Publico o texto de João Paulo Jales dos Santos, estudante do curso de Ciências Sociais da UERN, que vem fazendo ótimas análises políticas para o blog.
Daqui a menos de dois meses, Jair Bolsonaro tomará posse como o novo presidente da república. A premissa, pela equipe formada e pela própria trajetória política do presidente eleito, é que a extrema direita faça um governo de baixa qualidade. O staff bolsonarista, em boa parte, não possui experiência em administração pública, e os congressistas eleitos pelo PSL são de uma total inexperiência e incapacidade político-parlamentar.
Não deixa de ser interessante a fala de um bolsonarista que disse que os deputados eleitos pelo PSL não conhecem muito de leis e do rito de votação do Congresso Nacional; no entanto, os parlamentares pesselistas sabem que não devem votar conforme vota o PT. É de um assombro o quanto de déficit de expertise legislativa falta nos futuros deputados. A turma extremista acha que que o receituário dos chavões neoliberais vai dar conta de tudo no Brasil. Ledo engano.
Deve-se fazer uma diferença entre a direita estabelecida que praticamente foi varrida pela direita bolsonarista. Mesmo que conservadora, a direita estabelecida não era de todo modo reacionária. Podia não legislar pelos direitos trabalhistas, sociais e de políticas afirmativas, mas, sempre que essas pautas ganhavam força para serem aprovadas no Congresso, o establishment da direita se fazia permissionário, e mesmo que a contragosto, aprovava legislações de caráter progressista. O que é bem diferente dessa direita extremista que saiu eleita das urnas no 1º turno.
Depois de décadas tendo que ser liderados por uma direita moderada e razoavelmente social-democrata, aqueles que ficaram irritados com o fim do regime militar-autoritário, e com a chegada do PT ao poder, agora são liderados por si mesmos. É um projeto neoliberal radical, que busca atacar, enfraquecer e desmantelar as políticas sociais do país. Como disse o professor da USP Vladimir Safatle, o Brasil é um dos poucos países do mundo em que as universidades públicas são gratuitas, em que existe um sistema de saúde universal que atende mais de 200 milhões de pessoas. Isso é uma afronta para o projeto neoliberal.
A aliança evangélica- militar- ruralista- conservadora que alçou Bolsonaro e seu vice, Mourão, ao mais alto posto da política do país, pretende por fim a um Estado que, por mais que oferte serviços precários, consegue atender gratuitamente a maior parte da população que não tem condição alguma de pagar por serviços de saúde e educação privados. Mais de 70% dos estudantes do ensino básico do país estão matriculados em escolas públicas. Cerca de 75% da população só possui acesso aos serviços de saúde via SUS.
E enquanto países desenvolvidos e outros cobram matrículas em suas universidades públicas, no Brasil as instituições de ensino superior não cobram taxas de seus discentes. Há um terreno gigantesco de desmantelamento dos serviços públicos que o neoliberalismo global quer fazer avançar no Brasil. Certamente, a implementação privatizante nos serviços públicos não se dará facilmente. Porém, precisa ser lembrado, que mesmo com muita resistência, Margaret Thatcher conseguiu impor a agenda neoliberal na Grã-Bretanha que gozava até o início da década de 1980 de um Estado de bem-estar de boa qualidade. A Grã-Bretanha já naquela época era uma das democracias mais avançadas do mundo, com fortes grupos sindicais e civis.
O projeto que se sagrou vitorioso nas urnas no dia 28 de outubro está imbuído de levar a cabo uma nova concepção de país, privatizando os serviços públicos, flexibilizando as legislações trabalhistas e de seguridade social, e fomentando um agressivo conservadorismo social e cultural.
Mas como um projeto reacionário desses conseguiu sair vitorioso das urnas no último dia 28, num país em que o uso das políticas públicas para atenuar a abissal desigualdade social tem opinião majoritária na sociedade? A conjuntura econômica e social que toma conta do tecido social brasileiro, nos últimos 4 anos, explica a vitória de Bolsonaro. Entre 20% e 25% dos votantes do deputado federal do Rio de Janeiro são pertencentes ao que podemos chamar de núcleo duro bolsonarista. Ou seja, aqueles eleitores intimamente ligados ao ideário racista, machista e homofóbico de Bolsonaro.
A outra imensa parcela que votou 17 veio puxada pelo discurso de endurecimento contra a criminalidade, do ‘resgate’ dos valores tradicionais e pelo clima antipetista. A crise econômica e de empregabilidade que assola os trabalhadores torna permissiva a abertura para um voto extremista, como o que foi depositado em Bolsonaro. Há aqui uma compreensão que precisa ser destrinchada. A direita conseguiu construir um discurso que tornava um voto tanto em Bolsonaro como em Haddad um voto de extremos. Mesmo sendo Haddad um candidato de centro-esquerda e tendo o PT feito um governo centrista durante os 13 anos em que esteve à frente do Executivo Federal.
