Bianca deixou um comentário polêmico num post antigo.
Oi, Lola, tudo bem?
Primeiro gostaria de dizer que gosto muito do blog e sempre recomendo seus textos. Preciso dizer logo de cara também que concordo com absolutamente TUDO que vc pontuou em relação aos trechos do livro Quando os Adams Saíram de Férias. Algumas passagens me deram náuseas, na real. É absurdamente misógino e perigoso.
Dito isso, sinto a necessidade de fazer algumas considerações. Eu pesquiso na área de violência sexual, sob uma perspectiva feminista, e uma das coisas que tenho tido muito cuidado ao escrever é a questão do orgasmo durante a violência sexual. Essa é uma noção que também me parecia impossível, uma fantasia da nossa sociedade misógina. Mas isso é parcialmente verdade.
A noção de que uma mulher pode ter PRAZER durante a violência sexual, realmente, é ABSURDA. Não se pode conceber, nem coadunar com a ideia de que uma vítima de estupro passe a "gostar" da agressão que está sofrendo e por isso sinta prazer com o ato, que deixaria de ser estupro. Essa é uma ideia nojenta, e se entendemos o orgasmo nesse sentido, você está absolutamente certa.
No entanto, é preciso falar de uma realidade que contribui para o silenciamento de muitas vítimas de estupro e para o seu auto-flagelamento, que é o acontecimento do orgasmo como resposta FÍSICA, biológica, INVOLUNTÁRIA. Isso é uma realidade para algumas vítimas de violência sexual, e é uma realidade cruelmente utilizada para fazê-las acreditar que no fundo queriam ser estupradas, ou que gostaram da experiencia, quando na verdade o orgasmo (enquanto reação física) NADA TEM A VER com prazer. O próprio mito de que as mulheres só conseguem gozar quando tem uma conexão emocional com o parceiro, silenciando os aspectos biológicos da cópula (que existem para mulheres, tanto para homens), também contribui para a associação imediata de "orgasmo" com "prazer" e com "consentimento". É isso que precisa ser desconstruído.
Então, a minha contribuição é no sentido de que todxs compreendam que vítimas de violência sexual PODEM SIM ter orgasmo durante o estupro, mas que isso DE MANEIRA NENHUMA significa prazer, consentimento, ou um desejo secreto de ser violentada.
É apenas uma resposta biológica, que não anula a violência sofrida e que deve ser discutida para que mulher nenhuma se sinta culpada (ainda mais culpada) por passar por essa experiência.
Então é preciso ter muita cautela com declarações do tipo "duvido que uma mulher possa ter um orgasmo durante o estupro".
Meus comentários: Bianca, concordo contigo em vários pontos. Sim, é preciso ter cuidado com declarações como a que eu fiz. Sem dúvida, este assunto de orgasmo no estupro é um tabu gigantesco. E, se algumas vítimas tiveram orgasmo, tudo que a gente não quer é que elas se sintam ainda mais culpadas por esta reação involuntária.
Discordo quando você diz que, se alguém sente prazer com o ato sexual, o estupro deixaria de ser estupro. Continuaria sendo estupro de qualquer jeito. Vamos supor que alguém é assassinado e, antes de morrer, sinta um prazer masoquista com o sofrimento. Continua sendo assassinato de toda forma, certo?
Como este não é um diálogo apenas entre nós duas -- que concordamos que ter orgasmo durante um estupro não quer dizer que a vítima consentiu ou que gostou --, alguns esclarecimentos. Apesar do tema ser polêmico e tabu, vamos tentar discuti-lo em alto nível. Isso significa que se você é um misógino que acha que mulheres adoram ser estupradas, você não está no lugar certo (eu ia dizer que você não deveria estar num blog feminista, mas pensando melhor, acho que você não deveria estar no Planeta Terra mesmo).
Não estou pedindo, diz manifesante numa Slut Walk (marcha das vadias) |
É verdade que muitas mulheres fantasiam em ser estupradas. Mas qual parte da palavra "fantasia" será que os misóginos não entendem? As pessoas fantasiam milhares de coisas, e nem por isso vão fazê-las ou sequer querer fazê-las. Por exemplo: talvez a maior parte de nós já tenha fantasiado em se suicidar em alguma parte da vida. É comum imaginar como seria deixar de viver, como morrer com o mínimo de sofrimento. Felizmente, não são todos os que fantasiam com suicídio que se suicidam. A esmagadora maioria que pensa nisso não quer se matar.
Fantasias com estupro podem ser parecidas. Pra começar, estupro não é uma fantasia. É uma realidade. Uma realidade horrível que atinge talvez um quinto das mulheres (ou seja, grandes chances que quem está lendo este post já foi estuprada, ou que conheça alguém que foi). E mesmo as mulheres que nunca foram estupradas sentem medo do estupro. A ameaça do estupro é uma realidade que aterroriza a maior parte das mulheres. Praticamente toda mulher que conheço tem uma história de horror pra contar -- se não de estupro, das vezes que conseguiu escapar de um estupro.
Isso posto -- que ninguém quer ou merece ser estupradx --, vamos à discussão. Este artigo cita vários números. Uma terapeuta de crianças que lida com abuso sexual disse que as estatísticas variavam entre 10% a 50% de jovens mulheres terem orgasmo durante estupro. Mas não sei se isso é de confiança, pois a pessoa nem tem nome e apareceu numa dessas discussões no Reddit.
A autora do artigo entrevistou meia dúzia de terapeutas e a maioria disse que orgasmo no estupro era incomum, mas que conheciam casos.
Um desses especialistas, Matthew Atkinson, autor de Resurrection After Rape (Ressurreição Após o Estupro), disse que, entre os 500 a 600 pacientes que atendeu (e isso inclui homens), talvez uns 24 relataram pra ele ter tido orgasmo no estupro. Mas ele vê que, nas discussões na internet, parece haver grande interesse no assunto (ahã, imagino que interesse seja esse).
