Pedi pro meu amigo Henrique Marques Samyn escrever um texto para o Dia da Consciência Negra no ano passado e pedi pra que ele repetisse a dose este ano. Quem poderia imaginar que estaríamos pior em 2018 que em 2017?
Pelo menos, apesar do cenário político tétrico, o Letras Pretas, belíssimo projeto que ele começou com suas alunas cotistas, continua a todo vapor. O blog e a página já tem mais de um ano e, durante esse tempo, publicou mais de um texto por semana sobre literatura e identidade negra.
Henrique é professor de Literatura Portuguesa na UERJ, doutor em Literatura Comparada, com pós-doutorado em Literatura Portuguesa.
Pelo menos, apesar do cenário político tétrico, o Letras Pretas, belíssimo projeto que ele começou com suas alunas cotistas, continua a todo vapor. O blog e a página já tem mais de um ano e, durante esse tempo, publicou mais de um texto por semana sobre literatura e identidade negra.
Henrique é professor de Literatura Portuguesa na UERJ, doutor em Literatura Comparada, com pós-doutorado em Literatura Portuguesa.
O atual cenário político brasileiro apresenta desafios com os quais nós, professores e professoras, estamos ainda aprendendo a lidar.
Nas últimas semanas, vimos vir à tona estratégias para enfrentar as ameaças à autonomia docente e à liberdade de cátedra decorrentes do assim chamado projeto “Escola sem Partido” –- projeto que, como bem sabemos, não passa de uma tentativa de partidarização (à direita) dos ambientes letivos. Não obstante, isso representa apenas parte dos problemas, considerando o cenário mais amplo de sucateamento do ensino público e desvalorização de docentes.
Nas últimas semanas, vimos vir à tona estratégias para enfrentar as ameaças à autonomia docente e à liberdade de cátedra decorrentes do assim chamado projeto “Escola sem Partido” –- projeto que, como bem sabemos, não passa de uma tentativa de partidarização (à direita) dos ambientes letivos. Não obstante, isso representa apenas parte dos problemas, considerando o cenário mais amplo de sucateamento do ensino público e desvalorização de docentes.
Não é preciso –- ou não deveria ser preciso –- ressaltar que essa conjuntura é particularmente ameaçadora para os grupos minoritários. Se a presença de fascistas nas escolas e universidades brasileiras está longe de ser algo inédito, em tempos recentes eles vêm encontrando um cenário propício para a manifestação de discursos de ódio, sentindo-se encorajados a empreender atos de violência, simbólicos e físicos, contra quaisquer pessoas percebidas como “desviantes”.
No que tange às pessoas negras, se essa situação encerra um significativo risco de retrocessos –- sobretudo no que tange aos ataques às políticas de ações afirmativas e ao recrudescimento de ataques racistas -–, por outro lado vem evidenciando quão pouco avançamos em relação a questões muito elementares.
Ainda que hoje em dia se fale mais abertamente em racismo -– muitas vezes de forma forçosa, em espaços nos quais ainda se fazem presentes práticas e discursos excludentes –-, e ainda que haja docentes que se dedicam ao ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira, há que se perguntar: será que fazemos o suficiente?
Ainda que hoje em dia se fale mais abertamente em racismo -– muitas vezes de forma forçosa, em espaços nos quais ainda se fazem presentes práticas e discursos excludentes –-, e ainda que haja docentes que se dedicam ao ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira, há que se perguntar: será que fazemos o suficiente?
Pode haver a melhor das intenções em espalhar pelas escolas cartazes afirmando que “somos todos iguais” ou que “alma não tem cor”, mas conceder visibilidade a esse tipo de clichês certamente não terá efeitos reais para favorecer a inclusão de alunas negras e alunos negros; trata-se, ademais, de uma ótima estratégia para reforçar discursos em torno da “meritocracia” ou da “democracia racial” -– mitos que operam como elementos basilares para a sustentação da desigualdade na sociedade brasileira.
Similarmente, há quem creia que falar superficialmente em “tolerância religiosa” é o bastante para gerar um ambiente inclusivo, quando sabemos quantos privilégios são dispensados às religiões cristãs e como as religiões de matriz africana continuam a ser estigmatizadas.
