Quem será que os inspira?
Publico aqui uma reportagem muito completa da Agência Pública. O texto é de Alice Maciel, Thays Lavor, Gabriele Roza, Alexsandro Ribeiro, e José Lázaro Jr.
É sobre os ataques fascistas que apoiadores de Bolso vem cometendo diariamente. São vários casos por dia, e isso não inclui os inúmeros ataques e ameaças pela internet. Não são casos isolados. É um modo de agir, um modo de pensar, de tentar intimidar, de calar, de sentir-se livre e impune para exercer a violência. E Bolso lava as mãos. Diz que não tem nada a ver com ele, que são "excessos", que ele não tem como controlar seus seguidores. Deveria se perguntar por que tantos de seus seguidores gostam de agredir minorias. Com quem será que aprenderam? Quem os inspira?
É realmente preocupante (e nesta thread há muitos outros casos). Por isso peço aos indecisos e aos que votaram nele no primeiro turno mas não compactuam com esta violência: #EleNão. Lembrem da gente. Somos nós -- mulheres, feministas, pessoas gays e lésbicas, transexuais -- que estamos sendo alvejados. Posicione-se contra isso. Tenho certeza que não é este o Brasil que você quer.
Uma jornalista esfaqueada e ameaçada de estupro. Um carro jogado em cima de um jovem com camiseta do Lula que conversava em frente ao bar com os amigos. Uma jovem presa e agredida, jogada nua em uma cela da delegacia. Outro jovem recebe um adesivo colado à força nas suas costas, com um tapa, e depois recebe uma rasteira para cair no chão.
Todos esses ataques violentos aconteceram desde o dia 30 de setembro, em meio ao acirramento da violência eleitoral. Um levantamento inédito realizado pela Pública em parceria com a Open Knowledge Brasil revela que houve pelo menos 70 ataques nos últimos 10 dias no país.
A grande maioria dessas agressões foi feita por apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato do PSL que está à frente nas pesquisas eleitorais. Isso mostra que as declarações de Bolsonaro que incitam a violência contra mulheres, LGBTs, negros e índios e a violência policial estão ecoando país afora e se transformaram em agressões físicas e verbais nestas eleições.
Por outro lado, seus eleitores ou pessoas relacionadas receberam 6 ataques. Em um deles está o caso de um professor da Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB) que foi preso no dia 5 de outubro por atropelar comerciantes que vendiam camisetas do presidenciável do PSL. Existem ainda situações em que não é clara a afiliação política do agressor.
O levantamento inédito mostra como as situações de violência se espalham pelo país inteiro e não podem mais ser vistas isoladamente.
Indagado sobre as ações de seus apoiadores, Bolsonaro tentou minimizar a onda de violência política. “Eu lamento. Peço ao pessoal que não pratique isso, mas eu não tenho controle sobre milhões e milhões de pessoas que me apoiam”, disse Bolsonaro ao UOL. “Está um clima acirrado, pela disputa, mas são casos isolados que a gente lamenta e espera que não ocorram”, afirmou.
Bolsonaro foi vítima de um ataque a faca em 6 de setembro que o deixou em estado grave, enquanto fazia campanha em Minas Gerais. O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, confessou o crime e está preso.
Entre os casos contabilizados pela reportagem da Pública, 14 aconteceram na região Sul, 32 na região Sudeste, 18 na região Nordeste, 3 na região Centro-Oeste e 3 na região Norte. Embora tenha havido também dezenas de casos de ameaças pelas redes sociais, o levantamento incluiu apenas casos de agressões e ameaças feitas ao vivo. Nesses episódios, a integridade física de pessoas ficou em risco por causa do ódio ligado à disputa eleitoral.
A partir de hoje, a organização Open Knowledge Brasil e a Brasil.io, em parceria com a Pública, vão recolher e monitorar casos de agressões ligadas às eleições de 2018. Os casos serão publicados no site Vítimas da Intolerância. Se você tem uma denúncia, envie pelo site.
Na região Sul, um jornalista foi atropelado
“Foi muito rápido, senti a roda como se estivesse me puxando, simplesmente caí no chão”, relata o jornalista e produtor audiovisual Guilherme Daldin, 26 anos, atropelado no dia 7 de outubro, dia da votação em primeiro turno, às 21 horas. Ele comemorava a vitória de um amigo do PDT para a Assembleia Legislativa do Paraná. Pelas circunstâncias, a vítima vê só um motivo: vestia camiseta vermelha, com uma imagem do ex-presidente Lula.
A violência ocorreu em frente ao Bar do Torto, na região central e boêmia de Curitiba, capital do Paraná, na qual é comum conversar na calçada. O jovem estava com os colegas no bicicletário. De costas para a rua, Daldin disse que repentinamente sentiu o carro, um Sandero branco, bater no lado esquerdo de sua cintura e passar por cima do pé.
“Com o movimento da roda passando sobre o meu pé, eu caí com tudo no chão e comecei a sentir a fisgada, como se estivesse puxando. Isso foi em milésimos de segundo. Não fazia ideia do que estava acontecendo, simplesmente caí e depois fiquei muito preocupado com minha perna, minha impressão é que tinha acontecido algo pior”, disse à reportagem.
O motorista fugiu sem prestar nenhum tipo de assistência. Seus amigos o seguiram. “Era um homem e uma mulher, segundo meus amigos. Ele estava com uma camiseta do Brasil [da seleção brasileira de futebol]. Pararam do lado do carro e perguntaram se era ele que tinha me atropelado. Relataram que ele abaixou o vidro e de forma bem fria fez um gesto de quem vai pegar algo no console, dizendo ‘eu tenho uma surpresinha aqui para vocês’”. Com medo de que fosse uma arma, eles foram embora. “Ninguém queria fazer justiça, mas sim averiguar, tentar entender o que motivou, pois todos que estavam na rua disseram que o cara claramente tacou o carro em mim.”
Passados três dias, Daldin conta que as dores estão aumentando, assim como a sensação de insegurança ao sair na rua. “Por sorte não foi nada grave, estou com muita dor no joelho e no pé. Agora, quando ouço um carro derrapando, sinto pânico, fico em alerta. É um misto de desespero com uma vontade de barrar a violência, ainda mais ao saber que tem muita gente com ódio exacerbado saindo às ruas. Ao mesmo tempo, bate uma angústia, medo de me identificarem na rua, sobretudo pela certa repercussão que o caso vem ganhando.”
Orientado pelos policiais militares que fizeram o primeiro atendimento no local da violência, Daldin foi no dia seguinte (8) até a Central de Flagrantes da Polícia Civil, no centro da cidade, para registrar um Boletim de Ocorrência (BO). Com a ajuda de amigos, o jornalista conseguiu identificar o motorista, pois a placa do carro foi registrada. Só que na Civil, o computador da escrivã tinha adesivos pró-Bolsonaro.