Vamos lembrar que estamos falando não só de mulheres vítimas de estupro, mas também de crianças e homens. Ou seja: se é possível que mulheres tenham orgasmo no estupro, também é possível que homens e crianças tenham.
Mas é importante sim desvincular orgasmo de prazer sexual. Como o artigo diz, orgasmo pode ser uma resposta do corpo ao estupro, tanto quanto qualquer outra resposta fisiológica, como respirar e suar.
Outro artigo aponta: "Excitação (arousal) durante o estupro não significa consentir, nem significa sentir prazer. Acontece por causa da biologia". Alguns pesquisadores falam até que a lubrificação pode acontecer como uma defesa inconsciente do corpo para que os genitais não fiquem tão machucados com o estupro.
Bianca, eu tenho dificuldade em aceitar essa premissa de orgasmo no estupro (o que não quer dizer que não existe) porque tantas mulheres não têm orgasmo durante um ato sexual consensual, que dizer com estupro.
As pessoas podem ter orgasmo no estupro. Não quer dizer que não foi estupro. |
Apenas 25% das mulheres frequentemente têm orgasmo durante a penetração vaginal. É o que diz o livro The Case of the Female Orgasm (O caso do orgasmo feminino), que analisou 33 estudos dos últimos 80 anos. 50% das mulheres às vezes têm orgasmo. 20% têm raramente ou quase nunca. 5% nunca têm. Em outras palavras, o que tanta gente já sabe: pras mulheres terem orgasmo, é preciso algum tipo de estímulo clitoriano.
O que você levanta, Bianca, é uma discussão válida -- que vítimas de estupro podem ter tido orgasmo durante o estupro, e que nem por isso devem sentir-se culpadas. E que é um pouco irresponsável eu, ou qualquer outra pessoa, duvidar da existência disso (quero dizer, eu jamais diria pra uma vítima "Você está mentindo que teve orgasmo!").
A "glamurização" do estupro coletivo num anúncio |
O meu problema é com o senso comum, que tantas vezes associa estupro a uma oportunidade de prazer para as mulheres (e essa é uma das muitas mentiras espalhadas pela cultura do estupro). Vemos isso o tempo todo nas piadas sobre estupro. E, muitas vezes, quando autores (principalmente homens) escrevem ou falam sobre estupro, que é o caso de Quando os Adams Saíram de Férias.
É urgente a - Educação formal e informal - com foco na humanização e no debate a fim de diluir contextos tenebrosos como os relatados na postagem.
ResponderExcluirNo MK-ULTRA é feito a vítima ter orgasmos para ela poder continuar sobrevivendo aos severos e constantes abusos sexuais brutais, se não a vítima acabará morrendo e nos poucos relatórios vazados da CIA, até mesmo nos abusos psicológicos as vítimas acabavam tendo orgasmos como meio de tentar proteger a mente. Então tudo o que foi dito é verdade.
ResponderExcluirA autora não afirma que sentir prazer durante o estupro deixa de ser estupro. Ela afirma que isso é a conclusão de uma noção equivocada.
ResponderExcluirFabi
O corpo reage pra que o dano seja menor. Ponto. Acabou. Quaisquer outras conclusões a respeito de orgasmo durante o estupro é fantasia de estuprador enrustido misógino. A culpa não é das vítimas se elas precisam dessa defesa. E quem disser o contrário pode ir pros décimos oitavos dos infernos de uma vez.
ResponderExcluirA mascuzada que nós sabemos que virá aqui defender os parças estupradores:
Fo.dam.se.
Andando...
ResponderExcluirPrimeiro que 99% das mulheres não tem orgasmo com penetração somente com estimulo clitoriano,agora orgasmo com estupro? Acho impossível acontecer.
ResponderExcluirO.o,nao eh pq de um jeito seja mais facil, que do outro seja impossível ou pra vc nao eh tao legal, algumas das garotas que conheci e tive relacionamento longo, adoravam trasar de todas as maneiras e as vezes nem queriam penetração soh boca,mao e corpo, NORMAL,mas tinham outras que adoravam e se nao tivesse penetração nao gostavam...eh tudo questao de gosto ueh
ExcluirAlguns homens não gostavam de serem penetrado e outros sim.
ExcluirSe nós olhamos o ato em mais detalhes o ato da penetração é um homem montando em uma mulher para introduzir um largo membro dele dentro das partes mais intimas dela, frequentemente forçando ela a estar inteiramente nua, batendo-se contra ela com todo peso de seu corpo e quadris, sacudindo ela como ele encheria um cadáver, em seguida, usando ela como um receptáculo para seus dejetos penianos. Como é isso um modo civilizado, respeitoso de tratar qualquer um? Desculpa pela imagem explícita, mas é isso que é e isso é absolutamente revoltante e violador.
ResponderExcluirO termo ‘’vá se foder’’ não é um insulto a toa, os homens sabem porque é a pior coisa que você pode fazer para um ser humano. Isso é extremamente um ato fisicamente invasivo, doloroso muito frequentemente, comumente no começo antes da dor, pode ser cortada pelo excitamento genital; causa todos os tipos de lágrimas, contusões, inchaços, desconfortos, DSTs, infecções vaginais, infecções urinárias, verrugas genitais, HIV e morte. Sem esquecer as adicionais intervenções sado-ginecológicas/custos da manutenção da penetração, e toda a mutilação física secundária e custos financeiros que vêm com nosso dever de nos fazer mais decorativas para o consumo sexual masculino como remoção de pelos, maquiagem, fome ou alimentação forçada, corte ou deformação torturante da pele, etc.
O fato do coito causar tantas infecções e lágrimas e verrugas atesta a não naturalidade do coito, o que não devia ser. A função primária da vagina não é ser penetrada por um pênis mas ejetar um bebê que nasce. Há dois tecidos/esfíncteres pressionados um contra o outro para ajudar o bebê a ser empurrado para fora. A penetração do pênis na vagina é completamente desnecessária para o prazer feminino.