A tática direitista foi construída na seguinte lógica: como as falas preconceituosas de Bolsonaro consequentemente se encaixavam no espectro extremista, a questão era fazer do PT um ator político também extremista; desse modo, extremista por extremista, o eleitorado se inclinaria por votar num candidato que defendesse o moralismo da tradição cristã, como faz Bolsonaro.
Assim, a tática foi montar uma enorme estrutura organizacional de comunicação que espalhasse mentiras dizendo que o PT queria implantar o comunismo no Brasil, que o petismo defendia a ideologia de gênero, que Haddad criou o kit gay e fazia apologia ao incesto. As fake news da mamadeira em formato de pênis e a do Jesus é travesti, entre tantas outras centenas de absurdos, foram eficazes. Ao tocar em pontos polêmicos que afloram os ânimos dos costumes ultraconservadores dos brasileiros, era notório que ficaria fácil o deslocamento para um voto em Bolsonaro. No rescaldo de uma aguda crise socioeconômica, inflamar a ignorância ultraconservadora que detém o brasileiro foi a fórmula ideal encontrada pela direita. Fórmula esta explicitamente desenhada nas divulgações de correntes de mentiras pelos grupos de WhatsApp das famílias.
Nesses pouco mais de 10 anos de governo petista criou-se a sensação nos círculos acadêmicos de esquerda, e nos movimentos sociais, que a sociedade tinha se deslocado à esquerda no que tange aos costumes. Sem ter a compreensão da realidade objetiva dos valores formadores do tecido social do país, essa falsa noção progressista levou muitos membros da esquerda a crer que a pauta das lutas identitárias seria facilmente aceita pela opinião pública.
Mas no país em que o aborto ainda é crime, enquanto que em muitas nações o aborto é legalizado ao menos até a 12ª semana de gestação, que a mulher que aborta é vista como criminosa, como mostra pesquisa Datafolha veiculada em agosto deste ano, fica mais fácil compreender que o ultraconservadorismo que toma conta do Brasil não se romperá tão cedo.
Lula e Dilma sagraram-se vitoriosos em quatro eleições consecutivas porque tocaram em questões econômicas sensíveis a população. O PT sempre fugiu, como Dilma fez em plena campanha em 2010 quando o PSDB de modo cretino trouxe a temática do aborto à cena eleitoral, dessa seara do debate dos costumes. A alta cúpula do petismo sempre soube que se tratasse de aborto, casamento gay, legalização da maconha em campanha, o ultraconservadorismo dos brasileiros seria refratário a um voto no PT.
Mas esse discernimento nunca esteve presente na esquerda acadêmica e nas lutas dos movimentos sociais. Compreensível então porque muitos ativistas de fato acreditaram que enquanto estava a esquerda no comando do Palácio do Planalto, avançava-se na sociedade a agenda progressista dos costumes. É preciso entender que o Brasil é uma nação ultraconservadora para até mesmo se pensar como avançar os direitos civis das minorias e a equidade destas numa sociedade como a brasileira.
Enquanto os movimentos progressistas estiverem se digladiando entre si, não pensando firmemente como interseccionar as lutas identitárias com as lutas sociais, será bom para a direita, que ganhará ainda mais terreno com a divisão interna dentro da própria esquerda. A luta social, travada contra a opressão neoliberal, dialoga com a luta por direitos civis e políticos para minorias raciais e sexuais ao evidenciar que trabalhadores, assim como mulheres, negros e a comunidade LGBTQ+, sofrem opressões no seio do sistema capitalista conservador- reacionário.
Portanto, se faz imprescindível que o campo progressista esquerdista possa ter a consciência de que o apoio dos trabalhadores e excluídos é importante para romper com as amarras das estruturas racistas e sexistas do patriarcado- capitalista. Dialogar, e não afastar, as lutas de classe com as lutas identitárias, interseccionando as necessidades materiais da vida dos trabalhadores, com as necessidades de direitos emancipatórios das minorias étnico-racial e de gênero. Só assim pode-se fazer com que o ultraconservadorismo que lateja no Brasil possa, ainda que lentamente, ir se rompendo e tolerando avanços progressistas.
Sim, não á fácil lutar vendo que tanta mulher, tanto negro e tanto gay votou em Bolsonaro, um candidato que tem uma retórica de humilhar e tirar a dignidade humana destas pessoas. Mas quem disse que a luta no ativismo é fácil? Não é hoje e não será por muito tempo. É no ativismo que se fazem as transformações sociais, por isso que Bolsonaro e a direita extremista querem criminalizar o ativismo.
