GUEST POST: GREVE DOS PROFESSORES EM SP CONTRA A PRECARIZAÇÃO DO ENSINO

A Fernanda, professora em São Paulo, me enviou este email:

Desde o último dia 13 foi decretada a greve dos professores do Estado de São Paulo. Porém, poucas notas foram mencionadas nos grandes meios.

Gostaria de falar algumas coisas sobre a greve: primeiro, que o movimento surgiu de uma séria precarização da nossa educação. 

Tem turmas de sexto ano com 47 alunos em Campinas, por exemplo (só imaginem 47 crianças de 10, 11, 12 anos em uma única turma), várias salas foram fechadas (números apontam para mais de 2000 salas), causando a superlotação já citada e um contingente de professores com contratos rescindidos sem aulas e tendo que trabalhar em outras profissões.

Continuando, foram feitos vários cortes no orçamento das escolas, para compras gerais, quadro funcional (estagiários e PAAs -- que estão previstos mas até agora não foram abertos os cargos). Além disso, o governador, que não respeita o 1/3 de hora atividade (para quem não sabe, por lei o professor deve ter 1/3 da sua carga para trabalhos como planejamento, reuniões, preparar aulas, corrigir provas), fez um decreto em 2012 que permite que professores ministrem até 64 aulas por semana para complementar a renda! Como um professor pode manter a qualidade trabalhando nesse ritmo? 

Isso tudo para o governador se gabar que tem professor que recebe 3 mil reais no mês, com 64 AULAS! Mas ainda assim, os rumores oficiais do governo é que tudo está bem, porque os professores não fazem greve, estão felizes, e para aumentar nossa felicidade, ele não dará reajuste no nosso salário. 

Porque, segundo ele, somos muitos felizes ganhando 12 reais por hora/aula (PEB II, porque quem alfabetiza nossas crianças ganha menos que isso). O que não é falado é que na greve de 2013 o ponto dos professores foi cortado, de forma INCONSTITUCIONAL, e muitos, que precisam sustentar família, têm receio de aderir a um movimento legítimo.

Muitos têm tentado tirar o foco da greve e focar no seu ódio à APEOESP (que não é grande coisa, mas é nossa entidade representativa por enquanto). A esses, tenho oferecido uma experiência de dois meses no Estado, para depois tentarem tirar a legitimidade da greve novamente.

Rede estadual de ensino em SP
ainda tem escolas de lata

Então, essa mensagem é para pedir que COMPARTILHEM notícias da greve e, se possível, ajudem. Expliquem que o motivo não é somente salarial, mas que esse é um bom motivo também. Que a educação pública é um serviço essencial para o desenvolvimento do país. 

Que nossas crianças e jovens precisam de horizontes maiores, precisam pensar por conta própria, precisam ter um acesso real ao conhecimento, e não serem jogadas em uma sala com outras 50 crianças, um adulto, lousa e giz. Que ter mais de 40 aulas na semana é um sério indício da precarização de toda uma classe de trabalho.