Post e assunto muito necessários. O assunto deveria continuar a ser abordado ainda mais vezes, de todos os seus aspectos: físico-biológico, cultural, social, educacional e psicológico - estes quatro últimos do ponto de vista das massas - e como questões psicológicas internas e aparentemente íntimas e individuais são manipuladas para externalizar-se e massificar-se como cultura do estupro e suporte para manutenção do patriarcado.
ResponderExcluirEssa cultura está tão enraizada em massa nas subjetividades humanas que torna até mesmo o entendimento da argumentação do post desafiante, mesmo diante da alta educação formal - esta mostra que não é páreo para as movimentações subterrâneas que verdadeiramente nos conduzem - e uma verdadeira liberdade diante dos vários modos de assujeitamento, óbvios e não tão óbvios está na saúde desses afetos e vontades que realmente nos movem e definem. Assim, a autora do post *não* declara que "se alguém sente prazer com o ato sexual, o estupro deixaria de ser estupro." Ela declara que "o mito de que as mulheres só conseguem gozar quando tem uma conexão emocional com o parceiro, silenciando os aspectos biológicos da cópula (...) contribui para a associação imediata de 'orgasmo' com 'prazer' e com 'consentimento'." Portanto, ela destaca uma das característica (o mito citado) do gênero feminino criado pelo patriarcado e atribuído como conjunto de características às mulheres, para demonstrar como esta característica é usada pela cultura do estupro como um de seus suportes. A autora não endossa essa prática cultural, ao contrário, ela a revela e denuncia.
A qualidade puramente física e autônoma dos arcos reflexos é bem conhecida da ciência há muito tempo. Porém, a educação sexual é praticamente nula no Brasil, e as pessoas simplesmente desconhecem que os orgasmos fazem parte desta categoria de estímulo neural, sendo totalmente independentes da vontade consciente.
Para quem acompanha a cultura pop, esta questão do orgasmo e violência sexual já foi assunto do seriado Special Victims Unit, na temporada 15, episódio 13. Esta série tem 18 anos, e acho que devo ter assistido a quase todos os episódios desde então. Espero que ainda dure muito, pois só melhora com o tempo - só não podem mudar a protagonista - Olívia tem de chegar velhinha ao final, daqui uns 20 anos, continuar sendo promovida, mas nunca cair pra cima. ;-) Minha crítica ao seriado é que ele ainda reluta em reconhecer a cultura do estupro e se foca em casos pontuais, fato agravado por sua natureza procedura. Mas, como a sérieainda não atingiu o topo de sua curva bayesiana, acho que essa evolução ainda vai acontecer.
Por fim, a todas e todos recomento cuidar dos afetos. Há muita ajuda disponível nessa área, muitas correntes psicológicas e psico-analíticas, mas a que eu mais recomendo, por ir direto aos nossos subterrâneos, ao nosso magma em ebulição onde tudo criamos, desviando-se dos enganos e defesas das placas tectônicas racionalizantes - é a terapia reichiana. Por pegar a via do corpo, sem esquecer da mente, mas tornando-a mais saudável por meio do corpo do qual ela é parte, evita-se muita esgrima desnecessária, extenuante e improdutiva entre egos - como vemos tão comumente nesta Ágora pós-moderna em que nos encontramos agora, não é mesmo? Tanto adoecimento e tão pouca saúde na Internet - e nos mundo, e nas subjetividades - e quanta proteção ao adoentamento, quanta energia investimos em couraças narcísicas - ao longo de todo o espectro pseudo-político em que as pessoas resolveram se distribuir...
Sentimentos sexuais são aprendidos e podem ser desaprendidos. A construção da sexualidade em volta da dominação e submissão é suposta como “natural” e inevitável porque homens aprendem a operar o símbolo de seu status de classe dominante, o pênis, em relação à vagina de forma que assegure o status subordinado da mulher. Nossos sentimentos e práticas do sexo não podem ser imunes a essa realidade política. E eu sugiro que é a afirmação dessa relação de poder, a asserção de uma distinção entre “os sexos” por meio de comportamentos de dominação/submissão que proporcionam ao sexo sua saliência e a intensa excitação geralmente associada a ele na supremacia masculina.
ResponderExcluirDesde o começo dos anos 70, teóricas feministas e pesquisadoras têm revelado a extensão da violência sexual e de como a vivência e o medo dela castram as vidas e oportunidades das mulheres. O abuso sexual infantil diminui a habilidade de mulheres de desenvolver relações fortes e afetuosas com seus corpos e com outras pessoas, e criar confiança para enfrentar o mundo. O estupro na idade adulta, incluindo estupro no casamento e namoro, produz efeitos semelhantes. Assédio sexual, voyeurismo, exposições e perseguições diminuem as oportunidades igualitárias das mulheres na educação, no trabalho, em suas casas, nas ruas. Mulheres que foram usadas na indústria do sexo desenvolvem técnicas de dissociação para sobreviver, uma experiência compartilhada por vítimas de incesto, e lidam com danos à sua sexualidade e relacionamentos. A consciência da ameaça suprema obscurecendo as vidas das mulheres, a possibilidade do assassinato sexual, nos é exposta regularmente através de manchetes de jornais sobre as mortes de mulheres.
Os efeitos cumulativos de tais violências geram o medo que faz com que as mulheres limitem aonde elas vão e o que fazem, ter o cuidado de olhar para o banco de trás do carro, trancar portas, usar roupas “seguras”, fechar cortinas. Como mostram estudos feministas como o de Elizabeth Stanko em Everyday Violence (1990), mulheres têm consciência da ameaça de violência masculina e modificam suas vidas por conta desse medo, mesmo que elas não tenham vivenciado um assédio mais grave. Em contraste com essa realidade cotidiana das vidas das mulheres, a noção de que um orgasmo “em qualquer circunstância” poderia aniquilar esse medo e vulnerabilidade reafirmada é talvez a falácia mais cruel do pseudofeminismo.
