Você compraria uma droga usada deste/por este homem?
No domingo morreu um professor de SP, Valdemar Gomes, fundador do cursinho popular da PUC-SP para vestibulandos de baixa renda.
Prestes a se tornar doutor, Gomes tinha acabado de completar 47 anos e estava fora do grupo de risco, mas faleceu 19 dias depois dos primeiros sintomas do coronavírus. Sua esposa foi consultada pelos médicos para autorizar o uso de cloroquina no tratamento. Ela aceitou, mas os efeitos colaterais foram graves e atingiram o coração de Gomes.
Na França, três pacientes infectados com o corona morreram de possíveis efeitos colaterais graves de um coquetel de remédios à base de hidroxicloroquina. Recentemente, hospitais na Suécia interromperam o tratamento com cloroquina depois de efeitos colaterais sérios, como cãibras, perda de visão periférica e dores de cabeça.
Remédios para combater o corona estão sendo criados e testados em todo o mundo, e obviamente a cloroquina é apenas um deles. Mas rapidamente se tornou a tábua de salvação para Trump (que tem participação financeira na Sanofi, uma das maiores fabricantes da cloroquina no mundo) e Bolsonaro. Seu gabinete do ódio aposta todas as fichas neste tratamento sem validade comprovada.
Óbvio que todos nós -- principalmente nós que levamos o coronavírus a sério, seguimos as recomendações da Organização Mundial da Saúde e respeitamos a quarentena -- torcemos para que uma vacina seja criada o mais rápido possível e, antes disso, que surjam tratamentos para coibir a proliferação do vírus. Porém, quem for infectado (e seus familiares) pode ter que responder: quero usar cloroquina, que não tem eficácia testada e que produz efeitos colaterais? (precisamos conversar até que ponto deve-se usar os ventiladores!).
Ontem a Reitoria da Unicamp lançou nota citando uma das publicações científicas da área médica mais respeitadas do mundo, a British Medical Journal: "o uso da cloroquina e seus derivados na COVID-19 é prematuro e potencialmente prejudicial devido a efeitos colaterais amplamente conhecidos pela comunidade médica".
Publico hoje a análise de Ligia Moreiras, doutora em Farmacologia e doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina.
AULA ABERTA - SOBRE CLOROQUINA (OU HIDROXICLOROQUINA)
Vamos lá. Algumas informações básicas:
1) A dose diária recomendada é 25 mg/kg. Se chegar a 30mg/kg, pode matar. E aí, vai encarar aquela caixinha que você comprou no desespero?
2) Você quer usar? Sim. Você faz parte de ensaios clínicos controlados? Não. Então é melhor não usar... Pela sua vida...
3) Ela é metabolizada pelo fígado. Seu fígado tá bom? Tem absoluta certeza?
4) Ela se liga facilmente à placenta e ao leite materno.
5) Como ela se liga facilmente a muitos tecidos, tem que haver uma dose de ataque relativamente alta. Lembra da pequena margem entre dose terapêutica e dose letal? Então.
6) Sabe quanto tempo ela demora pra sair do corpo, pra ser eliminada? Entre 1 e 2 meses... Lento... Pelos rins. Como estão seus rins, estão bem?
7) Lembra que eu falei que a dose terapêutica e a dose fatal são bem próximas? Então. Isso significa que o envenenamento agudo é extremamente perigoso e pode levar à morte em poucas horas.
8) Que tipo de efeito tóxico pode induzir? Sintomas cardiovasculares como hipotensão, vasodilatação, arritmias cardíacas e parada cardíaca irreversível. Sintomas centrais como convulsões e coma. É por isso que a equipe tem que saber administrar, porque deve haver diluição e tem que ser bem lento. Toda a equipe do front tem esse treinamento? Pergunta importante, né?
9) Tem reações adversas? Pode ter sim. Quais? Bora lá: fotossensibilidade; edema da retina; degeneração macular; supressão do nodo sinoatrial (lá no coração); insuficiência cardíaca; distúrbios de parâmetros sanguíneos; perda de cabelo; psoríase; mialgia; miopatia; quadros depressivos; psicose.
10) Todo mundo pode tomar? Não. Quem tem insuficiência renal não pode tomar, nem epilepsia, nem miastenia gravis, nem doenças sanguíneas ou neurológicas, nem psoríase, nem dermatites esfoliativas.
