Fiquei muito triste com a morte, ontem, do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier.
Não o conhecia (pra falar a verdade, até umas poucas semanas, nem de nome), e estou longe da UFSC faz um tempinho, desde junho de 2009, quando defendi minha tese. Mas só trago lembranças maravilhosas da UFSC, onde tive o privilégio de fazer mestrado e doutorado e conhecer alguns dos melhores professorxs e colegas da minha vida. Como já disse diversas vezes, lá na Pós-Graduação em Inglês nós não competíamos. Nós colaborávamos. Éramos uma comunidade, ou pelo menos eu tive essa impressão durante os seis anos que lá estudei.
Fico imaginando como deve estar todo o campus da Trindade. A UFSC ficará de luto durante três dias, sem atividades acadêmicas ou administrativas.
Ouvi falar do reitor no dia 14 de setembro, quando ele e outras seis pessoas não identificadas foram presas na Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, que investiga o desvio de recursos da Educação a Distância. Cancellier não era acusado de corrupção (até porque os supostos desvios teriam começado em 2006, e ele só assumiu o cargo de reitor dez anos depois), mas de atrapalhar as investigações.
Não importa se Cancellier era inocente ou se deixou a cadeia no dia seguinte -- ao ter sua prisão noticiada por todos os jornais, para a opinião pública, ele era automaticamente culpado. Como ele disse num bilhete, "Minha morte foi decretada no dia da minha prisão". Para piorar a humilhação, o reitor foi impedido de entrar na universidade onde fez toda sua graduação, mestrado e doutorado. Na quinta, a polícia permitiu que ele ficasse três horas na UFSC para falar com orientandos. Cancellier, deprimido, não aguentou. Ontem de manhã se jogou de um vão no quarto andar do maior shopping de Floripa, o BeiraMar.
A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) divulgou uma nota forte de solidariedade ao colega: "É inaceitável que pessoas de bem, investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal. É inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular".
Eu fico pensando: alguém mais vai querer ser reitor de universidade depois disso? Aliás, alguém vai querer ser pró-reitor? Diretor de centro? Chefe de departamento? Professor?
Eu não faço a menor ideia de como pode haver corrupção ou desvio de dinheiro na universidade pública.
Primeiro que os recursos são escassos. Segundo que tudo que a gente faz é contabilizado. Nosso salário está no Portal da Transparência. Ao viajar para outro país para um congresso científico, mesmo pagando do seu próprio bolso, o professor não pode ficar nem um dia a mais no local. Tudo precisa passar por editais, relatórios, burocracias mil. Nós, professores com dedicação exclusiva, devemos prestar contas de qualquer real ganho fora da sala de aula. Um servidor me contou que, para quem faz a auditoria, tanto faz se for R$ 200 ou R$ 200 mil "suspeitos" (ou seja, não declarados) -- o professor será investigado.
Acabamos sendo responsáveis por tudo, mesmo aquilo que não temos muito controle. Por exemplo, faz uns meses fizeram um inventário do que tem no gabinete de cada professor (computador, impressora -- mesmo que não funcione --, mesa, cadeiras etc). Daqui a vinte ou trinta ou quarenta anos, quando o professor se aposentar, ele precisará prestar conta de cada um daqueles itens. Uma professora colega minha está preocupada porque um datashow foi roubado da sua sala. Depois, será ela a arcar com o prejuízo.
E isso que estou falando de professores que, comparados a gestores, têm poucas atribuições. Não conheço a rotina dos reitores, mas tenho certeza que deve ser exaustiva e repleta de responsabilidades. Conheço um pouco melhor, no entanto, o que passa a diretora do Centro de Humanidades da UFC, onde trabalho. Ela responde por tudo que acontece no CH. Se numa festa não autorizada no campus alunos brigarem a socos e se ferirem, não serão eles os responsáveis, e sim ela.
E há inúmeras picuinhas. Soube que um dia uma servidora da limpeza (terceirizada, ou seja, na base da pirâmide dos assalariados numa universidade) pegou uma caneca da mesa de algum secretário, a lavou e guardou num armário. O secretário não encontrou a caneca e acusou a servidora de furtá-la. Mesmo depois de reencontrar a caneca, ele achou que passou por um estresse tão imenso que abriu um processo contra a moça. A diretora do CH decidiu intervir em defesa da servidora e foi processada também.