A violência sexual masculina não é trabalho de indivíduos psicóticos, mas o produto da construção normativizada da sexualidade masculina em sociedades como a dos Estados Unidos e Austrália atualmente – como a prática que define o status superior dos homens e subordina as mulheres. Se nós realmente queremos acabar com essa violência, não devemos aceitar essa construção como o modelo do que “sexo” realmente é.
O prazer sexual para mulheres é uma construção política também. A sexualidade feminina bem como a masculina foi forjada no modelo de dominação/submissão, como um artifício para satisfazer e servir à sexualidade construída nos homens e para eles. Enquanto que garotos e homens foram encorajados a direcionar todos os seus sentimentos à objetificação do outro e são recompensados com o “prazer” pela dominação, mulheres aprenderam seus sentimentos sexuais em uma situação de subordinação. Garotas são treinadas através de abuso sexual, assédio sexual, e desde muito cedo com encontros sexuais com garotos e homens assumindo um papel sexual reativo e submisso. Nós aprendemos nossos sentimentos sexuais da mesma forma que aprendemos outras emoções, em famílias de dominação masculina e em situações nas quais nós não possuímos poder, cercadas de imagens de mulheres como objetos na publicidade e em filmes.
O maravilhoso livro de 1994 escrito por Dee Graham, Loving to Survive, retrata a heterossexualidade feminina e a feminilidade como sintomas do que ela chama de Síndrome de Estocolmo Social. Na apresentação clássica da Síndrome de Estocolmo, reféns aterrorizados criam vínculo com seus captores e desenvolvem cooperação submissa a fim de sobreviver. Manuais para aqueles que podem ser feitos reféns, como aquele que me foi dado quando eu trabalhei numa prisão, descrevem táticas de sobrevivência que lembram os conselhos oferecidos em revistas femininas sobre como conquistar homens. Se você for tomado como refém, dizem esses manuais, você deve falar sobre os interesses e família do captor para fazê-lo compreender que você é uma pessoa e ativar sua humanidade. A Síndrome de Estocolmo desenvolve-se naqueles que temem por suas vidas, porém dependem de seus captores. Se o captor demonstra qualquer gentileza, mesmo quando mínima, é provável que o refém desenvolva um vínculo com seu captor até mesmo ao ponto de protegê-lo de perigos e adotar plenamente seu ponto de vista acerca do mundo. Graham define a violência sexual rotineira que as mulheres vivenciam como “terrorismo sexual”. Em face desse terror, Graham aponta, mulheres desenvolvem Síndrome de Estocolmo e criam vínculos com homens.
ResponderExcluirUma vez que a sexualidade feminina se desenvolve nesse contexto de terrorismo sexual, nós podemos erotizar nosso medo, nosso vínculo aterrorizado. Toda excitação sexual e liberação não é necessariamente positiva. Mulheres podem ter orgasmos ao serem sexualmente abusadas na infância, no estupro ou na prostituição. Nossa linguagem possui apenas palavras como prazer e gozo para descrever sentimentos sexuais, e nenhuma palavra para descrever os sentimentos que são sexuais mas dos quais não gostamos, sentimentos que vêm da experiência, sonhos ou fantasias sobre degradação ou estupro e que causam angústia apesar da excitação.
O “sexo” promovido por revistas femininas e até mesmo feministas, como se esse fosse dissociado da realidade do status subordinado da mulher e experiência de violência sexual, não oferece nenhuma esperança de desconstrução e reconstrução das sexualidades tanto masculinas como femininas. Sadomasoquismo e cenas de “fantasia”, por exemplo, nos quais as mulheres procuram se “perder”, são frequentemente utilizados por mulheres que foram abusadas sexualmente. A excitação orgástica experimentada nesses cenários simplesmente não consegue ser sentida nos corpos dessas mulheres se e quando elas permanecem alertas e conscientes de quem elas realmente são. O orgasmo da desigualdade – longe de encorajar as mulheres à busca da criação de uma sexualidade proporcional à liberdade que feministas visualizam – simplesmente recompensa mulheres com o prazer da dissociação.
Um fato simples para constatar como sexo hétero/penetração coloca a mulher em uma posição
ResponderExcluirde submissão e que homens podem estuprar uma mulher, uma mulher não pode estuprar um homem.
Nunca que uma mulher vai ter a capacidade da violência de uma penetração forçada.
Muitas mulheres, incluindo feministas, limitaram suas visões de como tornar as mulheres livres e decidiram focar-se em ter orgasmos mais poderosos de qualquer forma possível. A busca pela orgasmo da opressão funciona como um novo “ópio para as massas”. Ela desvia nossas energias das lutas necessárias contra a violência sexual e a indústria globalizada do sexo. Questionar-se sobre como esses orgasmos são experimentados, o que significam politicamente, se são obtidos através da prostituição de mulheres na pornografia, não é fácil, mas também não é impossível. Uma sexualidade de igualdade adequada à nossa busca pela liberdade ainda precisa ser construída e defendida se nós desejamos libertar as mulheres da sujeição sexual.
ResponderExcluirA habilidade de mulheres de erotizar sua própria subordinação e “gozar” a partir da sua própria degradação e de outras mulheres ao status de objeto impõe um grande obstáculo. Enquanto mulheres receberem alguma recompensa no sistema sexual atual – enquanto elas sentirem prazer dessa forma – por que elas desejariam mudar?
Eu sugiro que é impossível imaginar um mundo no qual mulheres são livres ao mesmo tempo que se protege a sexualidade baseada precisamente na sua ausência de liberdade. Nosso impulso sexual deve se igualar ao nosso entusiasmo político pelo fim de um mundo sustentado por todas as hierarquias abusivas, incluindo raça e classe. Somente uma sexualidade de igualdade, e nossa habilidade de visualizar e batalhar por tal sexualidade, torna a liberdade das mulheres possível.