Similarmente, há quem creia que falar superficialmente em “tolerância religiosa” é o bastante para gerar um ambiente inclusivo, quando sabemos quantos privilégios são dispensados às religiões cristãs e como as religiões de matriz africana continuam a ser estigmatizadas.
Nas universidades, pode haver alguma boa vontade em incluir nas ementas o estudo de obras de autoras negras e autores negros, ou em recorrer a conceitos como epistemicídio e lugar de fala, mas qual a real eficácia disso para transformar as relações de poder e produzir novas formas de conhecimento? Há realmente a disposição para propor uma revisão epistemológica ou um questionamento radical dos cânones, de modo a contestar pressupostos racistas ainda vigentes? Há espaço para que alunas negras e alunos negros compartilhem suas experiências, para que participem ativamente desse necessário processo de reconstrução e revisão de saberes? Num momento em que finalmente há mais pesquisadoras negras e pesquisadores negros, são oferecidas as condições para que participem frequentemente de atividades e eventos acadêmicos, sem que lhes seja imposta a condição de só falar como sujeitos racializados, em ocasiões específicas?
É preciso evitar soluções fáceis. Combater o bullying racista nas escolas não significa reforçar meia dúzia de frases feitas por ocasião do 13 de Maio ou do Dia da Consciência Negra; passar de vez em quando um filme (talvez seguido de um debate recheado de clichês e lugares-comuns); imprimir imagens de “personalidades negras” e espalhar pelas salas e corredores; ou dizer às meninas que elas são “negras bonitas” (desde que estejam com o cabelo alisado e não dancem funk).
Combater o racismo na universidade não significa apenas incluir na ementa duas ou três referências de autoras negras ou autores negros, incorporar ao discurso novos conceitos sem repensar as práticas a partir deles ou mesmo se arvorar em defesa das cotas, quando se insiste em tratar cotistas como incompetentes ou despreparados.
Combater o racismo na universidade não significa apenas incluir na ementa duas ou três referências de autoras negras ou autores negros, incorporar ao discurso novos conceitos sem repensar as práticas a partir deles ou mesmo se arvorar em defesa das cotas, quando se insiste em tratar cotistas como incompetentes ou despreparados.
Se no cenário adverso que atualmente enfrentamos, e que certamente pouco mudará nos próximos anos, será preciso criar novas estratégias para combater o avanço de setores reacionários, que isso também faculte um questionamento de práticas e discursos vigentes cuja eficácia é, no mínimo, discutível. Precisamente por sua inocuidade, essas práticas e esses discursos podem ser facilmente apropriados com propósitos antiprogressistas, levando a retrocessos ainda mais catastróficos. Mais do que nunca, é preciso ir além. Mais do que nunca, não basta não ser racista: é preciso ser antirracista.
Lola olha essa
ResponderExcluirhttps://www.google.com.br/amp/s/notícias.uol.com.br/política/ultimas-noticias/2018/11/20/critico-do-mais-medicos-futuro-ministro-da-saude-chamou-programa-de-farsa.amp.htm
Bolsonaro anuncia deputado do DEM como ministro da Saúde - Ortopedista crítico do Mais Médicos, Luiz Mandetta será o terceiro ministro do Democratas no futuro governo. Ele é investigado por suspeita de fraude e caixa 2 quando atuou como secretário. https://www.wbca.st/7Or1cGw
ExcluirComo você mesmo disse...INVESTIGADO. Não réu.
ExcluirNão fui eu quem disse e sim é uma matéria do jornal Deustche Welle.
ExcluirO problema é abordar uma realidade antes velada, atualmente escancarada com este desgoverno ligado à fundamentalismo religiosista evangélico. Escola sem partido é doutrinação movida a religiosismo, querem abolir o senso crítico para dar lugar ao extremo e isso significa fanatismo religioso enfiado goela abaixo e perseguição a quem discordar, questionar , contradizer.
ResponderExcluir#Bolsonaro expulse a Lola do Brasil,basta o nosso lixo ainda temos que aturar o luxo do vizinho
ResponderExcluirQual o problema do luxo do vizinho? Tá c inveja? Quer luxo também? Vai trabalhar vagabundo!
