FASCISTAS MACHISTAS NÃO PASSARÃO

Uma aluna de Letras na USP me enviou um email no sábado, mas, como eu estava viajando, só acabei vendo ontem à noite. 

Ela me mandou um print de um cartaz que ela e uma amiga arrancaram da parede de seu prédio. Segundo ela, "Achei bom te alertar. Ouvi rumores de que também foram espalhados em outros prédios da USP". 

Tuitei isso ontem à noite, mas, até agora, não obtive resposta da USP.

Agora de manhã, assim que volto da aula, recebo a notícia que a UFRGS também amanheceu com este cartaz. No prédio de História, lado a lado com o cartaz com a minha foto, estava outro escrito "Bolsonaro presidente" (e "Olavo tem razão"). O logo, "assinado" pela FODASCE (Frente de Opressão de Abobados, Socialistas, Comunistas Etc), é o mesmo: um pênis penetrando uma estrela vermelha. Ou seja, coisa de bolsonazis. Entre os eleitores de Bolso, o que mais tem é reaça, mascu e neonazista (essas características não são excludentes, geralmente o cara é as três coisas juntas).

O Departamento de História da UFRGS lançou uma nota de repúdio bem genérica e fraquinha, que nem reconhece o ataque como um ataque antifeminista.

No cartaz com montagem de foto minha, em que eu estou sem olhos, a legenda "Corra da Lola, corra!" (pelo menos eles já ouviram falar no filme cult alemão que inspirou o nome do meu blog). Há uma frase ridícula -- o feminismo "estimula a mulher a largar seu marido, matar seus filhos, praticar bruxaria, destruir o capitalismo e tornar-se lésbica" -- atribuída a Hebe Camargo, mas que na realidade é do fundamentalista cristão e conservador americano Pat Robertson. E a frase "Menos empoderamento, mais empauduramento". Pelo jeito, o empoderamento das mulheres interfere na ereção de alguns homens.

Como eu sempre disse, não são ações isoladas, cometidas por um ou outro indivíduos. São orquestradas, cometidas por grupos fascistas que veem nas feministas suas maiores inimigas. 

Esses cartazes são resultado do medo que eles têm de nós. É essa gente que se une para derrubar páginas feministas no Facebook, para entupir portais de notícias com mensagens de ódio e intolerância. 

Fico incrédula que eles me vejam como símbolo-mor do feminismo, como se eu fosse tão conhecida nas duas universidades que eles precisassem alertar alunxs a se afastar de mim. 

Um sinal evidente que eu incomodo esses fascistas. Deveria até me sentir honrada, mas gostaria de um posicionamento da USP, da UFRGS, e dos coletivos feministas. Este não é apenas mais um ataque contra mim -- é contra o feminismo de modo geral. 

E, obviamente, não é o primeiro, nem será o último ataque. No sábado, uma nova amiga que fiz, a Gisele, de Tubarão, me perguntou como eu aguentava. 

Ela, que é presidenta de um sindicato de educadores, recentemente recebeu alguns insultos e uma ameaça de morte por ter postado uma foto sua em um ato de "Não vai ter golpe" no seu perfil no FB. Ela tinha ficado abalada, fez boletim de ocorrência, e queria saber se todas essas ofensas e ameaças não me afetavam. Eu pensei um pouco e respondi que não, porque tudo isso vem de caras tão baixos, tão inseguros, tão covardes, com vidas tão frustradas e miseráveis, que o que eles falam não tem como ser levado em consideração. 

E, como eles não são ouvidos por (quase) ninguém, estão doidos de vontade de usar violência física. 

Ressuscitando o "Força Lola" de
novembro e de outros carnavais

Sonham com uma guerra civil para que possam sair às ruas (e nos corredores das universidades) espancando quem eles tanto odeiam: feministas, esquerdistas, gays, trans, negrxs. 

Bom, a mim eles não vão calar. E recomendo que vocês deixem claro que tampouco silenciarão vocês.