Como as Políticas do Orgasmo Sequestraram o Movimento Feminista
Como as Políticas de Orgasmo se Apoderaram do Movimento Feminista
Por que o orgasmo seduziu tantas feministas – até a revista Ms. – a uma contra-revolução interna?
Sheila Jeffreys
"Sentimentos sexuais são aprendidos e podem ser desaprendidos. "
ResponderExcluirAff, sério isso? Este é o pensamento de quem prega a "cura gay" e "é preciso evitar relações homossexuais na TV pras crianças não aprenderem isso"! A sexualidade é muito mais séria e complexa que simples construção social.
Entao quer dizer que vc nao aprendeu tudo oque te da tesão durante sua vida?explique como vc nasceu com elas ,adoraria ver alguem tentar ;)
Excluir????????
ExcluirA orientação sexual nascesse.Mas ninguém é 100 % pra um lado ou outro
Não mesmo, Anon. das 08:03, eu sou lésbica e desde que me lembro fui ensinada que devia amar meninos, ter tesão por pênis grandes e caras musculosos etc e tudo isso me causa nojo.
ExcluirConsegue sair da primeira frase destacada e colocá-la no contexto geral?
ResponderExcluirLeia o texto inteiro, tente largar essa superficialidade e medo irracional por alguns minutos. Quem disse que construções sociais são simples? Isso é uma total inversão da realidade, a heterossexualidade que é ensinada e propagandeada para todas as crianças desde muito cedo e a homossexualidade não é doença para ser "curada". O temor de abordar esses assuntos só protege o problema de ser honestamente discutido e solucionado, é a defesa perfeita que querem aqueles que naturalizam todo tipo de opressão, desigualdade e desgraças construídas da sociedade em que a gente vive e colocam esses problemas como inevitáveis ou "apenas coisas da vida, é assim e pronto".
Eu li tudo, mas por ser baseado em uma premissa incorreta não muda a informação inicial. Não se determina esse tipo de coisa por influência por meio, se fosse assim a teoria de que pais gays não podem adotar pra não influenciarem o filho a ser gay também teria lógica.
Excluir
ResponderExcluir"Sentimentos sexuais são aprendidos e podem ser desaprendidos. "
Concordo, ate porque discordar seria admitir que somos frutos apenas de determinismos biológicos e não seres sociais.
Somos uma não mistura de ambos, minha professora de psicologia falava sempre que "tudo influencia, nada determina."
Excluir"A habilidade de mulheres de erotizar sua própria subordinação e “gozar” a partir da sua própria degradação e de outras mulheres ao status de objeto impõe um grande obstáculo"
ResponderExcluirExatamente, a mulher e o único grupo oprimido de quem se espera que erotize a própria opressão.
E como ver ovelhas tendo tesão por lobos.
Gostei muito dos comentários das 18:52 e 18:59. O tema do Post reverbera e instiga. Encontrei o texto original, do qual os comentários citam trechos:'Como as Politicas do Orgasmo Sequestraram o Movimento Feminista', de Sheila Jeffreys - pode ser lido e baixado aqui: http://minhateca.com.br/LynnaGabriella/Documentos/Feminismo/Como+as+politicas+do+orgasmo+sequestraram+o+movimento+feminista,217590084.docx
ResponderExcluirPesquisando o comentário das 13:50, também muito interessante, encontrei o texto completo traduzido: https://marefeminista.wordpress.com/2015/11/09/piv-sempre-e-estupro-ok/comment-page-1/ e o original: https://witchwind.wordpress.com/2013/12/15/piv-is-always-rape-ok/
Ambos os textos valem a leitura completa - são pensamentos lúcidos sobre a vida vindos de lúcidas pensadoras - e deveriam ser parte de um guia para uma verdadeira e realista Educação Sexual para as jovens e os jovens.
Creio que nosso período histórico, em que sobre as falhas globais de uma pseudo-esquerda na verdade neoliberal ou autoritária emergem um conservadorismo e uma direita profundamente enraizados em raiva, medo e nojo - além de um pseudo-feminismo que como térmita visa corroer e destruir por dentro - também é uma época em que padrões sexuais tidos como 'normais' e 'obrigatórios' começam a ser questionados. Como exemplo cito os assexuais e os g0ys. E até mesmo o pseudo-feminismo contribuiu para esse abrandamento da guarda social a respeito do sexo. Apesar de seu objetivo de cupim ser outro, a intensa divulgação de sua agenda pela mídia mainstream - a mesma que ataca as esquerdas, ora mostrando sua face neoliberal político-econômica, ora mostrando sua face dos 'costumes', que ainda se apega ao termo 'liberal', mais confundível com 'livre' - infiltrou-se de tal maneira no imaginário sócio-cultural que abriu uma porta por onde, com inteligência e estratégia, nós também poderemos passar.
Escolhi assexuais e g0ys como exemplo porque são grupos que, na realidade, buscam escapar da violência imposta aos corpos, da sua maneira, tateando no escuro da vida, experimentando, e se agarrando a rótulos como tábuas de salvação que aparecem boiando nesse mar revolto - tática válida para sobreviver neste aqui-agora, aliás utilizada ao extremo - as classificações se multiplicam e se subdividem: dividir para conquistar sempre funcionou bem para o capitalismo, o liberalismo, o neo-liberalismo, o patriarcado.
Um educação sexual de verdade, não da pós-verdade, tem que incluir a lucidez sobre o mundo, sobre nós humanos, a partir de perspectivas histórias, biológicas, afetivas, filosóficas e feministas. Só assim as jovens e os jovens poderão verdadeiramente se encontrar, encontrar a si próprios, influenciar suas mães - e promover uma verdadeira revolução, livres do poder em todos os aspectos da vida. Caso se vejam perdidos em seu desejo, não mais sentindo atração pelo que ou por quem sentiam antes de mergulhar nesse estudo e práxis da vida e de si mesmos... Tudo bem! Estão prontos para encontrar o que os move realmente, de uma perspectiva verdadeiramente livre, saudável. Experimentem, pensem, vivam. Se querem viver virgens, que seja, não há problema nenhum. Querem comunicar-se com seus corpos e outros corpos de certas maneiras e de outras não, perfeito. Querem acoplar seus corpos, também não há problema nenhum, mas sendo livres de fetiches e perversidades, certamente o farão de melhores maneiras, menos influenciados pela pornografia e mais pelo tantra, quem sabe... Querem outras formas de reprodução? Há várias. E há tudo que ainda não há. Há tudo que ainda pode ser inventado.