“Foi ali que me senti impotente, despossuído de direitos. Cheguei a ficar mais assustado naquele momento que no dia anterior. E agora, você vai recorrer para quem?” O jornalista mudou de delegacia e foi até o departamento da Polícia Civil em outro bairro, nas Mercês, com o objetivo de se sentir menos acuado para prestar a queixa.
Esse não foi o único caso registrado na última semana na região Sul. O levantamento da Pública verificou 14 situações de violência associadas às eleições nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As vítimas sofreram agressões físicas, uma urna eletrônica foi destruída a marretadas e duas ofensas verbais, sofridas na rua, foram denunciadas em redes sociais. Numa delas, a vítima relata que o agressor chutou o cachorro abandonado que ela alimentava, enquanto a ofendia.
No dia 6 de outubro, na cidade de Maringá, Vera Lúcia Pedroso, de 53 anos, foi ferida em um ataque ao seu carro modelo Voyage. Ela dirigia durante uma carreata em apoio a Fernando Haddad, candidato do PT à Presidência, quando um jovem numa moto emparelhou com o veículo e tentou tirar à força a bandeira que estava presa ao veículo.
“Estava com muita raiva. Na primeira puxada não conseguiu, na segunda quebrou o vidro, que cortou minha mão”, relatou à Pública. Foram quatro pontos no indicador da mão direita e um no mindinho. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Água, Esgoto e Saneamento de Maringá (Sindaen), Vera conta que o mesmo motoqueiro já tinha “atacado” outros carros da passeata antes de chegar ao dela.
Há um vídeo na internet sobre a ocorrência no qual dá para ver o motociclista sendo segurado pelas pessoas da carreata do PT. É que, depois de quebrar o vidro de Vera Pedroso, ele investiu novamente contra os veículos, sendo apanhado pelos manifestantes. “Foi quando chegaram três pessoas, que ajudaram ele a escapar e levaram a moto embora”, explicou ela. No vídeo, aparece o adesivo de apoio à candidatura presidencial do PSL.
“Não estou com medo”, disse a vítima à reportagem. “Ainda tenho muita esperança na democracia, acredito que podemos viver num país em que haja respeito e tolerância”, completou.
Outro caso de violência registrado em Curitiba, capital do Paraná, ocorreu na noite desta terça-feira, 9 de outubro, próximo à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por volta das 20 horas, cerca de seis homens agrediram um estudante da universidade em frente à Casa da Estudante Universitária (CEU), que fica ao lado dos prédios em que são ministradas as aulas de ciências humanas.
O jovem de 26 anos, Calil Purt, que estava com boné do MST e camiseta vermelha, foi espancado por um grupo de torcedores com camisetas da Império Alviverde – torcida organizada do Coritiba Foot Ball Club. O estádio do Coxa, como o time é conhecido, fica a poucos metros do campus da UFPR. De acordo com um estudante, que pediu anonimato, os membros da torcida estavam se agredindo, o que teria causado pânico nas estudantes que moram ali.
Foi nesse contexto que Purt teria pedido que os homens saíssem de lá. A fachada envidraçada da Casa da Estudante foi danificada durante a arruaça. Foi aí que, de um grupo de 15 homens, seis deles começaram a espancar o jovem com chutes e golpes de capacete. No final, acrescentaram os gritos de “Aqui é Bolsonaro” e “Bolsonaro 2018”. A vítima foi levada ao Hospital Cajuru com escoriações pelo corpo e ainda realizava exames quando a reportagem foi concluída.
A UFPR emitiu uma nota oficial na qual “lamenta profundamente o ato de violência ocorrido em frente às duas dependências”. E conclui: “A UFPR repudia veementemente todo e qualquer ato de violência, de preconceito ou de discriminação”.
Na região Sudeste, ataques homofóbicos em nome do "mito"
Ao todo, a Pública localizou 32 relatos de agressões cometidas por apoiadores de Bolsonaro na região Sudeste.
“O policial que me abordou na rua, que me agrediu, que me chutou no chão, que me deu a rasteira, ele olhou para minha cara e falou assim: ‘Ele não? Você acha gostoso? Não era isso que você queria? Eu só tiro você daí se você falar ‘ele sim’”, relatou a cozinheira e doula Luisa Alencar. Os policiais, durante a abordagem, fizeram declarações de apoio ao candidato à Presidência pelo PSL. O fato ocorreu na segunda-feira, dia 9 de outubro, na 64ª Delegacia de Polícia, no bairro Jardim Coimbra, em São Paulo.
Ela foi abordada por dois PMs por volta das 14 horas, próximo à sua casa. Estava fazendo um estêncil com os dizeres “Ele Não” em um muro. “Os policiais nem me chamaram nem me advertiram verbalmente, eles já chegaram me agredindo”, contou. Um deles arrancou sua mochila, torceu seu braço e a algemou. “Enquanto ele me prensava na parede, ele começou a gritar no meu ouvido: ‘Sua puta, ele sim, sua puta, vagabunda, ele sim. Não vai ter mais nenhum vagabundo igual a você na rua fazendo essas merdas’.”
Luisa disse que o policial pediu que ela cruzasse as pernas e depois deu uma rasteira. “Eu caí de peito no chão. Ele já prensou minha cara no chão e continuou falando ‘sua puta petista, fedida’. Ele ficou ali me agredindo.” O outro policial pediu reforço e, de acordo com a cozinheira, pouco tempo depois surgiu mais uma viatura e cinco motos da Polícia Militar. “Eles ficaram ainda fazendo uma cena, me prensando no chão, as pessoas me olhando naquela situação”, contou.
Luisa chegou à delegacia por volta das 15 horas. Ela conta que foi colocada em uma cela nua enquanto homens passavam, do outro lado das grades, olhando e rindo. “A delegada mandou eu tirar a roupa, algemada. Nisso, eles abriram já uma cela e me botaram lá dentro. Disseram que precisavam averiguar minha roupa, aí me deixaram pelada um tempo dentro da cela”, disse.
“Quem me conduziu e quem pediu para eu tirar a roupa era uma mulher, a delegada Cristiane. Só que enquanto eu estava dentro da cela passaram vários policiais homens, eles me olhavam e riam”, disse.
Ela conta que só saiu de trás das grades às 18:30, depois que obedeceu às ordens do policial e falou “ele sim”.
“Ele falava: ‘Olha pra mim, olha pra minha cara, fala ele sim’, dando risadas”, contou Luisa. “Eu saí da delegacia às 21h30. A sensação era que eu estava vivendo na ditadura.” Procurada para comentar o relato da jovem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo enviou uma nota na qual afirma que “não há indícios de irregularidade na ação dos PMs e da delegada responsável pelo registro da ocorrência”. Afirma ainda que a autora “também carregava uma porção de maconha e foi encaminhada ao 64º DP, onde foi lavrado um termo circunstanciado de crime ambiental e porte de drogas para consumo próprio”.