Sabe quando que eu seria diretora de centro? Nunca! Além de eu não ter o perfil pra esse tipo de atividade (precisa de gente que tolera burocracia, o que não é o meu caso), o aumento salarial que a pessoa recebe para se encher de trabalho e da possibilidade de processos judiciais é mínimo e não compensa. Ninguém vira reitor, pró-reitor, diretor, chefe, coordenador pela gratificação. Vira, suponho, porque acredita na autonomia universitária. Sabe que, se professores não assumirem esses cargos, podem vir dirigentes sem qualquer ligação com a universidade.
Sei que sou ingênua e otimista, mas creio que quem pega esses cargos tem a intenção de fazer o bem pela sua universidade, de ampliá-la, de fazê-la mais democrática e inclusiva, de melhorar a posição em rankings, de abri-la mais para a comunidade (tudo bem, sei que há projetos políticos bem diferentes). Duvido que alguém entre pensando "Yay, agora sou reitor, vou roubar adoidado!" Simplesmente não vale o risco e o esforço. Sem falar que o dinheiro nem passa perto da gente.
Com a perseguição injustificada a Luiz Carlos Cancellier, que culminou em seu trágico suicídio, com o dever de um gestor ter que responder por tudo que seus antecessores fizeram antes dele, fica a pergunta -- alguém ainda quer ser reitor?
UPDATE: Na sessão solene fúnebre do Conselho Universitário, o desembargador Lédio Rosa de Andrade disse, em discurso comovente sobre o colega e amigo pessoal: "Só a tragédia pode chamar a atenção de uma população q vive uma histeria coletiva".
A morte do reitor ainda vai dar muito que falar, acredite.
UPDATE em 30/10/17: O site Jornalistas Livres publicou uma excelente reportagem sobre o principal responsável pela perseguição a Cancellier. Veja o que acontece quando se dá poder demais a um corregedor.
UPDATE: Na sessão solene fúnebre do Conselho Universitário, o desembargador Lédio Rosa de Andrade disse, em discurso comovente sobre o colega e amigo pessoal: "Só a tragédia pode chamar a atenção de uma população q vive uma histeria coletiva".
A morte do reitor ainda vai dar muito que falar, acredite.
UPDATE em 30/10/17: O site Jornalistas Livres publicou uma excelente reportagem sobre o principal responsável pela perseguição a Cancellier. Veja o que acontece quando se dá poder demais a um corregedor.
É o juizeco de Curitiba fazendo escola...
ResponderExcluira) Lola estou estarrecida com esta historia vivemos um estado de ditadura da toga.
ResponderExcluirb) Lola nao acompanho o reality a fazenda mas soube que houve um caso de abuso sexual jogador Dinei e a ex BBB Monique a mesma do caso do estupro do BBB
Que coisa mais feia! Fazer um textão desses com objetivos enviesados! Vc não ficou comovida ou condoída com a morte do reitor! O que vc está fazendo é criticar a justiça! A mesma justiça que já condenou Jose Dirceu e vai condenar Lula! Essa a verdade, você culpa a justiça pela morte do reitor e certamente também culpa o MPF pela morte de Dona Marisa! O problema do Brasil e dos brasileiros e brasileiras é esse: somos todos contra a corrupção dos outros! A do nosso pessoal não é corrupção é apenas uma ajuda para a revolução! Mesmo que essa revolução seja para garantir um triplex na praia ou um sítio em Atibaia! Já Aécio, esse sim, é um salafrario de um capitalista Corrupto machista e pedófilo que deveria ir para o inferno né? Em tempo: não sou nem troll nem seus Mascus de estimação!
ResponderExcluirNão tem objetivo enviesado nenhum, anon das 15:46. Eu sou muito honesta e transparente e, se tivesse outro objetivo, certamente teria dito aqui. Provavelmente eu não teria escrito o texto se o reitor não fosse da UFSC, uma universidade que estará para sempre no meu coração.
ResponderExcluirCoisa feia é o seu comentário desumano e grotesco, anon das 15:46. Não dá uma idiota não. Que coisa feia ir além do que está escrito no texto aproveitando-se da morte uma pessoa para defender a "justiça" seletiva brasileira.
