que Lula saiu vitorioso.

    Não é hora de debater voto impresso. Não dá pra confiar nos golpistas. Não dá pra aceitar ser pautado pelos temas do Bozo. O assunto é importante, mas é para outro momento. Senão, se o Bozo disser que beber água faz bem pra saúde, vai ter esquerda idiotizada mandando pararmos de beber água, só pra ser contra o Bozo.

    ResponderExcluir
  8. Hahaha para os bolsominions: se Bolsonaro ganha, tá tudo certo. Se Bolsonaro perde, é porque foi roubado. Nem importa muito pra esse pessoal se é urna eletrônica ou voto de papel. A irca é a mesma se o resultado não for do gosto do freguês hahaha...

    ResponderExcluir