quarta-feira, 14 de abril de 2021

AGORA A DIREITA QUER TRANSFORMAR A EDUCAÇÃO EM SERVIÇO ESSENCIAL?!

Ontem a Câmara dos Deputados aprovou a urgência de um projeto de lei. Incialmente pensei que tivesse aprovado o projeto em si, proposto por deputadas do Novo, PSL e Cidadania, mas não. Só aponta que entrará em votação em breve. 

O PL 5594/20 define a educação básica e o ensino superior, tanto na rede pública quanto privada, como atividade essencial. O que isso quer dizer? Em primeiro lugar, é uma tentativa de fazer escolas e faculdades voltarem às aulas presenciais imediatamente. E dane-se que a enorme maioria dos professores no país ainda não foi vacinada. Ou que um estudo recente aponte que a incidência da covid entre professores da rede estadual de São Paulo seja três vezes maior do que entre a população adulta do estado. E lógico que o vírus não contamina apenas só professores e alunos, mas também merendeiras, pessoal da limpeza, motorista de van, segurança, inspetores etc.

Esse pessoal que até pouco tempo denunciava escolas e universidades como centros de doutrinação e vagabundagem (um sinistro do MEC que teve que fugir do país chamou de "balbúrdia") e saudava o homeschooling (ensino domiciliar, que o Ministério da Educação e da Família de Damares sonham em aprovar) como a salvação da lavoura agora, no meio de uma pandemia que já matou mais de 350 mil brasileiros e quase 3 milhões de pessoas no mundo, acha fundamental as crianças irem à escola. 

Um site bolsonarista especialista em fake news disse outro dia que a recusa dos professores em não voltarem às aulas presenciais é um "plano diabólico da esquerda de usar a pandemia para 'emburrecer uma geração de brasileiros". Puxa, até anteontem eles acusavam o Paulo Freire de ter feito isso! Segundo o texto, que não vou linkar aqui, tudo estava indo bem na educação com o governo Bolsonaro, "mas de repente veio a tal pandemia". E agora nós professores preferimos "retirar de crianças o direito de irem aos colégios" só pra acusar Bolso depois. Eu já vi algo parecido antes: a pandemia é só uma invenção comunista pra não deixar o homi trabalhar! Estão transformando o Brasil num pária internacional!

Logicamente, a preocupação da direita e extrema-direita com a volta urgente às aulas presenciais não é com as crianças, e muito menos com os jovens universitários, e sim com as entidades patronais donas de escolas e faculdades particulares. Com a queda-livre do salário do brasileiro, o aumento do desemprego, a volta da inflação, enfim, o empobrecimento geral da nação (ué, não era só tirar a Dilma?), o mercado do ensino está em crise. E, com a pandemia, cada vez mais a classe média tem tirado seus filhos da escola particular e colocado na pública (só no estado de SP, de março a dezembro do ano passado, foram mais de 15 mil alunos que fizeram essa migração). Não vamos nem falar ainda do que acontecerá com as escolas pública com esse novo inchaço, que nunca vem acompanhando de mais investimentos na educação. 

Bastante se falou sobre Tabata Amaral (PDT) ter votado a favor da urgência do projeto, e Alexandre Frota (PSDB), contra. Mas, em geral, os partidos de oposição são contra a reabertura imediata das escolas, enquanto partidos de direita (incluindo aí o PSDB e toda a base de apoio ao genocida), são a favor. Você pode ver como seu partido e deputadx votou aqui. 

O mais vil da tentativa próxima de aprovar o PL 5594/20 é que ele não diz que educação como serviço essencial vale apenas para esta pandemia. Diz que as escolas e universidades devem ficar abertas em qualquer pandemia, situação de emergência ou de calamidade pública. Assim, também tiram o direito de professores entrarem em greve! 

Concordo muito com o que diz o movimento Famílias pela Vida, que une famílias de alunos da rede pública de SP: "educação vira essencial por decreto, sem nunca ter sido prioridade". Gente que nunca viu educação como prioridade -- muito pelo contrário -- agora vem decidir que ela é essencial!

Enquanto isso, no Tucanistão, professores estão em greve pela vida há mais de 60 dias. Em represália, o prefeito, apelidado com justiça de Bruno Abre Covas, cortou o salário dos docentes. Vamos contribuir com o fundo de greve.