Também em São Paulo, a família de Laura Carolinah estava na avenida Paulista, no domingo de eleições, quando ouviu uma ameaça: “Essa mamata vai acabar, Bolsonaro vai acabar com todos vocês, vamos poder meter bala”, disse um simpatizante de Bolsonaro.
Laura estava com seu namorado, duas sobrinhas e a irmã em uma padaria, programa típico paulistano para um domingo. Sua irmã foi falar com a atendente para saber onde sentar, quando passou por um homem que esperava uma mesa. “O homem, do nada, começou a gritar com minha irmã, disse que ela é vagabunda e que estava furando fila. Começou a gritar: ‘Pode sair daí, sua vagabunda’.” Pediu desculpas e tentou explicar que tinha sido um mal-entendido. Foi quando ele percebeu que ela não estava sozinha, mas se tratava de uma família negra.
“Quando ele me viu, viu meu namorado, minha sobrinha Any e a mais nova, Belinha [que está de rastafári], começou a gritar: ‘Essa mamata vai acabar, Bolsonaro vai acabar com todos vocês, vamos poder meter bala”, relata. Ele depois continuou para a irmã, segundo Laura: “Você é uma vagabunda, vai tomar no cu. Vocês votam no Haddad, vão perder de lavada’”, conta ela, um depoimento que fez na sua página do Facebook.
O áudio da carioca Juliana Sathler começou a circular nas redes sociais no início da tarde de terça-feira, dia 9 de outubro, alertando sobre o perigo de andar com adesivo escrito “Ele Não” na roupa. Um pouco antes de enviar o áudio para um grupo de amigos no WhatsApp, por volta de 12h30, um homem parou e empurrou Juliana em Copacabana, bairro da zona sul do Rio de Janeiro. “Ele segurou meu braço dizendo que eu era uma vadia, esquerdista, que eu deveria voltar pra casa pra aprender a lavar roupa, que o Bolsonaro ia assumir pra me ensinar tudo isso”, revela a voz ainda de choro da interlocutora. Termina o áudio com um aviso: ‘‘Eu vou pedir pra vocês tomarem muito, muito cuidado, onde andam, com quem andam, sempre que for andar de adesivo, anda em grupo’’, conclui.
Em conversa com a Pública, Juliana Sathler conta que estava perto do trabalho, em seu horário de almoço. “Eu estava vestida com a roupa de trabalho, superformal, eu estava com os adesivos do ‘Ele Não’. Ele esbarrou em mim e ele me empurrou e começou a gritar.” Conta que, quando começou a pedir ajuda, o homem soltou o braço dela e saiu correndo. “Na hora eu fiquei completamente perdida, eu fiquei assustada.” Na delegacia, informaram que ali não poderiam fazer muita coisa, que teria que fazer um BO online ou procurar uma delegacia da mulher, “visto que não tinha nenhum ferimento nem testemunhas”.
“Eu deixei bem claro que não foi um atentado por ser mulher, foi um eleitor do Bolsonaro, ele atacou uma pessoa, não o fato de ser mulher, ele atacou outra eleitora”, resume.
Um pouco menos de uma semana antes da eleição, no dia 2 de outubro, Ana Carolina Almeida foi perseguida na Linha Vermelha, na capital fluminense, quando dirigia seu carro indo do centro do Rio de Janeiro, por volta das 1h30 da madrugada, para Duque de Caxias. “Um homem emparelhou o carro comigo e gritou ‘Bolsonaro’. Eu fui acelerar, ele foi atrás de mim e me fechou, começou me emparelhar, começou a gritar comigo um monte de coisas, ‘nossa bandeira é verde amarela’, um monte de besteira aleatória’’. Ela acredita que o motivo da agressão foi porque a parte de trás do seu carro tinha adesivos escritos ‘Ele Não’. “Quando ele parou, pensei: ‘Ele vai me bater, ele vai me machucar’. Eu já estava chorando desesperadamente. Eu tinha que parar o carro porque poderia bater com ele, ia morrer nós dois.”
Ao sair do carro, o homem se apresentou como policial e mostrou um distintivo com o símbolo da República. “Falou que ia me prender, pegou uma algema, ficou me mostrando a algema, ele estava totalmente fora de si.” Ana se lembra de coisas que ele falou, como: ‘‘Vocês acham que vão mudar o mundo, não vão mudar, nossa bandeira é verde e amarela, nunca vai ser vermelha”. Mas ela acredita que o homem que a parou não era um policial. “Teve um momento que ele falou: ‘Eu vou chamar a polícia’, com distintivo no peito. E eu pensei: “Ele não é policial’, ele é maluco’’.
Segundo apurou a reportagem da Pública, diversos ataques foram direcionados à comunidade LGBT na região Sudeste. São casos em que a homofobia se mistura ao ódio eleitoral.
Para a jovem transexual de Belo Horizonte Guilderth Andrade, conhecida como Guil, a única palavra que vale para descrever o momento atual é medo. “Medo. É a única coisa que consigo definir no momento”, afirmou a cabeleireira Guil, de 21 anos.
Era quase meio-dia, ela estava na praça da Estação no ultimo sábado, dia de outubro, no centro da capital mineira, parada no ponto de ônibus. Na praça acontecia uma manifestação pró-Bolsonaro e um rapaz colou um adesivo do candidato em seu peito. “Eu falei: ‘Não quero votar nele, você tem que ter respeito’, e tirei o adesivo.” De repente, sentiu um “tapão” nas costas. O rapaz havia colado outro adesivo. “Eu o arranquei novamente.” O homem deu então uma rasteira na jovem. “Eu caí, a bota dele cortou meu tornozelo. Se eu tentasse levantar, ele ia continuar me agredindo”, afirmou Guil.
A única pessoa que a ajudou foi um homem que também estava no ponto de ônibus. “As pessoas que estavam na manifestação não fizeram nada”, lamentou. Guil disse que não fez BO por medo. “Fiquei com medo de falar”, justificou. “A situação está muito extrema, não que não era difícil, mas está ficando pior”, acrescentou.
Guil afirmou que está cada vez com mais temor de sair de casa, pois tem escutado muitos relatos parecidos com o seu, de amigos LGBTs. “A gente vai ficando acuado, trancado em casa, não estou conseguindo trabalhar. Eu quero poder existir sem ser questionada e pressionada o tempo todo”, exclamou.
Amiga de Guil, Isabela – ela pediu para não usarmos seu nome real por medo de sofrer represálias –, de 25 anos, também é transexual e foi atacada em Belo Horizonte por quatro homens vestidos com camisetas em apoio à Jair Bolsonaro, depois de ter saído de uma festa, no dia 30 de setembro. “Eles me puxaram para dentro do carro pela janela. Os dois de trás sentaram em cima de mim e deram muitos socos no meu rosto, jogaram cigarro aceso e ainda cuspiram”, contou. Segundo ela, um deles estava armado. “Durante todo o tempo, eu escutei: ‘Se ele ganhar, vamos poder caçar mais macacos’. Traveco. Não vamos te matar agora porque você ainda pode ter jeito, mas, se não tomar, você vai morrer de aids’.”