ResponderExcluirSim querido, Aécio é um salafrário, corrupto, machista e traficante. Não sei se é pedófilo. E capitalista não é defeito.
Este homem contra quem não se tem qualquer prova de corrupção foi preso injustamente, teve sua reputação destruída e foi proibido pela "justiça" de entrar na Universidade a que sempre se dedicou. Enquanto isso tanto o Lula quanto o Aécio e o escroto do Michel Temer continuam soltos. Não há provas de corrupção que os levem pra cadeia.
E você, seu troll idiota, para de defender teus bandidos de estimação! Tá defendendo o Aécio e essa justiça nojenta que levou um homem honesto a se suicidar?
Feio é esse teu comentariozinho nojento defendendo o indefensável.
As universidades federais do Brasil deveriam serem todas fechadas, demolidas e os terrenos salgados para não nascer nem grama mais.
ResponderExcluirMas aí você morreria de fome pois não teria grama para pastar, ops, comer. Kkkkkkk.
ExcluirHá claro, o dinheiro se roubou sozinho.
ResponderExcluirMas antos de esquerda são assim, tem retorica pra tudo.
Quando roubam estão na verdade "redistribuindo renda e financiando a revolução"
Lola, acho que você está sendo ingênua. Não estou falando desse caso específico do reitor da UFSC, mas corrupção existe sim, mesmo na Educação, área com os piores salários e orçamentos do serviço público. O que chama a atenção é que eu nunca vi prenderem gente da Saúde, da Receita Federal, do Judiciário... Por que atacar a parte mais frágil do serviço público? Talvez pelo mesmo motivo de, dentre tantas coisas que poderiam cortar para "enxugar o orçamento" do RJ, a escolha foi... fechar a UERJ.
ResponderExcluirConcordo Viviane. Não tem muito tempo o ex reitor da UnB Timothy Mulholland ficou imortalizado num escândalo das lixeiras de dez mil reais.
ExcluirPosso estar sendo pessimista, mas o que a gente enxerga é uma corrupção enraizada que atinge todos os setores. O que der para surrupiar, está sendo surrupiado. Só que nos setores onde cada centavo desviado faz falta é onde o dinheiro roubado faz mais diferença.
Existe corrupção até no superfaturamento da merenda das crianças e ainda acham que ela ainda acha que não existe corrupção em universidade! O reitor da ufg já recebeu doações da jbs mas ainda precisa fazer uma investigação mais a fundo, mas é óbvio que rola uma grana preta de proprina entre as universidades. Essa professora é contra a justiça?
ExcluirMuito se vê na internet o povo se unindo para criticar fulano que foi preso e que nem passou por julgamento. Divulgam imagens, falam mal... e se por ventura for provado que era inocente, o estrago já está feito.
ResponderExcluirSinceramente foda-se. Esse julgamento popular ocorre por causa que a população não aguenta mais a corrupção de merda desse país. As pessoas honestas deveriam evitar se aliarem com corrutos, negarem a receber dinheiro de "doação" de empreiteiras e frigoríficos, o povo precisa sim deixar claro que quem roubar não pode ter mais chance de viver normalmente em sociedade, de que corrupção é crime e precisa de Punição.
ExcluirA Polícia Federal apenas cumpriu o seu trabalho.
ResponderExcluirExatamente, se o cara se matou é porque a consciência dele estava pesada - e não é por nossa culpa-.
ExcluirEle foi preso e afastado por dificultar a investigação um desvio de 80 milhões de reais,estimativa, tanto que a reforma impediu-o de retornar ao campus; por que se achou que era o suficiente para ele não ter poder de agir contra a colheita de provas.
ResponderExcluirNão há dificuldades nesse caso,tanto é que a Corregedoria da UFSC já tinha pedido afastamento de reitor pelas pressões dele, triste pela família,mas o ato jurídico em si é correto.
Tanto que eu duvido em uma Universidade estrangeira algum professor de direito tenha coragem de dizer que um reitor estava impedindo as investigações com ameaça a de exoneração a quem trabalhava no caso e foi um erro prende-lo, por que depois ele se suicidou.