2 comentários:

  1. Me sinto tão idiota por um dia ter simpatizado com essa Tábata, por causa da trajetória de vida dela... Confesso: teria votado nela se morasse em SP. E estaria arrependido. Se esse projeto de lei for aprovado (também tem uma PEC tramitando?), vai ser mais uma lei pro STF dizer se é constitucional ou não. Se aprovarem uma PEC, o mesmo vai ocorrer com a emenda aprovada. Logo o STF... Pelo que deu pra perceber do julgamento de hoje, as coisas estão se arrumando pra Lula não conseguir ser candidato outra vez. O pleno deles lá vai confirmar, por maioria, a decisão de Fachin de que o foro de Curitiba era incompetente, e que reconhecer a incompetência prejudicou o habeas-corpus sobre a suspeição. A decisão sobre a suspeição vai ser extinta pelo pleno sem julgamento de mérito, por perda do objeto por causa da prejudicialidade. Em Brasília o Bozo genocida vai poder usar vagas nos TRFs, no STJ e a vaga do insuportável do Marco Aurélio Mello, como moeda de troca pra conseguir decisões favoráveis aos seus planos de tirar a elegibilidade de Lula ano que vem. Esse nojento do Marco Aurélio vocalizou hoje, de novo, (já tinha falado isso em entrevistas) o pensamento da maioria dos ministros do Supremo, de que a aura do heroi que combateu a corrupção, de Moro e, por tabela, de Dallagnol, não pode cair. Como uma pessoa que é um ministro constitucional, pode achar que Moro promoveu uma guinada no combate à corrupção no país, com processos cheios de vícios? Pra a maioria dos ministros preservar a farsa da Lava-Jato é mais importante do que fazer valer as garantias processuais que a Constituição prevê. Aprovar PEC ou PL considerando escola e faculdade/universidade serviço essencial, pra salvar o bolso dos empresários da educação, além de ir de encontro à vida dos professores, de quem trabalha nos estabelecimentos e dos alunos, vai ser ineficaz pra conseguir esse propósito de levar os alunos ao ensino privado. Tem a questão da perda de renda, que não vai ser resolvida com a aprovação dessas propostas. E o teto de gastos vai fazer o dinheiro do FIES minguar cada vez mais. Desde o 2o mandato de Dilma, com o Chicago Boy Joaquim Levy, que ela botou como ministro da fazenda, o governo tá 100% voltado ao favorecimento do mercado financeiro. Pros bancos tá ótimo, pois é pra lá que vai boa parte do dinheiro que o governo tá economizando com as reformas que tiram direitos e renda dos trabalhadores. Além de eles ganharem muito com as economias do governo, vindas dessas reformas, ganham com os juros dos empréstimos crescentes que o trabalhador cada vez mais empobrecido procura cada vez mais. Empresários que precisam do mercado consumidor vão passar por tempos difíceis no Brasil. A política econômica que eles mesmos defendem, também gera muita quebradeira de empresários. Só não vão sentir o baque os empresários que também são financistas hábeis, tipo o dono da Amazon. Pequenas e médias empresas, coitadas. Vão falir cada vez mais. Por falta de apoio governamental, que só quer saber dos "mercados", e por causa da queda no consumo.

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  2. Éééééé... parece que o extermínio deliberado dos pobres não era uma figura de linguagem. Os psicopatas estão literalmente tentando matar os pobres - porque quem vai morrer com essa são os pobres. Alunos, professores, porteiros, tias da merenda a pessoal da faxina, todo esse pessoal é pobre e vai morrer aos montes se abrirem as escolas e faculdades. De novo, a lógica do desgoverno é que quem não pode pagar pra viver não só merece como deve morrer, então não é surpresa nenhuma. Mereciam ser açoitados em praça pública e presos em celas de isolamento.

    Quanto aos empresários da educação, também não é surpresa que estejam querendo abrir logo pra encher o rabo. Nesse país empresário é burro. Acha que é só abrir as lojas/escolas/faculdades que o dinheiro vai entrar junto automaticamente. Os imbecis simplesmente não conseguem somar 2+2 e entender que o dinheiro NÃO VAI entrar porque as pessoas NÃO TEM DINHEIRO PRA PAGAR as faculdades e escolas particulares. Mereciam ir à falência e ter que lavar chão a troco de salário mínimo pra sobreviver, esses merdas.

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