Depois dessa tortura, eles a mandaram descer sem olhar para trás, ameaçando atirar. “Meu amigo insistiu muito para que eu denunciasse à polícia, e a tentativa foi um total desastre. Todo o processo mais parecia uma tentativa de me incriminar de algo do que a solução de um crime cometido contra mim, a vítima”, relatou.
Em Niterói, um prédio na região sul foi atacado durante a comemoração da vitória de Carlos Jordy (PSL) a deputado federal.
Salomão Moutinho assistia à apuração dos votos no apartamento de uma amiga. “Estava uma gritaria entre todos os prédios, assim como em toda a cidade, de uma pessoas falando ‘ele não’, outras falando do Bolsonaro.” Mas a rixa, que no início parecia inofensiva, mudou de dimensão quando Salomão e os amigos resolveram sair de casa. “Quando a gente desceu e pisou na portaria, tinha tipo umas 30 pessoas apontando pra gente”, relata. “Eram uns 30 caras ou mais, todos com a camisa do Bolsonaro e a gente não conseguia sair.’’
Logo depois, começaram os ataques – em especial, xingamentos homofóbicos. “Também falaram para as minhas amigas rasparem o sovaco delas, começaram a gritar várias coisas, que o comunismo vai acabar, queriam que voltasse a ditadura, e uma das amigas começou a gritar que eles não sabiam o que era ditadura e que eles estavam sendo agressivos.”
Depois das ofensas, o grupo entrou no prédio, assustado. Ali, decidiu arrancar a bandeira LGBT da porta do apartamento e ficou um tempo com as luzes apagadas e em silêncio porque não sabiam se os agressores estariam dentro do prédio. Salomão diz que ligou para polícia, mas a polícia não chegou. O grupo de apoiadores do PSL ficou um tempo na frente do prédio, mas depois saiu.
“Desde o início da campanha, cada vez mais que eu vou na rua, vejo mais ataques, carro buzinando. Isso tudo era muito comum há sete anos, mas agora está voltando”, conta Salomão. “A gente está buscando sair sempre em grupo, não ficar na rua à noite. Está ficando uma relação muito ruim”’, desabafa.
Juliana Garcia estava no Bar do Zeca, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, na sexta-feira passada, dia 5 de outubro, com a namorada. Na camisa, trazia os adesivos “Ele não” e “O filho dele também não”. Quando levantou para ir ao banheiro, dois homens foram atrás. “Começaram a falar: ‘Você está totalmente equivocada, vai defender bandido, só Bolsonaro salva esse país’.”
Juliana disse que tentou argumentar, mas mesmo assim um dos homens continuou em um tom agressivo. “Teve um momento em que ele fez o movimento das armas com as duas mãos apontadas para o meu rosto. Aí eu não tive reação, o outro homem do lado começou a rir. Saímos correndo do bar.” Ela admite ter medo de voltar ao bar e andar por Caxias.
O estudante Gabriel Garcia foi agredido por dois homens enquanto caminhava pela rua, perto de sua casa, no bairro do Ipiranga, em São Paulo: “Aqui é Bolsonaro, caralho. A gente vai acabar com os viados do Brasil”, gritou um dos homens, direcionando a fala para ele. E o outro complementou: “É só eleger que vamos acertar lâmpada nessas porras”. “Infelizmente, tive que baixar a cabeça e seguir caminho com uma vontade imensa de retrucar sabendo já de antemão que iria terminar apanhando feio e que não teria nenhum efeito”, relatou Gabriel.
Na região Nordeste, jornalista sofre ameaça de estupro
No domingo de eleição, começo de tarde, a jornalista pernambucana Silvia Castro – o nome é fictício –, 40 anos, foi ameaçada de estupro e de morte por ser uma profissional da imprensa. Com uma faca no pescoço e imobilizada por dois homens logo depois de ter votado, os agressores diziam: “Quando o comandante [Jair Bolsonaro-PSL] ganhar a eleição, a imprensa irá morrer”.
Logo na sequência, eles – um vestido de camisa verde e outro, de camisa preta estampada com o rosto de Bolsonaro – discutiam se iriam estuprá-la ou recortar seu corpo. “E aí foi quando ele botou a faca no meu queixo, cortou o meu braço e o meu rosto”, relata a jornalista à Pública. O ato só não foi adiante graças a uma motorista que, segundo ela, desceu a rua buzinando. “Eles se assustaram e saíram andando rápido em sentido contrário ao meu.”
Assustada e em pânico, a repórter foi em busca de ajuda, deu uma volta no quarteirão, mas não encontrou nenhum policial. Silvia foi à delegacia do bairro Espinheiro e tomou as medidas legais cabíveis. Agora aguarda a investigação e a captura dos homens que a agrediram. Segundo ela, ambos tinham entre 36 e 38 anos, estavam bem-vestidos e aparentavam ser de classe média.
O que ocorreu com a jornalista não foi um caso isolado. Houve pelo menos 18 registros apenas na região Nordeste. Dos casos levantados pela reportagem na região, apenas dois não tinham como agressores militantes partidários de Jair Bolsonaro (PSL).
Entre homicídios, espancamentos e agressões verbais, os atos de violência atingiram políticos, militantes e cidadãos que, pelo simples ato de declararem em quem haviam votado, tiveram suas vidas ceifadas.
Foi caso do mestre de capoeira, o baiano Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como Moa do Katende. Ele levou 12 facadas nas costas depois de ter dito que havia votado em Fernando Haddad (PT). O assassino foi preso e confessou ter matado o capoeirista por ele ser petista.
Outro caso é referente à morte de um cachorro a tiros durante um ato pró-Bolsonaro, no último dia 30 de setembro, na cidade de Muniz. Durante a carreata um homem que participava do ato desceu do veículo e atirou três vezes contra o animal. Apesar de ter sido detido na hora, logo em seguida foi liberado alegando legítima defesa, pois se sentiu ameaçado pelo cachorro.
A raiva e o extremismo se concretizaram ainda no espancamento da travesti Netinha Matias, de 40 anos, que, após ter declarado ser contra a candidatura de Bolsonaro e ao fazer campanha nas redes sociais, teve sua casa invadida e foi fortemente agredida, os agressores desferiram socos no rosto e por todo o corpo. Em uma postagem na foto postada nas redes sociais, Netinha aparece com o nariz sagrando e com marcas de violência no tórax. O caso ocorreu na cidade Sigefredo Pacheco, no Piauí.
No Rio Grande do Norte, uma médica que trabalha em um hospital público na cidade de Natal rasgou a receita que tinha acabado de fazer para um paciente idoso, de 72 anos, após ele ter respondido que votou no candidato do PT à Presidência. Antes de se aposentar, o idoso havia trabalhado na unidade de saúde e tinha uma boa relação com a médica.