Dentro de poucos dias, Bolsonaro estará tomando posse e todo o círculo ignaro que o ajudou a ser eleito estará à frente de ministérios, secretarias e órgãos que têm o poder de definir o rumo do país nos próximos anos. Bolsonaro governará numa lógica de formato e conteúdo violento, como é contumaz ao neoliberalismo e à tradição conservadora. Resistir a isso é essencial. É preciso criar e ampliar campos e ambientes de resistência a um governo que tentará fazer do Estado uma instituição possuidora de instrumentos que privatize e torne profundamente precários os serviços públicos, pauperizando ainda mais as condições sociais da imensa parcela de excluídos da sociedade.
É de uma ignorância sem escalas o projeto político-social que o governo Bolsonaro buscará implementar, um projeto que se choca com a própria noção de civilização. É a característica dessa direita que emerge. Esta não é uma direita liberal, comprometida com os direitos civis individuais, mas uma direita reacionária, que tem como único objetivo tornar o Brasil um país ainda mais desigual, sem possibilidades de ascensão e mobilidade social, fazendo com que negros e pobres fiquem escravizados nos lugares que o ideário escravagista lhes deu na formação do caráter da sociedade brasileira.
Com Sérgio Moro como um superministro do governo Bolsonaro, fica evidente o verdadeiro objetivo da Lava Jato. A operação conseguiu, de algum modo, desmantelar uma rede de corrupção. Mas se perdeu completamente ao querer tão somente criminalizar a esquerda. Lula foi julgado numa celeridade que até mesmo prazos e trâmites jurídicos foram desrespeitados. Moro e companhia ficaram obcecados em prender e desorganizar a candidatura do ex-presidente, enquanto que no tucanato Aécio ficava livre, leve e solto, para ao menos ser eleito deputado federal.
Prender o maior líder da esquerda latino-americana, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o que objetivou o núcleo estratégico-pensante da Lava Jato. É altamente questionável a indicação de Moro como ministro do governo Bolsonaro. Após divulgar a delação de Palocci na semana da votação do 1º turno, só para atrapalhar ainda mais a candidatura de Haddad, a contribuição da Lava Jato na ascensão meteórica de Bolsonaro está firmemente explicada com todo o enredo desde a divulgação da conversa entre Dilma e Lula, em março de 2016, até a prisão do ex-presidente, e tudo que seguiu até o dia da consagração de Bolsonaro nas urnas.
Transformado em herói ético da classe média de mente excludente que foi para as ruas em 2015 e 2016, Sérgio Moro se junta ao MBL e demais para que se visualizem os tantos rumos e labirintos que fizeram de um medíocre como Bolsonaro ser eleito presidente de uma nação com as credenciais econômica e populacional como as que detém o Brasil. Com Bolsonaro na Presidência, a rede global da extrema direita terá um governo para fazer vitrine ao mundo.
É interessante notar como Haddad e o PT foram feitos de inimigos pelos agentes do mercado financeiro-econômico. Logo Haddad, que equilibrou as finanças da Prefeitura de São Paulo, e deixou o cofre da Prefeitura com saldo positivo, tendo cumprido, portanto, o receituário fiscal que o sistema financeiro tanto pleiteia como credencial de um bom gestor. Logo o PT, que fez governos moderados e atendeu as demandas de diferentes setores e agentes econômicos, da indústria à agricultura, mas que foi taxado pelo neoliberalismo como uma perigosa agremiação comunista. O PT sempre respeitou as instituições liberais da democracia -- algo que a direita dizia que Lula não faria quando foi eleito em 2002.
Ainda é uma incógnita a capacidade que terá Bolsonaro de implodir a ‘Nova República’. Há muitos interesses em jogo. A direita estabelecida que perdeu em 2018 terá de fazer uma frente de poder para se contrapor ao governo Bolsonaro. O presidente tende, ainda que se duvide, a governar dentro dos freios e contrapesos da ordem jurídica-institucional liberal. Mas se seu mandato criar uma profunda crise nas estruturas políticas da ordem constitucional estabelecida desde 1988, veremos como se comportarão os diversos atores políticos que durante essas três décadas foram o sustentáculo da República inaugurada com o fim do regime militar-autoritário.
O enxugamento dos ministérios já começa a mexer com os ânimos da influente alta burocracia estatal, mostrando que Bolsonaro encontrará resistência organizada na pretensão de romper a tradição dos governos de centro do PSDB e do PT. É saber até que ponto, a depender dos ajustes fiscais e econômicos, o governo Bolsonaro irá sobreviver dentro dos freios e contrapesos.
Que a esquerda acompanhe atenta, resistente e organicamente articulada, os resultados que sairão do mandato presidencial de Bolsonaro. Que a eleição de 2018 possa ter deixado evidências de que erros em áreas estratégicas custaram caro, fazendo com que uma figura grotesca como Bolsonaro tenha chegado à Presidência. É preciso ficar em estado de alerta. Afinal, a direita nunca dorme no ponto.