Quando a liberdade é real, sem narcisismo, sem medo, para viver, pensar, criar... a vida torna-se plena, serena, forte, corajosa... as divisões desaparecem – não as diferenças, mas as barreiras imaginárias e a principal ilusão: o Eu.
Essa educação sexual começará aqui pela Internet... e se espalhará pelo mundo como vento.
"A sexualidade é muito mais séria e complexa que simples construção social."
ResponderExcluirMas nada é mais sério (e complexo!) do que uma construção social.
Donadio, a psiquê humana é muito mais que construção social! Te aconselho a ler sobre estudos com gêmeos idênticos que foram criados separados. A teoria behaviorista já foi refutada há muito tempo, inclusive ela pode ser usada para gerar preconceito, tipo todo aluno de escola pública é menos inteligente qe aluno de escola particular por mais que se esforce porque o ambiente não dá as condições necessárias para ele progredir.
ExcluirResumindo bem o texto e os comentários, sexo com homem e uma bosta pronto.
ResponderExcluirA descoberta pelos homens de que poderiam usar sua genitália como arma de dominação e subjugação de matade da especie foi tão marcante na idade da pedra quanto a descoberta de manipulação do fogo.
ResponderExcluirEnfim, fatores biológicos passarão a existir aqui no blog? Há tempos comento aqui sobre fatores biológicos serem determinares para o comportamento humano e sou refutado. Existem várias pesquisas que mostram, por exemplo, que no período fértil da mulher, esta estaria mais propensa a escolher homens cujo perfil enquadra-se naquele tipo em que se definiria como sendo másculo. Mas não, nesse caso feminista não acredita na biologia, só nesse caso do texto.
ResponderExcluirVamulá desenhar mais uma vez... Comentário polêmico - outra autora, outra cabeça, outra sentença. Feminismo nunca foi sobre todxs pensarem igual, é sobre DIREITOS iguais. Inclusive o direito de pensar diferente e enriquecer o debate. Acredita em fatores biológicos? Bem vindx. Não acredita? Bem vindx também. Mad seja RESPEITOSX, afinal, ninguém tem obrigação de tolerar falta de respeito, tampouco de engolir "verdades absolutas" que partem dx outrx e só servem como tal para x outrx. Querer ditar a verdade para x outrx é utopia, além de ser gritante sintoma da carência mais extrema.
ExcluirEu sou feminista e acredito que a biologia influencia no comportamento sim, mas não que seja determinante, senão não existiriam gays por exemplo.
ExcluirEu me atraio por características masculas como voz grave, barba por fazer, mãos grandes...mas percebo que na cabeça de vcs ser másculo é apenas ser o bombadão da academia ou o macho alfa super confiante. E muitas vezes confundem ser másculo com certas atitudes escrotas. Uma coisa é ser confiante, isso é atraente em mulheres tbm. Outra coisa é o cara achar que é o centro do universo e tratar mulheres como se fossem retardadas.
No caso de estupro, acho perigoso rotular comportamentos esperados pois cada um reage de um jeito. Tem também que nem todo estupro é o do maníaco oculto nas sombras; ocorre o estupro mediante coerção, fraude ou outro mecanismo que o estuprador utilize para enganar a vítima de algum modo. Infelizmente nesses casos pode demorar anos para a vítima se conscientizar que foi um estupro.
ResponderExcluirAgora a moda entre os escrotos é retirar o preservativo sem que a parceira perceba.
Na minha opinião não é um assunto que se deve divulgar. Óbvio que uma vítima deve ser totalmente acolhida e não deve se sentir culpada por nada. O meu medo é reforçar essa idéia nojenta que alguns homens têm, de que no fundo a mulher queria aquilo.
ResponderExcluirEu já passei por situações de assédio que o homem insistiu muito, mesmo eu demonstrando que estava desagradável pra mim, e é notável que alguns tem um ego tão grande que não se tocam. Eles acham mesmo que no fundo a mulher tem desejo mas está se fazendo de difícil. Talvez mexer nesse assunto só vai validar esse tipo de opinião, pq muitos só vão enxergar o que interessa.
E acho que um pouco disso existe tbm pelo machismo das pessoas acharem que mulher nunca pode demonstrar muito qndo deseja um homem, essa babaquice que mulher tem que ser difícil.
Depois que conheci o feminismo me dei conta e nunca mais fiz esses joguinhos. Qndo eu quero ou não quero ficar com alguém sou bem clara e perdi totalmente a vergonha de ser grossa quando necessário. Justamente pra não dar margem a esse pensamento de que "ela disse não mas no fundo está gostando".
Ter orgasmo por reflexo não é incomum e inclusive é usado em pessoas do sexo masculino com lesões na coluna, a depender do grau nem mesmo a estimulação eletromecânica é necessária para a ejaculação.
ResponderExcluirMas é o tal negócio, é extremamente comum que mulheres não tenham orgasmo com parceiros do sexo masculino sem uma ajuda na parte externa do clitóris, não por não serem aptas ao prazer (todas as mulheres são) mas porque o jeito que os homens aprendem a praticar o coito geralmente não leva em consideração a satisfação feminina, parcialmente por culpa das mulheres também, que não falam a verdade por acharem que o problema é com elas (a sociedade incentiva a esse tipo de pensamento também, chegando a ser bem visto uma mulher com baixo interesse no sexo) e fingir o orgasmo para não magoar os sentimentos masculinos também é muito comum, condicionando o sexo a uma experiência rasa e satisfatória somente para o homem.