Todas as agressões motivadas por ódio relatadas foram confirmadas pelas secretarias de Segurança Pública de cada estado à reportagem. Em alguns casos, os agressores já estão presos, outros ainda estão em investigação, como é o da jornalista pernambucana. Somente no Maranhão e em Sergipe não foram encontrados registros de atos de violência dessa natureza.
Em Manaus, no Amazonas, o publicitário Elói Capucho também foi agredido por um simpatizante de Jair Bolsonaro por ser gay e contra a eleição do candidato do PSL. Na segunda-feira, como de costume, ele saiu de casa às 8h40 para trabalhar, de Uber. De acordo com Elói, durante o trajeto, o motorista lhe perguntou: “Qual a sua visão política sobre o cenário atual do país?”. “Eu disse para ele que eu, como LGBT, tenho muito medo pela comunidade, me referindo ao candidato Jair Bolsonaro, por conta dos discursos de ódio dele.”
Assim que ouviu a resposta de Elói, o motorista pegou a Bíblia, disse que Deus criou homens e mulheres e começou a agredi-lo. “Eu falei: ‘Eu exijo que você me respeite. Você deve fazer apenas o seu dever de motorista e eu de cliente’. E foi quando ele puxou meu braço e, simplesmente dirigindo em uma das avenidas de maior circulação aqui de Manaus, virou para trás e disse: ‘Cala a boca, eu vou te matar, ou você prefere que eu te jogue aqui do carro pra fora?’”.
Elói disse que ficou sem reação por algum tempo e em seguida teve coragem de abrir a porta do carro em movimento. O motorista estacionou o veículo e o passageiro saiu correndo. Elói registrou BO e está esperando resposta da empresa Uber. No total, a reportagem localizou 3 relatos de agressões na região Norte.
Centro-Oeste
Em Brasília, a estudante e ativista Mayra de Souza, de 27 anos, foi vítima de um simpatizante de Jair Bolsonaro. Ela foi xingada e agredida com dois socos na madrugada do dia 9 de outubro. De acordo com informações do jornal Correio Braziliense, a militante do movimento social Levante Popular da Juventude estava em um bar com quatro amigas quando foi abordada pelo agressor. Após repetidos pedidos para que ele se afastasse da mesa, o homem começou a gritar “Bolsonaro 2018” e, no momento em que Mayra foi fumar um cigarro, ele deu o primeiro soco, no olho esquerdo. A mulher caiu no chão e recebeu outro golpe, dessa vez no queixo. O homem fugiu do local. Mayra registrou o caso na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher. Houve 3 casos registrados na região.
Eleitores de Bolsonaro também foram agredidos
Embora sejam ampla minoria, também há pelo menos seis relatos de simpatizantes do candidato que sofreram agressões de opositores. No dia 5 de outubro, um professor da Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB) foi preso por atropelar um comerciante que vendiam camisetas do presidenciável do PSL. O comerciante conseguiu sobreviver e teve apenas os produtos danificados. Já o docente da UFRB responde em liberdade pelo ato de violência. O ocorrido foi em Salvador, na Bahia, na orla de Stella Maris.
Na noite de segunda-feira, dia 8 de outubro, Gilberto de Mattos levou um chute, caiu e machucou a cabeça depois de ter gritado “ele sim” quando passava por um grupo de pessoas que gritavam “ele não”, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Ele afirmou que foi cercado e impedido de sair do lugar por mais de 20 pessoas que estavam no teatro Galpão Folia, e na sequência foi agredido pelas costas por um homem identificado como Rafael.
Os policiais alegaram, no BO, que foram informados no local de que Gilberto teria empurrado e dado um soco no peito de uma mulher, identificada como Ariadna, durante a discussão política. Rafael teria dado o chute em Gilberto para defendê-la. Gilberto, no entanto, negou à Pública que tenha agredido a mulher.
É tão repugnante tudo isso.
ResponderExcluirSi tinha visto a noticia dá médica que se negou a dar uma receita quando viu que o paciente era eleitor do bolsonaro e na fiquei chocada, maa esses relatos são muito graves.
Bolsonaro tem obrigação de se posicionar de forma veemente, exigindo a punição dos responsáveis. Se ele prega tolerância zero com bandidos, e essas pessoas são claramente criminosas, merecem ser exemplarmente punidas.
Fazer isso, sr. Candidato, nao é o mesmo que assumir a co-autoria dos crimes, fica tranqüilo. Isso é apenas agir xom decência, com respeito ao direito supremo e inalienável que todos temos de manifestar um pensamento sem medo de agressões físicas.
Palavras fracas como "isso foi um excesso", ou "o que tenho com isso" ou "peço que nao façam isso " eh muito pouco.
Alguns discursos inspiram ódio e intolerância. Do mesmo jeito que extremistas islâmicos precisam ser individualmente punidos (nao importa se está escrito que eles têm q matar infiéis, eles escolheram agir assim), essas pessoas que agridem tbm tem, elas escolheram isso.
E bolsonaro, embora nao seja mesmo responsável, deveria no mínimo esclarecer que ele nao pretende virar presidente p/ idiotas criminosos se sentirem no direito de agredir quem quer que seja.
Nas ele infelizmente nao vai fazer isso.
Alicia
Haddad para agradar católicos, se compromete contra a descriminalização do aborto:
ResponderExcluir"Candidato do PT se comprometeu com a CNBB a reforçar na campanha pontos como o 'compromisso de preservação da vida'"
Tá no jornal O Globo. Desiludida e desesperançada com o panorama. Nem sei mais se votaria no Haddad.
Nesse ponto o bolsonaro é maos autêntico.
ExcluirPor maos controversos que sejam os posicionamentos dele, liberação de armas, manter criminalização do aborto, nao reconhecer a uniao homoafetivo como família e etc, ele as mantém.
Alicia
Autenticidade não importa. Vou votar no Haddad de qualquer jeito. Pelo menos ele não fica fazendo pregação de criminalização do aborto.
ExcluirNão sei porque mas acho que vc é um mascul querendo fazer as feministas votarem contra o Haddad.
ExcluirAo contrário do que afirma o texto, o candidato Bolsonaro já se posicionou sim contra os episódios, via Twitter.
ResponderExcluir"Dispensamos voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores que não votam em mim. A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar."
Esperamos que a informação seja corrigida e que não seja necessário pedir Direito de Resposta, respaldado pela Justiça Eleitoral.
Vote no concorrente por coerência... Kkkkkkk, Só rindo meso
ExcluirBozo é o candidato do crime. Por isso é tão adorado por esses criminosos.
ResponderExcluir"Posicionou" de maneira covarde. "Não votem em mim." …isso é maneira de tratar violência? Qualquer ser humano decente e digno condenaria enfaticamente esses crimes. #EleNão
ResponderExcluirBolso não mantém posicionamentos sobre 13º, impostos, privatizações. Mesmo nos temas "mais polêmicos", ele mente compulsivamente, ora defendendo violência gratuita e golpe de Estado, ora dizendo que não disse o que disse, para redizer no minuto seguinte.