11) NÃO PODE SER ADMINISTRADA A QUEM FIZER USO DOS SEGUINTES MEDICAMENTOS (estou pegando só os mais comuns, hein?):
- anticonvulsivantes
- antiácidos a base de magnésio
- procainamida
- hidroclorotiazida
- eritromicina, claritromicina, azitromicina
- fluconazol
- estreptomicina
- citalopram
- antipsicóticos
- inibidores da MAO
- domperidona
- odansetrona
- heparina
- apomorfina
- tiroxina
12) Há resultados promissores? Há. Em quem? In vitro. In vitro? Sim, lá no teste fora do ser humano. Mas e as pessoas que usaram e foram curadas? Há alguns poucos relatos. Não sabemos as reações adversas que tiveram para além de relatos pessoais. Não sabemos quais suas condições prévias de saúde. Não sabemos muito.
13) HÁ EVIDÊNCIA SUFICIENTE DE EFICÁCIA EM SERES HUMANOS? Não.
14) “Ah, mas ela é usada há tanto tempo como anti-malárico, mal não vai fazer...”. Volta lá e lê de novo a margem estreita entre dose eficaz e letal, pessoas cujas condições prévias de saúde tornam não recomendável o uso e interação com outros medicamentos.
15) Temos tempo para informar todo o (pouco) staff que temos de tudo isso? Não. É melhor esperar outros estudos e resultados? SIM, COM CERTEZA.
16) “Ah, mas Bolsonaro acha bom tomar”. Deixa ele tomar primeiro, uns 30 mg/kg ou um pouco mais pra ser dose de ataque e não ficar dúvida, em rede nacional, e depois a gente decide.
É isso.
Enquanto isso, tem gente precisando da cloroquina realmente pra sobreviver em decorrência de outras doenças.
Bom, eu não recomendo.
Não até que tenhamos protocolos seguros. Ou vamos trocar uma morte evitável por outra?
Sou Ligia Moreiras, sou Doutora em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina.
100% fake news |
Também sou Doutora em Saúde Coletiva pela mesma universidade.
Mas caso isso não seja suficiente por qualquer motivo, todas essas informações estão na nota técnica emitida pela FIOCRUZ no dia 03/04/2020.
Lola,
ResponderExcluir1) Dúvida: Notei que a azitromicina está nessa lista de medicamentos que devem ser evitados em conjunto com a cloroquina. Como é isso?
2) Parece que a hidroxicloroquina também não é muito recomendável nem mesmo para casos de malária, por causa dos efeitos colaterais:
https://www.ocafezinho.com/2020/04/10/vox-as-frageis-evidencias-sobre-a-eficacia-do-uso-da-hidroxicloroquina-no-tratamento-do-covid-19/
3) Parece que o Lorobosano quer nos matar, de corona ou cloroquina. Realizar o "sonho" que a outra ditadura não fez. (Zema idem. Em vídeo, diz que "o vírus precisa viajar um pouco.")
1000 MORTOS! 1000 MORTOS! MIL MORTOS! MIL FUCKING MORTOS! Você não tem a menor ideia do quão EUFÓRICO eu estou, Dolores. Eu SEMPRE sonhei com o caos, SEMPRE. Guerras, massacres, pandemias, atentados. Toda vez que acontecia algo do tipo, eu comemorava calado. 11 de setembro, Boate Kiss, H1N1 em 2009, os inúmeros tiroteios da década passada e dessa também... As possibilidades de uma terceira guerra mundial sempre me fizeram gozar. No começo desse ano eu estava louco de desejo pela 3ª guerra, mas não veio. Mas enfim, o caos chegou. Coronavírus é o nome da maravilha. NUNCA fiquei tão alegre e com tanto tesão como estou agora. 1000 mortos no Brasil, mais de 100 mil no mundo todo. Deus, se isso for um sonho, NÃO ME ACORDE!
ResponderExcluirO predigoto "eufórico" aí em cima demonstra que a cloroquina é, como tudo do Bozo, uma fraude. Necropolítica.
ResponderExcluir∆⎕∇
Curiosamente, na América do Sul, apenas a Venezuela (mesmo sofrendo boicotes comerciais e outros ataques) está controlando bem a epidemia, com centenas de milhares de testes e um número de vítimas comparativamente pequeno, considerando-se o tamanho do país.