Não sei de maiores detalhes desse caso,pelo que li era uma prisão que não se justificava,triste demais esse país está ficando.Tangente a isso,temos que modificar com urgência a forma de se contratar servidores públicos,especialmente do judiciário.Em tempo,há corrupção na educação sim Lola,aqui na ufjf já estourou escândalo semelhante.
ResponderExcluirNa ufg também, reitor manteve relações com a jbs, e não vejo como uma prisão que não se justifica com grandes desvios feitos em uma universidade, precisa de investigação sim nessa merda de país.
ExcluirA polícia federal fez seu trabalho corretamente. O $ sumiu e ele estava complicando as investigações, inclusive dando fim a documentação que serviria de prova dos atos ilícitos. Por isso foi preso. Inocente provavelmente não era, pois não iria se matar. Seu ato foi um "harakiri" brasileiro, por causa da vergonha por ter roubado, mas não por ser inocente.
ResponderExcluirSe carne vencida é encontrada em um mercado, o gerente vai preso.
ResponderExcluirNão interessa se ele mandou descartar o produto, se ele indicou para ser demitido o(a) funcionário(a) que etiquetou, se o selo da vigilância sanitária é falso sem o seu conhecimento, se é uma gerente grávida que está no cargo há dois dias, a pessoa é imediatamente detida e depois se apura. Vem do cargo isso.
Se o reitor foi afastado no curso de investigações, isso também vem do cargo. E muito estranho seria se ele não tivesse sido retirado de suas atividades. Isso é procedimento padrão em qualquer instituição séria do mundo, quando a pessoa não acaba se afastando voluntariamente. Eu disse séria.
Nada devendo, solto no dia seguinte, sem provas contra si, o procedimento foi absoluta e coerentemente dentro da norma.
O suicídio é, sempre é, uma tragédia porém a decisão, em última análise, foi dele.
"[Ah,] claro, o dinheiro se roubou sozinho.
ResponderExcluirMas antos de esquerda são assim, tem [retórica] pra tudo.
Quando roubam estão na verdade "redistribuindo renda e financiando a revolução""
Tem alguns problemas muito sérios com o seu argumento.
O primeiro é que não há prova, até o momento, de que algum dinheiro tenha sido "roubado" (roubado não foi, é evidente; pode ter sido desviado).
O segundo é que o reitor não foi acusado desse desvio. A acusação é que ele estaria dificultando a investigação - o que seria motivo para afastá-lo do cargo, não para uma prisão ao estilo estalinista.
O terceiro, e mais ridículo, é que o homem sequer era de esquerda. Ao contrário, derrotou a ex-reitora, essa sim de esquerda, na última eleição. E a direita comemorou bastante; é só procurar as manchetes do Diário Catarinense para verificar.
Mas, claro, o pessoal globotomizado sempre tem argumento furado para tudo. E a verdade que se lixe, não vem ao caso, é só um pequeno detalhe. Ele não roubou, mas poderia ter roubado; ele não foi acusado, mas poderia ter sido; ele não era de esquerda, mas poderia ser. E todos esses "poderia" justificam o terror estalinista da jagunçada da PF e do Ministério Público.
"Se carne vencida é encontrada em um mercado, o gerente vai preso."
ResponderExcluirEle é levado para a delegacia para prestar esclarecimentos. Ele não é enxovalhado publicamente como responsável pelo fato, até que as responsabilidades sejam apuradas. Ou não deveria ser; com a polícia e a "justícia" brasileiras, nunca se sabe.
Mas é o que está na lei. A prisão preventiva ou provisória tem de ser pedida à autoridade judicial, não pode ser imposta pela polícia. E a autoridade judicial tem de fundamentar a decisão. E a decisão tem de estar de acordo com os artigos 312 a 315 do Código de Processo Penal. O qual determina que prisão preventiva só é cabível para os crimes puníveis com mais de quatro anos de prisão. O que não é o caso de nenhum dos crimes contra a administração da justiça, os quais todos, exceto denunciação caluniosa e exploração de prestígio, têm penas máximas menores que quatro anos.
Vi que vc já passou pelos sites oficiais e oficiosos do PT para saber como o que vc "pensa" sobre o ocorrido. Como previsto, atacou o judiciário (sem segundas intenções, claro)
ResponderExcluirDepois acha ruim quando dizem que toda esquerda brasileira é lacaia do PT.