ResponderExcluirA única qualidade dele é criticar o voto eletrônico, mas ele parece estar fazendo isso por puro oportunismo.
Releia a lista de casos do artigo e reflita:
De que lado você está?
O anon totalmente cheio de má-fé das 13:12, ninguém disse que ele não se posicionou, e sim que ele reagiu de forma FRACA e COVARDE, igual as ações dos seus eleitores boçais.
ResponderExcluirEsses animais imundos vão acabar com o país, asquerosos
Bolso não prega tolerância zero contra bandidos. Se isso fosse verdade, ele não teria como principais apoiadores esses neonazistas, espancadores, policiais corruptos e milicianos. A turma dele é a do crime. É pra isso que ele quer liberar armas. Então, vira faroeste: cada um que se cuide, e nenhum puliça será responsabilizado por nada.
ResponderExcluirAlicia,
ResponderExcluirAgora vc entende pq votar em QUALQUER um é melhor que votar nele ou ainda não tah convencida?Qtos mais precisam ser agredios ou mortos pra vc (e mtos outros) parar de relativizar discurso de ódio?
E quanto ao seu outro comentário, o da 'autenticidade' (13:09). Realmente, nos pontos q vc falou ele se mantém 'autêntico'. Agora em diversos outros não, como por exemplo ter como futuro super ministro um economista ultra liberal e no entanto não defender a privatização da Eletrobrás. E tbm ter um vice presidente que mete o pau no 13 e de repente anuncia que quer instituir 13 para o Bolsa Família. Aliás, Bolsa Família não era tudo de vagabundo?E ainda outros mais técnicos como defender a independência do Banco Central, mas ao msm tempo afirmar que as instituições financeiras responderão ao Ministro da Economia..WTF??Vê lá, tá no powerpoint mal diagramado q ele chama de programa de governo.
E mano, sendo MTO complacente, no mínimo a "opinião" dele em não "reconhecer a união homoafetivo como família" não é 'opinião controversa', né cara!!?É ódio purinho.
suuuuper autêntico também ao ganhar seus votos inicialmente em cima da fachada de honesto (hoje é mais em cima da fachada de violento, talvez) para depois aceitar os 200 mil da JBS (da maneira mais covarde: "lavando" o dinheiro, entregando a grana ao partido... E recebendo do partido os mesmos 200 mil!). E dizendo: "qual partido não aceita propina"?
ExcluirNunca vi cara mais autêntico!
23:28. Vc afirma isso relacionado à JBS?
ExcluirMarina,
ExcluirEu nao relativizo discurso de ódio.
A postura do bolsonaro diante desse cenário é inaceitável p/ qualquer pessoa, quem dirá para um presidente. Ainda que ele nao tenha dito nada com a intenção de influenciar alguem a tomar uma atitude concreta de violência, se alguém entendeu seu discurso assim ele tem obrigação de esclarecer as coisas. Enfim.
O problema é que eu nao voto no Haddad e, pra vc, consequentemente, eu "relativizo discurso de ódio". Mas é o contrário, eu nao relativizo nada: nem discurso de ódio e nem corrupção.
"Ah, mas discurso de ódio mata gays, Sim, mata. E corrupção mata gente em fila de hospital.
Os eleitores do PT foram egoístas e vaidosos. Sabiam que o Haddad teria mais dificuldade de vencer o bolsonaro no segundo turno do que alguém como ciro Gomes por exemplo.
E sabiam tbm que muita gente aceitaria votar no ciro contra o bolsonaro, mas nao votaria no PT. Eu mesma sou uma que faria essa concessão moral de votar num candidato como ciro Gomes (péssimo) pra evitar bolsonaro. Mas no PT eu nao voto por todos os motivos que ja falei.
E sabendo desse cenário, o amor ao partido, o egoísmo e a vaidade falaram mais alto e elegeram Haddad pro segundo turno.
Os petistas nao aceitaram fazer concessão alguma e nao querem se responsabilizar pela eleição do bolso. Pq diabos eu tenho que fazer concessão agora e votar no PT, sob pena de ser responsabilizada por bolso virar presidente?
Alicia
13:12, colega, pelos menos uma pessoa MORREU. Eu sei q a vida de mta gente, principalmente de negros, não vale mto pra gente da sua laia, mas isso não é "resposta" que se dê na atual situação, mto menos de um cara que tem chance de virar presidente. Mais de 50 relatos de agressão, pelo menos uma morte associada ao nome dele e o cara vem e faz um TWEET! Um tweet cujo conteúdo é 50% falando pra não votar nele (atenção que ele não fala pro pessoal parar com as agressões, sacou issae??) e os outros 50% ele aproveita para dar aqueeeela cutucada mongolóide em seus adversários, tal qual uma criança de 5 anos faria.
ResponderExcluirTá puxado gente, tá mto puxado!Mas vamo q vamo, q sempre fomos resistência.
PS: Lolinha, tinha dito em um comentário em outro post q tava desanimada. Não tô mais!Bora pra cima desse pessoal, de novo e sempre. E mais uma vez, obrigada pelo seu blog, vc é fodaaa!
Lola, você que tem os contatos, verifica que coisa estranha:
ResponderExcluirhttps://noticias.band.uol.com.br/cidades/rs/noticias/100000934930/policia-suspende-investigacao-de-denuncia-de-ataque-na-capital.html
Nos grupos de zap estão falando que tudo isso é petista se fingindo de bolsominion e cometendo os crimes para o desmoralizar ou então que na verdade são crimes sem relação com política e que os petistas inventam que o perpetrador era minion.
ResponderExcluirOu seja, não adianta denunciar, eles já se anteciparam a isso e criaram um clima onde não dá mais pra acreditar em nada.
Mas continuam acreditando no falso messias...
:(
Tudo isto começou com a esquerda "ele não". Aliás acabei de ver na tv que a polícia começou a intimar pessoas que ficam na Internet questionando as opções políticas dos outros.E bom parar esse movimento contra o Bolsonaro Lola ou vc vai terminar respondendo por excitacao ao crime.
ResponderExcluirÉ isso mesmo.
ResponderExcluirVi entre outro blog que já houve até enforcamento de um gay em uma cidade chamada Catolé do Rocha.
Por isso eu prego o diálogo, a paciência e não ceder as provocações. Se não dialogar vamos fazer o quê, instaurar uma guerra civil no Brasil?!!?
ResponderExcluirE aqueles que me acusaram em outro post, não sou mascu atacando as leitoras do blog, só estou tentando alertar que nesse clima de tensão alguém tem que tentar a paz primeiro.
Mascu talvez nao seja, mas vc é um pseudônimo da tal da Alícia, tenho certeza!
ExcluirNão sou, mas vc não vai acreditar mesmo. Enfim, o que tem de errado em falar que devemos evitar mais violência?