∆⎕∇
Então, as relações de forças internacionais podem acabar não ficando tão boas assim para incontinentes prestadores de continências ao Trampa.
Achei aqui: azitromicina, junto com hidoxicloroquina, aumenta bastante o risco de arritmia cardíaca, que pode ser fatal:
ResponderExcluirhttps://www.pdr.net/drug-summary/Plaquenil-hydroxychloroquine-sulfate-1911
Aqui tem, em português, uma análise do estudo francês famosinho:
https://pebmed.com.br/hidroxicloroquina-com-azitromicina-pode-ser-eficaz-no-tratamento-da-covid-19/
E, aqui, baldes de questões e críticas ao estudo:
https://pubpeer.com/publications/B4044A446F35DF81789F6F20F8E0EE
(Por exemplo: não contaram como fracassos os casos de internação em CTI e de óbito.)
Remédio de eficácia cientificamente comprovada contra a pandemia de CoViD-19:
ResponderExcluir- Lave-se bem com água e sabão.
- Lave objetos e alimentos com água, sabão e um pouquinho de água sanitária.
- Fique em casa.
- Mantenha distância física mínima de outras pessoas (2m).
Todas as pessoas ignorantes querem soluções simples para problemas complexos e não é assim que a vida funciona.
ResponderExcluir
ResponderExcluirEmpresário que produz cloroquina no Brasil é militante bolsonarista.
https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/empresario-que-produz-a-cloroquina-e-militante-bolsonarista
O BolsoNero virou garoto propaganda, mostrando caixinha do remédio do laboratório fabricante a todo momento. Pode isso, Arnaldo? Presidente fazendo propaganda de laboratório???? Totalmente antiético. Daqui a pouco ele aparece com uma panela da polishop (empresa de outro bolsonarista), falando de seus milagres.
Aliás, o fim do isolamento horizontal contribuirá para mais uso de cloroquina (indiscriminado).
A mamata acabou, só que não!
Outra: a falta de pensamento científico dos bolsonaristas é abissal. 100 pessoas se curaram e usaram cloroquina no tratamento delas? Pronto, temos a solução. Ninguém se pergunta: no universo de quantas pessoas curadas? Outras pessoas usaram e morreram? Qual a diferença entre a administração da cloroquina desde o início do tratamento (como defende o Bolsolini - claro, mais quantidade de remédio produzida pelo amigo, com matéria prima vinda de outro país dominado pela extrema direita, a Índia - sobre a crise do novo coronavírus nesse país, leiam Arundhati Roy: https://climainfo.org.br/2020/04/05/arundhati-roy-a-pandemia-e-um-portal/) e a usada em casos graves, no final do ciclo do vírus? Os pacientes que usaram a droga desde o início, mesmo sem sintomas graves, curar-se-iam de qualquer forma, sem cloroquina? Pode-se comprovar que é a cloroquina que curou os pacientes, mesmo os graves? Quantos testes são necessários? E várias outras perguntas podem ser arroladas aqui. E não precisa ser da área de biológicas ou exatas para ter esse raciocínio.
Mas já viu, tem gente que é tão crédula que se disser que xixi de vaca sagrada de Kerala cura câncer, compra no Ali Express e toma!
É o que o saudoso Carl Sagan fala em O Mundo Assombrado pelos Demônios: tão ou mais importante do que revelar as grandes descobertas científicas na história da humanidade, é ensinar o pensamento científico. Não é transformar todas as pessoas em físicos, biólogos, engenheiros. É um aprendizados simples para não ser passado para trás por qualquer trapaceiro.
Isso não basta - concordo com Adorno e Horkheimer sobre os problemas do desenvolvimento da ciência quando este desenvolvimento é submetido a uma sociedade de dominação de grupos sociais -, mas é um passo importante.
E obrigada pelas várias informações relevantes do post!
Saúde!
Naná Moods
Zemané e Bozó agora dizem abertamente que QUEREM que todas as pessoas se infectem.
ResponderExcluirEsperam que os sobreviventes fiquem imunes.
Porém, depois da China, a Coréia reporta resultados POSITIVOS de pacientes que tinham sarado:
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/na-coreia-pacientes-curados-voltaram-a-testar-positivo-para-covid-19/
A culpa não é minha, votei no Ciro.