Agora imagina orgasmo em uma situação de pavor, de violência, de agressão máxima, sem nenhum tipo de preliminar antes da penetração, que vai acontecer com a vagina completamente seca e na hora de entrar vai rasgar tudo ali dentro.
Então é uma porcentagem tão pequena que usar isso como argumento é um derail perigoso para coisas maiores.
Homem abruptamente penetrados também pode ter ejaculação por reflexo mas sempre se presume que a pessoa não quis aquilo e seus motivos raramente são questionados. Até o tratamento da imprensa muda. Sai o "suposto estupro" e entra o valor absoluto da palavra da vítima.
Então quanto menos a gente colaborar com certos argumentos, melhor.
"Eu sou feminista e acredito que a biologia influencia no comportamento sim, mas não que seja determinante, senão não existiriam gays por exemplo. "
ResponderExcluirSer gay é algo biológico também e o comportamento homossexual é abundante em todas as classes de animais. "Casais gays" da natureza acolhem filhotes rejeitados e dão a eles uma chance de sobrevivência.
23:20 você é refutado porque expõe suas colocações de maneira determinista, afirmando que mulher sempre vai escolher o "cafa". Você esquece que nós, seres humanos, também somos seres sociais e que há uma porção de fatores envolvidos.
ResponderExcluirTambém há estudos indicando que no período fértil é possível que haja diminuição da libido em mulheres devido ao receio de engravidar. E Aí?
"Eu li tudo, mas por ser baseado em uma premissa incorreta não muda a informação inicial. Não se determina esse tipo de coisa por influência por meio, se fosse assim a teoria de que pais gays não podem adotar pra não influenciarem o filho a ser gay também teria lógica."
ResponderExcluirTem "lógica"... "lógica" na homofobia e no heterossexualismo/heterossexismo que dizem que todos ou a grande maioria tem que ser héteros. O meio não determina, assim como a biologia não é determinista, mas como alguém disse aí em cima em outro comentário: tudo que nos rodeia ou que faz parte de nós tem influência no que somos e no que fazemos. O problema é que você vê a homossexualidade como uma coisa ruim ou que deve ser evitada e a heterossexualidade como "o certo", "o correto", "o normal"....
"Donadio, a psiquê humana é muito mais que construção social!"
ResponderExcluirE o que exatamente ela é mais além de construção social? Determinismo biológico? Isso faria da psiquê menos do que construção social, e não mais.
"Te aconselho a ler sobre estudos com gêmeos idênticos que foram criados separados."
Por exemplo?
Os que eu li, do Bailey e do Pillard, não me pareceram nada convincentes. Não isolam variáveis, pressupõem o que pretendem provar, enfim, é pesquisa de má qualidade.
"A teoria behaviorista já foi refutada há muito tempo"
Mas o que behaviorismo e construção social tem a ver um com o outro? São praticamente opostos.
"inclusive ela pode ser usada para gerar preconceito, tipo todo aluno de escola pública é menos inteligente qe aluno de escola particular por mais que se esforce porque o ambiente não dá as condições necessárias para ele progredir."
Assim como um certo tipo de discurso "pós-moderno" e "politicamente correto" pode ser usado, na prática, para fundamentar a discriminação e o descaso (como a gente vê com frequência por aqui, gente de direita acusando os outros de preconceito, por que, afinal, um lixeiro ou um mendigo pode levar uma vida tão plena e proveitosa quanto um banqueiro - e, então, pra quê questionar a desigualdade social?)
15:34: "Sai o "suposto estupro" e entra o valor absoluto da palavra da vítima.". Isso é uma grande mentira, toda vez que um homem diz que foi estuprado a única coisa que fazem é chamá-lo de mentiroso, vide os poucos casos que aparecem na mídia.
ResponderExcluir"toda vez que um homem diz que foi estuprado"
ResponderExcluir99% das vezes ele foi estuprado por outros homens, numa cadeia pública. E a machistada faz piadas de sabonete e insinua, ou mesmo diz claramente, que é bem merecido, quem manda ser ladrão de galinha?
É difícil pensar nesse orgasmo quando o estupro é de alguém estranho na rua ou um parente. Mas fica fácil pensar nesse orgasmo nas situações de estupro dentro do relacionamento. A mulher não está a fim de fazer sexo, o parceiro insiste, ela faz pra agradá-lo, ela goza porque ele a estimulou, mas ela não estava de fato com vontade de transar. E depois do sexo, ela pode experimentar infelicidade e angústia, mesmo tendo gozado, veja bem. Estupro.
ResponderExcluirInteressante terem citado o MK-ULTRA aqui, porque tambem me veio a mente esse programa nefasto que a CIA desenvolveu. A vitima passa a ter adoração pelo seu molestador depois de varios traumas recebidos.
ResponderExcluirTer ereção/gozo no estupro ñ tem ligação direta com orgasmo, que se dá com ápice de prazer. Toda região do corpo (sexual ou não) tem estímulo, por ter sensibilidade. E vai trazer uma consequência.
ResponderExcluirNão deixa de ser estupro, continua sendo se o ato não for consensual.
Tem gente que goza sem ter orgasmo, e dá pra alegar que ñ foi algo bom.
Acreditem: é possível gozar sendo violentada. E acrescento que o sentimento posterior é de culpa, ódio, vergonha. E quando questionam essa possibilidade só aumenta a frustração de quem chegou ao orgasmo numa situação improvável como essa. Dizer que é mentira não ajuda nada. Pensem sobre o assunto.