Lmao, depois de tanto tempo ainda estão totalmente sem rumo!
ResponderExcluir"E enquanto países desenvolvidos e outros cobram matrículas em suas universidades públicas, no Brasil as instituições de ensino superior"
ResponderExcluirHáááh...
Na verdade existe um porque aí de eles serem países desenvolvidos. E que lá pobre não se mata de pagar impostos sobre consumo para filho de rico virar doutor as custas do estado.
"Como disse o professor da USP Vladimir Safatle, o Brasil é um dos poucos países do mundo em que as universidades públicas são gratuitas, em que existe um sistema de saúde universal que atende mais de 200 milhões de pessoas." (sic)
ResponderExcluirComento: Talvez seja por isso que as universidade brasileiras não constem no ranking das 100 melhores universidade do mundo.
As universidades públicas brasileiras não constam desse ranking mas estão anos-luz à frente das particulares (as famosas uniesquinas). E ainda por cima prenderam sem provas o único presidente que investiu pesado no ensino público superior.
Excluir"É de um assombro o quanto de déficit de expertise legislativa falta nos futuros deputados."
ResponderExcluirComento: Em que a "expertise legislativa" dos antigos deputados nos levaram?
Petrolão? Inflação? Desemprego? Recessão?
A questão é que essa legisatura está fora da realidade,patologicamente.
ExcluirAgora o país vai melhorar.
ResponderExcluirPq o PT não impugnou a chapa?Cadê as manifestações? Tem que mudar isso ãe.
ResponderExcluirAfinal, a direita nunca dorme no ponto.
ResponderExcluirComo assim? A direita nunca dorme no ponto? Se há mais de trinta anos não tivemos uma direita.
A direita sempre foi muda e silenciosa.
Nunca expressou suas ideias na mídia tradicional por encontrar esse canal fechado;
Nunca teve espaço nas editora de livros;
Nunca nas escolas houve um debate sobre o pensamento conservador nos costumes e liberal na economia.
Quem contribuiu para a direita ganhar espaço e voz foi a banda larga de internet. Um canal aberto para todos e fora do controle da imprensa e editoras.
A esquerda sempre defendeu o controle social da imprensa, e hoje essa ideia esta aboleta.
Com a queda da relevância da impresa, a esquerda agora quer controlar as midia sociais na internet.
Dizer que ja mais e trinta anos não existe uma direita é simplesmente desconhecer a realidade.Desconhecer a História .A Geografia.A sociologia.É ser um lunático do porte do Mando Moura,não gosto de ataque pessoal mas talvez tudo que o senhor precise é de ajuda psiquiátrica.
ExcluirApoiar a direita brasileira não se manifesta em um contrato social reacionário e contrário aos avanços das minorias sociais, principalmente dos grupos étnicos-socias.
ResponderExcluirA esquerda nacional se mostra politicamente desconectada com os anseios vitais da população brasileira, de modo que não foi o conservadorismo que impulsionou o sufrágio popular na direita, tendo em vista a significativa parcela de votantes que exemplificam um fenômeno de luta social, incluindo as minorias que invocam direitos básicos, uma vez que as mulheres estão ocupando cargos de projeção e relevância,assim como os homens. Dessa forma muitas possuem preocupações acerca da empregabilidade, família e segurança pública, afinal as mulheres desejam viver o novo mundo sócio-econômico alcançado, mas como fazer isso tendo medo em torno da preservação da própria existência, ou ver o seu filho(a), companheiro e qualquer outra pessoa da sua vida sendo vítima de um latrocínio.
A sociedade brasileira não é amplamente individualista, no entanto quando as lutas identitárias não se fundem aos anseios comuns as organizações sociais reagem, algumas por conservadorismo e ideologias, outras em razão do medo de perder aquilo que possuem e milhares pelo ódio a toda e qualquer figura associada ao roubo,corrupção e com a continuidade disso, sendo assim a esquerda irá perder as próximas eleições presidenciais, retornando ao poder quando possuir outra face social.
Gente, e o novo corte de cabelo do Bolsonaro??? Uma espécie de franjinha com um mullet-zinho caído na testa??? Que coisa ridícula kkkkkkkkk
ResponderExcluirDesculpe, sei que o comentário tá fora do contexto do post mas não resisti rsrs...
A burrice do povo brasileiro vai acabar por destruí-lo, pois foi esse povo burro e estúpido que botou essa caralhada de incapazes fracassados pra quebrar o país - porque é óbvio que essa bancada de bostas acéfalos não tem qualquer condição de dirigir o brasil. Pior é saber que, se o país sobreviver a isso, em 30 anos virá outro "salvador da pátria" e os trouxas cairão nesse mesmo papo imbecil de novo.
ResponderExcluirNão adianta. Enquanto essa mentalidade ridícula, infantil e cega do povo brasileiro não mudar, nada mudará.