ResponderExcluirViram as notícias sobre o Bernie https://www.youtube.com/watch?v=6oqhJTy0eaI
ResponderExcluirVirou seita. Não há argumentos racionais ou científicos no espectro do bolsonarismo-olavismo.
ResponderExcluirPois é. Comecei a ler bulas dos remédios e percebi que todos tem reações adversas.
ResponderExcluirContudo no texto li uma coisa fundamental: A dosagem recomendada.
Todos os remédios, se vc ler as possíveis consequências adversas, vc surta. Cloriquina é tão, mas tão perigosa, que era vendida liveremente nas farmácias SEM receita médica nenhuma, antes dessa histeria coletiva...
ResponderExcluirEi Lola, fala sobre o caso da Amber Heard e do Johnny Depp.
ResponderExcluirNão é estranho que o tal Didier, pesquisador francês defensor dessa epóxicocaína, é contra o método científico?
ResponderExcluirNotem: primeiro fez o estudo em que descartou os pacientes que pioraram ou morreram, só contou os que melhoraram. Depois, fez um estudo com 80 pacientes (incluiu apenas aqueles com sintomas leves!!!) — sem grupo de controle!!!
Ele diz publicamente ser contra o método científico. Então o que está fazendo em um centro de pesquisa científica?
E a cloroniobina cada vez mais mata pacientes mundo afora, por não haver segurança na dosagem para bolsonavírus.
Só existe "dosagem recomendada" após pesquisa séria.
ResponderExcluirNão é o caso da HCQ para covid-19.
Aliás, não existe pesquisa sobre os riscos da HQC para pacientes idosos.
Leia a bula direito.
Fique em casa.
Também não precisa receita para comprar k-otrine.
ResponderExcluirAcho que é porque não vicia, toma uma vez e chega.
Enquanto isso, o mitômano enviou R$ 4,03 para um município combater o coronavírus. Vai dar pra comprar quantas caixas de cloroquina, hein, bolsonazis?
ResponderExcluirhttps://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/municipio-de-sp-vai-receber-r-4-do-governo-federal-para-combate-ao-coronavirus/
Uma pergunta direcionada para Lola: se vcs feministas e esquerdistas dizem que o estado é opressor, o macho estuprador, é racista, é não sei o que, pq vcs são contra o anarcocapitalismo, que é a luta contra o estado?
ResponderExcluirNão vai ter cloroquina para todos, ainda bem.
ResponderExcluirDeixem o de direta tomarem e os de esquerda, que fiquem sem.
Coronavírus não existe, mas cura-se com epóxicocaína...
ResponderExcluirTinha que ter remédio contra a estupidez dos bozonazis.
Israel não quis cloroquina, prefere confinamento.
ResponderExcluirNetanyahu comunista!
Como fazer cloroquina em casa!
ResponderExcluir100ml de água sanitária (hipoCLORitO de sódio);
+
200ml de água tônica (QUIniNA).
Misturar bem e tomar de uma vez, em jejum, após pagar o dízimo. Não dá nem tempo de o corona chegar perto.
A epóxicocaína acabou!
ResponderExcluirAgora, o ministro da lua fala de 94% de sucesso in vitro com um vermífugo.
Vai acabar com o vírus e "o verme"???
P.S.: Cientistas estão céticos.
Bruno Sartori: Cloroquina, Cloroquina! Cloroquina tem no SUS! Não sei se funciona, mas a gente deduz!
ResponderExcluirEstudo sobre cloroquina do Prevent Senior envolve diversos níves de picaretagem, não era apanas a "declaração de ausência de conflito de interesse":
ResponderExcluirhttps://saude.estadao.com.br/noticias/geral,estudo-da-prevent-com-hidroxicloroquina-e-suspenso-apos-ser-feito-sem-aval-de-comite-de-etica,70003277428
Por que a cloroquina não tem sido estudada com metodologia científica adequada, havendo tipicamente testes mal elaborados, quando não claramente picaretas (como o da Prevent Senior, que fraudou autorização do Conselho de Ética e realizou pesquisa sem permissão?)
ResponderExcluirTalvez cientistas sérios tenham percebido que não há nada na cloroquina que mereça ser investigado, e resolveram pesquisar remédios que possam ser realmente promissores...
https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/afastado-por-trump-especialista-que-detonou-cloroquina-denuncia-compadrio-para-colocar-dinheiro-publico-em-falsas.html