Tenho que abrir uma exceção, por questão de justiça. Marina Silva e a rede são esquerda que não se submete aos desígnios do PT.
ResponderExcluirE por isso sofre ataques odientos.
Eu concordo que a ação do estado tenha tido seu papel nesse trágico desfecho. Mas eu acho que principalmente há de se falar do papel da corrupção endêmica no nosso país. Se não tivesse ocorrido o desvio de dinheiro num primeiro momento, não haveria ação policial. Se o brasileiro já não estivesse tão saturado com a corrupção e tão incrédulo no sistema, talvez o massacre moral não tivesse existido tb. A corrupção achou mais uma forma de matar, além de matar de fome e de doença os que foram privados do dinheiro devido ao desvio.
ResponderExcluirPrimeiro Ponto: A juíza que analisou o caso despachou a ordem que levou a sete prisões temporárias e buscas e apreensões de documentos, se fundamentou em quase 130 páginas o pedido da Polícia Federal, existindo posicionamento do Ministério Público Federal favorável. Ela analisou o caso por 55 dias para prolatar a decisão, apoiada no artigo 312 CPP, onde estão os pressupostos.
ResponderExcluirSegundo Ponto: A corrupção é bem menos de 80 milhões que seria o total das verbas envolvidas, mesmo assim é corrupção.
Terceiro Ponto: A juíza que soltou no dia posterior, era a substituta, que acatou o pedido da defesa, uma indagação não está no pedido o afastamento dele já seria o suficiente, já que a participação dele no suposto esquema não estaria configurada, portanto não existiria da parte do acusado enquadramento no Crime de Corrupção Passiva?
Não tinha conhecimento desse caso do reitor. Após ler o post da Lola e me solidarizar com a situação relatada, fui pesquisar um pouco. Não precisou muito para perceber que a história não foi bem assim. Ele tinha formação jurídica, fazia parte da estrutura administrativa da UFSC há anos, entendia da burocracia. Além disso, há notícia de ameaças e perseguição ao corregedor-geral e às professoras que comunicaram a ele a existência de irregularidades.
ResponderExcluirÉ muito trágico o que aconteceu. Lamenta-se a perda de uma vida dessa forma, claro. Mas não é razoável toda essa construção para transformar o falecido em mártir. Numa análise superficial, PF, MP e judiciário cumpriram seu papel. Querer responsabilizar os agentes públicos neste caso é forçar a barra.
Fico impressionado com a paciência do Donadio, o que vc faz? Ioga?
ResponderExcluirDonadio, você vai para o céu também direto pela paciência que tens. Não gosto do Cancellier, mas isso não impede que eu reconheça o sensacionalismo da operação. E vocês, direitosos que vem falar que a esquerda está criticando a Justiça Federal, saibam que Esperidião Amin e João dos Passos Martins Neto criticaram o sensacionalismo e não são de esquerda. Portanto, cresçam um pouco! Existem coisas que perpassam a seara ideológica. Abraços Lola e Donadio- tens Twitter ou Facebook? Gostaria de acompanhá-lo, teus comentários sempre são perspicazes ;)
ResponderExcluirConcordo com a Viviane sobre o fato de você talvez estar sendo um pouco ingênua. Não tem muito tempo que o ex reitor da UnB Timothy Mulholand se envolveu num caso de corrupção das lixeiras de dez mil reais.
ResponderExcluirNão estou fazendo juízo de valor do caso, mas a corrupção no nosso país é amplamente enraizada. O que for possível desviar e superfaturar será feito.
Mas que fique bem claro, Mila: não estou dizendo que esse reitor da UFSC teve culpa. Apenas que existe corrupção sim. Mas neste caso, parece que ele levou a culpa por atos da gestão anterior...
ExcluirMarina Silva só é de esquerda para os olavetes, que colocam até a Globo como organização comunista.
ResponderExcluir"o que vc faz? Ioga?"
ResponderExcluirNão... política. :)
E comunismo
Excluir"Ele é levado para a delegacia para prestar esclarecimentos. Ele não é enxovalhado publicamente como responsável pelo fato, até que as responsabilidades sejam apuradas. Ou não deveria ser; com a polícia e a "justícia" brasileiras, nunca se sabe."