Excluirhttps://www.pragmatismopolitico.com.br/2018/10/odio-que-bolsonaro-espalha-psicanalise.html
ResponderExcluirPatrícia
Steven Levitsky
ResponderExcluirComo a democracia pode se proteger contra candidatos autoritários.
13.set.2018 às 21h21
Jair Bolsonaro representa uma séria ameaça à democracia. Caso eleito, ele poderia prejudicar as instituições democráticas do Brasil, da mesma forma que Hugo Chávez fez na Venezuela.
Como a democracia pode se proteger contra candidatos autoritários? Os partidos políticos e os políticos desempenham papel vital para isso. Eles são os guardiões da democracia.
O autoritarismo eleito raramente chega ao poder sozinho. Quase sempre, recebe ajuda da elite. Políticos moderados abrem as portas para ele. Esses políticos em muitos casos cometem um erro de cálculo trágico. Acreditam que uma aliança com o extremista será politicamente útil —que pode ajudá-los a conquistar ou reter o poder, ou talvez a derrotar um adversário ideológico odiado. E eles presumem que serão capazes de controlar o extremista, quando ele for eleito.
Essa barganha muitas vezes dá errado. Na Itália, em 1921, o primeiro-ministro Giovanni Gioletti, liberal, quis aproveitar o apelo popular de Mussolini para derrotar a esquerda, e incluiu os fascistas de Mussolini em sua coalizão para as eleições legislativas. A aliança legitimou Mussolini, que em breve subiu ao poder, enquanto os liberais de Gioletti desapareciam.
Na Alemanha, os líderes do Partido Conservador cooperaram com Hitler no final da década de 1920, buscando usar a força de Hitler junto às massas para reforçar sua base erodida. Em 1933, quando o líder conservador Franz von Papen tentou acalmar seus aliados quanto à indicação de Hitler como chanceler [primeiro-ministro], ele lhes disse: “Não se preocupem. Em dois meses, nós o teremos empurrado com tanta força para o canto que ele vai até apitar”.
Na Venezuela, o ex-presidente Rafael Caldera expressou publicamente sua simpatia à tentativa de golpe de Estado de Hugo Chávez em 1992. Isso ajudou Caldera a reconquistar a Presidência e, em 1994, ele libertou Chávez da prisão. Caldera sabia que Chávez era um demagogo perigoso, mas acreditava que a influência dele desapareceria muito antes da eleição de 1998.
Em todos os três casos, políticos convencionais abandonaram seu papel de guardiões. Movidos por uma combinação de medo, ignorância e ambições imediatistas, eles abriram as portas aos extremistas. Nos três casos, isso provou ser um erro de cálculo trágico.
ResponderExcluirO cientista político espanhol Juan Linz dedicou sua carreira a estudar de que maneira as democracias morrem. Uma das grandes lições que ele aprendeu foi que a de que os políticos convencionais precisam se opor aos extremistas antidemocráticos em todas as circunstâncias.
Eles não só precisam resistir à tentação de se alinhar aos extremistas, mas devem também se dispor a unir forças com rivais ideológicos a fim de garantir a derrota do extremista. Nas palavras de Linz, diante de uma ameaça autoritária, os democratas devem “se unir a oponentes, mesmo que distantes ideologicamente, mas que tenham compromisso com a sobrevivência da ordem política democrática”.
Os liberais italianos, os conservadores alemães e Rafael Caldera não o fizeram —e a ordem política democrática entrou em colapso.
Até agora, os políticos brasileiros têm seguido o conselho de Linz. Com a vergonhosa exceção de Paulo Guedes, poucas figuras da elite se alinharam a Bolsonaro. Mas esse é só o primeiro turno. É o segundo turno, em que Bolsonaro enfrentará Ciro ou Haddad, que me preocupa.
Será então que os brasileiros terão de enfrentar escolhas difíceis, que podem salvar ou matar a democracia. O conselho de Linz nessa situação é claro: os políticos convencionais devem unir forças aos seus adversários ideológicos —mesmo que os desprezem— a fim de defender a democracia. Isso significa que, se Alckmin perder, os políticos de inclinação direitista devem se dispor a apoiar um candidato de esquerda contra Bolsonaro (mesmo que Bolsonaro e Guedes prometam políticas econômicas liberais).
Alguns leitores responderão que o PT é “tão ruim quanto” Bolsonaro. Estão errados. Bolsonaro é abertamente autoritário. Ele é o Chávez brasileiro. Os governos recentes do PT podem ser acusados legitimamente tanto de corrupção quanto de gastos públicos irresponsáveis. Mas nenhum observador razoável pode negar que o PT governou democraticamente.
Os tucanos e os petistas têm bons motivos para não gostarem uns dos outros e não confiarem uns nos outros. Mas é preciso ser claro: o PSDB não é golpista. E o PT não é chavista. O PSDB e o PT são pilares da democracia brasileira. Devem se dispor a unir forças para defendê-la, se necessário. Precisam concordar, agora, em se unir contra Bolsonaro nas urnas. Caso não o façam, poderiam seguir o caminho dos liberais italianos e dos conservadores alemães —e perder sua democracia.
Tradução de Paulo Migliacci
Steven Levitsky
É cientista político, autor do livro "Como as Democracias Morrem"
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/steven-levitsky/2018/09/como-a-democracia-pode-se-proteger-contra-candidatos-autoritarios.shtml?loggedpaywall
Vídeos interessantes:
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?time_continue=259&v=8bX7EdK0-1M
A Fundação FHC recebeu Steven Levitsky, cientista político americano e professor na Harvard University. Atualmente, ele está envolvido em pesquisas sobre a durabilidade dos regimes revolucionários, a relação entre o populismo e o autoritarismo competitivo, problemas de construção partidária na América Latina contemporânea, e o colapso do partido e as suas consequências para a democracia no Peru. Aqui na Fundação, Levitsky participou do debate “Como morrem as democracias”.
Vídeo-Resenha de Como as Democracias Morrem:
https://www.youtube.com/watch?v=FCpcvb2vpGk
Filósofo Paulo Ghiraldelli comenta os grupos fascistas que crescem no país, os grupos homofóbicos e racistas. O incentivo de Bolsonaro a tais práticas.
https://www.youtube.com/watch?v=2R_RbeeiAlg&feature=share
"Bolsonaro vai matar viado"- o nazismo bate na porta dos brasileiros.
Se alguém aqui (Alicia?) tem alguma influência sobre o PSDB (o PSDB não é golpista! kkkkk), sobre seus líderes, façam-nos mudar de ideia e abrir mão por uns dias de seus interesses financeiros imediatos e preservar o que resta de democracia: Alckimin não se posicionou contra o fascista para o segundo turno e vai perder muito na derrocada, junto com a população (nem que seja pela insegurança pessoal de um dia saindo do carro blindado e andando alguns passos para algum lugar poder ser alvejado; nem que seja por algum parente ser morto ou ameaçado de morte por ser LGBT; isso vale para qualquer correligionário). Alguém avisa ele, por favor. PSDB é opção péssima na economia, doa o que resta de patrimônio nacional a quem der mais ao político, vide FHC, mas não é fascista. No entanto, não se posicionar contra, neste momento, é extremamente irresponsável e pode acontecer sim o que o texto de Levitsky sugere.