ResponderExcluirQuando eu tinha 14 anos, numa viagem de ônibus, um homem que devia ter uns 40 anos me estimulou nos mamilos (ele ficou falando que eu era bonita, inteligente, essas coisas.. eu tava com problemas de autoestima porque tava sofrendo bullying na escola e era muito tímida .. então eu acabei deixando ele me tocar) e estimulou meu clitóris.. ele tentou me beijar e eu não deixei (acho q foi porque eu nunca tinha beijado um homem antes.. ) mas enfim, eu fiquei com muito medo e queria q ele parasse, mas eu fiquei paralisada, não gritei .. eu acabei sentindo prazer com o estímulo dele .. foi muito estranho .. aí o ônibus parou pros passageiros descerem, depois a viagem continuaria .. ele perguntou se eu queria descer com ele , disse que me pagava um chocolate.. eu só balancei a cabeça que não .. ele tentou falar comigo e eu não respondia nada .. aí acho q ele percebeu q eu tava com medo e perguntou se eu queria q ele fosse embora .. eu fiz que sim .. ele voltou pra poltrona dele , que era do outro lado do corredor .. eu cobri meu rosto com o capuz do agasalho e depois fugi pro andar debaixo do ônibus, tinha lugares vagos no leito .. quando cheguei em SP contei pro meu pai, mas não contei q eu senti um tipo de prazer .. ele gritou comigo e falou q eu devia ter provocado o homem e que se eu não gritei foi porque eu gostei .. eu me senti mais culpada.. eu cresci e continuei me sentindo culpada .. só fui beijar um homem quando eu fiz 20 anos , cara que hoje é meu marido.. passei a me sentir menos pior depois que contei pra ele.. ele me disse q a culpa não foi minha .. falou q foi estuprado quando tinha 10 anos e também sentiu uma espécie de prazer quando o adulto o estimulou.. hoje eu tenho 30 anos.. mas falando de orgasmo.. eu raramente tenho orgasmos com o meu marido.. eu sinto mais facilidade de ter orgasmos sozinha se me imagino sendo violentada verbalmente e fisicamente por homens desconhecidos e mais velhos .. e prefiro quando meu marido é mais violento no sexo .. também sinto prazer em me expor a situações que um homem poderia me fazer mal.. eu nao queria ser assim.. eu odeio homens machistas e é claro que não quero ser estuprada.. mas enfim .. falei isso porque falaram « se a mulher não tem orgasmo com o marido como vai ter numa situação de violência ?” .. sei lá .. eu acho possível sim .. eu acho q a sensação de pânico, a sensação de culpa e a sensação de impotência ou paralização diante de um opressor pode sim fazer o corpo ficar mais elétrico , sei lá .. é uma sensação de “vou morrer” , algo assim .. algo q te faz lembrar que você é finito e que a vida é frágil .. não sei explicar bem a sensação.. não sei como funciona, mas acho q essa sensação está de alguma forma ligada ao prazer .. acho q eu preciso de um psicólogo né rsrs .. me perdoem se falei algo que prejudique alguma mulher de alguma forma .. não costumo falar desse assunto..
ResponderExcluirSou leitora do blog e gosto muito de vc, Lola. Bom no dia 11/04 eu estava indo pro meu curso como todos os dias, tenho que andar um caminho que dos dois lados só tem Mato, infelizmente o único ônibus que passa por lá é só as 8:00 da manhã, e eu tenho que passar por lá as 7:15... minha mae sempre fica preocupada mas o que eu posso fazer? Eu jamais pensei que isso pudesse acontecer mas nesse dia, passou um carro do meu lado e eles pararam, eram 2 homens, um deles imediatamente saiu do carro e dói andando atrás de mim, eu nem olhei pra trás pq realmente não acreditava que algo ruim podia acontecer, bem ele me deu uma chave de braço, não muito forte só pra eu poder cair p trás, eu fiquei tão assustada que não consegui gritar. Aí os dois me levaram pro mato tava completamente deserto, comecei ser estuprada ali, eu era VIRGEM completamente virgem, então não me perguntem como, mas eu tive orgasmos, daqueles que esguicha líquido pela vagina, apesar de eu ser VIRGEM, eu sempre me masturbo e consigo atingir orgasmo clitoriano, e como uma típica mulher de 21 anos é natural que eu pense bastante em sexo mas é óbvio que eu jamais quis que fosse assim. Me senti um lixo depois que fui largada naquele mato pq sabia que jamais iria ver aqueles caras de novo, não tenho intensão de fazer denúncia, pois Minh mae morreria se soubesse o que ouve comigo, eu não fiquei depressiva nem com medo de sair de casa, mas agora tenho que chamar uber todos os dias pra ir pro meu curso, pq naquele caminho não ando mais, assim meio que dá um remorso saber que eu tive prazer com aquilo, não com aquela situação mas cara, tipo é sexo sabe! A culpa não é minha, e horrível vc do nada ser estuprada mas também sentir prazer... é claro os cd as acharam que eu tava gostando e me xingaram de tudo quanto é nome...
ResponderExcluirFui estuprado durante anos pelo meu pai e sentia orgasmos. Uma culpa gigantesca por isso.
ExcluirAlgo semelhante aconteceu comigo. Quando tinha 19 anos, viajei para o interior com minha família numa época de São João. Interior bem pacato, com uma iluminação péssima e com muitas áreas com muito mato.
ExcluirEm um dia, fui pra praça e quando foi por volta das 2 da manhã, resolvi ir embora. Quando foi no meio do caminho, ouvi uma moto se aproximando. Olhei pra trás e vi que era um rapaz novo (devia ter no máximo uns 25), mas não consegui ver o rosto dele pela falta de iluminação.
Ele aproximou-se, foi desacelerando a moto e do nada me agarrou tampando minha boca. Me puxou pro mato, tirou toda minha roupa e a dele, e ficou por um tempo ali. Ele fez o que queria comigo e eu não conseguia reagir. Chegou num ponto que comecei a me tremer e a gemer. E vendo isso, ele ficou ainda mais violento verbalmente.
Eu não era virgem, mas não tinha uma vida sexualmente ativa. Por conta disso e do tamanho do membro do rapaz, tive que me medicar. Senti dor nas partes íntimas e me senti culpada por ter sentido prazer na hora.