ResponderExcluirNão, vai preso mesmo. É dada voz de prisão em flagrante. Meu pai foi gerente de uma empresa varejista estrangeira e aconteceu exatamente o que foi dito aí, com uma semana no cargo, a pessoa que estava antes dele fez um monte de merda (de propósito), mandou reetiquetar uma pá de coisas, uma senhora de idade viu uma muçarela reetiquetada e pronto, processo por crime contra as relações de consumo. Solta no outro dia mas é preso, algemado, fica em cela, tem que chamar advogado. Sai no jornal, seus vizinhos reconhecem sua foto na saída de delegacia, ficam perguntando, aparece na Globo o nome do seu pai em letras garrafais, fica lá teu nome pendente. Só que é uma consequência da função e se não fosse meu pai, teria sido outro. Tá na descrição do emprego: ser preso pela merda que outros fizeram. Depois de tudo isso aí ele foi trabalhar em outra coisa.
21:09, duas coisas:
ResponderExcluirPrimeiro, a legislação muda. Não sei quando isso aconteceu com seu pai, mas é possível que na época a lei permitisse isso. Hoje, não permite - e eu espero que você concorde comigo que é um avanço.
Segundo, a polícia faz coisas manifestamente ilegais. Prende sem ordem judicial, mente para o juiz para conseguir a ordem, bate nos investigados para que confessem, vaza para os outros presos que o cidadão é estuprador, vaza para a imprensa informações falsas ou irrelevantes para a apuração do caso, etc, etc, etc, etc.
E é disso que estamos falando: de a polícia - e o judiciário - fazer coisas ilegais. Em geral, e em particular no caso do falecido reitor. E, de novo, eu espero que você concorde comigo que essas ilegalidades cometidas pela polícia não são normais nem aceitáveis.
"Eu não faço a menor ideia de como pode haver corrupção ou desvio de dinheiro na universidade pública. "
ResponderExcluirLola, vc é muito fofa. Você tem total credibilidade para falar isso e eu acredito realmente que, ainda que você quisesse, não saberia como roubar recursos da sua universidade.
Mas acredite, criminosos - ainda que seja difícil crer que colegas nossos sejam criminosos - são criativos.
Eu já falei aqui que trabalho no MPF e volta e meia - por conta de a Universidade Federal ser uma autarquia -, alguns procedimentos investigando professores passam pelas minhas mãos. Quantos e quantos não recebem gratificação por dedicação exclusiva e não se dedicam exclusivamente à universidade? Quantos não cumprem jornada?
E quanto maior a responsabilidade do cargo, maior a probabilidade de verbas passarem pelo seu crivo.
Quantas irregularidades em licitação, em parcerias firmadas com setores privados, eu já vi aqui, na universidade que estudei?
Então, acredite, nao só dá pra roubar, como tbm é um lugar bastante propício pra isso.
Lamento também o que aconteceu com o reitor da UFSC, ainda que ele de fat estivesse obstruindo as investigações. Isso aliás, ocorre muito em ambientes corporativistas. E é sim necessário que ele seja afastado do local quando há suspeita (SIM, BASTA SUSPEITA), pois ele pode destruir provas, por exemplo.
Foi triste, mas não foi culpa de quem decretou a prisão.
Alícia
Por um bom tempo o problema foi exatamente
ResponderExcluiro sufocante autoritarismo do PT…
Mas em 2016 tivemos um enorme alívio.
Nos libertamos da adstringente ideologia petista
devido aos criativos movimentos de rua no ano passado.
O MBL teve o seu papel empírico, em 2016!
MBL [Movimento Brasil Livre]
faz jus ao nome dessa sigla, sem dúvida.
A diminuição do poder vigarista do PT com
a saída de Dilma, em 2016, foi fortemente
permitido devido ao MBL.
Empírico, corajoso e pragmatista,
o Arthur do “Mamãe Falei” ajudou enormemente
a desconstruir o discurso ideológico
do PT através do método socrático.