ResponderExcluirNao entendi, ibi!
ExcluirAlicia
E quem começou tudo isso? A maioria dos seguidores, admiradores, fanáticos pelo coiso tinham (alguns ainda tem ) páginas e blogs de conteúdo violento ou misógino, ou ambos; antes viviam no anonimato, mas agora encontraram na figura, atitudes, palavras do coiso força, forma para tudo o que pensam e querem. Conforme o coiso cresceu e ganhou conhecimento, popularidade por sua virulência ,verborragia os tais antes anônimos se sentiram a vontade para se identificarem em alguns casos. O coiso incita a violência, eliminação, morte de quem o contradiz, discorda, questiona e segue o mesmo com seus filhos, pois foram bem "orientados". As mortes ,agressões tem a conivência do coiso, porém "para acalmar os ânimos " soltou aquela notinha pouco convincente devido às eleições, fica o dito pelo não dito. O coiso é adepto de discursos e atitudes extremas, é preconceituoso, racista,homofóbico e quem o admira é igual ou pior. Homofobia +misoginia =pedofilia. Lembra do militar amigo da família do coiso acusado com provas de pedofilia e os mesmos tentaram jogar a sujeira debaixo do tapete?
ResponderExcluir13¤ pra bolsa família? ?????
ResponderExcluirNão tenho mais esperança de que Haddad vença. O julgamento de Palocci foi marcado pro dia 24, 04 dias antes das eleições. Claro que vai sair na Veja, na Folha, no UOL, no Jornal Nacional... Vai ser o espetáculo que a gente já conhece. E a Eliana Calmon formalizou apoio ao Traste. Disse que vai servir de ponte entre ele e o Judiciário... Como nenhum juiz da ativa poderia dar apoio ostensivo ao Traste, foram atrás de uma aposentada falastrona. Acharam. Eliana Calmon vai desempenhar muito bem o papel de porta-voz do Judiciário, deixando claro que Bosta é o candidato oficial da Lava-Jato. Bosta vai ganhar de lavada. FHC, Alckmin, Marina, Ciro deram de ombros (lavaram as mãos). Há quem diga que Lula também, por isso deu uma banana pra Ciro e preferiu Haddad. Pra alguns desde que foi preso Lula não pretendia ganhar essa eleição. Se ele quisesse jogar pra ganhar teria apoiado Ciro. O que Lula pretende é chefiar a oposição, o que é possível fazer da cadeia. Exercer a presidência não seria possível estando preso. Mas presidir a oposição, sim. Lula sabe que o governo de Bosta vai ser desastroso, e isso vai favorecer tanto ao PT como a ele, que quer o poder apenas pra si e não aceita dividi-lo com alguém que poderia ombrea-lo, como seria o caso de Ciro. Enfim. A vitória de Bosta é uma questão de contagem regressiva. Melhor jair se acostumando. Quem acha que a vitória dele vai trazer alento à economia tá enganado. Quando ele começar a berrar com os deputados e os senadores, vão sabota-lo como fizeram com Dilma. A recusa do legislativo em financiar o governo dele vai dar margem a um novo impeachment. Pra tirarem o vice é fácil, é só cassar a chapa de Bosta e Mourao no TSE. Temer só não foi cassado porque não era conveniente. Vamos ver se Bosta vai ter cacife pra ter apoio pra um golpe de estado. Eu acho que se acontecer um golpe nos moldes de 1964 não vai ser pra Bolsonaro continuar como presidente. Vão botar outro. Se for pra fechar o Congresso e reduzir o Judiciário a nada, por que dariam a presidência logo a uma criatura tão tapada? Tenho pra mim que se chegarmos a esse ponto nem Bosta vai se dar bem. Quem planta cegueira colhe desilusão. Estamos caminhando a passos largos pra uma fase de convulsão e aspasmos sociais. Os muito ricos vão entrar num avião e saber dessa história refestalados em casas confortáveis na segurança dos países ricos. O inferno será exclusividade dos otários que nós somos, e se incluem aí os eleitores de Bosta que não vão ter dinheiro pra fugir do reboliço, ou seja, 99% deles.
ResponderExcluirInfelizmente, prevejo este destino também!
ExcluirO sujeito incita a violência e depois lavas mãos afirmando que não tem nada com isso, pois quem faz o serviço sujo e suja as mãos de sangue é a arraia miúda dos bolsominions, enquanto seu ''mito'' assiste toda a barbárie de camarote. Agora ele está sendo assessorado por uma equipe de marketeiros. Passei por um episódio horrível em uma sessão de fiso, onde uma ''profissional'' sem ética gritava e gargalhava que quem não votasse em seu candidato ''mito'' seria ''bandido'' e coisas do tipo. Quando se aproximava, eu sentia medo, pavor dessa figura. Ela foi denunciada tanto p/ o hospital quanto para o conselho.
ResponderExcluir*sessão de fisio
ResponderExcluirAlicia, alguns pontos:
ResponderExcluir- "Ah, mas discurso de ódio mata gays, Sim, mata. E corrupção mata gente em fila de hospital."
A questão não é simplesmente que o discurso de ódio do Salnorabo mata gays. Mata sim, é verdade, mas a questão aqui é q o discurso dele fundamenta que alguns seres humanos valem mais que outros, o discurso dele deforma toda a lógica da igualdade que vinha sendo construída a passos de formiguinha desde a segunda guerra mundial. É muito mais amplo do que "matar gays", é mudar a base fundante de igualdade das sociedades ocidentais que começou a ser criada após os horrores da segunda guerra.
- "Pq diabos eu tenho que fazer concessão agora e votar no PT, sob pena de ser responsabilizada por bolso virar presidente?"
Eu concordo absolutamente com tudo o q vc falou do PT. Fiquei muito puta com o egoísmo de PT em não apoiar do Ciro, não concordo nem um pouco com td q o PT vem fazendo desde MUITO tempo. Mas infelizmente, vc se omitir nessas eleições, votando nulo, vc vai estar sim correndo o risco de ser parcialmente responsável pela eleição de um fascista que quer mais é q todo mundo que pense diferente dele vá embora ou morra. Vc não tem que nada, eu só quero q vc veja claramente pelo o que vc tá optando. E vc tah optando por se manter inerte frente à todo o ódio que está sendo espalhado e já está tendo resultados nefastos.
Alguém leu a entrevista do Fernando Gabeira? Eu achei extremamente lúcida. Ele fala um pouco desse cenário eleitoral.
ExcluirReflete bem o que penso disso tudo, e como chegamos até aqui.
Alicia
https://brasil.estadao.com.br/blogs/inconsciente-coletivo/e-agora-gabeira/