ExcluirAnônimo das 6:15 indivíduo demente infectado por olavismo descultural
Excluir06:15 Voce tem razão.Nao tem coisa pior que homossexual,feminista,comunista e um mi mi mi..mas são todos parasitas improdutivos.Qualquer coisa e motivo para feriado.Coisa de vagabundos.#Fora Lola luxo feminista argentino
ResponderExcluirArgumento com selo P.I.R.O.C.A. Programa Internacional de Rentabilização do Olavismo "Cultural" Aplicado
ExcluirO brasil tirou a máscara e mostrou o lixo que é; o povo brasileiro perdeu o pudor em mostrar o quanto é podre, violento e patético. Esse país e esse povo estúpido serão destruídos, e não vou lamentar nem um pouco.
ResponderExcluir13:05 diz o sujeito que não estuda, não trabalha, não arruma o próprio quarto, não lava as próprias cuecas, não serve o próprio prato nem abre o próprio Toddyinho. E vive de mesada. Por que você não vai ali morrer que ganha mais?
Hahahahahahaha Amei a Lola luxo feminista. Luxo mesmo.
ResponderExcluirO Brasil possui inúmeros males,contudo o preconceito enraizado na história sócio-cultural brasileira é capaz de impregnar todas as camadas e grupos sociais, no entanto a maior preocupação atual dos brasileiros(a) é com a já eminente retomada do crescimento econômico do país. Uma vez que uma nação excludente e desigual torna-se inóspita as demais causas sociais,além da própria subsistência do povo.
ResponderExcluirQuanto à escola sem partido, há um viés que concordo. O professor de matemática, português, química, não tem que ir lá ficar falando de PT de Bolso. Como os meus falavam de Lula e FHC, lá nos 90/2000.
ResponderExcluirAcontece uma doutrinação sim, o professor-PT vai querer impor sua visão nas cabecinhas, assim como o professor-Bolso, mas ele não é um especialista no tema, sacou? Ele é só um eleitor que gosta de um político ou de outro. Então não é correto.
Se vem o cara da história, da fil, da socio, e coloca algumas coisa no lugar embasadamente, aí beleza. É do conteúdo e ele estudou aqui. Mas nada de ficar puxando a pessoa pra partido tal, ideologia tal.
Há um viés ideológico, mas a importância disso está sendo exagerada. Então não dá pra falar de doutrinação, de algum projeto macabro. Os estudantes não vão virar comunistas só porque um professor é comunista. Acreditar nisso é ridículo. Fora que há professores de direita que defendem sua ideologia e seus partidos, mas o projeto escola sem partido é claramente ideológico e quer impor a ideologia deles.
Excluir16:35 vamos ao dicionário:
ResponderExcluirSignificado de Doutrinação
substantivo feminino Ação ou efeito de doutrinar, de instruir alguém numa doutrina, de passar os preceitos formais que compõem uma ideia.Ato de evangelizar, de transmitir os preceitos da religião cristã; catequese.Etimologia (origem da palavra doutrinação). Doutrinar + ção.
Sinônimos de Doutrinação
Doutrinação é sinônimo de: prédica, catequese, doutrinamento, proselitismo
Agora, vamos olhar para a vida real:
Governo federal e estadual orientado à esquerda: alunos estudam capitalismo, socialismo, comunismo, marcathismo, neoliberalismo, keyseanismo; nenhum conteúdo é proibido; o professor pode apresentar suas opiniões mas deve ouvir e respeitar as dos alunos; os especialistas, pedagogos e conselhos especializados e com formação em pedagogia é quem devem ecidir o conteúdo.
Governo federal e estadual orientado à (extrema) direita: censura e perseguição aos professores q não concordam c o q quer o 'chefão' mimadinho, perseguição aos alunos q não se adequam às normas, proibido ensianr qqer coisa q não capitalismo neoliberal q beneficia o capital estrangeiro e fode o país, censura ao MEC, desvalorização dos especialistas com conhecimento em favor dos correligionários q não entendem porra nenhuma de educação nem pedagogia mas segue a agenda ideológica dos 'chefões' mimadinhos, etc.
Que tal você parar com essa mania brasileira estúpida de engolir tudo q vem pelo Unizap e começar a pensar com a própria cabeça?