Pelo menos MBL e o Arthur lutam contra
o lixaço da doutrina
petista (conhecida como Petismo),
lutam contra o brega, o barangismo petista,
o mau gosto, o barangão do sertanejo universitário
do petismo [inventado na Era Dilma-Lula],
o cafona e lutaram contra o autoritarismo
sufocante do PT
e o Kitsch.
«No reino do kitsch se pratica a ditadura do coração.»
"Eu não faço a menor ideia de como pode haver corrupção ou desvio de dinheiro na universidade pública."
ResponderExcluirO modelo clássico é a licitação arranjada. Evidente que não vai render bilhões de reais, mas um lucro superfaturado para a empresa fraudadora, mais uns trocados para os servidores fazerem vista grossa, isso dá.
Outras ideias: notas fiscais frias, superfaturamento nas compras, termos aditivos, etc, etc, etc.
Um exemplo dessa corrupção miúda (não foi na universidade, e não deu certo, mas mostra como a turma é desinibida). Fulana foi indicada fiscal de contrato - no caso, um contrato de prestação de serviços de eventos. Logo em seguida, foi procurada por um representante da empresa, o qual, para encurtar conversa, queria que ela fechasse os olhos nos casos em que a empresa não cumprisse integralmente o contrato. O tipo de coisa envolvida? Tipo, colocar só dois bebedouros e cobrar por três. A moça ficou indignada e passou a acompanhar em cima os eventos; se faltava um paliteiro ela glosava e descontava da nota fiscal.
Outro exemplo. As ruas de Porto Alegre, antes da administração Olívio Dutra, viviam encharcadas no inverno, devido à ruptura das tubulações de água e esgoto. Ocorre que estas eram em cimento amianto, que é um material que resiste muito mal à dilatação/contração causadas pela variação de temperatura (Porto Alegre tem uma amplitude térmica considerável, com verões quente e invernos quase frios - e às vezes a gente tem as quatro estações do ano num só dia, com geada de madrugada e sol de rachar às 13h). Quando o novo diretor do Departamento de Água e Esgoto, nomeado pelo Olívio, assumiu, verificou a situação e perguntou: mas por que não usamos tubulações flexíveis? Foi um pandemônio, com a tchurma querendo justificar tecnicamente o que só era possível explicar de outra forma (não usavam tubulações flexíveis por que... tubulações flexíveis não quebram devido à variação térmica, portanto não vão possibilitar compras de emergência, com dispensa de licitação, quando os canos estouram).
Corrupção, no Brasil como em qualquer lugar do mundo, se origina nas empresas contratadas, não nos órgãos públicos contratantes. E elas vão atrás de tudo quanto é oportunidade de lucrar mais do que o contratado, indo de "economizar" um bebedouro numa festividade de inauguração até fraudar uma licitação de milhões de reais, para ganhar 150 milhões em vez de 100.
Pô, João Luiz, mas tu escreve mal de verdade, hein?
ResponderExcluirFico sabendo agora que 105 policiais federais foram trazidos do Maranhão para Santa Catarina, para a perigosa missão de prender sete professores universitários. Isso em época em que a PF não tem dinheiro para imprimir passaportes.
ResponderExcluir105 policiais deslocados de um canto a outro do país, para prender sete burocratas fora de forma física, nenhum dos quais provavelmente jamais segurou uma arma de fogo na vida. Para reprimir o que pode, na pior das hipóteses, ser caracterizado como infração administrativa. Para prendê-los, fazer-lhes revista íntima humilhante (o que é? o que eles poderiam ter de tão perigoso dentro do ânus? 435 quilos de cocaína? 51 milhões de reais? Um exemplar da Constituição, uma tabela de logaritmos, o Capital no original alemão, talvez o Vermelho e o Negro, do perigoso agente anarco-flamengo-paraibano-comunista Henri Stendhal?) O que eles iriam fazer se fossem simplesmente convidados a depor na delegacia, como manda a lei? Desviar um Boeing da TAM para Nárnia ou Liliput, sequestrar a delegada de plantão com um abridor de páginas, enfrentar e desarmar a polícia com uma almofada de carimbos e um extrator de grampos, pronunciar a temida e esotérica fórmula de Bhaskara?
Que vergonha, que vergonha, que vergonha. Que meganhagem despreparada, ignorante, prepotente.